quinta-feira, 16 de abril de 2020

Perguntas e respostas sobre a Pandemia do Coronavírus


Com o intuito de tirar dúvidas da população sobre o Coronavirus, a Liga Acadêmica de Farmacologia Clínica da UFS-Lagarto em parceria com o Centro de Informações sobre Medicamentos da UFS-Lagarto e com a colaboração do Laboratório de Estudos e Cuidados Farmacêuticos (Lecfar), do Laboratório de Desenvolvimento Farmacêutico, do Departamento de Farmácia da UFS-Lagarto e do Conselho Regional de Farmácia (CRF-SE) criou um grupo no WhatsApp para toda a população e acadêmicos a fim de tornar acessível conteúdos confiáveis e esclarecer as Fake News sobre a pandemia COVID-19. Além disso, com parceria com a Liga Academia em Inclusão dos Deficientes Auditivos e Surdos na Saúde (LAIDASS) as informações também são disponibilizadas em LIBRAS.

O ministério da saúde falando agora que algumas pessoas podem utilizar máscara de pano, o que vocês acham sobre isso? Já que muitos materiais estão em falta?

A máscara caseira é mais uma alternativa para evitar a infecção por coronavírus (SARS-CoV-2) e contrair a COVID-19. Mas, é importante ressaltar que as recomendações de evitar aglomerações e contato físico (toque de mãos entre pessoas, beijos e abraços), manter a higienização das mãos com água e sabão, utilizar álcool a 70% para as mãos e superfície e, não compartilhar objetos pessoais devem ser mantidas!

As máscaras faciais são equipamentos de proteção individual (EPI) (Lei nº 13.969, de 06 de fevereiro de 2020 e a Portaria nº 327, de 24 de março de 2020), com impacto na proteção coletiva. Esses equipamentos funcionam como uma espécie de filtros que retêm partículas contaminadas por microorganismos.
Apesar das diversas ações realizadas pelo Ministério da Saúde para aquisição de EPIs, o cenário atual da pandemia de COVID-19, levou a escassez de das máscaras cirúrgicas e as N95/PFF2, em diversos países. Ficando seu uso priorizado aos profissionais nos serviços de saúde (Resolução de Diretoria Colegiada - RDC nº 356, de 23 de março de 2020).

As máscaras caseiras, até o dia 02/04/2020 eram consideradas inadequadas pelos órgãos reguladores e sanitários. Contudo, elas vem se tornando uma necessidade neste momento, visando minimizar o aumento dos casos de COVID-19, em especial aqueles que são transmitidos por portadores assintomáticos. Sua utilização pode auxiliar no impedimento da disseminação de gotículas expelidas do nariz ou da boca do usuário no ambiente, agindo como uma barreira física. Além de auxiliar na mudança de comportamento da população e diminuição de casos. Contudo, é importante salientar, novamente, que as demais medidas de higienização, das mãos, superfícies, roupas, calçados e utensílios, bem como da própria máscara DEVEM ser mantidas. Só o uso da máscara não garante proteção a infecção pelo coronavírus (SARS-CoV-2).

A sugestão do Ministério da Saúde, em nota Técnica publicada em 02/04/2020, é de que a população produza suas máscaras caseiras em tecido de algodão, tricoline, TNT, ou outros tecidos, que podem assegurar uma boa efetividade. Quanto mais espessa e fechada a trama do tecido, melhor barreira física ele se tornará enquanto máscara. O importante é que a máscara seja higienizada após cada uso, feita nas medidas corretas cobrindo totalmente a boca e nariz e que esteja bem ajustada ao rosto, sem deixar espaços nas laterais.

            Existem diversos vídeos e sites orientando a forma de confeccionar sua própria máscara (https://www.youtube.com/watch?v=qNLne8CE8xM&feature=youtu.be), siga aquele que melhor atender suas possibilidades, e que esteja dentro das orientações citadas acima.

Sobre cuidados na utilização e higienização das máscaras caseiras:

●     A máscara caseira é individual. Não compartilhe com familiares, amigos e outros.

●     Coloque a máscara, segurando nas alças, levando-as até as orelhas de forma a cobrir a boca e nariz.

●     Evite tocar na máscara enquanto estiver utilizando ela, não fique ajustando a máscara. Ao tocar nela, você pode estar transmitindo vírus da sua mão.

●     Fique em casa, mas se for necessário sair para a rua, leve junto um saco plástico e outra máscara limpa, para o caso de acidentalmente contaminar a que estiver em uso e precisar trocar.

●     Se espirrar, tossir ou ao chegar em casa, lave as mãos com água e sabão, secando-as bem, e retire a máscara (remova a máscara pegando pela alça, evitando de tocar na parte da frente), coloque ela diretamente no saco plástico (você deve lavar ela assim que possível). Higienizar novamente as mãos e colocar outra máscara limpa. seguindo os cuidados já citados anteriormente. Por isso é importante que você tenha no mínimo 2 máscaras caseiras.

 Como lavar a máscara caseira?

 ●     Coloque a máscara em recipiente com água potável e água sanitária (2,0 a 2,5%) e deixe “de molho” por 30 minutos.

●     Após o tempo de imersão (molho), realizar o enxágue em água corrente e lavar com água e sabão.

●     Após lavar a máscara, a pessoa deve higienizar as mãos com água e sabão. A máscara deve estar seca para sua reutilização.

●     Com a máscara seca, após a lavagem, utilize o ferro de passar quente e depois guarde em um saco plástico até a necessidade de usar.

ATENÇÃO: Jogue fora, na lixeira, a máscara que esteja estragada, com buracos ou rasgada.

Como preparo essa água sanitária?

●     O Ministério da Saúde orienta que você utilize 1 parte de água sanitária para 50 partes de água (Exemplo, pegue 10 ml de água sanitária para 500ml de água potável).

Referências:

ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. ORIENTAÇÕES PARA SERVIÇOS DE SAÚDE: MEDIDAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE QUE DEVEM SER ADOTADAS DURANTE A ASSISTÊNCIA AOS CASOS SUSPEITOS OU CONFIRMADOS DE INFECÇÃO PELO NOVO CORONAVÍRUS (SARS-CoV-2). Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/271858/NOTA+T%C3%89CNICA+N%C2%BA+05-2020+GVIMS-GGTES-ANVISA+-+ORIENTA%C3%87%C3%95ES+PARA+A+PREVEN%C3%87%C3%83O+E+O+CONTROLE+DE+INFEC%C3%87%C3%95ES+PELO+NOVO+CORONAV%C3%8DRUS+EM+INSTITUI%C3%87%C3%95ES+DE+LONGA+PERMAN%C3%8ANCIA+PARA+IDOSOS%28ILPI%29/8dcf5820-fe26-49dd-adf9-1cee4e6d3096. Acesso em: 02 Abr. 2020.

ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA - RDC Nº 356, DE 23 DE MARÇO DE 2020. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/5809525/RDC_356_2020_COMP.pdf/fbe549f1-b74c-42e9-9979-2ab98cf55de2. Acesso em: 03 Abr. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Máscaras caseiras podem ajudar na prevenção contra o Coronavírus. Disponível em: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46645-mascaras-caseiras-podem-ajudar-na-prevencao-contra-o-coronavirus. Acesso em: 03 Abr. 2020.

BRASIL. Ministério da Saúde. Nota técnica sobre uso de máscara caseiras. 2020. Disponível em: https://www.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/02/Minist--rio-da-Sa--de---Nota-t--cnica-sobre-uso-de-m--scara-caseiras.pdf. Acesso em: 03 Abr. 2020.

KAMPF, G. et al. Persistence of coronaviruses on inanimate surfaces and their inactivation with biocidal agents. Journal of Hospital Infection, v. 104, n. 3, p. 246–251, 2020.

2.    Quem tem sinusite, rinite, imunidade baixa (com sintomas de falta de ar, devido às comorbidades), estão em grupos de risco?  Qual grupos de riscos?

A rinite não é uma das doenças que colocam indivíduos no grupo de risco da COVID-19 (coronavírus). Entretanto, se não tratada, ela pode aumentar as chances de infecções, incluindo pelo novo coronavírus, pois o quadro provoca uma inflamação. Além de inchaço, há mais secreção e o batimento ciliar (dos pelos do nariz) não fica tão coordenado, facilitando a entrada de um vírus, por exemplo, na região. O invasor tem mais tempo de contato com a mucosa e predispõe o indivíduo a doenças respiratórias.

Os grupos de risco são: Idosos e indivíduos com doenças crônicas, como os acometidos por problemas no coração, hipertensão, diabetes não controlada, problemas renais e pulmonares, apresentam deficiência no sistema imunológico (baixas defesas no organismo).

Referências:
UOL. Coronavírus: quem tem rinite está no grupo de risco? Sinais são diferentes? Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/03/25/coronavirus-quem-tem-rinite-esta-no-grupo-de-risco-sinais-sao-diferentes.htm. Acesso em: 27 mar. 2020.

DRAGER, L. Coronavírus pode ser mais grave em pessoas com doenças no coração. [S. l.], 3 mar. 2020. Disponível em: https://saude.abril.com.br/blog/guenta-coracao/coronavirus-pode-ser-mais-grave-em-pessoas-com-doencas-no-coracao/. Acesso em: 24 mar. 2020.

Alimento que comprei em supermercado, devo lavar a embalagem com sabão? Vai que alguém espirrou!
Sim, deve lavar as embalagens. O ideal é que as embalagens sejam limpas com álcool 70% ou hipoclorito 0,5% (que seria 200mL de água sanitária misturada a 800 mL de água). Caso não tenha álcool ou água sanitária em casa, pode lavar com água e sabão. No entanto, deve-se ter cautela durante a lavagem para que o sabão não entre em contato com o alimento.

Já as frutas e verduras devem ser lavadas com água corrente e colocadas em um recipiente com água e hipoclorito (água sanitária), utilizando a seguinte medida: para cada 1 litro de água, acrescente 1 colher de sopa (15mL) de água sanitária. Deixar as frutas e verduras nessa solução por no mínimo 10 minutos e no máximo 15 minutos e, em seguida, lavar bem em água corrente e deixar secar naturalmente.

Lembrar também que sempre antes de preparar os alimentos e comidas, deve-se higienizar as mãos.

Referência:

CONTIJO, J. Manipular e higienizar corretamente os alimentos é essencial para conter o coronavírus. [S. l.], 22 mar. 2020. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/bem-viver/2020/03/22/interna_bem_viver,1130896/manipular-e-higienizar-corretamente-os-alimentos-e-essencial-para-cont.shtml. Acesso em: 24 mar. 2020.

4.    Vocês acreditam que abrir o comércio por períodos de serviços alternados ou reduzidos seria melhor opção que abrir tudo de uma vez?

            Não há como nos posicionarmos a respeito de decretos ou leis. É necessário conhecimento e permissão jurídica para isso. O que podemos dizer é que atualmente o isolamento/distanciamento social é, juntamente com as medidas de higiene a única forma de prevenção de infecção pelo novo coronavírus e de colapso do sistema de saúde, que levaria a muitos óbitos por falta de suprimentos e estrutura física e de pessoal.

Em Sergipe, o Decreto Nº 40.570 de 03 de abril de 2020 mantém, até o dia 17 de abril de 2020, a proibição  “das atividades e dos serviços públicos e privados não essenciais, com necessário fechamento, a exemplo de academias, shopping centers, galerias, boutiques, clubes, boates, casas de espetáculos, salão de beleza, clínicas de estética, clínicas de saúde bucal/odontológica, clínicas de fisioterapia, ressalvadas aquelas de atendimento de urgência e emergências, além do comércio em geral”, atualizando a informação descrita no art. 2º do Decreto Nº 40.567 de 24 de março de 2020. Após esse período, o governo estadual deverá seguir as orientações do Ministério da Saúde do Brasil, que irão, a depender da situação dessa pandemia, tomar novas decisões. Ou seja, ainda não sabemos como será feita a reabertura do comércio e de outros serviços.

Tendo isso em vista, destacamos que o cumprimento da lei é obrigatório e de extrema importância, para a redução da circulação de pessoas e diminuição do risco de possíveis contaminações. 

 Qual a importância do distanciamento social?

As medidas de distanciamento social visam, principalmente, reduzir a velocidade da transmissão do vírus. Ela não impede a transmissão, no entanto, ela ocorrerá de modo controlado em pequenos grupos dentro dos domicílios, evitando assim o colapso nas unidades de atendimento. Com isso, o sistema de saúde terá tempo para reforçar a estrutura com equipamentos e profissionais capacitados. É importante destacar que há um déficit de 6 milhões de profissionais de enfermagem no mundo e, sabendo que estão na linha de frente nessa pandemia, o distanciamento social é um motivo para a organização do sistema de saúde, pois se os novos casos aumentarem descontroladamente, além da falta da estrutura física das unidades de atendimento, também haverá profissionais capacitados em quantidade insuficiente.

Referências:

BRASIL. Ministério da Saúde. Boletim Epidemiológico 7 – COE Coronavírus. 6 abr. 2020. Disponível em: https://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2020/April/06/2020-04-06---BE7---Boletim-Especial-do-COE---Atualizacao-da-Avaliacao-de-Risco.pdf. Acesso em: 08 abr. 2020

ESTADO DE SERGIPE. DECRETO Nº 40.570 DE 03 DE ABRIL DE 2020. [S. l.], 3 abr. 2020. Disponível em: https://www.se.gov.br/uploads/download/midia/16/5cd83b2c0dc4545e4d0e43180ca4e65d.pdf. Acesso em: 8 abr. 2020.

ESTADO DE SERGIPE. DECRETO Nº 40.567 DE 24 DE MARÇO DE 2020. [S. l.], 3 abr. 2020. Disponível em: https://www.se.gov.br/uploads/download/midia/12/8e27be55ccfddfd7c243b7d57000211c.pdf. Acesso em: 8 abr. 2020.

  Como a pessoa é curada da COVID-19? Segundo vejo na mídia, a doença não tem cura!

Para responder essa pergunta, é preciso esclarecer algumas coisas:

Cura, de uma forma geral e, em acordo com as definições de saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), trata-se da ausência dos sinais e sintomas da doença e está associada a utilização de medidas farmacológicas como a vacinação ou a utilização de fármacos. Então, quando se fala que alguém “se curou” da doença COVID-19, causada pelo coronavírus humano (SARS-CoV-2), significa que esta pessoa não tem mais sinais e sintomas da doença e o vírus não pode mais ser detectado no organismo.

Como não existe tratamento farmacológico comprovadamente eficaz tampouco vacina para doença, costuma-se afirmar que não há cura para COVID-19. Isso não quer dizer que todos os infectados padecerão da doença. A grande maioria dos infectados consegue montar uma resposta imunológica capaz de tornar o vírus indetectável no organismo e que os sintomas desapareçam.

A grande maioria dos cientistas defendem que a infecção pelo SARS-CoV-2 gera imunidade protetora contra a infecção pelo mesmo vírus. Isso quer dizer que ao se recuperarem da doença os indivíduos infectados tornam-se imunes ao SARS-CoV-2.

O que tem confundido um pouco a mídia são alguns casos onde a infecção reaparece em alguns pacientes após o desaparecimento dos sintomas e do vírus não ser mais detectado no organismo. Esse fato e normalmente está ligado a quantidades indetectáveis do vírus que voltam a se multiplicar no organismo ou a falhas na testagem que podem diminuir a sensibilidade dos testes laboratoriais

Brasil. Ministério da Saúde - Secretaria de Atenção Primária à Saúde. PROTOCOLO DE MANEJO CLÍNICO DO CORONAVÍRUS (COVID-19) NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. Versão 5. Março 2020. Página 5. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2020/marco/24/20200323-ProtocoloManejo-ver05.pdf acesso em 30/03/2020.
Li Q, Guan X, Wu P, et al. Early transmission dynamics in Wuhan, China, of novel coronavirus-infected pneumonia. N Engl J Med 29 Jan. 2020. doi: 10.1056/NEJMoa2001316.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. O que é coronavírus?. Disponível em: https://coronavirus.saude.gov.br/sobre-a-doenca#definicaodecaso. Acesso em: 31 mar. 2020.

OMS, OPAS. Organização Mundial da Saúde (OMS) e Organização PanAmericana da Saúde (OPAS). INDICADORES DE SAÚDE: Elementos Conceituais e Práticos (Capítulo 1). Disponívem em https://www.paho.org/hq/index.php?option=com_content&view=article&id=14401:health-indicators-conceptual-and-operational-considerations-section-1&Itemid=0&limitstart=1&lang=pt acesso em 30/03/2020.

Salomão, R. Infectologia - Bases Clínicas e Tratamento/ Reinaldo Salomão. 1° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017.











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