Professora explica como a inclusão de alguns
nutrientes em uma dieta equilibrada reforça as defesas do corpo contra
infecções como a Covid-19
O sistema imunológico é um conjunto de células que
tem a função de proteger nosso corpo de qualquer substância ou micro-organismo
que não for por ele reconhecido. Nesse sentido, o papel da alimentação é também
manter esse sistema atuante, fornecendo a ele os nutrientes capazes de ajudar a
modular suas respostas.
Os minerais e as vitaminas fazem parte desse grupo
de nutrientes. E, embora ainda não sejam considerados nutrientes em si, os
compostos bioativos encontrados nos alimentos, assim como os pré e os
probióticos que influenciam a microbiota intestinal, também são elementos que
participam da proteção do organismo.
Entre os micronutrientes mais estudados por seu
papel no sistema imunológico estão o zinco, o selênio e as vitaminas A, C e D.
Atingir os níveis preconizados dessas substâncias
com a dieta é ainda mais desafiador na população idosa, que é justamente o
grupo de maior risco para a Covid-19.
Alguns fatores contribuem com isso: consumo de
dietas desbalanceadas devido a dificuldades de renda, isolamento e aquisição e
preparo da comida; sensação de sede diminuída e menor ingestão de líquidos;
próteses dentais mal ajustadas, que dificultam a mastigação; redução na
capacidade de digerir os alimentos; diminuição da absorção de minerais e
vitaminas pelo organismo…
Todos esses fatores aumentam o risco de esse público
em particular sofrer com déficits nutricionais capazes de impactar na imunidade
— o que exige um maior olhar da família ou dos cuidadores para a dieta dos
idosos.
Os nutrientes aliados da imunidade
Mas não é só quem tem mais de 60 anos que deve dar
atenção à escolha dos alimentos e buscar adequar com eles os níveis de micronutrientes.
Por isso aponto, a seguir, as vitaminas e os minerais mais estudados por
exercerem um papel nas defesas do nosso corpo.
Zinco
É o mineral que possui maior importância para o
sistema imune. Em geral, idosos possuem deficiência de zinco, que tantas vezes
é observada pela sensação de diminuição do paladar. Ele é encontrado em carnes,
frutos do mar como ostras e mariscos, fígado e vísceras, peixes, ovos e cereais
integrais. Pessoas que seguem dietas vegetarianas estritas também podem ter
carência da substância.
Vitamina A
Entre suas propriedades, ajuda a modular a
imunidade. É encontrada na natureza em sua forma ativa pré-formada (o retinol)
em alimentos de origem animal, bem como nos seus precursores, os carotenoides,
que aparecem em vegetais — o corpo tende a aproveitar melhor a versão de origem
animal. As principais fontes de vitamina A são o fígado e os óleos de fígado de
peixe. Já os carotenoides se encontram em vegetais de cor alaranjada ou verde
escura.
Vitamina D
Famosa por sua ação nos ossos, também tem um papel
relevante no sistema imune. A principal forma de obtê-la é pela exposição aos
raios solares, que tornam possível sua síntese pela pele. Mas pescados, óleos
naturais de fígado de peixes, alimentos fortificados e suplementos podem contribuir
para alcançar e manter os níveis ideais. Na Europa, a deficiência da vitamina
foi observada em pessoas infectadas pelo novo coronavírus, mas isso já podia
ser esperado, uma vez que os pacientes contraíram a doença em pleno inverno,
quando há uma diminuição à exposição solar. No entanto, embora o Brasil seja um
país tropical e mais quente, sabemos que grande parcela da população não está
com concentrações adequadas da vitamina, muito provavelmente devido ao uso do
protetor solar.
Selênio
É um mineral de alto poder antioxidante, mas que
também tem função imunológica. Participa, portanto, do controle de radicais
livres, moléculas que se formam naturalmente, inclusive com a resposta do
sistema imune a infecções, mas cujo excesso causa danos em células e nos
órgãos. O alimento mais rico em selênio do mundo é a castanha-do-brasil (ou do
Pará) — e basta uma unidade (5 gramas) para alcançar a recomendação diária. O
teor do mineral na castanha depende da quantidade do elemento no solo de
cultivo.
Vitamina C
Importante nutriente antioxidante, é estudada há
muito tempo pelo seu possível papel preventivo e terapêutico em doenças como as
do sistema respiratório. Entretanto, apesar de muito consumida, ainda não temos
dados científicos robustos a respeito desse efeito. Em relação a resfriados
comuns e gripes, já foi observado que pode auxiliar reduzindo o tempo de
duração dos episódios. Ainda assim, o corpo tira bom proveito da ingestão
regular de fontes de vitamina C, caso de acerola, goiaba e frutos cítricos.
Uma palavra sobre a suplementação
Os dados expostos reforçam que uma alimentação
balanceada e saudável contribui para a melhor resistência do corpo a infecções,
entre elas a Covid-19. Mas isso, claro, não ocorrerá de um dia para o outro.
Falamos de um cuidado que deve acontecer na rotina e, se necessário, contar com
orientação profissional.
Da mesma forma, diante de uma avaliação por
nutricionista ou médico, podemos recomendar a suplementação de minerais e
vitaminas, especialmente para os idosos, que têm maior dificuldade de obtê-los
via dieta.
Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/o-papel-de-vitaminas-e-minerais-na-imunidade-diante-do-coronavirus/
- Por Dra. Silvia Cozzolino, nutricionista - Foto: Fábio Castelo/SAÚDE é Vital
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