Em janeiro
de 1975, após a conclusão dos estudos no 3º Ano do ginásio, o aluno Romilto
Mendonça do Colégio Estadual Murilo Braga foi aprovado no primeiro vestibular
do curso de educação física da Universidade Federal de Sergipe. Em 1976, foi
contratado para dar aulas de educação física no CEMB, e em pouco tempo,
selecionou cerca de vinte alunos, entre eles eu, para formar uma equipe de
treinamento de basquete com o objetivo de participar dos jogos estudantis de
Sergipe, em Aracaju. Eu fazia parte da categoria A e era reserva, obviamente
porque não estava entre os melhores, apesar de ser assíduo aos treinamentos e
tinha o objetivo de um dia ser titular da equipe, o que aconteceu em 1978, mas
aí será outra história, vamos aos fatos desta:
Após alguns
meses de treinamento, o Professor Romilto marcou um jogo amistoso contra a
equipe do Colégio de Aplicação da UFS, a melhor de Sergipe e uma das melhores
do Nordeste na época. A equipe era treinada por Márlio Chagas, Professor de
basquete do curso de educação física. Naquele tempo, o Murilo Braga possuía
duas quadras: a primeira era de cimento liso e não tinha tabelas de basquete,
lá se praticava o futsal e o voleibol; e a segunda quadra, onde foi construído
o Ginásio de Esportes José Milton Machado, o Miltão, de cimento mais áspero,
onde era praticado o handebol e o basquete. O jogo foi realizado à noite e a
quadra ficou totalmente lotada, principalmente com os alunos do CEMB que
estudavam naquele horário, como era de costume com os jogos de futebol de salão
e o handebol, as duas modalidades de maior prestígio no colégio, naquele tempo.
Era o nosso
primeiro jogo contra uma equipe de Aracaju e nela tinha os dois melhores
jogadores de basquete do Estado, Jorge e Damião, o último é o atual presidente
da Federação Sergipana de Basquetebol. Eu era reserva e só entrei no jogo no 2º
tempo, quando já estávamos perdendo por mais de 50 pontos a zero. No final do
jogo, um colega sofreu uma falta no ato do arremesso e teve o direito de cobrar
dois lances livres, errou o primeiro e converteu o segundo, para a nossa
alegria e comemoração. Ao final do jogo perdemos pelo placar de 89 a 1.
No outro
dia, como era de se esperar, os comentários no colégio foram sobre a nossa
derrota e aconteceu uma tremenda gozação pelo episódio. Até o Jornal Cebolão do
Grêmio Estudantil do CEMB, editado por Luciano Correia e Blanar, tirou “onda”
do fato, colocando na primeira página uma charge da tabela de basquete com a
cesta menor do que a bola e ironizando, no bom sentido, o porquê da nossa
equipe ter feito apenas um ponto no jogo.
Em 1980,
ingressei no curso de educação física da UFS e 2 anos depois ao fazer a
disciplina basquete com o Professor Márlio Chagas fiz o comentário sobre o jogo
amistoso realizado em Itabaiana e o placar no qual o Murilo Braga tinha feito
um ponto de lance livre, e aí veio a minha surpresa do porque tínhamos
conseguido fazer aquele pontinho. Ele comentou que tinha feito um pedido de
tempo e determinou a um dos seus jogadores para fazer a falta durante o
arremesso e nossa equipe cobrasse os dois lances livres e eles pudessem treinar
a jogada de contra ataque, por isso o CEMB teria feito aquele ponto.
Foi graças
à semente lançada pelo Professor Romilto, em 1976, com a equipe que encestou um
ponto no primeiro jogo, que fez o basquete do Murilo Braga e de Itabaiana
surgir e crescer no cenário sergipano, tornando-o como uma das grandes forças
do esporte de todos os tempos.
Por Professor José Costa