quinta-feira, 30 de abril de 2020

O papel de vitaminas e minerais na imunidade diante do coronavírus


Professora explica como a inclusão de alguns nutrientes em uma dieta equilibrada reforça as defesas do corpo contra infecções como a Covid-19

O sistema imunológico é um conjunto de células que tem a função de proteger nosso corpo de qualquer substância ou micro-organismo que não for por ele reconhecido. Nesse sentido, o papel da alimentação é também manter esse sistema atuante, fornecendo a ele os nutrientes capazes de ajudar a modular suas respostas.

Os minerais e as vitaminas fazem parte desse grupo de nutrientes. E, embora ainda não sejam considerados nutrientes em si, os compostos bioativos encontrados nos alimentos, assim como os pré e os probióticos que influenciam a microbiota intestinal, também são elementos que participam da proteção do organismo.

Entre os micronutrientes mais estudados por seu papel no sistema imunológico estão o zinco, o selênio e as vitaminas A, C e D.

Atingir os níveis preconizados dessas substâncias com a dieta é ainda mais desafiador na população idosa, que é justamente o grupo de maior risco para a Covid-19.

Alguns fatores contribuem com isso: consumo de dietas desbalanceadas devido a dificuldades de renda, isolamento e aquisição e preparo da comida; sensação de sede diminuída e menor ingestão de líquidos; próteses dentais mal ajustadas, que dificultam a mastigação; redução na capacidade de digerir os alimentos; diminuição da absorção de minerais e vitaminas pelo organismo…

Todos esses fatores aumentam o risco de esse público em particular sofrer com déficits nutricionais capazes de impactar na imunidade — o que exige um maior olhar da família ou dos cuidadores para a dieta dos idosos.

Os nutrientes aliados da imunidade
Mas não é só quem tem mais de 60 anos que deve dar atenção à escolha dos alimentos e buscar adequar com eles os níveis de micronutrientes. Por isso aponto, a seguir, as vitaminas e os minerais mais estudados por exercerem um papel nas defesas do nosso corpo.

Zinco
É o mineral que possui maior importância para o sistema imune. Em geral, idosos possuem deficiência de zinco, que tantas vezes é observada pela sensação de diminuição do paladar. Ele é encontrado em carnes, frutos do mar como ostras e mariscos, fígado e vísceras, peixes, ovos e cereais integrais. Pessoas que seguem dietas vegetarianas estritas também podem ter carência da substância.

Vitamina A
Entre suas propriedades, ajuda a modular a imunidade. É encontrada na natureza em sua forma ativa pré-formada (o retinol) em alimentos de origem animal, bem como nos seus precursores, os carotenoides, que aparecem em vegetais — o corpo tende a aproveitar melhor a versão de origem animal. As principais fontes de vitamina A são o fígado e os óleos de fígado de peixe. Já os carotenoides se encontram em vegetais de cor alaranjada ou verde escura.

Vitamina D
Famosa por sua ação nos ossos, também tem um papel relevante no sistema imune. A principal forma de obtê-la é pela exposição aos raios solares, que tornam possível sua síntese pela pele. Mas pescados, óleos naturais de fígado de peixes, alimentos fortificados e suplementos podem contribuir para alcançar e manter os níveis ideais. Na Europa, a deficiência da vitamina foi observada em pessoas infectadas pelo novo coronavírus, mas isso já podia ser esperado, uma vez que os pacientes contraíram a doença em pleno inverno, quando há uma diminuição à exposição solar. No entanto, embora o Brasil seja um país tropical e mais quente, sabemos que grande parcela da população não está com concentrações adequadas da vitamina, muito provavelmente devido ao uso do protetor solar.

Selênio
É um mineral de alto poder antioxidante, mas que também tem função imunológica. Participa, portanto, do controle de radicais livres, moléculas que se formam naturalmente, inclusive com a resposta do sistema imune a infecções, mas cujo excesso causa danos em células e nos órgãos. O alimento mais rico em selênio do mundo é a castanha-do-brasil (ou do Pará) — e basta uma unidade (5 gramas) para alcançar a recomendação diária. O teor do mineral na castanha depende da quantidade do elemento no solo de cultivo.

Vitamina C
Importante nutriente antioxidante, é estudada há muito tempo pelo seu possível papel preventivo e terapêutico em doenças como as do sistema respiratório. Entretanto, apesar de muito consumida, ainda não temos dados científicos robustos a respeito desse efeito. Em relação a resfriados comuns e gripes, já foi observado que pode auxiliar reduzindo o tempo de duração dos episódios. Ainda assim, o corpo tira bom proveito da ingestão regular de fontes de vitamina C, caso de acerola, goiaba e frutos cítricos.

Uma palavra sobre a suplementação
Os dados expostos reforçam que uma alimentação balanceada e saudável contribui para a melhor resistência do corpo a infecções, entre elas a Covid-19. Mas isso, claro, não ocorrerá de um dia para o outro. Falamos de um cuidado que deve acontecer na rotina e, se necessário, contar com orientação profissional.

Da mesma forma, diante de uma avaliação por nutricionista ou médico, podemos recomendar a suplementação de minerais e vitaminas, especialmente para os idosos, que têm maior dificuldade de obtê-los via dieta.

Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/o-papel-de-vitaminas-e-minerais-na-imunidade-diante-do-coronavirus/ - Por Dra. Silvia Cozzolino, nutricionista - Foto: Fábio Castelo/SAÚDE é Vital

quarta-feira, 29 de abril de 2020

10 dicas que combatem a insônia e ajudam a dormir melhor


Evitar álcool, escolher um bom colchão e associar a cama ao sono são alguns dos segredos

Dormir é relaxante e ainda faz bem para a saúde. Tem coisa melhor? Tem sim, saber que ele ainda ajuda a viver mais. Um estudo realizado pela American Academy of Sleep Medicine provou que dormir bem é um dos segredos para a longevidade.

Porém, para algumas pessoas, uma boa noite de sono não é conquistada tão facilmente. A insônia pode ser decorrente de problemas de saúde. "O problema pode ser decorrente de transtorno ansioso, quadro depressivo, problemas neurológicos como a síndrome das pernas inquietas, apneia do sono ou mesmo um transtorno chamado de movimentos periódicos do sono, entre outros", enumera Stella Tavares, neurofisiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

Mas, antes de pensar que o problema é de saúde, vale cogitar: será que você está tendo hábitos saudáveis antes de dormir? "Alguns costumes como uso excessivo de computadores, alimentação pesada antes de dormir e situações de tensão podem sim prejudicar o sono", lista Daniel Inoue, médico especialista em Medicina do Sono do Hospital Santa Cruz de São Paulo.

Para resolver o problema nesses casos, listamos alguns cuidados que podem ajudar a melhorar a qualidade do seu sono. Mas se nada disso funcionar, vale então procurar um médico.

1 - Escolha o melhor travesseiro
Ao pensar em um bom travesseiro, é importante sempre levar em conta a posição em que você dorme. "Ao deitar-se de lado, é importante que ele seja mais alto, para que o pescoço fique alinhado com resto da coluna. Agora, se você deita de barriga para cima, o ideal é usar um travesseiro mais baixo, para que a cabeça não fique muito acima", considera o ortopedista Cássio Trevizani, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Agora, se sua posição favorita é de bruços, o ideal é não usar travesseiro nenhum. Porém, essas regras se invalidam caso você tenha algum problema específico de saúde. "No caso de doenças associadas como o refluxo gastroesofágico e também algumas cardiopatias, a recomendação por travesseiros mais altos é feita", recomenda Daniel Inoue, médico especialista em Medicina do Sono do Hospital Santa Cruz de São Paulo.
Quanto ao material, vale escolher o que você preferir. Alguns conservam suas características por mais tempo, como o de viscoelástico, por exemplo. Mesmo assim, sempre que você perceber que o travesseiro está ficando mais baixo, o ideal é comprar outro. "A troca deve ser feita quando apresentarem deformidades ou algum tipo de incômodo para a pessoa dormir", alerta Inoue.

2 - Colchão também é importante
Tão essencial quanto o apoio para a cabeça é a base em que ficará o resto do corpo. Por isso mesmo o colchão é um item fundamental para um sono de qualidade. "É sempre importante pensar que a sua coluna deve estar alinhada ao se deitar", pondera o ortopedista Trevizani.
"Do ponto de vista prático, existem os modelos ortopédicos, com maior resistência e densidade, que normalmente são feitos com molas e com espuma de viscosidade mais alta", finaliza.
A regra principal, no entanto, é que ele seja confortável e que ao acordar você não sinta dores no corpo. E se com o tempo você começar a acordar com desconfortos, talvez já seja hora de trocar.

3 - Bebidas que ajudam
O conselho da vovó de beber um chá pode muito bem estar certo. "Chás calmantes como a camomila, erva doce e cidreira contribuem para dormir melhor, pois ajudam no relaxamento", considera o médico do sono Daniel Inoue.
O leite morno pode ser uma pedida também, por conter triptofano, um aminoácido precursor da serotonina, mesmo que em quantidades pequenas. Uma boa dica para potencializar essas bebidas é incluir o mel.
Alguns tipos desse doce, como o silvestre, o de flor de laranjeira e o assa-peixe tem propriedades calmantes e ajudam corpo e mente a relaxarem, de acordo com a nutricionista Thais Souza, da Rede Mundo Verde.

4 - Reduza a ansiedade
Quando a insônia bater por ansiedade, você pode usar algumas técnicas para reduzi-las. Experimente algo que você sabe que costuma relaxar vocês. Por exemplo, para pessoas mais tranquilas e que já tenham feito ioga, por exemplo, experimentar uma mentalização pode ser uma boa pedida.
"Mas se você não está acostumado, isso pode piorar sua ansiedade em querer dormir logo", considera a neurofisiologista Stella. Melhorar a respiração, fazendo exercícios de inspirar e expirar lentamente, também pode ser uma boa pedida, mas treine fazer isso acordado.

5 - Cuidado com o álcool
A qualidade do seu sono ao beber uma cerveja, vinho ou destilado não será das melhores. "Como ele relaxa a musculatura toda, inclusive do pescoço, ele deixa a via aérea aberta, o que favorece a apneia do sono, fazendo com que a pessoa durma de forma irregular ao longo da noite", explica Stella Tavares. Por isso podemos roncar mais quando bebemos.

6 - Associe a cama ao sono
"A cama deve ser restrita ao sono e as atividades sexuais", ressalta o médico do sono Inoue. Isso porque, quando seu cérebro entende que a cama é um local de dormir, fica mais fácil fazer com que o sono venha. Agora, se você costuma comer, usar o computador ou mesmo ler um livro na cama, a sonolência pode ser tornar mais difícil.

7 - Atente-se as cortinas
Ter uma cortina de boa qualidade pode não parecer, mas é tão importante quanto o colchão e o travesseiro. Isso porque a iluminação está diretamente relacionada com o sono, já que tudo isso é regido pelo ciclo circadiano, que leva em conta, entre outros fatores, o dia e a noite.
"Um dos hormônios ligado ao sono é a melatonina, e ela é melhor produzida quando estamos no escuro. A luminosidade alta interfere em sua liberação", ensina enumera Stella Tavares, neurofisiologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
De acordo com a especialista, você pode até ter uma pequena luminosidade no quarto, até porque algumas pessoas não conseguem dormir sem ela. Mas quando a luz fica muito forte, o corpo sente como se não fosse o momento certo de adormecer. Além disso, a luz que entra de manhã pela janela favorece o despertar. Portanto, vale a pena ficar com as cortinas fechadas se você quer dormir um pouco mais.

8 - Cuidado com eletrônicos no quarto
Isso vale para o uso de objetos eletrônicos no quarto, que são muito estimulantes. "Assistir filmes, navegar pela internet, utilizar redes sociais ou mesmo jogos online, podem aumentar o grau de excitação e isso pode ser prejudicial ao sono", considera Inoue.
O ideal é que uma hora antes de dormir você se desconecte um pouco e relaxe. Para esse momento, vale diminuir a intensidade da luz, colocar uma música relaxante ou fazer uma leitura tranquila, nada que desperte muito a sua mente.

9 - Evite brigas no quarto
Não adianta limpar o ambiente apenas dos estímulos tecnológicos. Evitar brigas, estresse e discussões de problemas no quarto também é muito importante. "Em situações de tensão, encontramos aumento das catecolaminas, que são substâncias responsáveis pela excitação e responsáveis pelo aumento do nível de atenção", explica o médico do sono Inoue. Portanto, isso só vai dificultar que seu cérebro relaxe até o estado de subconsciência.

10 - Exercícios na hora certa
Além da luz, a temperatura corporal também ajuda a regular o sono: quando ela cai, ficamos mais sonolentos. Porém, quando fazemos atividades físicas, a tendência é que fiquemos mais quentes. "O ideal é não fazer exercícios à noite, pois isso acaba atrapalhando o sono", estatiza Stella. Mas, caso seja o único horário que você tem, o melhor é deixar para deitar-se até três horas depois.


terça-feira, 28 de abril de 2020

Efeito sanfona também maltrata o coração


O vai e vem na balança não é apenas frustrante: ele aumenta até o risco cardiovascular. Saiba por que isso acontece e como não virar refém da armadilha

Uma das maiores decepções para quem acabou de emagrecer é vivenciar a volta dos quilos perdidos — o popular efeito sanfona, ou ioiô, como alguns preferem. Mas não se deixe enganar com a crença de que esse perde e ganha só abala o emocional e se resolve numa nova tentativa, desta vez definitiva, de eliminar a gordura. A ciência vem decifrando que esse ingrato retorno do peso impacta profundamente a saúde, sobretudo o coração.

Um estudo recém-publicado pela Universidade Colúmbia, nos Estados Unidos, avaliou como a oscilação de peso afeta sete fatores de risco clássicos para os problemas cardiovasculares, conhecidos entre os americanos como Life’s Simple 7. Esse pacote inclui qualidade da dieta, prática de atividade física, tabagismo, níveis de colesterol e pressão…

A pesquisa englobou 485 mulheres, que relataram quantas vezes, além das gestações, perderam e recuperaram pelo menos 4,5 quilos no período de um ano. Constatou-se que 73% das voluntárias tinham experimentado pelo menos um episódio de efeito sanfona na vida e que oito entre cada dez eram menos propensas a ostentar um IMC (índice de massa corporal) considerado saudável no comparativo com as mulheres livres do efeito ioiô.

E o coração com isso? As participantes reféns do vai e vem da balança possuíam as menores pontuações no Life’s Simple 7, o que indica um maior risco de sofrer infarto ou até mesmo AVC.

“Sabemos que o emagrecimento ajuda a controlar a pressão, o colesterol e a glicemia, mas, quando se engorda novamente, esses parâmetros se desregulam e expõem o indivíduo a essas condições”, explica a endocrinologista Maria Teresa Zanella, professora da Universidade Federal de São Paulo.

Outra prova do perigo do efeito sanfona vem da Coreia do Sul, onde estudiosos acompanharam 3 678 cidadãos por 16 anos e detectaram que quem passava pelo perde e ganha de peso estava mais exposto a morrer precocemente por doenças cardiovasculares.

“Esse risco se deve principalmente pelo acúmulo de gordura abdominal, associada à elevação da pressão, ao aumento da glicemia e ao processo inflamatório que leva à formação de placas nas artérias”, esclarece José Francisco Kerr Saraiva, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo.

A mesma investigação apontou que o efeito sanfona está ligado a um aumento de 63% na probabilidade de desenvolver diabetes. Segundo o endocrinologista Riobaldo Cintra, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pessoas nessas circunstâncias tendem a apresentar mais resistência à insulina, quadro que pode desembocar no descontrole permanente da glicose e também eleva o risco cardíaco.

Como identificar o efeito sanfona?
Variar até três quilos na balança em um mesmo dia ou no fim de semana não é algo do outro mundo. Pode estar ligado, por exemplo, à retenção de líquidos no corpo. Já o efeito sanfona está relacionado a perda e ganho de peso após uma dieta: o ponteiro da balança baixa durante a restrição alimentar, mas volta a subir quando o processo é interrompido.

“Não existe um consenso sobre a quantidade de quilos envolvidos. Mas, em geral, considera-se uma variação a partir de 5% do peso para cima e para baixo”, explica o endocrinologista Bruno Geloneze, professor da Unicamp.

Conselhos dos experts para evitar o efeito sanfona e se manter saudável
Evite dietas radicais: quanto mais privação calórica houver, mais o corpo vai entrar em modo economia. Por isso, é preferível reduzir apenas em torno de 500 calorias do que seu corpo precisaria normalmente.

Mude seu mindset: não busque uma forma milagrosa de emagrecer a jato depois de anos engordando. O ideal é estabelecer novos hábitos e avaliar como eles sustentam a perda de peso ao longo do tempo.

Invista em proteína magra: o nutriente é essencial para o ganho e a manutenção da massa muscular, que consome calorias. Também propicia mais saciedade. Há fontes animais e vegetais bacanas.

Não se esqueça das fibras: dê preferência a carboidratos integrais, verduras, legumes e frutas. Além de contribuírem para o bom funcionamento do intestino, as fibras mantêm a fome sob controle.

Regule as guloseimas: não é que elas estejam proibidas para todo o sempre, mas, sobretudo em caso de compulsão alimentar, são um prato cheio para o ganho de peso. Melhor não ter um estoque em casa.

Deixe uma refeição livre: ser regrado alguns dias e desregrado em outros (ou mesmo no fim de semana) vai acarretar quilos extras. Escolha uma refeição na semana para comer o que deseja e busque se conter nas demais.

Mantenha-se ativo sempre: caminhe, corra, nade e faça musculação, ou seja, combine exercícios que queimam calorias com os que fortalecem os músculos. E procure ser ativo no dia a dia. Não adianta malhar de vez em quando.

Tenha apoio profissional: o acompanhamento de médico, nutricionista e educador físico permite individualizar orientações e estabelecer planos para um emagrecimento sustentável.

O que fazer para se manter no peso
Se emagrecer pode ser uma tarefa difícil, manter-se magro é ainda mais desafiador, porque o corpo luta para voltar ao peso original. Não é apenas impressão, não. Estudos mostram que o organismo começa a reagir quando elimina entre 5 e 10% do peso. É uma adaptação biológica para tentar conservar o máximo de energia (inclusive na forma de gordura).

“O corpo diminui a produção de hormônios que tiram o apetite e eleva aqueles que aumentam a fome”, conta Maria Teresa. Daí a necessidade de ajustes na rotina para driblar essa espécie de autossabotagem.

Ainda que a pessoa siga em frente com sua reeducação alimentar, outra pedra pode surgir no caminho: o efeito platô, quando o ponteiro da balança emperra e não baixa.

“Esse é mais um mecanismo de proteção natural, que aciona o metabolismo econômico. Por isso, é importante evitar dietas muito restritivas para o organismo não se ressentir e preservar o novo peso”, ensina o expert em nutrição Antonio Herbert Lancha Jr., professor da Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo. De novo: mudanças no plano dietético e no treino, indicadas por um profissional, ajudam a vencer o platô.

Os especialistas são unânimes em afirmar que, para emagrecer de maneira sustentável e atingir os objetivos propostos, não dá pra se fiar apenas em um regime temporário ou radical. Realinhar a ingestão de certos nutrientes e praticar atividade física no dia a dia costuma ser decisivo. Isso porque ajuda a preservar massa muscular, um dos tecidos do corpo que mais torram calorias.

“Deve-se investir no consumo ideal de proteína, cerca de 1 grama por quilo de peso da pessoa, e em exercícios de força para a manutenção e o ganho de músculos”, orienta a nutróloga Karina Hatano, do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte, em São Paulo.

Ainda que a meta seja alcançada, vale ficar de olho em eventuais deslizes, que muitas vezes levam a um ganho de peso rápido. “Mesmo engordar um pouco já é sinal de alerta, inclusive pensando no risco cardíaco”, diz Karina.

De acordo com Lancha Jr., o ideal seria manter-se magro por sete a dez anos para o corpo estabelecer um novo padrão. Por isso, mudanças consistentes na alimentação, como incluir mais vegetais e fontes de proteínas magras, além de regularidade nos exercícios, são um caminho incontornável para emagrecer de forma duradoura.

No planejamento para evitar o efeito sanfona, também é importante rastrear com um profissional a presença de transtornos alimentares, caso da compulsão. “Dependendo do caso, além dos ajustes no estilo de vida, medicamentos são prescritos na fase do emagrecimento e na manutenção do peso”, pontua o médico Marcio Mancini, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

A rota para escapar do efeito ioiô passa por orientação e muita determinação. Mas a cabeça e o coração serão sempre gratos pelo esforço.

A balança emperrou
O efeito platô aparece quando, por mais que se continue fiel ao plano de emagrecimento, o peso não baixa mais que o esperado. Trata-se de um mecanismo do corpo para preservar energia e suas reservas de gordura.

“O problema é que ele vira um estímulo para a pessoa desistir. Sem ver resultados, ela desanima e volta a consumir alimentos em grande quantidade”, diz o professor Lancha Jr., autor do livro O Fim das Dietas (Editora Abril).

Nesses casos, nada melhor que a orientação personalizada de um profissional, que vai propor ajustes na alimentação e no treino.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/efeito-sanfona-tambem-maltrata-o-coracao/ - Por Diana Cortez - Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital


segunda-feira, 27 de abril de 2020

Todas as maneiras de matar o coronavírus (até agora)


Cientistas de 74 países estão estudando os pontos fracos do Sars-Cov-2 para descobrir o quanto antes um tratamento eficiente ou desenvolver uma vacina contra a doença. Confira a ficha completa do atual Inimigo Número 1 da humanidade:

Eles têm “espinhos” que podem ser inutilizados
Cada Sars-Cov-2 tem a superfície repleta de “espinhos” ou “spikes”, que na realidade são proteínas que se conectam à parede celular do hospedeiro para introduzir o material genético viral e “sequestrar” as funções celulares para que mais vírus sejam produzidos.
Os vírus se unem à células chamadas humanas ACE2, que são prevalentes nos pulmões e no intestino delgado.
Uma forma de impedir essa conexão entre vírus e célula humana é atrapalhar o funcionamento dessas proteínas com a ação dos anticorpos.

Esses espinhos podem ser usados em vacinas
A solução mais garantida para a humanidade contra esse vírus é o desenvolvimento de uma vacina, para que as populações tenham contato com ele de maneira segura e controlada e possam produzir anticorpos.
Existem dois tipos de vacina: com vírus vivos atenuados e com vírus mortos ou com pedaços dele. O primeiro é contraindicado para pessoas com baixa imunidade, pois há maior risco de causar efeitos adversos. Já a segunda é segura para todos, porém normalmente é necessário fazer várias aplicações para se obter uma resposta duradoura.

Eles são atacados por anticorpos de doadores
Pessoas com idade entre 18 e 69 anos, que pesam mais de 50kg e que tiveram coronavírus e já se recuperaram há pelo menos 14 dias podem doar plasma para pacientes com formas graves da Covid-19. Os anticorpos do doador atacam os vírus no corpo de quem recebe a transfusão.

Eles podem ser enganados
Pesquisas também estão tentando criar moléculas sintéticas que parecem com o ACE2, para enganar o vírus e fazer com que ele grude nessas “iscas” ao invés de se conectar com as células humanas.

Eles são frágeis
Todos os vírus têm uma camada de proteína para proteger sua preciosa carga genética. O coronavírus tem também uma camada extra de moléculas de lipídios. Como o sabonete quebra gordura, esse envelope viral é quebrado e o organismo é destruído. O álcool 70% também tem este feito, mas se a sua mão estiver visualmente suja você deve lavá-la com água e sabão.

Eles podem ser sensíveis a mudança de PH
Você já ouviu falar muito na cloroquina, mas você conhece o mecanismo de ação do medicamento? Ele altera o pH das células humanas, deixando-as mais básicas e menos hospitaleiras para alguns tipos de vírus. Ele também pode reduzir a inflamação de pulmão que mata pacientes com casos mais graves de Covid-19.
O grande problema da cloroquina é que há efeitos colaterais importantes na visão, coração e no fígado, por isso ainda não se sabe com certeza se ele ajuda pacientes da Covid-19 ou se atrapalha. É importante lembrar que você nunca deve se automedicar, especialmente com cloroquina, já que uma dose pequena do medicamento pode ser fatal. [Hemocentro RP, American Chemical Society, OMS, Fundação Oswaldo Cruz,  Wired]


5 motivos para ficar em casa na quarentena:



1 - Não tem Vacina

2 - Não tem remédio seguro para curar o Coronavírus

3 - Não tem vaga em UTI 

4 - Não tem respirador para todos

5 - Não tem teste suficiente de Covid-19


Essa é a realidade do meu, do seu país!

domingo, 26 de abril de 2020

Não é só tosse: 8 sintomas menos conhecidos de coronavírus


Veja quais são as reações menos comuns causadas pelo novo coronavírus

A pandemia provocada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2) exige atenção das pessoas especialmente para quadros gripais, como explica a infectologista Anelise Pezzi Alves. As manifestações mais comuns da doença são as respiratórias, como tosse e falta de ar, acompanhados de febre e bastante cansaço.

Segundo o infectologista Júlio Henrique Onita, uma pequena parcela dos pacientes (em torno de 5%) responde pela forma mais severa do quadro, em que há a necessidade de um suporte de UTI com intubação e auxílio de ventiladores. A maior parte dos infectados tem a forma leve ou moderada, não havendo a necessidade de irem para a unidade de terapia intensiva.

De fato, esses sintomas podem ter intensidade maior ou menor - o que leva a pessoa a uma condição mais ou menos grave. No entanto, existem outros indicativos que podem apontar para uma infecção de COVID-19. Conheça os sintomas menos conhecidos do novo coronavírus que já foram identificados por especialistas:

Sintomas menos conhecidos de coronavírus

Dores musculares (mialgia)
A mialgia (nome técnico para as dores musculares) também pode ser um sinal que aponta para a COVID-19, principalmente quando acompanhada de outros sintomas gripais, de acordo com Júlio Henrique Onita. Segundo um estudo publicado na revista Science Direct, 77 pacientes de um grupo de 278 foram identificados com mialgia.

Dores de cabeça
Um artigo publicado na revista científica The Lancet analisou 38 pacientes diagnosticados com COVID-19. Entre eles, 3 pessoas apresentaram dores de cabeça como sintoma clínico da doença. Outro estudo de casos na China também mostrou que 20 de 278 pacientes sofreram de dores de cabeça junto com tosse e febre.

Diarréia, náusea e vômito
Diarréia, vômito e náusea também aparentam ser indicativos do novo coronavírus. Um artigo publicado na revista JAMA Network apontou que 13 entre 138 pacientes analisados apresentaram os três sintomas entre um ou dois dias antes do aparecimento de sinais como falta de ar (dispneia) e febre, que são os principais sintomas da COVID-19.
De acordo com uma análise publicada na Wiley Online Library, o receptor viral do coronavírus foi encontrado nas células epiteliais do sistema gastrointestinal dos pacientes. Isso sugere que o SARS-CoV-2 possa efetivamente infectar e se replicar no trato gastrointestinal do indivíduo.

Conjuntivite e secreção ocular
De acordo com um alerta da Academia Americana de Oftalmologia, conjuntivite é potencialmente um sintoma de coronavírus, apesar de raro. Um dos pacientes analisados estava com a condição e apresentou resultado positivo para SARS-CoV-2 na secreção ocular, sugerindo que o vírus seja capaz de infectar os olhos.
Outro estudo, publicado no periódico científico Journal of Virology, analisou outros 30 pacientes. Todos eles apresentavam algum sintoma ocular, incluindo secreção nos olhos, enquanto a conjuntivite foi observada em apenas um caso.

Perda de olfato e paladar
Segundo o Ministério de Saúde da França, a perda de olfato e paladar pode ser mais um indício de coronavírus. Isso por conta de uma irritação provocada no nervo olfatório, que leva os cheiros até o cérebro, causando o quadro conhecido como anosmia.
De acordo com o diretor geral do órgão, todos os casos de anosmáticos isolados e sem causa local ou inflamação tiveram resultado positivo para o novo coronavírus, embora nem todos os pacientes de COVID-19 apresentem esse sintoma.


sábado, 25 de abril de 2020

Quanto exercício é necessário para queimar as calorias de cada alimento


Pesquisa propõe incluir no rótulo de diferentes produtos o tempo necessário de atividade física para compensar as calorias dos produtos

Omundo não para de engordar. Para estimular as pessoas a realizarem melhores escolhas alimentares, a professora de medicina comportamental Amanda Daley, da Universidade Loughborough, na Inglaterra, sugere informar no rótulo o tempo de caminhada e o de corrida exigidos para torrar as calorias que cada comida ou bebida oferece.

É que, ao rever diversos estudos, ela descobriu que a estratégia pode frear abusos. Além disso, outra investigação conduzida por ela já havia apontado que o método previne o ganho de peso.

Afinal, ao saber quantos minutos de exercícios equivalem a determinado produto, muitas vezes a pessoa conclui que se entregar à tentação não compensa. “Acho que é algo que devemos considerar para tentar mudar os comportamentos alimentares”, sugere Amanda.


 (Ilustração: Eduardo Pignata/SAÚDE é Vital)


sexta-feira, 24 de abril de 2020

36 modalidades esportivas que mais queimam calorias em uma hora


Exercícios que mais consomem calorias - na maioria das vezes - são os mais eficazes para que os números na balança comecem a declinar

Colocar o corpo para se movimentar e seguir à risca uma dieta equilibrada são estratégias quase infalíveis para a perda de peso.

É verdade também que exercícios que mais consomem calorias – na maioria das vezes – são os mais eficazes para que os números na balança comecem a declinar rapidamente.

Com base em um estudo publicado pelo National Institutes of Health, a Mayo Clinic, organização americana de serviços e pesquisas médico-hospitalares, listou as modalidades esportivas que mais queimam calorias em apenas uma hora.

As calorias estão divididas por três faixas de peso e o ritmo que é praticado a atividade física também foi levado em consideração . Confira a seguir:

Modalidades esportivas
Peso da pessoa e calorias queimadas em 1 hora          Até 73 quilos            Até 91 quilos  Até 109 quilos
Atividade aeróbica (alto impacto)     861      1.074   1.286
Atividade aeróbica (baixo impacto)  861      1.074   1.286
Atividade aeróbica na água   752      937      1.123
Trilha   715      892      1.068
Basquete         657      819      981
Bicicleta (ritmo lento)            606      755      905
Boliche           584      728      872
Canoagem       584      728      872
Dança de salão           584      728      872
Aparelho elíptico (esforço moderado)           548      683      818
Futebol           533      664      796
Golfe   511      637      763
Mochilão         511      637      763
Patinação no gelo       511      637      763
Raquetebol     496      619      741
Levantamento de peso           438      546      654
Patinação        438      546      654
Pular corda     438      546      654
Remo (aparelho)         423      528      632
Corrida (ritmo moderado)      402      501      600
Corrida (ritmo rápido)            365      455      545
Esqui   365      455      545
Esqui em decida         365      455      545
Esqui na água 365      455      545
Softbol ou basebol     314      391      469
Subir escadas  314      391      469
Natação (ritmo lento) 314      391      469
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Tai Chi            292      364      436
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Caminhada (ritmo rápido)      219      273      327
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quinta-feira, 23 de abril de 2020

Os benefícios da pimenta para o coração


Além de colorir, perfumar e encher os pratos de sabor, a especiaria mais ardida e popular do planeta nos protege de doenças cardiovasculares

No tabuleiro da baiana tem. Na cozinha mexicana também. E até em centro de pesquisa italiano ela dá o ar de sua picância. Estrela na culinária internacional, a pimenta protagonizou um dos mais badalados estudos recém-publicados no universo da nutrição. Ele foi tocado no Instituto Neurológico Mediterrâneo Neuromed, em Pozzilli, e traz mais motivos para esquentar o cardápio do dia a dia. Depois de esmiuçar dados de mais de 22 mil pessoas por cerca de oito anos, os cientistas notaram uma associação entre a especiaria e a proteção contra males como o infarto.

Segundo a líder do trabalho, Marialaura Bonaccio, o consumo frequente pode reduzir o risco de morte por problema cardiovascular em 34%. Embora dois grandes estudos anteriores — um com a população chinesa e outro realizado com americanos — já tenham apontado a relação protetora, ainda se debate o que o alimento teria de tão especial para o coração.

Grande fã de macarrão apimentado com vegetais, Marialaura argumenta que “mais pesquisas são necessárias para explicar o que está por trás dos benefícios”.

Outra apreciadora, a nutricionista Marina Sallum, expert em vegetarianismo da RG Nutri, na capital paulista, conta que a literatura científica dá pistas vindas de experimentos em células e cobaias. “Há indícios de que a pimenta favorece o equilíbrio dos níveis de colesterol no sangue, a vasodilatação e o controle da pressão arterial”, diz.

A lista de benesses ao peito não ficaria por aí. “O alimento tem ação anti-inflamatória”, destaca a nutricionista Renata Alves, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, em São Paulo. Daí que, entre outras coisas, resguarda o tapete celular que recobre o interior das artérias. Com isso, elas ficam mais blindadas contra lesões e placas de gordura.

Um mix de antioxidantes torna a especiaria tão poderosa. “Compostos bioativos, como carotenoides e polifenóis, especialmente flavonoides, atuam em sinergia”, conta a nutricionista Gabriela Barbosa, da Universidade Federal de Minas Gerais.

Capsaicina, o segredo ardido da pimenta
Grande parte de seus talentos, entretanto, recai sobre um ingrediente exclusivo desses vegetais: a capsaicina. A substância é, inclusive, a responsável pelo ardor. Não à toa o nome de batismo, Capsicium, serve para o gênero que contempla malagueta, dedo-de-moça, jalapeño, além das pimentas-de-cheiro e dos pimentões.
Na natureza, o composto já exerce seu papel defensivo. A ardência afasta predadores dos frutos, caso de alguns mamíferos. As aves, por sua vez, são imunes.
“O colorido das pimentas Capsicum silvestres atrai pássaros que, ao comerem os frutos inteiros, contribuem para a dispersão das sementes e a preservação do vegetal”, explica a engenheira-agrônoma Cláudia Ribeiro, da Embrapa Hortaliças, em Brasília. Assim como a passarinhada, o bicho-homem se apaixonou e carregou o alimento para todos os cantos do planeta.
A verdade é que a capsaicina estimula efeitos irritantes e prazerosos quase ao mesmo tempo. Quando entra em contato com as mucosas da boca, do nariz e da garganta, ela desencadeia um sinal de dor. Então, de célula em célula, a mensagem chega ao cérebro, que reage produzindo endorfinas — substâncias relacionadas ao alívio e ao bem-estar.
A quantidade de moléculas capsaicinoides encontradas nos frutos é bem variada. Fatores como a constituição genética da pimenteira e até mesmo as condições de cultivo, a temperatura e a umidade durante o crescimento dessas plantas interferem na concentração, nas sensações provocadas e, inclusive, nos apregoados benefícios à saúde.
Portanto, se a capsaicina é o maior tesouro da pimenta, vale parafrasear o filme estrelado por Marilyn Monroe e Tony Curtis: quanto mais quente, melhor.

Família picante
Relatos apontam a região que inclui a bacia do Lago Titicaca, entre Peru e Bolívia, como centro de origem das pimentas. Os frutos do gênero Capsicum (são cerca de 30 espécies) só foram encontrados por Cristóvão Colombo em sua segunda viagem à América, no século 15, e, a partir daí, conquistaram o mundo.
O grupo exibe vários formatos, tamanhos, cores e graus de picância. Entre as fortes, estão malagueta, fidalga e habanero. Já a biquinho, a murupi e a dedo-de-moça figuram como mais suaves.
Pimentas-do-reino vêm de outra família. Inclusive, não contêm a aclamada capsaicina. Nossa pimenta-rosa também faz parte de um clã diferente.
O antropólogo e historiador Luís da Câmara Cascudo (1898-1986) se desdobra em elogios ao mais pungente dos vegetais: “… a pimentinha, companheira sem rival, transformando o peixe cozido em obra-prima, ressaltando os valores sápidos de todas as iguarias…”.
Nada mais justo. Afinal, malagueta e companhia oferecem uma mistura ímpar de compostos e realçam as preparações como ninguém. Enfeitam qualquer prato. Sem contar que a pimenteira, reza a sabedoria popular, espanta até mau-olhado.
A chef de cozinha baiana Tereza Paim, do restaurante Casa de Tereza, em Salvador, usa desde menina. Ela apanhava os frutos frescos plantados no quintal e amassava na hora das refeições.
Em sua cozinha, as espécies doces e aromáticas têm grande espaço, mas há tipos ardidos também. Fica a gosto do freguês. “Alguns têm maior resistência, outros não. Por isso, os molhos são servidos em potes separados”, relata.

As situações que pedem moderação
Quando o assunto é pimenta, há a turma de paladar menos sensível que pede mais e mais. Por outro lado, muitos fogem — e tem gente que deve mesmo passar longe.
“Não é indicada para indivíduos com alterações gastrointestinais, caso de gastrite, além de pessoas com doenças inflamatórias no intestino e hemorroidas”, avisa a nutricionista Andréa Esquivel, do Cedig — Centro de Medicina Avançada, em São Paulo. Não que a especiaria provoque todos esses males: ela só desencadeia sintomas em indivíduos que já apresentam tais distúrbios.
Para atenuar um pouco a picância, Andréa, que também é professora de culinária, recomenda retirar as sementes e a chamada placenta, aquela parte mais esbranquiçada. Ali se concentra a capsaicina. “O uso de luvas durante o manuseio é fundamental para evitar irritação”, ressalta.
Outro aviso importante para quem quer apimentar a rotina é não abusar. Excesso nunca é bem-vindo — até porque a vermelhinha vai roubar a cena e ofuscar outros ingredientes do cardápio.

Fonte: https://saude.abril.com.br/alimentacao/beneficios-pimenta-coracao/ - Por Regina Célia Pereira - Foto: Cappels/Getty Images

Higiene, mudanças na alimentação e mais: os novos hábitos que você precisa adotar com seu pet


Atividades rotineiras, como a caminhada higiênica, agora precisam ser mais curtas

Ficar uma semana na companhia do seu animal de estimação dentro de casa é uma delícia, mas depois de um mês vendo a cara do Totó de manhã à noite, a rotina pode ficar mais complicada. Por conta das recomendações de distanciamento social e orientações para prevenir o contágio pelo coronavírus, novos hábitos também precisam ser inseridos no dia a dia de quem tem pet em casa. Veja as principais recomendações:

Estabeleça uma nova rotina
Criar uma nova rotina com o mascote não precisa ser complicado. Isso fica por conta do retorno às atividades normais, momento em que seu pet vai ficar ressentido de perder o convívio estreito com a família. Mas naquela de resolver  “uma coisa de cada vez”, fazer do tempo algo agradável costuma ser tranquilo, uma vez que tutores e mascotes que se gostam costumam se dar muito bem quando juntos.

De repente, nós
Em tempos de distanciamento social, gatos costumam se dar melhor porque pouca coisa muda da rotina deles. Se querem ficar com seus tutores, ficam; se não querem, procuram seu próprio isolamento, e de preferência nas alturas. De certa forma, cães também podem assumir um comportamento semelhante, de se refugiar debaixo do sofá para dormir, por exemplo - ainda mais se, da noite para o dia, três crianças misteriosamente passam a ficar o dia inteiro em casa sem receber visitas.
Mas a grande diferença entre cães e gatos costuma ser o “banheiro”. Enquanto gatos seguem com suas “caixinhas”, alguns cães podem ter tido suas caminhadas higiênicas interrompidas, o que pode causar sério desconforto.    

Faça caminhadas curtas
Cachorros acostumados com o passeio higiênico, aquele para fazer xixi e cocô, podem ficar ressentidos - e até com a síndrome da bexiga presa - se pararem repentinamente de sair no horário habitual.
Podendo manter o costume, vá firme. Essas saídas fazem bem para vocês dois, mas não esqueça dos novos cuidados acerca da aglomeração. Assim que seu pet fizer o que precisa, recolhas as fezes do animal e volte para casa. Às vezes, um cachorro não se acostuma rápido em fazer suas necessidades no jornal e retém a urina. Não negligencie esse fato, pois isso pode causar cistite.

Cuidado com os pelos das patas
Por enquanto, a recomendação aos tutores cujos pets precisam sair é lavar bem as patinhas antes de ele entrar em casa. Por conta disso, diminuir a quantidade de pelos ao redor das patas (incluindo os pelinhos que ficam entre os dedos e a almofadinha plantar) facilita sua vida e contribui para uma secagem rápida do local.

Lenços umedecidos com sabão podem fazer o serviço, mas eu prefiro uma bacia pequena com uma lâmina fina de água com sabão, local em que mergulho as patinhas para depois secar com papel toalha, inclusive entre os dedos. Depois, uso um pano seco específico para esta finalidade e o lavo separadamente.  É importante deixar bem seco porque patas úmidas podem trazer desequilíbrios na pele do seu pet.

Álcool para higienizar o pet?
Alguns tutores apelam para o álcool na hora da limpeza, mas o melhor ainda é lavar as patinhas com água e sabão. Em último caso, você pode recorrer ao álcool 70%, mas esse produto costuma ressecar as patinhas do seu pet se for de uso contínuo.

Xô, parasitas
Já acabou com as pulgas e os carrapatos? Aproveite e peça online mesmo produtos de uso oral ou tópicos para acabar de vez com o parasita.

Hora da escovação
Para quem não era muito adepto de escovar o pet, vale lembrar: agora, é questão de saúde  escovar o pelo do seu mascote. A atividade é importante pois remove pelos soltos e evita a formação dos nós - problema que pode resultar em fungos, no pior dos casos, ou verdadeiros tufos que só sairão mediante tosa bem baixinha.
A escovação diária, mesmo para os animais de pelo curto, é o suficiente para tirar o sebo em excesso ou sujeiras presas no pelo. Para animais mais peludos, como o Golden e o Collie, o talco, aliado à escovação, ajuda a manter o pet limpo.

Olho no prato
Se você já percebeu alguns centímetros a mais na sua cintura durante a quarentena, talvez seu mascote também tenha aumento de peso. De repente, cães que tinham uma rotina de exercícios tiveram a caminhada reduzida, e o horário certinho para comer acabou sendo estendido. Talvez seja hora de rever a quantidade de comida que você põe no prato do seu mascote - e isso vale também para gatos. Vale lembrar: petiscos podem estar sendo os responsáveis pelo peso extra.

Pet com ansiedade? Sim!
Se o seu animal de estimação anda meio triste pelos cantos ou se mostra ansioso demais, o foco desse comportamento pode estar sendo você.  Cães e gatos são verdadeiras esponjas e absorvem tudo o que vem da cabeça dos tutores: as sutis mudanças que o mau humor causa numa pessoa não passam desapercebidas pelos animais.
O distanciamento social está afetando sua ansiedade? Ficar em um apartamento pequeno não está sendo fácil? E você sente falta da rotina? Não tenha dúvida de que o pet sofre com sua tristeza. Converse com alguém sobre seus sentimentos. Da mesma forma,  procure acariciar seu cachorro e usar uma voz calma e tranquila quando estiver ao lado dele, isso pode ajudar.

Brincadeiras a mil
Para finalizar, a limonada que se pode fazer desse limão que é o período em casa é brincar com seu pet. Faças as coisas de que ele gosta. Coce a orelha dele, faça carinho no seu lombo, use o afeto que o cão tem para com seus tutores a seu favor. Afinal, não é por acaso que procuramos a alegre companhia dos animais em tempos de cólera, ou de coronavírus, seja lá o que esteja nos incomodando.
Aceite o sutil convite de seu mascote para descer do pedestal do Homo sapiens, e se permita momentos de alegria, higiene mental e descontração. Doses diárias de carinho podem fazer muita diferença para enfrentar esse período.