Entenda as principais reações, se são necessários testes após a vacinação e as precauções contra o coronavírus.
Com a vacinação contra COVID-19 em vigência pelo
mundo, inclusive no Brasil, algumas dúvidas sobre os imunizantes podem surgir.
Afinal, quais são as reações que a vacina pode
trazer ao corpo? É preciso seguir fazendo testes de anticorpos? Posso beber? A
seguir, esclarecemos essas e outras dúvidas sobre a vacina de COVID-19:
Vacina de COVID-19: principais dúvidas
Reações da vacina
Qualquer vacina, quando aplicada no corpo, pode
trazer algum tipo de reação. A vacina da COVID-19 não é diferente.
Entre as reações da vacina de COVID-19, destacam-se:
dor no local da injeção
vermelhidão
febre
inchaço
fadiga
perda de apetite
De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunologia
(SBIM), as possíveis reações são sinais da resposta imune se formando e
desaparecerão dentro de alguns dias.
"Porém, isso não significa que você foi
infectado pelo coronavírus ou está desenvolvendo COVID-19. Além disso, o fato
de várias pessoas não apresentarem reações também não significa que a vacina
não tenha tido efeito, pois cada pessoa pode responder de forma diferente à
vacinação", informa a SBIM.
Uma polêmica que girou em torno das reações
possíveis das vacinas de COVID-19 foram os casos de trombose associados ao
imunizante de Aztrazeneca.
De acordo com a Agência Europeia de Medicamentos
(EMA), o risco para trombose é possível, mas muito raro. Ainda de acordo com a
agência europeia (equivalente à Anvisa), "o risco-benefício permanece
positivo".
Testes de anticorpos
Conforme a vacinação ocorre, um movimento tem
ocorrido em paralelo: a realização dos testes de anticorpos IgG para verificar
se o corpo permanece protegido contra o coronavírus.
O IgG é um anticorpo ativado pelo organismo contra
um determinado antígeno - substância estranha ao organismo, que pode ser um
vírus, bactéria ou toxina. Diferente do IgM, um outro tipo de anticorpo que
surge na fase mais aguda de uma infecção, o IgG tende a ser produzido um pouco
mais à frente, posteriormente ao contato do corpo com o antígeno.
De acordo com Martín Bonamino, pesquisador do
Instituto Nacional de Câncer (INCA) e da Fiocruz, em artigo publicado na SBIM,
não existe qualquer motivo para testar os níveis de IgG após a vacinação.
"Já ouvi relatos de pessoas que se frustram com
os seus títulos de anticorpos que não aumentam após a vacinação, julgam não
estarem imunes e até planejam se vacinar novamente com a outra vacina
disponível, pois a primeira 'não funcionou'. Toda esta ansiedade está
fundamentada em um grande desconhecimento do efeito da vacina e dos testes para
detectar os anticorpos gerados por elas", escreve Bonamino.
Segundo o pesquisador, em vacinas baseadas na
proteína S (a proteína spike), como é o caso da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz,
pode ocorrer que a quantidade de anticorpos voltados para a proteção contra o
antígeno não aumente nos testes comerciais feitos para identificar a proteína N
(um outro tipo de glicoproteína encontrada no SARS-CoV-2).
Ainda de acordo com o especialista, no caso da
Coronavac, a maioria das pessoas não produz quantidades relevantes de
anticorpos contra a proteína N.
"Percebam, portanto, que para as duas vacinas
em uso no Brasil [até o momento da publicação do artigo], testar a presença de
anticorpos contra a proteína N nos laboratórios de análises clínicas não faz
sentido. A proteção será fornecida pelos anticorpos contra a proteína S e pela
resposta celular - e nenhum destes aspectos é testado nesses exames", diz
Bonamino.
Conforme explica o pesquisador, existem testes
destinados a detectar anticorpos contra a proteína S, mas mesmo esses ensaios
não nos dizem muito sobre a proteção efetiva. "As vacinas, portanto,
funcionam, mas esses testes não são adequados para avaliar seu
funcionamento."
Bebida alcoólica e vacina
O consumo de álcool após a aplicação da vacina é
algo a ser evitado. Não é necessariamente obrigatório, mas sim uma
recomendação.
De acordo com Arthur Guerra, psiquiatra e presidente
do CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool), a ingestão de álcool pelo
corpo altera o número e a abundância relativa de micróbios no microbioma
intestinal, uma extensa comunidade de micro-organismos no intestino que
auxiliam no seu funcionamento normal.
Vale lembrar que são esses organismos que afetam a
maturação e a função do sistema imunológico. Consequentemente, o álcool
interrompe a comunicação entre esses organismos e o sistema imunológico
intestinal, além de danificar as células epiteliais, células T e neutrófilos no
sistema GI.
"Como o consumo pesado pode enfraquecer o
sistema imunológico e limitar os benefícios da vacina, pessoas que bebem em
excesso devem buscar ajuda para parar ou reduzir o uso de álcool enquanto o
processo de imunização está ocorrendo", explica Guerra.
É importante destacar, porém, que essa é uma
recomendação e que, durante os testes das vacinas de COVID-19 atualmente usadas
no Brasil e no mundo, não houve qualquer orientação aos voluntários para que
interrompessem o consumo de álcool.
Dessa forma, não existem dados suficientes que
comprovem se o álcool exerce ou não efeito negativo durante a imunização contra
o coronavírus.
COVID-19 após a vacinação: é possível?
A vacina não significa, atualmente, o fim definitivo
da pandemia de coronavírus, mas um mecanismo de controle dos casos de COVID-19.
"O que a maioria dos cientistas acredita é que
a primeira geração de vacinas não vai conferir imunidade esterilizante; isto é,
não vai proteger da infecção. Mas vai proteger de formas graves, como acontece
com a vacina da gripe, por exemplo", explicou Francisco Ivanildo de
Oliveira Jr, gerente de Qualidade Assistencial e Serviço de Controle de
Infecção Hospitalar do Sabará Hospital Infantil, em entrevista ao Minha Vida,
quando as vacinas ainda estavam em desenvolvimento.
Desse modo, é importante seguir com os protocolos de
segurança e de contenção da transmissão do coronavírus, como uso de máscaras,
distanciamento social e higienização.
Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/37560-vacina-de-covid-19-quais-sao-os-cuidados-apos-a-imunizacao
- Escrito por Maria Beatriz Melero