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domingo, 14 de agosto de 2011

Como evitar a falta d’água no planeta?


Sandy e Junior, essa questão, que serve de pano de fundo para o filme Acquaria, estrelado por vocês dois, promete ser uma das principais encrencas deste século. Para dar uma idéia do rolo, a Organização das Nações Unidas (ONU) calcula que hoje já existam 1,1 bilhão de pessoas sem acesso à água potável. À primeira vista, o problema é a escassez do líquido - afinal, apenas 2,5% da água do planeta é doce. Como a maior parte dessa reserva está no gelo dos pólos e das montanhas, sobra menos de 0,1% nos rios, lagos e lençóis subterrâneos para a gente usar. A cobiça pelo "ouro azul" é tanta que, nos últimos 50 anos, mais de 500 conflitos tiveram a água como motivo principal. "Mesmo assim, a questão fundamental não é a quantidade de água: por enquanto, consumimos apenas 12% do líquido disponível. O problema é o mau uso desse recurso. Isso, sim, pode agravar ainda mais a crise de abastecimento", diz o geólogo Aldo Rebouças, da Universidade de São Paulo (USP).

Para diminuir a gastança, a solução é combater o desperdício e reutilizar a água potável. De nossa parte, a chave é mudar hábitos para economizar. Portanto, Sandy, evite tomar banhos longos - pelas contas dos especialistas, 37% da água usada para o consumo humano vai para o ralo nas chuveiradas intermináveis. E, Junior, nada de fazer a barba com a torneira aberta - em apenas cinco minutos, o desperdício chega a 80 litros! De resto, é aplicar a lição que todo mundo já conhece, fechando bem as torneiras, regulando as descargas e evitando esbanjar água lavando a rua.

Por uma gota
Desperdício e maus hábitos podem secar bilhões de torneiras ainda neste século

PLANTAÇÕES AFOGADAS
De toda a água usada no mundo, cerca de 70% vão para a agricultura,22% ficam nas indústrias e só 8% seguem para o consumohumano. Nas plantações, mais de 60% do líquido utilizado na irrigação é desperdiçado em vazamentos, na evaporação ou na infiltração no subsolo. Com técnicas mais eficientes, a perda poderia ser reduzida em até 70%.

ESCASSEZ CRESCENTE
Para satisfazer suas necessidades diárias, cada ser humano precisa de 20 a 50 litros de água. Mas, pelas contas da ONU, 1,1 bilhão de pessoas não têm acesso a água de boa qualidade. Mesmo no Brasil, considerado o país mais rico do mundo em água doce (13% das reservas mundiais estão por aqui), a situação é grave: cerca de um quinto da população não recebe água encanada em casa.

FONTE CONDENADA
A cada dia, 2 milhões de toneladas de sujeira são despejadas nos rios do mundo. No Brasil, 80% do esgoto coletado vai parar em cursos d’água sem receber nenhum tratamento. Para reverter o problema, a ação básica é a despoluição, que, além de recuperar os rios para o abastecimento, reduz a ocorrência de doenças transmitidas pela água contaminada.

ENGENHARIA ANTIQUADA
Sistemas sanitários antigos são outro buraco de desperdício. No Brasil, ainda há poucas torneiras de pressão, ralos estreitos ou privadas modernas (modelos fabricados antes de 2000 gastam o triplo de líquido em uma descarga), que induzem uma economia forçada de água. O investimento na troca de equipamentos compensa, pois pode gerar uma economia de até 70% na conta.

CANO FURADO
No mundo todo, pouco mais da metade da água captada em rios e lagos chega de fato à torneira. Em uma cidade como São Paulo, 20% se perdem em vazamentos e outros 20% em ligações clandestinas. Deter esse sumiço é um trabalho demorado, que demanda análise cuidadosa de cada metro da tubulação.

USO IMPRÓPRIO
O Brasil é um dos poucos países que esbanjam água potável para atividades que não exigem um líquido tão puro, como a lavagem de ruas ou de carros. No primeiro mundo, a maioria dos países conta com algum programa de reuso da água. Em Israel, país afetado pela escassez, 70% da água suja é tratada para ser reaproveitada depois.

Fonte: Revista Mundo Estranho - por Rodrigo Ratier