A inteligência é uma qualidade difícil de definir, o
tipo de coisa que “você sabe quando vê”. Mas o trabalho de tentar estudá-la
está produzindo frutos, e alguns padrões relacionados à inteligência estão
aparecendo. Não se trata de alguma coisa que se possa fazer para ficar
inteligente, mas comportamentos e características que estão estatisticamente
associados à maior inteligência. Confira aqui algumas coisas que parecem estar
associadas com a inteligência, e veja se você faz parte de algum grupo com
maior probabilidade de ser mais inteligente:
1 – Ser canhoto
O cérebro é dividido em dois hemisférios. Cada um
deles faz basicamente a mesma coisa que o outro, embora existam diferenças.
Entre os seres humanos e muitos outros mamíferos, um dos hemisférios é
levemente dominante, e é por isto que você tem preferência a usar uma mão em
vez da outra.
Alguns estudos mostram que o uso da mão esquerda
está associado à inteligência. Canhotos tendem a apresentar mais pontuação em
testes de QI, e também tendem a terminar estes testes mais rápido que os
destros.
Outros estudos, entretanto, mostraram que os
canhotos têm uma gama maior de QI, fazendo com que apareçam mais tanto no grupo
de inteligentes quanto no grupo de “não tão inteligentes assim”.
2 – Homossexualidade
O psicólogo evolucionário Satoshi Kanazawa
apresentou um estudo este ano que mostra uma ligação pequena, mas significante,
entre homossexualidade e inteligência.
Não que a homossexualidade seja uma característica
de inteligência; o estudo sugere que quem tem múltiplos parceiros homossexuais
tem a probabilidade de ser o mais inteligente.
A pesquisa também sugere que a homossexualidade pode
ser um reflexo da curiosidade, um precursor ou companheiro da inteligência. Uma
outra explicação para esta ligação pode ser causada pela atitude da sociedade
frente aos gays.
As crianças que sofrem bullying por causa de
homossexualidade podem se voltar para buscas intelectuais, e sentir uma maior
necessidade de ter sucesso em áreas em que sejam aceitos.
3 – Ordem de nascimento
Muitos estudos apontaram uma ligação entre o QI e a
ordem em que você nasceu em uma família. Os primogênitos geralmente são mais
inteligentes que seus irmãos, e quanto mais caçula a criança, pior o desempenho
em testes de QI.
Não se sabe se o efeito é devido a alguma mudança em
condições pré-natais das gravidezes posteriores, ou se é um efeito social.
Alguns estudos recentes apontam que um dos fatores determinantes para o QI de
uma criança é a maneira que a família a trata, e não a ordem do nascimento.
Em famílias em que a primeira criança falece, a
segunda criança sobrevivente, em média, tem o mesmo incremento de QI que um
primogênito normal.
4 – Ateísmo
A ligação entre QI e religiosidade tem sido estudada
extensivamente, tanto em indivíduos quanto sociedades. Os valores médios de QI
tendem a variar entre países, e países com taxas maiores de ateísmo também têm
os maiores valores de QI.
Como os aspectos de sociedades podem ser alterados
por outros fatores, o estudo de indivíduos também já foi feito. Em 2008, um
estudo examinou a relação entre inteligência e crença religiosa. Quando classificados
de acordo com a inteligência, os ateístas geralmente ficam no topo, seguidos
dos agnósticos, crentes liberais e, por último, os fundamentalistas religiosos.
5 – Pelos corporais
O Dr. Aikarakudy Alias descobriu, em um estudo feito
com homens, uma ligação entre pelos corporais e inteligência. Em vez de
examinar o QI, ele estudou a relação entre pelos corporais e níveis de
educação.
Contrário à crença popular, homens que eram
estudantes e graduados tinham mais pelos corporais que os que tinham trabalhos
mais rudes. Da mesma forma, estudantes que tinham melhor performance acadêmica
também eram mais peludos que seus colegas.
O trabalho focou-se nos pelos toráxicos, mas ele
também correlacionou os pelos das costas à inteligência nos homens. A
pilosidade das mulheres inteligentes ainda não foi estudada sistematicamente.
6 – Felicidade
Ernest Hemingway certa vez disse “a felicidade nas
pessoas inteligentes é a coisa mais rara que conheço”. Todos lembramos de
pessoas inteligentes que parecem ter se tornado míseros por causa da
inteligência (Hemingway cometeu suicídio), e parece que há uma ligação entre
inteligência e humor.
No passado, acreditava-se que um QI elevado estava
ligado à depressão e mau humor, mas um estudo recente feito na Inglaterra
mostrou que pessoas com baixo QI tem maior probabilidade de serem infelizes que
seus colegas mais inteligentes.
Mais uma vez, pode ser que as características
associadas à inteligência, e não a inteligência em si, é que tendem a induzir o
desespero.
7 – Excentricidade
A excentricidade é uma qualidade difícil de definir
e de medir. Geralmente, ela é vista como um comportamento esquisito em relação
às normas sociais, mas um comportamento que ao mesmo tempo não é
necessariamente danoso ao indivíduo – diferente da insanidade.
Existem algumas evidências anedóticas (ou seja,
casos isolados) de indivíduos criativos que tendem a ser excêntricos, mas a
excentricidade é prevalente entre os acadêmicos.
Montaigne uma vez escreveu que “a obsessão é a fonte
da genialidade e da loucura”, e talvez seja esta obsessão que cria um
excêntrico, premiando-o com a inteligência correspondente.
8 – Bebida
Alguns estudos acompanharam crianças britânicas no
seu crescimento, medindo várias características. Com isto, vários aspectos
puderam ser correlacionados à inteligência. Um dos estudos examinou a ligação
entre o consumo de álcool e a inteligência.
A conclusão foi de que é possível prever o nível de
ingestão de álcool de uma pessoa baseado na sua inteligência. Crianças
inteligentes surpreendentemente tem maior probabilidade de beber mais quando
crescem. Resultados similares foram observados nos Estados Unidos.
9 – Transtorno bipolar
A loucura tem sido ligada à inteligência desde
tempos antigos. Hoje, termos politicamente incorretos como loucura não são mais
aceitos para descrever pessoas, mas a relação entre a doença mental e a
inteligência permanece uma área de pesquisa interessante para neurocientistas e
psicólogos.
Um estudo na Suécia comparou a relação entre a
performance de estudantes e sua saúde mental mais tarde na sua vida, e concluiu
que entre entre os estudantes com a maior performance, o transtorno bipolar era
quatro vezes mais frequente.
10 – Consumo de chocolate
A correlação não implica necessariamente em causa,
mas quando há uma ligação surpreendente entre dois fatores aparentemente não
relacionados, pode ser que haja uma ligação entre eles.
Um estudo recente examinou o número de premiados com
o Nobel por dez milhões de habitantes na população dos países, e o consumo
total de chocolate do mesmo país. O gráfico resultante mostra uma correlação
possitiva bastante forte e estatisticamente significativa.
Apesar de não garantir que você vá receber uma
ligação de Estocolmo, onde são decididos os ganhadores do Nobel, parece que ter
chocolate ou estar cercado de amigos que adoram chocolate não vai danificar o
cérebro a longo prazo. [Listverse]