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sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Uso de máscara não afeta desempenho de atletas velocistas e saltadores

 


Testes foram realizados nos atletas, com e sem o uso de máscara, em treinamentos de “sprints” e saltos com contramovimentos

 

Com a chegada dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e ainda em plena pandemia, o uso de máscara facial durante os exercícios físicos ainda suscita controvérsia. No caso dos atletas velocistas e saltadores, não há mais dúvida de que esse item de segurança e proteção contra a covid-19 possa vir a atrapalhar o desempenho dos atletas. Foi o que constatou um estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina (FM) da USP e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que avaliou a performance dos atletas, com e sem o uso de máscara, em uma sessão de treinamento de sprints (corrida que exige explosão e é feita o mais rápido possível dentro de um curto espaço de tempo). Os resultados estão em artigo pré-print (em revisão pelos pares) no repositório da revista SportRxiv.

 

“Durante os treinos, o desempenho dos atletas não ficou comprometido, mas eles se sentiram desconfortáveis e tiveram maior percepção de esforço”, explica ao Jornal da USP Bryan Saunders, orientador do estudo e pesquisador em Fisiologia do Esporte e do Exercício da FM. Segundo o pesquisador, “diante da pandemia ainda sem controle, o benefício de se proteger contra o sars-cov-2 é maior do que qualquer desconforto causado pelo uso da máscara”, ressalta.

 

“diante da pandemia ainda sem controle, o benefício de se proteger contra o sars-cov-2 é maior do que qualquer desconforto causado pelo uso da máscara”

 

A pesquisa

Matheus Dantas e Rui Barboza Neto, ambos pesquisadores da UFRN, acompanharam os treinos dos atletas durante parte da temporada competitiva. Ao todo, foram dez participantes (seis velocistas, três saltadores em distância e um atleta de 110 metros com barreiras), com idade média de 23 anos, sendo sete homens e três mulheres. A avaliação consistiu em duas sessões de treinamento de sprints curtos (cinco sprints de 30 metros, com intervalo de quatro minutos). A máscara utilizada foi a de tecido, com três camadas, o tipo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para uso no dia a dia para o público em geral.

 

Antes dos sprints, todos os atletas realizaram aquecimento com corrida de moderada intensidade, seguida de exercícios de mobilidade e educativos de corrida. Todos os participantes realizaram a sessão de treino duas vezes em dias separados, sendo uma sessão com uso da máscara e outra sessão sem o uso da máscara. “Verificamos o desempenho de sprint ao longo da sessão e avaliamos o desempenho de salto antes e após a sessão de treinamento”, relata Dantas.

 

Como resultado, os pesquisadores observaram que não houve nenhuma diferença entre usar ou não usar a máscara na performance de sprint e do salto. “A diferença entre os dias em que os atletas estavam usando ou não máscara nos treinos de tiros de 30 metros foi de apenas 0,2%”, disse Bryan. Já com relação à percepção de esforço, foi demonstrado para ambos os grupos comportamento similar e foi aumentando de acordo com a quantidade de sprints.

 

Provas do atletismo

O atletismo é um conjunto de atividades esportivas formado por corridas, lançamentos e saltos, que por sua vez estão subdivididas em provas da modalidade. As corridas são de curta distância (ou de velocidade), média distância (ou meio fundo) e longa distância (ou de fundo). As provas oficiais de arremesso e lançamentos incluem arremesso de peso, lançamentos de martelo, disco e dardo. E as provas de saltos abrangem provas de salto horizontal (salto em distância e salto triplo) e de salto vertical, sendo salto em altura e salto com vara.

 

Nas provas de corridas, alguns nomes fizeram a história nesta categoria: Usain Bolt, Shellu Ann Franser-Pryce e os brasileiros Joaquim Cruz, ex-meio fundista, campeão olímpico dos 800 metros, e Wanderlei Cordeiro de Lima, ex-maratonista brasileiro, bicampeão dos Jogos Pan-americanos. Wanderlei foi o único brasileiro a ser agraciado pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) com a medalha Pierre de Coubertin pelo fato de ter mantido o espírito esportivo e continuado a corrida mesmo após ter sido atacado por um ex-padre irlandês, que o jogou fora da pista, durante a maratona olímpica de Atenas, em 2004.

 

Para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, o atletismo brasileiro levou 52 atletas, incluindo Alison dos Santos (400 metros com barreiras), Rosângela Cristina Santos (100 metros rasos) e Ana Carolina (200 metros rasos e revezamento), que estarão juntos disputando medalhas olímpicas.

 

Percepção de esforço - adaptação ao uso da máscara

Segundo os treinadores, o aumento de percepção de esforço e o desconforto pelo uso da máscara, provavelmente, estavam relacionados à adaptação da proteção durante o exercício físico.

 

Foi perguntado aos atletas qual era a sensação de esforço no pós-sprint, que respondiam olhando uma tabela de escala linear de 100 pontos, na qual o “0” correspondia a nenhum esforço e “100” ao esforço máximo. Segundo os pesquisadores, a máscara fornece uma barreira mecânica para a respiração, que pode prejudicar a percepção de esforço e de prazer dos atletas. “Baseado nesta tabela, durante a coleta de dados, percebemos relatos individuais e espontâneos de que havia uma sensação de sufocamento e dificuldade em respirar com o uso da máscara”, disse Barboza Neto.

 

“A partir do terceiro sprint foi verificado maior percepção de esforço para o grupo que treinou com a máscara. No final da sessão de treino, o uso de máscara promoveu uma percepção de esforço aproximadamente 45% maior do que o treino sem máscara. Com relação à percepção de prazer, verificamos que o treino com máscara pode prejudicar a percepção de prazer ao exercício. Por exemplo, em média os participantes perceberam o treino como bom e razoavelmente bom quando performaram sem máscara. Quando fizeram uso da máscara, o treino foi percebido como ruim e razoavelmente ruim”, explica Dantas.

 

Dessa forma, os pesquisadores afirmam que por mais que o treino com máscara prejudique as respostas psicológicas dos atletas, o seu uso não é capaz de prejudicar o desempenho físico. “Os achados da pesquisa trazem mais tranquilidade para atletas e treinadores quanto ao uso da máscara durante os treinamentos de sprints e saltos com pausa longa, dado que a performance não será afetada”, diz Saunders.

 

Perguntado se os resultados do estudo poderiam ser extrapolados para outras modalidades esportivas, Barboza Neto salienta que é válido para atividades que exijam potência e/ou velocidade com períodos de recuperação consideravelmente grandes. Essas demandas são diferentes em esportes como o futebol ou a maratona, onde o primeiro requer sprints curtos com pausas pequenas e no segundo há corridas mais longas e raramente há sprints nas sessões de treino.

 

Os autores ainda destacam uma possível limitação da análise, visto que não foi possível realizar cegamento dos participantes, que é impedir que os participantes saibam em qual condição eles estão alocados. “Isso seria importante pois os atletas podem apresentar uma tendência de reportar piores sensações de prazer e maiores esforços percebidos simplesmente por fazerem uso da máscara”, diz Dantas.

 

O artigo pré-print A cloth facemask increased ratings of perceived exertion and reduced affect, but did not affect sprint or muscular performance during training in athletes, tem autoria de Matheus Dantas, Rui Barboza Neto, Natália Mendes Guardieiro, Ana Lucia de Sá Pinto, Bruno Gualano e Bryan Saunders.

 

Fonte: https://jornal.usp.br/ciencias/uso-de-mascara-nao-afeta-desempenho-de-atletas-velocistas-e-saltadores/ - Por Ivanir Ferreira - Imagem cedida pelo pesquisador

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O que a falta de ar pode esconder

Uma série de problemas — alguns deles graves e nem sempre ligados ao aparelho respiratório — é capaz de sabotar o fôlego nosso de cada dia. Saiba em que situações é preciso ficar esperto

Oxigênio é uma daquelas coisas às quais a gente só dá valor quando sente falta. E, embora isso possa ocorrer ao subirmos alguns lances de escada ou praticarmos esporte, convém ter em mente, sobretudo com a chegada do inverno, que uma porção de doenças atinge direta ou indiretamente a capacidade de respirar. É propício fazer esse aviso quando a temperatura cai por diversas razões, que afetam tanto pessoas saudáveis como quem já tem um distúrbio no sistema respiratório, caso de asma, rinite ou bronquite. "No frio, costumamos ficar mais em ambientes fechados, que favorecem a contaminação por micróbios, e o ar gelado e seco agride as vias aéreas, facilitando a ação de bactérias e vírus", explica o médico Jairo Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Não é à toa que, antes de a estação dos termômetros baixos começar, são realizadas campanhas de vacinação contra gripe e pneumonia, bem como alertas para o controle da asma. No Brasil, a infecção pelo vírus influenza H1N1, por exemplo, esteve por trás de 2 614 internações no ano passado, sendo que 351 casos terminaram em morte. O cenário para os asmáticos, então, é de perder o fôlego. Com base em levantamentos dos últimos anos, a SBPT estima que a asma mate seis pessoas por dia no país. "Isso reflete o fato de que mais de 90% dos indivíduos com o problema não seguem rigorosamente as orientações do médico", justifica Araújo. Como as crises são mais frequentes em período de frio e ar seco, esse é o momento para não hesitar em adotar o tratamento a fim de prevenir falta de ar e outras complicações.

Apesar de entrarmos na temporada mais perigosa para o aparelho respiratório, é nosso dever informar que o sufoco para obter oxigênio pode estar relacionado a falhas em outros cantos. "Diagnosticar a origem da falta de ar deve ser uma preocupação constante nos hospitais, até porque alguns casos refletem doenças graves. Embora as causas mais comuns sejam problemas pulmonares, ela pode ser sintoma de males cardíacos e refluxo", diz o cardiologista João Fernando Ferreira, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a Socesp. É claro que, se você é sedentário e quer apostar uma corrida, vai sofrer as consequências ao peito. Mas, se o fôlego for desaparecendo sem motivo, é preciso correr, só que para o médico. Rastreamos, a seguir, 12 problemas que, em comum, acarretam boicotes ao entra e sai de ar.

Infecções respiratórias
Quando a gripe nos pega, a falta de ar pode aparecer junto a outros sintomas nada agradáveis: febre, tosse, secreção nasal, cansaço, dor de cabeça... O vírus influenza invade o corpo e se instala nas vias aéreas, provocando uma reação inflamatória. O aumento de muco na região e a diminuição do calibre de brônquios e bronquíolos — tubos que levam o ar para as profundezas dos pulmões — respondem pela baixa no fôlego. "Por isso, ao primeiro sinal da gripe, procure atendimento médico", aconselha o pneumologista André Albuquerque, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Para preveni-la, recomenda-se tomar a vacina e lavar as mãos constantemente. Se a gripe é mal tratada, assim como outras infecções respiratórias, podem se abrir as portas à pneumonia, geralmente deflagrada por bactérias que chegam aos pulmões. Ela é uma das principais causas de internação no país e, muitas vezes, difícil de ser controlada. Diante de falta de ar e incômodos no peito, o pronto-socorro é bem-vindo.

Bronquite crônica
A inflamação dos brônquios costuma ser causada por reações alérgicas a poeira, ácaros ou fungos. Ao entrarem em contato com eles, as estruturas pulmonares ficam mais contraídas e emperram o trânsito de oxigênio. Além disso, há um aumento na secreção de muco, que pode entupir a passagem de ar pelos brônquios. Bronquites tendem a acompanhar o indivíduo ao longo da vida e as crises são mais frequentes na infância e na adolescência. Além da falta de ar, geram tosse, expectoração, dor e chiado no peito. "Em tempos de frio e baixa umidade, é importante hidratar as vias respiratórias com inalação e soro fisiológico", sugere Albuquerque. Para os períodos críticos, os especialistas receitam anti-inflamatórios, broncodilatadores e, caso bactérias se aproveitem da confusão nos pulmões, antibióticos.

Asma
Segundo cálculos da SBPT, cerca de 20 milhões de brasileiros teriam o problema, também marcado por inflamação nos brônquios e presença de muco ali. O chiado no peito, um de seus sinais, significa que o ar está percorrendo um tubo estreito demais. Se esse caminho se fecha, vem a falta de ar. "Temperaturas baixas,  clima seco, infecções e contato com ácaro e pelos de animais são os gatilhos das crises", alerta a pneumologista Marcia Pizzichini, coordenadora da Comissão de Asma da SBPT. O segredo para o fôlego não deixar o asmático na mão nem impor hospitalizações — foram 174 500 no Brasil em 2011 — é seguir à risca o tratamento, que prevê anti-inflamatórios inaláveis diariamente. "São remédios seguros e que permitem ao indivíduo ter uma vida normal", garante Marcia.

DPOC
A doença pulmonar obstrutiva crônica reúne duas encrencas derivadas da inalação de fumaça: a já citada bronquite e o enfisema pulmonar, que é a morte dos alvéolos, encarregados das trocas gasosas. "Noventa por cento dos casos estão associados ao tabagismo, sendo que, em média, demoram 20 anos para o problema aparecer", diz o pneumologista Oliver Nascimento, vice-presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia. A grande questão que cerca a DPOC é o fato de o fumante pensar que tosse, pigarro e falta de ar são aspectos inerentes ao vício. Quanto mais tarde é feito o diagnóstico, menor a chance de minimizar a situação — já que não dá para reverter totalmente os estragos. "O principal tratamento é parar de fumar, seguido de condutas como vacinação e atividades físicas. Também entramos com medicamentos que dilatam os brônquios", explica Nascimento. Prevenir a DPOC não tem mistério: fuja do cigarro, inclusive se for só nos finais de semana, e dos fumantes.

Câncer de pulmão
Eis outro mal estreitamente ligado ao tabaco — oito em cada dez pessoas com a doença fumaram ou tinham contato assíduo com a fumaceira. "Ele é o terceiro tipo mais comum de câncer e um dos mais agressivos, daí sua alta mortalidade", diz o oncologista Jefferson Luiz Gross, diretor do Núcleo de Pulmão e Tórax do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo. Ainda se suspeita que outros agentes, como poluentes, elevem seu risco. Não é fácil diagnosticá-lo precocemente porque seus indícios, caso da tosse e da falta de ar, são encarados como manifestações comuns ao ato de fumar. Assim, o indivíduo só procura ajuda quando vive sem fôlego ou expele sangue nas tossidas. "De uns anos pra cá, estudos sugerem a realização anual de tomografias do tórax a toda pessoa acima de 50 anos que fuma ou já fumou", conta Gross. É um jeito de identificar cedo o tumor para derrotá-lo.

Hipertensão pulmonar
Essa é uma doença rara, que compromete muito a qualidade e a expectativa de vida. Ela nada tem a ver com a pressão alta sistêmica. Aqui, o aperto acontece só nos vasos pulmonares. Problemas cardíacos, respiratórios e infecções podem estar por trás dele, e uma de suas principais versões, a hipertensão arterial pulmonar (HAP), não costuma ter causa definida. "O aumento da pressão nas artérias dos pulmões sobrecarrega o coração. Com o tempo, o órgão se cansa e o paciente pode desenvolver insuficiência cardíaca", explica o pneumologista Daniel Waetge, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Por isso que o ecocardiograma é uma das formas de rastrear a doença. A HAP rende falta de ar, cansaço, palpitações, inchaços nos pés ou na barriga e até lábios roxos. Bem limitante, se o tratamento demora, pode cobrar uma vida curta ligada a um aparelho de oxigênio. "A terapia dispõe de algumas classes de remédios, mas ainda não temos todas elas no Brasil", diz Waetge.

Rinite
Se você nunca passou por isso, acredite: uma das piores sensações do mundo é não conseguir respirar e dormir por causa de um nariz entupido. A famigerada rinite é bem mais popular entre indivíduos alérgicos, mas pode pintar também em função de gripes e resfriados. Além de tampar as narinas, costuma desatar coriza e coceira na região — daí a imagem do nariz todo vermelho. "Ocorre uma inflamação no tecido que reveste lá dentro, acompanhada de um aumento no volume de sangue, o que dificulta ou corta a passagem do ar", explica o otorrinolaringologista Reginaldo Fujita, da Universidade Federal de São Paulo. Para escapar dela, lave o nariz com soro fisiológico diariamente e tome cuidado com mudanças bruscas de temperatura. "E nunca use sem orientação médica soluções nasais com vasoconstritores, porque elas podem provocar aumento da pressão e arritmia", avisa Fujita.

Transtornos psiquiátricos
Desordens como síndrome do pânico, ansiedade e claustrofobia costumam travar a entrada e a saída de ar do organismo. "Isso está relacionado a uma reação de defesa natural. Uma descarga de neurotransmissores faz o coração bombear mais sangue, preparando o corpo para as duas decisões cabíveis num momento de perigo: fugir ou lutar", diz o psiquiatra Sérgio Tamai, da Associação Brasileira de Psiquiatria. A consciência de uma situação ameaçadora estimula algumas regiões do cérebro, como a amígdala, que faz as escolhas, e o sistema nervoso autônomo, responsável por ações automáticas, como a respiração. Por isso, além de propiciar falta de ar, é comum que haja o aumento da pressão arterial, taquicardia e excesso de transpiração, assim como vontade de urinar ou evacuar. "Em alguns quadros psiquiátricos, a amígdala está descalibrada e pequenos estímulos já são capazes de gerar reações mais intensas", conta Tamai. Para controlar tais distúrbios, que costumam impactar no comportamento, os médicos prescrevem antidepressivos e ansiolíticos, além de sugerir psicoterapia e até mesmo meditação.

Panes no coração
A insuficiência cardíaca é a segunda causa mais comum de falta de ar — só fica atrás dos problemas respiratórios em si. Ela se caracteriza pela incapacidade de o órgão bombear sangue para o resto do corpo. Com o tempo, o músculo cardíaco fica flácido e uma parte do líquido vermelho acaba represada lá nos pulmões. "Os brônquios e bronquíolos ficam úmidos e isso dificulta a troca de gases, o que leva a uma dificuldade de difundir oxigênio no sangue e retirar gás carbônico", explica o cardiologista João Fernando Ferreira, da Socesp. Como os problemas no coração são os maiores causadores de mortes no mundo todo, o conselho é fazer o checkup anual e ficar atento a manifestações que podem aparecer junto com a falta de ar, como pressão alta, palpitação e dor no peito. "A primeira coisa a fazer é detectar e tratar a disfunção que está causando os sintomas. O problema pode estar nas válvulas, nos vasos ou no próprio músculo cardíaco", orienta Ferreira.

Excesso de peso
Para quem ainda resiste em tachar a obesidade de doença, leia esta: pesquisas mostram que ela acaba com o fôlego por motivos bem fisiológicos. "A barriga espreme os pulmões, limitando sua capacidade de trabalho", diz Marcia Pizzichini, professora da Universidade Federal de Santa Catarina. Pior: há indícios de que o tecido gorduroso que fica no ventre fabrica substâncias inflamatórias capazes de agravar problemas respiratórios, como a asma. Sem falar que quilos a mais baixam a imunidade, colaborando, sem querer, para infecções. A mensagem é curta: busque emagrecer ou se manter no peso ideal.

Refluxo gastroesofágico
Ele é motivado pela volta constante de comida do estômago para o esôfago e seus
principais sintomas são regurgitação, queimação e uma forte dor no peito — muitas vezes, esse incômodo é confundido até com infarto, dada a sua intensidade. A falta de ar, bem como pigarro, rouquidão e tosse, são algumas das manifestações mais atípicas do refluxo. "O retorno da massa alimentar irrita as paredes do esôfago. Um dos reflexos disso são espasmos involuntários nos pulmões, capazes de tirar o fôlego", conta o gastroenterologista Ary Nasi, do Fleury Medicina e Saúde. Em crianças e idosos, o conteúdo regurgitado pode até vazar para a dupla de órgãos que capitaneiam o sistema respiratório. "E isso, por sua vez, atrapalha o trabalho dos brônquios", complementa Nasi, que também é membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia. O tratamento do refluxo atua em três frentes: diagnóstico adequado, por meio de endoscopias, mudanças alimentares, como o menor consumo de comidas gordurosas, e medicamentos. Se todas as etapas forem cumpridas, é bem provável que o refluxo — e a falta de ar — desapareça.

Problemas no diafragma
Um dos principais responsáveis pela respiração, o músculo que faz a divisão do peito e do abdômen também pode ficar com defeitos, embora isso seja bem raro. Na chamada eventração, o diafragma invade o tórax e deixa de realizar sua função, cortando o fôlego. Tumores, hérnias, lesões nos nervos e rupturas do tecido muscular também repercutem no diafragma, pressionando os pulmões. Por serem situações não tão frequentes, quando alguém chega ao hospital com falta de ar, os médicos investigam primeiro as causas mais habituais, como doenças respiratórias e cardíacas. "Descartados os principais suspeitos, começamos a investigar esses outros motivos", esclarece Nasi.

Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0365/medicina/problemas-falta-ar-747873.shtml?origem=home - por André Biernath e Diogo Sponchiato | fotos Deborah Maxx

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Conheça sete cuidados do treino para quem tem alergia respiratória

Use essas dicas para combater a falta de ar e as crises alérgicas

Para afastar crises de alergia respiratória, não basta seguir a prescrição de medicamentos. Os exercícios físicos fortalecem a musculatura respiratória, ajudando na expansão pulmonar, e o sistema imunológico, afastando gripes e resfriados."Além de treinar, vale ficar de olho em alguns cuidados e evitar os gatilhos mais comuns para as crises alérgicas, como a poluição e o pólen, no caso de quem treina ao ar livre, e o ar condicionado - problema comum entre os alunos de academia", afirma a alergologista Yara Arruda Mello, do Hospital e Maternidade São Luiz. Aproveite o Dia Mundial da Alergia (8 de julho) para usar os exercícios para respirar melhor.

Treine pela manhã
Logo cedo, a concentração de poluentes é menor. Isso porque o trânsito durante a madrugada é bem menos intenso e o ar está mais úmido, então as partículas tóxicas não permanecem em suspensão na atmosfera, como em dias secos. "É muito importante diminuir a exposição indesejável à poluição, principalmente para o paciente com alergias respiratórias, como asma e rinite", afirma o alergologista Marcelo Vivolo Aun, diretor da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia da regional de São Paulo (ASBAI-SP). Outra vantagem deste horário é a menor radiação ultravioleta do sol, em especial até as 10h da manhã.

Cuidado com o ar condicionado
O ar condicionado, em si, não é prejudicial a pessoas com alergia. O aparelho resseca e resfria o ar do ambiente, diminuindo a população de ácaros da poeira e fungos, que gostam de ambientes quentes e úmidos. O problema acontece quando os filtros deixam de ser limpos, acumulando as partículas que causam alergia. Mas se o ressecamento começar a incomodar suas narinas e a garganta, vale a pena deixar uma garrafinha de água por perto e se hidratar ao longo do dia.

Cloro
A natação é, em geral, muito benéfica para o paciente com alergia respiratória, mas o cloro pode causar irritação na mucosa do nariz e nos olhos - isso é raro e, normalmente só acontece quando as quantidades de uso superam a recomendação. "Nesses casos, a piscina tratada com ozônio, em vez de cloro, é uma boa opção", afirma o alergologista Marcelo Vivolo. Outro cuidado é lavar os olhos e o nariz com solução fisiológica após deixar a piscina.

Pólen
O pólen é um dos principais causadores de alergias respiratórias, principalmente em países de clima temperado. No Brasil, essa relação aparece mais na região sul, onde o clima é mais frio e a diferença entre as estações do ano, maior. "Também vale optar fazer exercício pela manhã, quando as partículas estão menos dispersas pelo ar", diz Yara Arruda. Para quem mora no sul ou em regiões mais frias, vale optar por exercícios em locais fechados.

Equipamentos da academia
Todo colchão (ou colchonete), carpete, tapete, cortina, tanto de casa como da academia, acaba se tornando um grande reservatório de ácaros e poeira. "O contato próximo, principalmente em exercícios nos quais o rosto está próximo ao colchonete, pode desencadear sintomas de rinite, conjuntivite alérgica ou asma nesses pacientes", afirma Marcelo Vivolo. Uma solução é higienizar os colchonetes com álcool e certificar-se da higiene da academia.

Lugar certo
Em cidades grandes, a exposição à poluição é inevitável. "Mas não deixe de fazer atividade física por causa da poluição, os benefícios do treino superam os inconvenientes", afirma Marcelo Vivolo. Para contornar o problema, prefira locais mais arborizados, antes das 8h ou após as 20h e em horários mais úmidos, quando a poluição no ar é menor. Em dias muito secos, opte por exercícios em ambientes fechados.

Frio
Quem é alérgico sabe que os sintomas costumam aparecer ou se agravar em dias frios ou quando ocorrem mudanças bruscas de temperatura. A alergologista Yara explica que a temperatura atua no componente vasomotor do nariz, que responde com diminuição dos vasos (quando está frio) ou aumento deles se a temperatura sobe demais." Uma inflamação surge em resposta a essa alteração dos vasos e, se o nariz for previamente sensível, pode deflagrar a congestão e o gotejamento nasal." No frio, vale vestir mais casacos que o habitual nesses dias, mas o mais importante é fazer um bom aquecimento no início da atividade física e usar uma roupa adequada à temperatura, sem exageros para mais ou para menos.

Fonte: http://www.minhavida.com.br/fitness/galerias/15339-conheca-sete-cuidados-do-treino-para-quem-tem-alergia-respiratoria?utm_source=news_mv&utm_medium=ciclos&utm_campaign=Alergia – POR MANUELA PAGAN