Reconhecer os sinais precocemente pode facilitar o diagnóstico e o tratamento da doença
O câncer de pele é o tipo de tumor mais comum no
Brasil e representa cerca de 30% de todos os diagnósticos oncológicos do país,
conforme o Ministério da Saúde. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia,
a estimativa anual ultrapassa 220 mil novos casos da doença, número que cresce
nos meses de verão devido ao aumento expressivo da exposição solar.
Neste cenário, a campanha "Dezembro Laranja"
reforça a necessidade de reconhecer precocemente alterações suspeitas,
compreender os riscos e adotar medidas de proteção eficazes para evitar danos
cumulativos causados pela radiação ultravioleta.
Abaixo, o oncologista Mateus Marinho, da Croma
Oncologia, rede especializada em tratamentos oncológicos integrados e
humanizados, reúne cinco informações essenciais sobre a doença, com foco na
prevenção, diagnóstico e as opções de tratamento disponíveis atualmente.
Confira!
1. Existem dois grupos principais de câncer de pele
O câncer de pele é dividido em dois grandes grupos: o
melanoma e o não melanoma. O subtipo não melanoma, que inclui o carcinoma
basocelular e o espinocelular, é o mais comum no Brasil. Ele costuma aparecer
em pessoas de pele clara, idosos ou quem passou muitos anos exposto ao sol. A
boa notícia é que, quando descoberto no início, as chances de cura ultrapassam
90%, reforçando a importância de reconhecer mudanças na pele.
O câncer de pele do subtipo melanoma, por sua vez, é
menos comum, mas muito mais agressivo, com maior chance de gerar metástases, ou
seja, espalhar para outros órgãos. Novas lesões de pele ou lesões que mudam seu
comportamento com o tempo podem ser consideradas suspeitas. Neste cenário, é
sempre importante procurar um dermatologista para investigação.
A confirmação do tipo de tumor é feita por meio de uma
biópsia, analisada em laboratório de patologia, o que garante um diagnóstico
preciso e possibilita iniciar o tratamento o mais precoce possível.
2. Regra do ABCDE para identificar pinta suspeita
A regra ABCDE ajuda a diferenciar uma pinta comum de
uma lesão suspeita:
A: significa assimetria, quando uma metade da pinta é
diferente da outra;
B: representa bordas irregulares ou mal
definidas;
C: indica variação de cor dentro da mesma pinta;
D: se refere ao diâmetro, geralmente maior que 6
milímetros;
E: aponta para evolução, que é qualquer mudança rápida
em tamanho, forma, cor ou sintomas.
Além disso, existem sinais que merecem atenção
imediata: manchas que sangram sem motivo, doem, ardem, coçam persistentemente
ou simplesmente não cicatrizam em até quatro semanas.
Muitos melanomas podem surgir em áreas pouco lembradas
no dia a dia, como couro cabeludo, unhas, palmas das mãos e sola dos pés, o que
reforça a importância do autoexame completo e da avaliação dermatológica sempre
que algo parecer fora do padrão.
3. Exposição solar acumulada é o principal fator de
risco
A radiação ultravioleta não vem apenas de momentos de
lazer na praia ou na piscina; ela está presente no dia a dia, durante
caminhadas curtas, no trajeto até o trabalho e até dentro do carro, quando a
pele fica próxima às janelas. Com o passar dos anos, esse somatório silencioso
de exposição repetida danifica as células e favorece o surgimento de lesões.
Alguns grupos merecem atenção ainda maior:
Pessoas de pele e olhos claros;
Idosos;
Quem tem histórico de câncer de pele na família;
Indivíduos diagnosticados muito jovens ou com
episódios recorrentes da doença.
Em todos esses casos, o risco é amplificado porque a
pele pode ser mais sensível aos efeitos da radiação ou porque há uma
predisposição genética envolvida.
O bronzeamento artificial também entra nessa lista de
cuidados. As câmaras de bronzeamento utilizam radiação ultravioleta em
intensidade elevada, o que acelera o dano celular e aumenta de maneira
significativa a probabilidade de aparecimento de tumores. Por isso,
especialistas reforçam que esse método não é recomendado e pode trazer
prejuízos importantes para a saúde da pele.
4. Uso de protetor solar é essencial
O uso diário de protetor solar é uma das medidas mais
eficazes para reduzir o risco de câncer de pele, principalmente quando
combinado com barreiras físicas como bonés, chapéus, roupas com proteção UV e
óculos escuros. Essa proteção forma um conjunto que bloqueia boa parte da
radiação ultravioleta, responsável pelos danos acumulados ao longo dos anos.
Outra dúvida comum é sobre a vitamina D. O protetor
solar não impede a produção do nutriente, já que a pele continua recebendo
radiação suficiente para mantê-la em níveis adequados durante a rotina
normal.
Além disso, evitar a exposição solar entre 10h e 16h é
fundamental. Nesse período, principalmente no verão, o índice UV fica muito
elevado, aumentando o risco de queimaduras, danos celulares e o surgimento de
alterações suspeitas na pele.
5. Diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento
Quando o câncer de pele é descoberto no início, as
chances de cura são muito altas, ultrapassando 90% nos casos de tumores não
melanoma. Nessas situações, o tratamento costuma ser simples, geralmente por
meio de cirurgia para remover totalmente a lesão.
Em regiões delicadas, como rosto e orelhas, pode ser
indicada a cirurgia de Mohs, um procedimento que retira o tumor camada por
camada, analisando cada parte no microscópio durante a operação. Isso permite
remover exatamente o que é necessário, preservando o máximo de pele saudável e
garantindo um resultado mais preciso.
No melanoma, que é o subtipo mais agressivo, o
acompanhamento precisa ser mais cuidadoso porque existe risco maior de o tumor
se espalhar para outros órgãos, ou seja, gerar metástases. Para avaliar
isso, podem ser solicitados exames de imagem como a tomografia ou um exame que
combina a tomografia computadorizada com a medicina nuclear (PET-CT), que
permitem uma avaliação completa do corpo e identificar possíveis áreas
suspeitas.
Avanços no tratamento ampliam as chances de controle
da doença
Os tratamentos também evoluíram muito nos últimos
anos. As chamadas terapias alvo são medicamentos que agem em mutações
específicas das células cancerígenas, como a mutação BRAF, que é uma alteração
genética presente em parte dos melanomas e faz as células se multiplicarem de
forma descontrolada. Quando essa mutação é identificada no exame, existem
medicamentos capazes de bloquear esse "motor" da célula tumoral,
reduzindo o avanço da doença.
Outra grande revolução é a imunoterapia, que funciona
estimulando o próprio sistema imunológico a reconhecer e atacar as células do
câncer. Ela pode ser usada tanto em casos mais avançados quanto após a
cirurgia, individualizando cada caso, e assim reduzir uma possível recorrência
do tumor. Com esses avanços, somados ao diagnóstico precoce, grande parte dos
pacientes consegue resultados duradouros e tratamentos menos agressivos.
Fonte: https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/dezembro-laranja-5-informacoes-importantes-sobre-o-cancer-de-pele,f9a470d65eacc5f9fe9d0822fce9f5cbzmfdcqaf.html?utm_source=clipboard
- Por Pamela Moraes - Foto: RysaVector | Shutterstock / Portal EdiCase

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