Substância é associada ao risco de câncer, obesidade
e pode ser tratamento para uma série de doenças
A vitamina D é um hormônio esteroide lipossolúvel
que pode ser obtido após exposição solar ou por meio da alimentação. A
substância é essencial para o corpo humano e sua ausência pode proporcionar uma
série de complicações.
"É só pensar no que representa para o organismo
a falta desta vitamina que controla 270 genes, inclusive células do sistema
cardiovascular", diz o neurologista Cícero Galli Coimbra, professor
associado e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo.
A vitamina D é necessária para a manutenção do
tecido ósseo. Ela também influencia consideravelmente no sistema imunológico,
sendo interessante para o tratamento de doenças autoimunes e no processo de
diferenciação celular. A falta do nutriente favorece 17 tipos de câncer.
"Esta substância ainda age na secreção hormonal e em diversas doenças
crônicas não transmissíveis, entre elas a Síndrome Metabólica, que tem como um
dos componentes o diabetes tipo 2", diz a nutricionista Natielen Jacques
Schuch, professora do Centro Universitário Franciscano UNIFRA.
O consumo da vitamina D é essencial para as
gestantes, sendo que a falta dela pode levar a abortos no primeiro trimestre.
Já no final da gravidez, a carência do nutriente pode levar a pré-eclâmpsia e
aumentar as chances da criança ser autista.
Existem ainda outros benefícios que a vitamina D
proporciona para o organismo. "Infelizmente, cerca de 80% das pessoas que
vivem no ambiente urbano estão deficientes nesta substância", constata Coimbra.
Na hora de garantir as quantidades corretas do
nutriente surge uma série de dúvidas. O protetor solar atrapalha na absorção de
vitamina D? Quais os alimentos ricos em vitamina D? A absorção de vitamina D
pelos alimentos é tão eficaz quanto pelo sol?
Só é possível conseguir vitamina D tomando sol?
Não, é possível obter a vitamina D por meio da
alimentação e suplementação com orientação médica. Para evitar a carência do
nutriente é interessante incluir na dieta alimentos ricos nesta substância e
também tomar entre 15 e 20 minutos de sol sem proteção solar e com braços e
pernas expostos todos os dias. "Apesar de alimentação e exposição solar
serem complementares, este último garante entre 80 e 90% da síntese de vitamina
D", afirma a nutricionista Natielen Jacques Schuch, professora do Centro
Universitário Franciscano (UNIFRA).
Qual parte do corpo absorve melhor a vitamina D?
Não existe uma parte do corpo que absorve melhor a
vitamina D. Este processo ocorre da mesma forma em todas as partes do corpo. A
quantidade de vitamina D que será absorvida é proporcional a quantidade de pele
que está exposta. Por isso, a orientação para ter boas quantidade deste
nutriente é expor no mínimo pernas e braços ao sol sem proteção solar por cerca
de 15 a 20 minutos.
O filtro solar impede a absorção de vitamina D?
Sim, infelizmente o uso do filtro solar prejudica a
absorção da vitamina D por meio da exposição ao sol. "Para se ter uma ideia,
o protetor fator 8 inibe a retenção de vitamina D em 95% e um fator maior do
que isso praticamente zera a produção da substância", constata o
neurologista Cícero Galli Coimbra, professor associado e pesquisador da
Universidade Federal de São Paulo.
Para evitar o risco do câncer de pele, é importante
se expor somente durante os 15 a 20 minutos recomendados e, após esse período,
aplicar o filtro solar. Além disso, o recomendado é passar o protetor no rosto
e deixar as pernas e braços sem, desta maneira as quantidades de vitamina D
ainda estão garantidas.
Pessoas mais velhoas produzem menos vitamina D em
resposta à exposição ao sol?
Sim, os idosos produzem menos vitamina D em resposta
à exposição ao sol por questões metabólicas relacionadas à idade. "A
quantidade da substância produzida em uma pessoa de 70 anos é, em média, um
quarto da que é sintetizada por um jovem de 20 anos", constata a nutricionista
Rúbia Gomes Maciel, da empresa Natue. Por isso, é interessante que as pessoas
com mais de 60 anos conversem com seus médicos sobre a possibilidade de ingerir
suplementos de vitamina D.
Quais alimentos são ricos em vitamina D?
Os alimentos que possuem boas quantidades de
vitamina D são: o salmão, 100 gramas têm 685 unidades, atum, 100 gramas contam
com 227 unidades, sardinha, 100 gramas possuem 193 unidades, ovo, um ovo possui
43,5 unidades, queijo cheddar, 50 gramas possuem 12 unidades, e carne bovina,
100 gramas contam com 15 unidades. Note que todos eles são de origem animal
porque as fontes vegetais não conseguem sintetizar a vitamina da maneira como
os alimentos provenientes de animais.
Os alimentos proporcionam boas quantidades de
vitamina D?
Não. Até mesmo o alimento com as maiores quantidades
da substância, o salmão, conta com somente 6,85% das necessidades diária de
vitamina D em uma porção de 100 gramas. "Todo adulto deveria tomar no
mínimo cinco mil unidades de vitamina D todos os dias, contudo o ideal seria 10
mil unidades", observa Coimbra.
Além disso, os alimentos ricos na substância são de
origem animal e por isso contam com a gordura saturada. Quando ingerido em
grandes quantidades este lipídeo sofre o processo de oxidação e há o risco do
aparecimento de placas que podem inflamar as artérias sanguíneas, levando a
doença vascular que pode comprometer o coração, os rins e o cérebro a longo
prazo.
A absorção da vitamina D nos alimentos é tão boa
quanto ao ser exposto ao sol?
Não. Enquanto os alimentos que mencionamos irão
fornecer no máximo 6,85% da necessidade diária de vitamina D, com a exposição
solar as quantidades da substância são muito maiores. "Tomar sol durante
20 minutos diariamente proporciona as 10.000 unidades de vitamina D necessárias
todos os dias", conta Coimbra.
Quem fica exposto ao sol precisa comer alimentos
ricos em vitamina D?
Isto depende de cada pessoa. É importante que a
necessidade do indivíduo seja analisada por um profissional da saúde a fim de
saber se apenas o sol é o suficiente ou se é preciso uma alimentação rica na
substância.
Quando tomar suplementos de vitamina D?
Os suplementos só podem ser tomados após a
constatação de deficiência de vitamina D e a orientação médica para o consumo
dessas doses extras. É preciso muito cuidado com o excesso desta vitamina.
Quais os riscos do consumo em excesso da vitamina D?
É importante destacar que o excesso de vitamina D só
ocorre por meio da suplementação. Isto porque os alimentos não contam com
quantidades grandes da substância e a obtenção dela por meio dos raios solares
é regulada pela pele, que cessa a produção de vitamina quando atinge os valores
necessários. Porém, o excesso por meio dos suplementos mal administrados pode
ser muito arriscado. "Há a possiblidade de ocorrer a elevação da
concentração de cálcio no sangue e isso pode provocar a calcificação de vários
tecidos, sendo que o mais afetado é o rim, que chega até mesmo a perder sua
função", alerta Coimbra.
Quem tem deficiência de vitamina D uma vez vai ter
para sempre?
Não, a deficiência pode ser revertida. É possível
fazer esta correção do quadro por meio de suplementação, lembrando que esta alternativa
é válida somente após a orientação médica, e/ou tomando sol sem proteção solar
nos braços e pernas durante vinte minutos todos os dias.
As janelas podem atrapalhar a absorção de vitamina
D?
Sim, elas impedem a absorção. "Isto ocorre
porque os raios ultravioletas do tipo B (UVB), capazes de ativar a síntese da
vitamina D, não conseguem atravessar os vidros", explica Maciel.
Fonte: https://www.minhavida.com.br/alimentacao/galerias/17222-especialistas-esclarecem-12-duvidas-sobre-a-vitamina-d
- Escrito por Bruna Stuppiello
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