Ser uma pessoa esquecida pode ser um sinal muito
bom: de acordo com um estudo da Universidade de Toronto, no Canadá, esquecer
coisas é normal e inclusive pode nos deixar mais inteligentes.
Como assim?
A pesquisa, liderada por Paul Frankland e Blake
Richards e publicada em 2018, revela que esquecer detalhes menores é
perfeitamente natural.
Não estamos falando de ser tão esquecido a ponto de
não funcionar bem no dia a dia, mas sim de dar um branco ao tentar se lembrar
de um endereço, ou ir embora de um restaurante e abandonar seu guarda-chuva lá
sem querer.
Isso tudo porque o maior objetivo do nosso cérebro é
otimizar as informações que guardamos para realizar processos como reflexão e
tomada de decisão. Logo, é melhor se lembrar daquilo que importa e esquecer
todos os detalhes insignificantes e desnecessários que não colaboram tanto
assim com o nosso nível de inteligência.
“É importante que o cérebro esqueça detalhes
irrelevantes e se concentre em coisas que nos ajudarão a tomar decisões no
mundo real”, explicou Richards à CNN.
Faz sentido, não?
Esquecer às vezes é essencial
Nosso cérebro faz uma série de coisas para nos
tornar mais inteligentes.
Por exemplo, ele nos ajuda a “esquecer” de detalhes
específicos sobre eventos passados enquanto ainda somos capazes de nos lembrar
deles de uma forma universal, o que nos dá a habilidade de generalizar
experiências anteriores e aplicar nossas conclusões a situações atuais.
Além disso, conforme novas células são formadas em
uma área do cérebro conhecida como hipocampo, dedicada ao aprendizado, novas
conexões substituem memórias antigas, tornando-as mais difíceis de serem
acessadas. Apesar do que possa parecer, essas “substituições” constantes têm
benefícios, permitindo que nos adaptemos a novas situações sem nos preocupar
com informações antigas que poderiam nos levar a cometer erros.
O propósito de dormir? Esquecer, dizem cientistas
“Se você está tentando navegar pelo mundo e seu
cérebro está constantemente trazendo memórias conflitantes à tona, fica mais
difícil para você tomar uma decisão informada”, esclarece Richards.
E como os pesquisadores sabem de tudo isso?
A dupla já realizou diversas pesquisas com ratos,
modelos animais interessantes por sua proximidade biológica com algumas funções
humanas.
Frankland e Richards chegaram à conclusão que ser
esquecido era um sinal de inteligência depois de anos de dados acumulados sobre
memória e atividade cerebral em experiências com os roedores.
“Todos nós admiramos a pessoa que é muito boa em
trivias ou que sempre vence jogos de perguntas e respostas, mas o fato é que a
evolução moldou nossa memória não para ganhar um jogo de trivia, e sim para
tomar decisões inteligentes. Quando olhamos para o que é necessário para tomar
decisões inteligentes, argumentamos que é saudável esquecer algumas coisas”,
resume Richards.
Na medida certa
Ok, então tudo bem esquecer coisas, principalmente
aquelas que não precisamos mais nos lembrar por conta de todos os nossos
computadores e smartphones, como números de telefone.
Mas se você anda esquecido demais, é melhor procurar
ajuda médica. “Você não quer esquecer tudo e, se você está esquecendo muito
mais do que o normal, isso pode ser motivo de preocupação. Já se você é alguém
que esquece detalhes ocasionais, isso é provavelmente um sinal de que seu
sistema de memória está perfeitamente saudável e fazendo exatamente o que
deveria estar fazendo”, conclui Richards.
Se você está procurando por uma forma fácil de
“limpar” detalhes desnecessários do seu cérebro que você não precisa para tomar
boas decisões, Richards recomenda algo muito simples: exercícios físicos
regulares.
“Sabemos que o exercício aumenta o número de
neurônios no hipocampo. Isso pode fazer com que algumas lembranças se percam,
mas são exatamente aqueles detalhes de sua vida que realmente não importam, e
que podem te impedir de tomar boas decisões”, explica.
Um artigo sobre a pesquisa foi divulgado na revista
científica Neuron. [TheScienceandSpace, CNN]
Fonte: https://hypescience.com/ciencia-confirma-esquecer-coisas-e-um-sinal-de-inteligencia/
- Por Natasha Romanzoti