Veja como o cuidado com o excesso de peso é essencial para evitar doenças
A obesidade é uma condição crônica que vai além do peso
corporal, afetando diversos sistemas do organismo. Segundo o Atlas Mundial da
Obesidade 2025, projeta-se que 31% da população adulta brasileira esteja com
obesidade este ano, com tendência de crescimento nos próximos anos.
Ainda conforme o estudo, o avanço da obesidade no
Brasil tem sido constante e alarmante. Em pouco mais de duas décadas, a taxa de
adultos com obesidade mais que dobrou, saltando de pouco mais de 12% em 2003
para quase 27% em 2019, enquanto as projeções para 2025 indicam que cerca de um
terço da população adulta já convive com a doença.
E o futuro preocupa ainda mais: o Atlas Mundial da
Obesidade 2025 destaca que, até 2030, estima-se que a obesidade crescerá cerca
de 33% entre os homens e mais de 46% entre as mulheres. Se nenhuma ação efetiva
for tomada, quase metade dos adultos brasileiros poderá estar obesa até 2044,
um quadro que compromete não só a qualidade de vida da população, mas também
sobrecarrega o sistema de saúde do país.
"Estamos diante de uma epidemia silenciosa. Esses
números vão além de estatísticas e refletem milhões de brasileiros que já
convivem com limitações físicas, dores, doenças crônicas e impactos emocionais
decorrentes da obesidade", alerta a nutróloga Dra. Bruna Durelli,
especialista em obesidade e fundadora da clínica LevSer Saúde.
Atente-se aos sinais da obesidade na saúde
Embora a obesidade nem sempre apresente sintomas
óbvios, o corpo costuma emitir sinais importantes quando algo não vai bem.
Segundo a Dra. Bruna Durelli, reconhecê-los precocemente pode ser decisivo para
evitar complicações e iniciar um tratamento adequado.
Abaixo, a médica lista sete manifestações comuns que
indicam que o excesso de peso já está impactando a saúde significativamente:
1. Fadiga constante em atividades simples
O excesso de peso pode impactar diretamente a
capacidade de realizar atividades simples do cotidiano, mesmo que o indivíduo
não perceba. "Quando o paciente começa a sentir cansaço exagerado ao subir
escadas, caminhar curtas distâncias ou realizar tarefas do dia a dia, muitas
vezes isso é confundido com sedentarismo. Mas, na verdade, é um sinal de que o
sistema cardiorrespiratório já está sobrecarregado pelo excesso de peso. O
coração e os pulmões precisam trabalhar mais, e isso gera um desgaste
precoce", explica a nutróloga.
2. Roncos intensos e sono fragmentado
Segundo a Dra. Bruna Durelli, esse é um incômodo
frequente entre pessoas acima do peso. "A apneia do sono é uma das
consequências mais comuns da obesidade, mas pouco reconhecida. O acúmulo de
gordura na região cervical e abdominal interfere diretamente na respiração noturna.
Muitos pacientes roncam alto, acordam várias vezes sem perceber ou têm
sonolência ao longo do dia — sintomas que não devem ser ignorados", diz.
3. Ganho de gordura abdominal
Mais do que uma questão estética, a gordura abdominal
representa um importante sinal de alerta para a saúde. "A obesidade
visceral, caracterizada pelo acúmulo de gordura na região do abdômen, está
diretamente associada a riscos cardiovasculares, inflamação sistêmica e
resistência à insulina. A circunferência abdominal elevada é hoje um dos
principais preditores para doenças como diabetes tipo 2 e hipertensão",
destaca a nutróloga.
4. Ciclos menstruais irregulares e infertilidade
A obesidade em mulheres, além de afetar tarefas
diárias, também pode comprometer a função hormonal. "No caso das mulheres,
o excesso de tecido adiposo provoca desequilíbrios hormonais importantes. Isso
pode se manifestar em irregularidade menstrual, síndrome dos ovários
policísticos e dificuldade para engravidar. É uma questão ginecológica, mas que
começa com um distúrbio metabólico", pontua.
5. Dores nas articulações
O impacto da obesidade vai além do cansaço e da falta
de fôlego — ele também compromete a saúde das articulações. "As
articulações são diretamente impactadas pelo excesso de peso. Joelhos,
tornozelos e coluna precisam sustentar uma carga acima da ideal, o que acelera
processos degenerativos como artrose e hérnias discais. A dor é um alerta
precoce de que o corpo está em sobrecarga", esclarece a médica.
6. Queda na autoestima e isolamento social
Embora a saúde física seja frequentemente destacada
quando se fala em obesidade, a saúde mental também merece atenção especial.
"O impacto da obesidade na saúde mental ainda é subestimado. Muitos
pacientes desenvolvem ansiedade, depressão e evitam o convívio social por
vergonha da própria imagem ou experiências de preconceito. Esse sofrimento
emocional, se ignorado, pode agravar ainda mais o quadro clínico e dificultar a
adesão ao tratamento", analisa a Dra. Bruna Durelli.
7. Cicatrização lenta e maior propensão a infecções
De acordo com a médica, os efeitos do excesso de
gordura corporal podem comprometer a saúde da pele. "O tecido adiposo em
excesso interfere na microcirculação e na resposta inflamatória do organismo.
Isso significa que até feridas pequenas podem demorar mais para cicatrizar,
aumentando o risco de infecções cutâneas e complicações após procedimentos
cirúrgicos", conta a nutróloga.
A Dra. Bruna Durelli reforça que a obesidade precisa
ser tratada com seriedade, indo muito além de uma questão estética. "Se
continuarmos ignorando os sinais que o corpo nos dá e tratando o excesso de
peso apenas como uma questão estética, seguiremos ampliando esse abismo entre o
cuidado ideal e a realidade da saúde pública no país", alerta.
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- Por Maria Fernanda Benedet - Foto: Peakstock | Shutterstock / Portal EdiCase