“O tolo pensa que é sábio, mas o sábio sabe que é um
tolo”. Essa frase, creditada a Shakespeare, é um destes conhecimentos populares
que acabam sendo comprovados pela ciência. Um estudo da Universidade Cornell,
nos EUA, conduzido pelos psicólogos sociais David Dunning e Justin Kruger,
apoia esta ideia. O fenômeno é agora conhecido como o efeito Dunning-Kruger.
Então, se você acha que não tem um intelecto lá
muito avantajado, na verdade essa pode ser uma indicação de que você é muito
inteligente, ou que pelo menos tem consciência das suas próprias limitações, o
que já é mais do que muita gente consegue.
O portal Business Insider fez uma lista com 17
indicações que as pessoas não fazem ideia que podem ser sinais de inteligência.
Não ter estas características não significa que você não seja inteligente, mas
tê-las pode significar que você é mais esperto do que pensava.
17. Você teve aulas de música
Pesquisas sugerem que a música ajuda a mente das
crianças a se desenvolver. Um estudo de 2011 descobriu que as pontuações em um
teste de inteligência verbal entre crianças de 4 a 6 anos aumentaram após
apenas um mês de aulas de música. Outro estudo, de 2004, descobriu que crianças
de 6 anos que fizeram nove meses de aulas de teclado ou voz tiveram um aumento
de QI em comparação com crianças que tiveram aulas de teatro ou nenhuma dessas
opções.
Por outro lado, um outro estudo, de 2013, aponta que
essa relação tem um sentido contrário: crianças mais inteligentes e com pais
com mais dinheiro, capazes de oferecer estudo melhor e mais amplo, tendem a ter
aulas de música, e não o caminho contrário, no qual crianças ficariam mais
inteligentes porque tiveram aulas de música. De acordo com este estudo, o
treinamento musical só pode melhorar as diferenças cognitivas que já existem,
não tornar a criança mais inteligente.
16. Você é o irmão mais velho
Os irmãos mais velhos costumam ser mais
inteligentes, mas não por causa da genética, descobriu um estudo.
Pesquisadores noruegueses usaram registros militares
para examinar a ordem de nascimento, estado de saúde e Q.I. de quase 250.000
homens de 18 e 19 anos nascidos entre 1967 e 1976. Os resultados mostraram que,
na média, o primogênito tinha um Q.I. de 103, comparado a um de 100 no segundo
filho e 99 no terceiro.
“As novas descobertas de um estudo histórico
publicado em junho de 2007 mostraram que as crianças mais velhas tinham uma
vantagem pequena, mas significativa, no Q.I. – uma média de três pontos sobre o
irmão mais próximo. E descobriu que diferença não foi por causa de fatores
biológicos, mas a interação psicológica de pais e filhos”, diz matéria do
jornal New York Times a respeito do estudo.
15. Você é magro
Cientistas ofereceram cerca de 2.200 testes de
inteligência para adultos durante um período de cinco anos e os resultados
sugerem que quanto maior a cintura, menor a capacidade cognitiva.
Outro estudo publicado no mesmo ano, em 2016,
descobriu que crianças de 11 anos que tiveram uma pontuação mais baixa em
testes verbais e não verbais eram mais propensas a serem obesas quando
completassem 40 anos. A relação entre as duas coisas, segundo os autores do
estudo, é que crianças mais espertas podem ter buscado melhores oportunidades
educacionais, conseguido empregos mais altos e com salários mais altos, e,
portanto, poderiam cuidar melhor de sua saúde do que seus pares menos
inteligentes.
Um estudo mais recente descobriu que, entre crianças
pré-escolares, um QI menor estava ligado a um índice de massa corporal mais
alto. “Os achados do presente estudo mostraram que um menor escore de QI está
associado a um maior IMC. No entanto, essa relação parece ser amplamente
mediada quando se considera a situação socioeconômica”, concluem os
pesquisadores. Ou seja, ambos os índices são influenciados por outros fatores
socioeconômicos.
14. Você tem um gato
Um estudo de 2014 feito com 600 estudantes
universitários buscou correlacionar traços de personalidades de acordo com o
animal de estimação preferido. Cerca de 60% dos participantes gostavam mais de
cães enquanto que 11% indicaram uma preferência por gatos. (O restante dos
entrevistados disse que gostavam de ambos animais ou de nenhum).
O estudo descobriu que os indivíduos que se
identificavam como “pessoas caninas” eram mais extrovertidos do que aqueles que
se identificavam como “pessoas felinas”. As pessoas felinas, porém, obtiveram
uma pontuação melhor na parte do teste que media a capacidade cognitiva.
A pesquisadora Denise Guastello observou que a
diferença de temperamento pode ser resultante das diferentes necessidades dos
dois animais. “Faz sentido que uma pessoa que prefira cães seja mais animada,
porque eles vão querer sair, conversar com as pessoas, levar seu cachorro por
aí”, diz a especialista em matéria da revista Time. “Por outro lado, se você
for mais introvertido e sensível, talvez prefira ficar em casa lendo um livro e
seu gato não precisa sair para passear”.
Sendo assim, gatos são mais apropriados para pessoas
cerebrais que preferem ficar em casa, enquanto que cães são mais compatíveis
com personalidades extrovertidas e expansivas.
13. Você foi amamentado
Pesquisas sugerem que bebês que são amamentados
podem crescer e se tornar crianças mais inteligentes. Em dois estudos, os
pesquisadores analisaram mais de 3.000 crianças na Grã-Bretanha e na Nova
Zelândia. Aquelas crianças que foram amamentadas tiveram um aumento de quase
sete pontos em um teste de QI – mas apenas se tivessem uma versão particular do
gene FADS2 (Essa versão do gene estava presente em números aproximadamente
iguais entre crianças que foram e não foram amamentadas).
Descobrir o mecanismo exato dessa relação entre
FADS2, amamentação e QI exigirá mais estudos, observaram os cientistas em seu
artigo sobre a descoberta.
12. Você já usou drogas recreativas
Um estudo de 2012 com mais de 6 mil britânicos
nascidos em 1958 encontrou uma ligação entre o alto QI na infância e o uso de
drogas ilegais na vida adulta.
“Em nosso grande estudo de coorte de base
populacional, o QI aos 11 anos foi associado a uma maior probabilidade de usar
drogas ilegais selecionadas 31 anos depois”, escreveram os pesquisadores James
W. White, Catharine R. Gale e David Batty.
Eles concluem que ao contrário da maioria dos
estudos sobre a associação entre QI na infância e saúde na idade adulta, seus
achados sugerem que “um QI alto na infância pode levar à adoção de
comportamentos potencialmente prejudiciais à saúde, como consumo excessivo de
álcool e uso de drogas, na idade adulta”.
11. Você é canhoto
Pesquisas recentes associam o canhoto ao “pensamento
divergente”, uma forma de criatividade que permite que você invente ideias
novas de imediato – pelo menos entre os homens.
“Quanto mais acentuada a preferência canhota em um
grupo de homens, melhor eles estavam em testes de pensamento divergente. Os
canhotos eram mais aptos, por exemplo, a combinar dois objetos comuns de
maneiras novas para formar um terceiro – por exemplo, usando um poste e uma
lata para fazer uma casa de pássaros. Eles também se destacaram no agrupamento
de listas de palavras em tantas categorias alternativas quanto possível”, diz
matéria da revista New Yorker a respeito do tema em 1995.
10. Você é alto
Uma pesquisa de 2008 da Universidade de Princeton,
nos EUA, feita com milhares de pessoas, descobriu que indivíduos mais altos
pontuaram mais em testes de QI quando crianças e ganharam mais dinheiro quando
adultos.
“Com a idade de 3 anos – antes da escolaridade ter
tido a chance de desempenhar um papel – e durante toda a infância, as crianças
mais altas apresentam um desempenho significativamente melhor nos testes
cognitivos”, disseram os pesquisadores em seu estudo.
9. Você bebe álcool regularmente
O psicólogo evolucionista Satoshi Kanazawa e seus
colegas descobriram que, entre os britânicos e americanos, os adultos que
tinham pontuações mais altas nos testes de QI quando eram crianças ou
adolescentes bebiam mais álcool na vida adulta do que aqueles que tinham notas
mais baixas.
De acordo com as variáveis controladas do estudo não
é porque pessoas mais inteligentes tendem a ter empregos mais bem remunerados e
mais importantes, que exigem que elas socializem e bebam com seus colegas de
trabalho, que elas bebem mais álcool. O motivo parece ser a própria
inteligência, e não correlatos de inteligência, que as levam a beber mais.
O segredo, no entanto, parece estar na moderação. De
acordo com um estudo com jovens suíços, entre 18 a 22 anos, a maior correlação
positiva se encontra entre QI alto e um consumo moderado de álcool. Devagar e
sempre.
8. Você aprendeu a ler muito jovem
Em 2012, pesquisadores analisaram cerca de 2.000
pares de gêmeos idênticos no Reino Unido e descobriram que o gêmeo que aprendeu
a ler mais cedo tendia a pontuar mais alto em testes de capacidade cognitiva.
O estudo reforça a ideia de que leitura é
fundamental para o desenvolvimento geral do indivíduo e para melhores
resultados na educação e na vida. Da mesma forma, o estudo também ajuda a
esclarecer porque crianças da mesma família, com o mesmo conjunto de genes,
status socioeconômico, nível educacional e pais obtém resultados divergentes em
testes de inteligência.
7. Você se preocupa muito
De acordo com uma matéria da revista Slate diversas
pesquisas científicas indicam que indivíduos ansiosos talvez sejam mais
inteligentes.
Em um estudo citado na matéria, pesquisadores
pediram para 126 estudantes responderem um questionário sobre a frequência que
sentiam preocupação. Os entrevistados também indicaram com que frequência se
envolviam em ruminação, ou seja, um pensamento constante sobre situações que os
perturbavam. Pessoas que tendem a se preocupar e pensar demais pontuaram mais
em testes de inteligência verbal, enquanto que pessoas que não se preocupam
muito ou não pensam demais em seus problemas pontuaram mais em testes de
inteligência não-verbal.
A ideia de que pessoas ansiosas são mais perspicazes
do que a média faz sentido – uma mente preocupada é uma mente investigativa e
pessoas mais inteligentes tendem a ter a agilidade cognitiva necessária para
examinar os diversos ângulos de uma situação.
De acordo com o terapeuta Allen Wagner se uma
agitação imaginativa tem como fundamento uma apreciação realista dos eventos
futuros, isso levaria tais indivíduos a tomarem medidas preventivas de
segurança, uma atitude claramente inteligente.
6. Você é engraçado
Um estudo aplicou testes de inteligência para 400
estudantes universitários para medir habilidades de raciocínio abstrato e
inteligência verbal.
Em seguida, os estudantes criaram legendas para
várias charges da revista New Yorker. Por fim, as legendas foram julgadas por
avaliadores independentes. As legendas classificadas como mais engraçadas
pertenciam aos alunos que pontuaram mais alto nos testes de habilidade
cognitiva.
A Business Insider compilou uma série de outros
estudos que chegaram a conclusões semelhantes.
Uma pesquisa da Universidade do Novo México chegou a
uma conclusão semelhante ao analisar um grupo de comediantes . Os resultados
mostraram que comediantes não apenas eram mais prolíficos, mas também produziam
legendas mais engraçadas do que os alunos. Os comediantes também obtiveram uma
pontuação mais alta no teste de inteligência verbal, que geralmente se
correlaciona com uma inteligência geral mais alta.
Outra pesquisa, publicada em 1975, analisou 55
comediantes masculinos e 14 femininos e identificou pontuações
significativamente mais altas em testes de Q.I. quando comparados com a média
da população. Comediantes masculinos pontuaram em média 138; comediantes
femininas pontuaram em média 126. Em comparação, o Q.I. médio da população
oscila entre 90 e 110.
5. Você é curioso
Tomas Chamorro-Premuzi, professor de psicologia
empresarial na Universidade de Londres, escreveu um post para a Harvard
Business Review no qual ele correlaciona o QC (Quociente de Curiosidade) e uma
mente ávida a uma maior aptidão investigativa.
Ao explicar a importância do QC, ele escreveu “ainda
que não tenha sido minuciosamente estudado tal como o QE ou o QI, as evidências
sugerem que há duas maneiras principais pelo qual esse quociente é igualmente
importante na hora de gerenciar tarefas complexas. Primeiro, indivíduos com QC
maiores são geralmente mais tolerantes à ambiguidade. Este estilo de pensamento
sutil, sofisticado e nuançado define a própria essência de complexidade. Em
segundo lugar, o QC tem relação com níveis mais altos de investimento
intelectual e com a aquisição de conhecimento ao longo dos anos, especialmente
em áreas de educação formal, tais como ciência e arte”.
Pessoas com um QC alto são mais curiosas e mais
propensas para novas experiências. Novidade é algo emocionante para esses
indivíduos que rapidamente se entediam com a rotina. São pessoas que tendem a
ter muitas ideias originais e contrárias a conformações.
4. Você é desorganizado
Um estudo publicado na revista científica
Psychological Science argumenta que um ambiente de trabalho bagunçado estimula
a criatividade.
No estudo, pesquisadores pediram a 48 indivíduos que
encontrassem usos incomuns para uma bola de pingue-pongue. 24 participantes que
trabalhavam em salas organizadas apresentaram respostas menos criativas do que
os indivíduos que trabalhavam em salas desordenadas.
Os pesquisadores também descobriram que quando os
participantes tinham a opção de escolher entre um produto novo e um produto já
conhecido, os que estavam na sala bagunçada preferiam o novo – um indicativo de
que estar em um ambiente desordenado estimula o indivíduo a se libertar de
convenções. Em contrapartida, os participantes da sala organizada preferiram o
produto já conhecido ao invés do novo.
3. Você só foi fazer sexo depois do ensino médio
Uma pesquisa da Universidade da Carolina do Norte
com 12 mil adolescentes observou que os estudantes com QI acima de 100 e abaixo
de 70 eram significativamente menos propensos a ter relações sexuais do que
indivíduos dento dessa faixa. Adolescentes com QIs entre 75 a 90 tinham a menor
probabilidade de virgindade.
De acordo com o blog Gene Expression um adolescente
com um QI de 100 estava 1,5 a 5 vezes mais propenso a ter relações sexuais do
que um adolescente com um QI entre 120 ou 130. Cada ponto adicional de QI
aumentava as chances de virgindade em 2,7% para homens e 1,7% para mulheres.
Quanto mais alto o QI menores as chances de interações românticas/sexuais,
diminuindo a probabilidade de que os adolescentes tivessem beijado ou sequer
andado de mãos dadas com um membro do sexo oposto.
Ainda de acordo com o blog Gene Expression há várias
explicações possíveis para esses resultados. Pessoas com maior inteligência
demonstram aversão a riscos o que pode afasta-los de uma vida sexualmente ativa
precoce, apresentam uma libido menor ou podem se sentir ocupadas e atarefadas
demais com outros interesses para pensar em relações sexuais. Tal comportamento
pode não ser exclusivo da adolescência e permanecer até a vida adulta.
2. Você tem hábitos noturnos
Ser uma pessoa noturna pode indicar um intelecto
superior? Algumas pesquisas indicam que sim. Um dos argumentos é que os nossos
ancestrais não possuíam hábitos noturnos, sugerindo que os notívagos têm maior
probabilidade de aderir a novos valores evolutivos.
Em 2009 um estudo comparou pessoas que dormem tarde
e indivíduos que preferem acordar cedo, concluindo que o primeiro grupo
apresentou atividade cerebral maior e mantinha em um nível de alerta muito mais
elevado.
1. Você nem sempre precisa se esforçar
Prática leva a perfeição, dizem. No entanto, isso
nem sempre é o caso. Em uma matéria para o New York Times os psicólogos David
Hambrick e Elizabeth Meinz argumentam que um alto rendimento em certas áreas
como artes, matemática ou esportes nem sempre demanda um enorme esforço para
certos indivíduos. Ao citarem um estudo da Universidade de Vanderbilt, nos EUA,
os psicólogos argumentam que alguns fatores podem estar associados a essa
facilidade, entre eles a capacidade de memória.
Eles concluíram que, por mais que o esforço para ser
mais inteligente seja louvável, existem certas habilidades inatas que nem
sempre podem ser aprendidas. Isso não significa que prática e esforço são
inúteis. Pelo contrário, é plenamente possível para uma pessoa com um QI médio
obter um PhD. No entanto, uma alta capacidade intelectual inata parece
predispor certos indivíduos a certas práticas, fornecendo-lhes uma enorme
vantagem. [Business Insider]