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segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Diabetes: 7 problemas que a doença pode causar


Quase 17 milhões de brasileiros vivem com a diabetes. Doença pode causar complicações em todo o corpo; especialistas alertam os riscos

 

O Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos). De acordo com a Federação Internacional de Diabetes (IDF), o país pode chegar a ter 21,5 milhões de diabéticos em 2030.

 

A doença é caracterizada por níveis elevados de açúcar no sangue, o que pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta.

 

“A função principal da insulina é promover a entrada de glicose para as células do organismo de forma que ela possa ser utilizada em diversas atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resulta, portanto, em acúmulo de glicose no sangue, o que chamamos de hiperglicemia”, explica a médica nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

 

Segundo a especialista, a condição, quando não controlada, pode trazer consequências negativas para a visão, rins, coração, nervos e membros inferiores. Além disso, pode provocar desidratação, dificuldade de cicatrização e complicações respiratórias, explica a  especialista.

 

Abaixo, médicos explicam 7 complicações da doença:

 

Envelhece a pele

A diabetes tipo 2 pode acelerar o envelhecimento da pele na ausência de um tratamento adequado, segundo a dermatologista Dra. Mônica Aribi, sócia efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

“Isso porque o açúcar pode se ligar a proteínas como a elastina e o colágeno e desestabilizar essas substâncias por um processo chamado de glicação. Como essas proteínas são as responsáveis pela sustentação e elasticidade da pele, esse processo desestrutura esse tecido e o resultado é o envelhecimento precoce”, afirma a médica.

 

Predispõe queda capilar

“[A diabetes] desequilibra o metabolismo e, com isso, todos os mecanismos fisiológicos do organismo. Um organismo que não funciona bem não tem uma vascularização perfeita e, por consequência, tem pouca nutrição nos tecidos, inclusive no couro cabeludo, podendo causar queda de cabelos”, explica a Dra. Mônica.

 

A diabetes dificulta a cicatrização

A glicose em excesso pode reagir com qualquer proteína, lipídios e até nosso DNA, segundo a cirurgiã plástica Dra. Beatriz Lassance, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. “E isso atrapalha o funcionamento destas moléculas. Quando temos um processo de cicatrização, é necessária uma orquestra de reações para que os tecidos se reorganizem e reparem aquele trauma sofrido. Isto ocorre em qualquer cirurgia”, afirma a médica.

No caso da diabetes, o organismo tem concentrações crônicas de glicose, o que ocasiona muitas moléculas glicadas e dificuldade na cicatrização. “Além disso, as células da imunidade podem estar comprometidas, aumentando o risco de infecção. E, como as células da pele trabalham de forma mais lenta, o colágeno alterado não permite o fechamento adequado das feridas”, alerta a Dra. Beatriz.

 

Pode causar ou piorar problemas vasculares

A diabetes pode causar danos na parede dos vasos sanguíneos. “Esses danos podem surgir por aumento do acúmulo de colesterol, chamado de aterosclerose, ou por um processo chamado glicação proteica, onde o açúcar presente no sangue vai causar um dano inflamatório na parede do vaso”, explica a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular.

Essas lesões podem acontecer em vasos de diferentes calibres e localizações, o que pode causar danos em diversos órgãos. A primeira seria a oclusão dos vasos bem pequenos, chamados de microangiopatia, que podem levar à falta de circulação na retina levando à cegueira. Já a macroangiopatia seria na parede dos vasos mais calibrosos, que podem causar infarto, derrame e alterações circulatórias nas pernas, o que pode ser causa importante de amputação e dificuldade para caminhada, alerta a especialista.

 

Impacta a fertilidade e a gestação

Segundo o Dr. Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana e diretor clínico da Clínica Mater Prime, a diabetes descompensada pode ser causa de infertilidade. Além disso, a doença pode aumentar o risco de aborto e as chances de complicações obstétricas (com maior incidência de pré-eclâmpsia, parto prematuro, e de distocias, por exemplo). Também há maior risco de macrossomia, ou seja, peso do bebê maior que 4 kg no nascimento.

 

Diabetes oferece danos aos rins

A médica nefrologista e intensivista, Dra. Caroline Reigada, explica que a diabetes é uma doença extremamente inflamatória, em que a quantidade exagerada de glicose no sangue é capaz de provocar a hiperfiltração do sangue nos rins (a chamada hiperfiltração glomerular).

“Além disso, a condição eleva a concentração de produtos de glicosilação avançada, os maiores responsáveis pelas complicações do diabetes. Quando estes produtos ficam ativados pelo sistema único imunológico, aparecem as doenças dos vasos sanguíneos e dos nervos, assim como os prejuízos renais”, adverte a profissional.

“Quando isso ocorre, o paciente começa a perder proteína na urina, clinicamente correspondente ao aparecimento de espuma no xixi, aumento da pressão arterial e edema (inchaço)”, explica a Dra. Caroline.

 

Causa problemas orais

Segundo o Prof. Dr. Mario Sergio Giorgi, cirurgião-dentista homeopata e Membro da Associação Brasileira de Halitose (ABHA), diabéticos podem ter repercussões orais, pois a condição apresenta alto risco para desenvolver problemas bucais como gengivite e periodontite. Por alterarem o nível glicêmico, essas doenças podem comprometer a saúde como um todo, aumentando a probabilidade de processos infecciosos.

 

Como diagnosticar e prevenir a diabetes

Segundo a Dra. Caroline, a diabetes tem fácil diagnóstico, que é feito com um simples exame de sangue. “Caso você tenha diabetes ou história familiar desta doença, ou ainda, esteja sobrepeso ou obeso, procure seu nefrologista. Lembre-se que o diabetes pode ser uma doença insidiosa. O diagnóstico da pré-diabetes e seu tratamento é a melhor forma de evitar complicações como as renais”, destaca a nefrologista.

Para reverter problemas de pele e cicatrização, é necessário melhorar o estilo de vida e a dieta, incluindo mais alimentos como fibras, frutas, verduras, legumes, ervas e especiarias, que contêm antioxidantes importantes, destaca a Dra. Mônica. “Da mesma forma, é importante atentar-se à escolha dos macronutrientes, preferindo gorduras boas, carboidratos de baixo índice glicêmico e proteínas magras na quantidade adequada”, conta a médica.

A Dra. Beatriz Lassance explica que, na diabetes, a Medicina do Estilo de Vida é ainda mais importante. “Dieta adequada, com alimentos que não aumentem a glicemia de forma abrupta, chamados alimentos de baixo índice glicêmico, deve ser seguida à risca, obviamente sempre, mas em período pré-operatório ainda mais importante. O exercício físico melhora a resistência à insulina, ou seja, uma quantidade menor de insulina faz a função de forma mais eficiente”, finaliza.

 

Fonte: https://www.saudeemdia.com.br/noticias/dia-mundial-da-diabetes-7-problemas-que-a-doenca-pode-causar.phtml - By Redação - Foto: Shutterstock


Confia ao Senhor as tuas obras, e teus pensamentos serão estabelecidos. Provérbios 16:3


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2022

Higiene precária é a principal causa do câncer de pênis


Cerca de 515 amputações penianas são feitas por ano no Brasil por complicações da doença

 

Segundo análise feita pelo Ministério da Saúde e pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), a quantidade de amputações de pênis no Brasil subiu para 1.604% desde 2008, gerando uma média de 515 procedimentos por ano.

 

Entre os motivos para esse aumento, o câncer de pênis foi apontado como o principal fator que leva à amputação do órgão. A doença possui diferentes causas, mas destacam-se a presença de fimose, infecção viral por HPV, exposição à radiação UV, tabagismo e, principalmente, higiene genital precária.

 

"O Brasil é um dos campeões mundiais na incidência de câncer de pênis, o qual é facilmente evitável com a higiene íntima e tratamento da fimose. Infelizmente, a desinformação e a dificuldade de acesso à saúde fazem com que muitos homens tenham o órgão genital amputado e morram pelo tumor", disse em nota Ubirajara Barroso Jr, médico coordenador do Departamento de Uro-Oncologia da SBU.

 

Número de amputações penianas no Brasil

Nos últimos 14 anos, o número de procedimentos para a remoção do pênis chegou a 7,2 mil no país. As regiões Sudeste e Nordeste foram as que mais realizaram amputações, registrando um total de 2.872 e 2.104 casos, respectivamente.

 

Ainda de acordo com Ubirajara, o câncer de pênis representa 17% de todas as neoplasias malignas em certas regiões do Brasil. "A incidência aumenta com a idade, atingindo o pico entre 50 e 70 anos de idade. Em 2021, a maioria das capitais nordestinas apresentou índices mais alarmantes", contou o médico.

 

Prevenção da doença

Segundo especialistas, uma das principais formas de prevenir o surgimento do câncer peniano é através da higienização do pênis, principalmente impedindo o acúmulo de fluido abaixo do tecido do prepúcio.

 

Além disso, relações sexuais protegidas são essenciais para evitar o HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis - fatores que também podem levar ao diagnóstico da doença.

 

Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/noticias/38415-higiene-precaria-e-a-principal-causa-do-cancer-de-penis - Escrito por Paula Santos - Redação Minha Vida

sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Usar celular no banheiro pode causar problemas de saúde



O hábito comum pode trazer algumas complicações para a saúde intestinal, como as hemorroidas

 

Você costuma utilizar o celular, ler um livro, revista ou jornal para se distrair enquanto faz as necessidades no banheiro? Saiba que esse hábito pode trazer alguns problemas à saúde e deve ser evitado.

 

O principal problema causado por esse costume é a hemorroida, que surge quando as veias da região do reto e do ânus acabam inchando e causando dores, ardência e até sangramento durante ou após as evacuações.

 

Segundo André Augusto Pinto, gastroenterologista, cirurgião geral e coordenador da Clínica Gastro ABC (SP), isso acontece porque, conforme a pessoa fica sentada no vaso sanitário por muito tempo, ocorre a diminuição da circulação nas veias do ânus, resultando na dilatação dessas veias e, consequentemente, nas hemorroidas.

 

"Quanto mais dilatadas essas veias, mais dor local e sangramento elas vão causar. O esforço repetitivo para evacuar, principalmente nos pacientes com intestino preso e com as fezes muito ressecadas, também dificulta o processo de drenagem do sangue dessa região", afirma o especialista.

 

Como tratar as hemorroidas?

Geralmente, para aliviar o incômodo e tratar as hemorroidas, é necessário seguir uma rotina de alimentação rica em fibras, ingerir líquidos em grande quantidade e evitar o esforço na hora de evacuar. André ainda cita outras recomendações, como:

 

Não vestir calças muito apertadas

Evitar usar roupas de baixo de materiais sintéticos

Não consumir alimentos muito condimentados, como pimentas, ketchup e mostarda

Evitar ficar muito tempo na posição sentada

Não passar mais de 15 minutos no banheiro.


"O tratamento com pomadas tópicas ou locais, além de sabonetes antissépticos específicos e medicações via oral, como anti-inflamatórios e analgésicos, também são usados no tratamento clínico", destaca o gastroenterologista.

 

Já nos casos de hemorroidas muito dilatadas, o tratamento cirúrgico também pode ser realizado através da hemorroidectomia. Além disso, também é possível realizar procedimentos menos invasivos, como a ligadura elástica, que comprime a veia dilatada e alivia os sintomas.

 

Outras complicações

Utilizar o celular no banheiro e fazer muito esforço na hora de evacuar podem causar uma outra complicação intestinal, além das hemorroidas, de acordo com André.

 

"Se você fica muito tempo no banheiro para evacuar e faz muita força nos casos de fezes muito ressecadas, isso pode causar, além das hemorroidas, a fissura anal, uma doença que resulta em pequenas rachaduras na região do ânus que podem causar dor local intensa e sangramento nas evacuações", explica o médico.

 

Neste caso, as fissuras anais podem ser curadas espontaneamente dentro de quatro a seis semanas. Porém, caso a dor persista, pode ser necessário um tratamento clínico. "O profissional médico especializado, como proctologista, gastroenterologista e cirurgião geral, deve ser procurado quando os sintomas são frequentes, persistentes ou apresentam piora progressiva ao longo do tempo", alerta André.

 

Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/38110-usar-celular-no-banheiro-pode-causar-problemas-de-saude - Escrito por Murilo Feijo - Redação Minha Vida

terça-feira, 15 de junho de 2021

Dormir mais cedo pode reduzir o risco de desenvolver depressão


Estudo revela que mudanças significativas nos hábitos de sono podem diminuir complicações na saúde mental em até 40%; confira

 

Uma pesquisa comandada pela Universidade do Colorado, em parceria com a Universidade de Harvard e o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), analisou como o tempo de sono e os hábitos na hora de dormir podem impactar o humor.

 

Por meio de bancos de dados estadunidenses e britânicos, os cientistas estudaram a rotina de mais de 850.000 pessoas, além de obterem acesso às informações dadas por empresas que realizam testes genéticos nos dois países.

 

Entre os indivíduos analisados, cerca de 33% se identificaram como pessoas que acordam cedo. Já 9% relataram passar a maior parte da noite acordados, dormindo apenas durante a madrugada. Os demais participantes apresentaram horários de sono variados.

 

Os pesquisadores avaliaram o efeito genético que tais padrões de sono causam nos participantes e apresentaram dados que revelaram uma possível relação entre o sono e a saúde mental: acordar mais cedo pode ajudar a diminuir em até 23% o risco de desenvolver depressão.

 

Sono x Depressão

Segundo a pesquisa, a diminuição nas chances de ter depressão são mais relevantes em indivíduos que realizarem uma mudança na escala de sono. Aqueles que costumam dormir à 1h da manhã, por exemplo, podem ter 40% menos chances de desenvolver a condição ao irem para cama às 11h da noite.

 

Dessa forma, os cientistas não conseguiram identificar efeitos considerados significativos em pessoas que já acordam cedo. Logo, diminuir o tempo de sono para acordar uma hora antes do horário habitual, não possui o mesmo impacto positivo na saúde mental.

Ainda de acordo com os pesquisadores, esses dados podem ser justificados pela estrutura construída na sociedade moderna, em que a maior parte dos horários de trabalho e compromissos são desenvolvidos para pessoas que acordam cedo. Assim, pessoas que costumam dormir até mais tarde acabam se sentindo deslocadas - fator que aumenta o risco de desenvolver condições emocionais e psicológicas.

 

Causas da depressão

A depressão envolve uma ampla família de doenças, por isso é denominada como síndrome e, então, classificada como doença psiquiátrica crônica.

 

Há uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. Outros processos que ocorrem dentro das células nervosas também estão envolvidos.

 

Ao contrário do que normalmente se pensa, os fatores psicológicos e sociais, muitas vezes, são consequência e não causa da depressão, considerada por muitos como o "Mal do Século".

 

Vale ressaltar que o estresse pode precipitar a depressão em pessoas com predisposição, que provavelmente é genética. A prevalência (número de casos numa população) da depressão é estimada em 19%, o que significa que aproximadamente uma em cada cinco pessoas no mundo apresenta o problema em algum momento da vida.

 

Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/noticias/37642-dormir-mais-cedo-pode-reduzir-o-risco-de-desenvolver-depressao - Escrito por Redação Minha Vida

sexta-feira, 7 de maio de 2021

10 possíveis sequelas da COVID-19


Além das complicações causadas durante a infecção, o novo coronavírus pode gerar danos permanentes ao organismo; confira

 

Desde o início da pandemia do novo coronavírus a quantidade de possíveis sintomas causados pela doença aumentou consideravelmente. Com o passar do tempo e o alto investimento em estudos, novos dados sobre o patogênico começaram a surgir.

 

Entretanto, não é apenas durante o período de contaminação que a COVID-19 pode manifestar reações no organismo. Cientistas e especialistas da área médica do mundo todo seguem investigando um fenômeno preocupante: possíveis efeitos do coronavírus em pacientes curados.

 

Entenda o que vem sendo pesquisado sobre o tema:

 

Sequelas da COVID-19

 

1. Complicações cardíacas

Um estudo feito em junho de 2020 por pesquisadores alemães analisou 100 pacientes com idade média de 49 anos, recém-recuperados da COVID-19. Os resultados dos exames de ressonância magnética do coração revelaram anormalidades no órgão de 78 pacientes. Além disso, do total de participantes, 60% apresentaram miocardite, uma inflamação do músculo do coração que não estava relacionada a qualquer condição preexistente.

Essa sequela segue sendo observada quase um ano depois da descoberta. Segundo Daniela Abdel Rahman, médica infectologista do Hospital Albert Sabin, houve um grande aumento no número de pacientes jovens, sem nenhuma doença cardíaca prévia, que desenvolveram miocardiopatia pelo vírus e ficaram sequelados.

O fato dessa condição surgir em pacientes previamente saudáveis se tornou motivo de alerta para os profissionais de saúde. Ainda segundo a médica, não há um perfil de paciente específico que possa ser afetado pelas consequências da SARS-CoV-2.

"O vírus pode acometer sim o músculo cardíaco, causando sequelas em qualquer pessoa, inclusive jovens. Claro que, para pacientes idosos, não é que o risco é maior, mas é que caso haja uma complicação cardíaca, essa complicação pode ser maior. Mas o risco de desenvolver não", conta.

 

2. Redução da capacidade pulmonar

Por se alocar diretamente no pulmão, as complicações que o coronavírus pode causar ao órgão também são alvo de pesquisas científicas desde o início da pandemia. Em março de 2020, autoridades do Hospital Princess Margaret, em Hong Kong, relataram que pacientes internados com a doença apresentaram redução de 20% a 30% da função pulmonar.

Esse dano continua sendo observado até hoje. Gustavo Sales, médico intensivista e cardiologista do Hospital Albert Sabin, conta que grande parte dos pacientes que apresentam sequelas graves no pulmão são tabagistas.

"Há muitos pacientes com sequelas pulmonares pós-COVID. O paciente fica com o que chamamos de bolhas no pulmão e, na maioria das vezes, são fumantes de longa data. São pacientes novos com essa lesão pela COVID que, em curto prazo, pode não acarretar em nada, mas no futuro irá gerar um comprometimento pulmonar que pode causar a perda de suas funções pela idade e desgaste", explica.

Além disso, a infectologista Daniela Rahman conta que pessoas que possuem DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) por tabagismo podem ter uma evolução pior do quadro de saúde, assim como pacientes com outras doenças pulmonares estruturais.

 

3. Função cognitiva

Entre os danos provocados na função cognitiva estão a perda de concentração, memória e desorientação. Segundo o cardiologista Gustavo Sales, esses fatores ocorrem por alterações no sistema nervoso central. "O paciente que teve a infecção pela COVID evolui o quadro com perda de memória, chamado leigamente de apagão, com lapsos em que ele desliga e liga novamente".

Daniela Rahman explica que essas sequelas nas funções cognitivas podem ocorrer mesmo em pacientes sem nenhum problema de saúde prévio, que acabam apresentando algum déficit de memória logo após a COVID. Entretanto, esse quadro tem apresentado, na grande maioria das vezes, recuperação posterior.

 

4. AVC e trombose

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais alertou sobre os riscos de trombose envolvendo pacientes infectados pelo coronavírus. Isso acontece quando o patogênico provoca anormalidades na coagulação sanguínea. Entretanto, o mecanismo que causa a formação desses coágulos ainda não é conhecido.

Segundo Gustavo Sales, o que já é de conhecimento médico é que um fator de risco pode causar fenômenos trombóticos: a obesidade. Quando o vírus gera a formação de coágulos que entopem os vasos, tanto arteriais quanto venosos, as complicações decorrentes disso são: AVC, infarto, tromboembolismo pulmonar e trombose inferior.

 

5. Ansiedade

Uma pesquisa em andamento desde de setembro do ano passado feita pela Universidade Federal de Minas Gerais em parceria com hospitais, como o Hospital das Clínicas (HC), vem observando o aumento de complicações envolvendo a saúde mental em pacientes curados da COVID-19.

Segundo os pesquisadores, o distúrbio de ansiedade pode ser consequência do período de internação e isolamento durante a infecção. Outro fator relatado pelos participantes do estudo é o medo de se contaminar novamente, assim como o receio de transmitir a doença para outras pessoas.

 

6. Perda de cabelo

O número de relatos sobre a queda de cabelo aumentou consideravelmente durante a pandemia. Além dos fatores psicológicos que podem justificar esse quadro, como o estresse e a ansiedade gerados pela quarentena, a perda dos fios também pode ser consequência das alterações do organismo após a infecção pelo vírus.

"O corpo responde à infecção por SARS-CoV-2 criando um estado pró-inflamatório que leva a danos nos tecidos e outras sequelas por conta da liberação das citocinas pró-inflamatórias. Esse quadro pode retroalimentar a inflamação, o que significa manter a inflamação por um período maior", explica a dermatologista Joana D'arc Diniz.

 

7. Parosmia

A alteração no olfato, também chamada de parosmia, é um dos sintomas mais conhecidos da COVID-19. Entretanto, esse problema pode durar até mesmo após a recuperação da doença. Profissionais de saúde acreditam que o vírus afeta o nervo olfatório, causando uma irritação temporária ou até permanente. Assim, ocorre uma desconexão entre os receptores dos cheiros e o cérebro.

Enquanto alguns pacientes sentem dificuldade ao sentir cheiros, outros acabam sofrendo alterações na percepção de odores. Há relatos de pessoas que passaram a sentir o aroma de acetona em alimentos e bebidas, por exemplo. Entretanto, o número de dados sobre a complicação ainda é pequeno, fazendo com que as causas e o tempo de cura para o problema ainda sejam desconhecidos.

 

8. Inflamação no fígado

Apesar de existirem poucas evidências sobre o tópico, alguns profissionais de saúde apontaram que o surgimento de lesões no fígado, como a inflamação do órgão, também pode ser consequência da COVID-19.

"Temos observado elevações muito transitórias das enzimas hepáticas que, normalmente, têm voltado ao normal. Portanto, sequelas hepáticas não são tão comuns", explica a infectologista Daniela Rahman.

 

9. Diabetes

Um estudo publicado na revista científica Diabetes, Obesity and Metabolism em novembro de 2020, revelou que a infecção pelo coronavírus pode causar uma alteração drástica na taxa de glicemia.

De 3.711 pacientes analisados, 14,4% foram diagnosticados com diabetes após se curarem da COVID-19. Apesar da possibilidade de alguns dos participantes já terem a doença antes se contaminarem com o vírus, os cientistas acreditam que o patogênico possui a capacidade de provocar alterações nas células sanguíneas, fazendo com que pessoas de diferentes perfis possam desenvolver diabetes.

 

10. Epididimite

Um estudo feito pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) analisou a inflamação no epidídimo, canal localizado nos testículos, como uma possível consequência da infecção por coronavírus.

Os participantes da pesquisa tinham entre 18 e 55 anos, todos hospitalizados com COVID-19. Os dados relataram que, de 26 pacientes com casos leves e moderados da doença, 42.3% apresentaram quadros de epididimite.

Os pesquisadores acreditam que essa condição ocorreu por um mecanismo utilizado pela SARS-CoV-2 para invadir as células dos testículos. Entre as consequências dessa inflamação, estão alterações no sêmen e nos parâmetros seminais, o que pode causar dores intensas na região e inchaço do saco escrotal. Porém, até o momento, ainda não há outras pesquisas sobre o tema.

Fonte: https://www.minhavida.com.br/saude/materias/37533-10-possiveis-sequelas-da-covid-19?utm_source=news_mv&utm_medium=MS&utm_campaign=9071816 - Escrito por Paula Santos

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Coronavírus: quem está mais suscetível a ele e aos sintomas graves


Segundo um estudo, o vírus vindo da China afeta mais alguns subgrupos, como pessoas mais velhas ou com doenças crônicas. Conheça quais e as complicações

O coronavírus e seus sintomas mais graves surgem especialmente em pessoas mais velhas e que tenham alguma doença crônica. Essa é uma das conclusões de um novo estudo publicado no The Lancet por pesquisadores da China.

No trabalho, os cientistas avaliaram todos os casos confirmados dessa infecção respiratória que deram entrada entre 1º e 20 de janeiro de 2020 em um hospital de Wuhan, o provável epicentro do surto. Foram 99 indivíduos ao todo.

Entre eles, 55% possuíam algum problema crônico. Diabetes, doenças cardiovasculares, males digestivos ou respiratórios e câncer estavam entre eles. Além disso, a média de idade dos pacientes era de 55 anos — 37% estavam acima dos 60 anos.

Segundo o trabalho chinês, isso ocorreria porque o envelhecimento e essas enfermidades tendem a diminuir a imunidade contra infecções em geral.

Aliás, os pesquisadores também notaram que mais homens foram parar nesse hospital por causa do coronavírus. Dos 99 enfermos, 67 eram do sexo masculino (68%). “A reduzida suscetibilidade das mulheres a infecções virais pode ser atribuída à proteção do cromossomo X e aos hormônios sexuais, que exercem um papel no sistema imunológico”, escrevem os autores, no artigo.

Os sintomas mais comuns entre esse grupo hospitalizado pelo coronavírus foram febre, tosse e falta de ar. Dores musculares e de cabeça, bem como confusão mental, irritação na garganta e desconforto no peito também foram observados.

Além disso, 75% dos 99 participantes do estudo apresentaram uma pneumonia que afetou os dois pulmões. Até o momento, 11% de todos os participantes morreram.

Mas atenção! Isso não significa que a letalidade do novo coronavírus é de 11%. Primeiro porque o número de casos avaliados nesse experimento, embora seja o maior até o momento, é pequeno. Segundo que os pesquisadores se concentraram em pessoas hospitalizadas.

Ou seja, é possível que o vírus tenha causado sintomas mais brandos em outros sujeitos, que nem viram necessidade de ir até um pronto-socorro. Se for o caso, ao incluir essa turma em outro estudo, a letalidade certamente cairia. Devemos esperar mais estudos.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/coronavirus-sintomas-graves/ - Por Theo Ruprecht - Ilustração: Erika Onodera/SAÚDE é Vital

quarta-feira, 5 de junho de 2019

Gripe: quais são as complicações mais perigosas?


Entenda por que o vírus influenza pode provocar estragos, independente de ele ser H1N1, H3N2 ou tipo B

Estamos na época de aumento dos casos de gripe, e a campanha de vacinação contra a doença ainda não atingiu sua cobertura desejada. Até o dia 27 de maio, 71,6% do público-alvo tinha recebido a dose – a meta é imunizar 90% até 31 de maio, quando termina a mobilização. Idosos, crianças, gestantes e portadores de doenças autoimunes e crônicas fazem parte da turma que não pode deixar de tomar a vacina.

Isso porque, apesar de a gripe geralmente ser uma condição passageira, sem grandes repercussões, em alguns casos ela pode causar complicações importantes. Pessoas com o sistema imunológico comprometido – seja pelo uso de remédios, pela condição de saúde ou pela própria idade – estão mais sujeitas a encrencas.

A principal ameaça é para o pulmão. “Existe o risco de o vírus provocar uma inflamação no órgão, que dificulta seu funcionamento e abre caminho para uma bactéria oportunista”, explica Helio Magarinos Torres Filho, patologista e diretor médico do Richet Medicina & Diagnóstico, no Rio de Janeiro.

Esse quadro pode culminar em uma pneumonia ou insuficiência respiratória aguda, condição capaz de levar à morte. “Fora que, quando o pulmão tem dificuldade de enviar oxigênio para os órgãos, todo o corpo é afetado”, acrescenta Torres Filho.


Qual vírus faz mais estrago?
Toda vez que um novo vírus começa a circular, tende a ser mais perigoso, já que o sistema imune da população não o conhece. No caso do influenza, que possui diversos subtipos e vive sofrendo mutações, isso ocorre com certa frequência.

Lembra do H1N1, que assustou na década passada? Ele continua causando problemas, mas muitas pessoas já têm imunidade contra ele. “Agora, o H3N2, que é mais novo, pode se mostrar mais danoso, porque nem todo mundo se vacinou contra ele nos últimos anos”, destaca o patologista.

Vale ressaltar que, independente do subtipo, a evolução dos quadros de gripe é bem parecida. “O risco de complicações depende muito mais do hospedeiro do que do vírus”, reforça Heloísa Giamberardino, pediatra e coordenadora do Centro de Vacinas do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba (PR).

Uso de remédios é fator que merece atenção
Em geral, toda a condição que exige medicamentos constantes pode afetar a forma do organismo reagir a uma ameaça. Portadores de transtornos autoimunes – artrite reumatoide, lúpus, doença de Chron, etc. –, por exemplo, têm que tomar drogas que suprimem o sistema imune. Eles controlam as substâncias inflamatórias que atacam o organismo, mas também diminuem as defesas contra ameaças, como o vírus da gripe.

O mesmo vale para quem vive com males crônicos, como hipertensão e diabetes. Ainda que os fármacos não atuem diretamente sobre o sistema imunológico, a própria condição de saúde debilita o organismo. Assim, a gripe poderia enfraquecer ainda mais um órgão já prejudicado.

Para ter ideia, para os idosos e portadores de doenças cardíacas, um dos riscos de uma gripe mais agressiva é o infarto, porque o estado provocado pela infecção sobrecarrega o coração.

Vacinar é a melhor forma de prevenção
E ela precisa ser reaplicada anualmente, pois inclui os subtipos que provavelmente circularão mais naquele ano. Fora que a imunidade promovida pela vacina tem duração limitada. A dose é segura, não provoca gripe e garante uma boa taxa de proteção. Se mesmo assim a pessoa ficar gripada, a probabilidade de a doença evoluir mal diminui consideravelmente.

Além de recorrer à vacina, dá para minimizar o risco de adoecer com medidas de prevenção básicas, como lavar as mãos constantemente, usar álcool em gel, evitar locais fechados e aglomerações, manter uma dieta saudável (rica em frutas e legumes) e se exercitar com frequência.

Para aqueles que estão no grupo de risco de complicações, uma alternativa para garantir segurança extra pode ser a imunização de quem está próximo, como familiares e cuidadores. Ela está prevista pelo Ministério da Saúde e deve ser prescrita por um médico.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/gripe-quais-sao-as-complicacoes-mais-perigosas/ - Por Chloé Pinheiro - Foto: Omar Paixão/SAÚDE é Vital

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018

Arritmia cardíaca: 6 fatos que você precisa saber sobre fibrilação atrial

O diagnóstico e tratamento são necessários para evitar complicações como o AVC isquêmico

"Dos muitos tipos de arritmia cardíaca, podemos chamar a atenção para a fibrilação atrial, que tem sérios riscos para o paciente: a falta de um tratamento adequado pode levar a um AVC". Com esta afirmação, o cardiologista José Rocha Faria Neto, professor titular da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), deixa bastante claro porque a doença merece uma atenção especial entre os problemas que o coração pode enfrentar.

Por ser uma arritmia cardíaca, a característica mais básica da fibrilação atrial é o descompasso dos batimentos cardíacos quando comparados ao padrão normal. Mas isto é só o começo. Tem muito mais sobre a doença que é importante conhecer.

Saiba, a seguir, seis fatos sobre a fibrilação atrial que você precisa saber:

1 - A fibrilação atrial "pula" uma etapa dos batimentos cardíacos
Para que o coração funcione de maneira normal, existe tanto uma interação entre suas partes elétrica e mecânica quanto um caminho natural a ser seguido: o estímulo para os batimentos começa no nó sinusal, passa para os átrios e, em seguida, para os ventrículos. Em quem tem fibrilação atrial, a primeira parte desse processo não acontece.
"Em vez de nascer no nó sinusal, o estímulo para os batimentos cardíacos dos pacientes com esta doença começa em pontos diversos no próprio átrio", conta o especialista. "O coração pode acelerar muito, os batimentos ficam descompassados e os átrios não conseguem contrair direito, fazendo com que o sangue circule mais lentamente neles e o bombeamento de sangue para a irrigação dos órgãos seja menos efetivo".

2 - O maior risco da fibrilação atrial é levar a um AVC isquêmico
Toda arritmia deve ser investigada e tratada, mas a fibrilação atrial requer uma atenção especial devido ao risco de levar a um AVC isquêmico, popularmente conhecido como derrame. "Um em cada cinco AVCs isquêmicos é causado por fibrilação atrial", revela o médico.
O cardiologista explica como isso acontece: "Como o sangue circula mais lentamente nos átrios, a possibilidade de formação de coágulos no coração é maior. Um coágulo pode se soltar e entupir uma artéria em algum lugar do organismo, como o cérebro. Este cenário é o mais preocupante, pois o risco de um AVC isquêmico é muito grande".

3 - Pessoas idosas correm maior risco de ter fibrilação atrial, mas não só elas
Entre os públicos mais propensos a sofrer de fibrilação atrial, Faria destaca a população da terceira idade. "O envelhecimento aumenta o risco. Quanto mais idosa a pessoa, maior o risco", afirma.
Mas existem outros casos de vulnerabilidade à doença, segundo o cardiologista: pessoas hipertensas, indivíduos que já sofreram um infarto, quem tenha hipertireoidismo e aqueles que consomem bebidas alcoólicas exageradamente. "Todos são quadros associados à fibrilação atrial", diz.

4 - Os sintomas da fibrilação atrial estão relacionados ao coração e ao mal-estar
O principal sintoma da fibrilação atrial é o aceleramento seguido do descompasso dos batimentos cardíacos. "De uma hora para outra, o coração dispara e dá para perceber que ele está fora de compasso", afirma o especialista. Além desse, outros sintomas da doença são: falta de ar, forte tontura, fraqueza, fadiga e dor no peito. Se eles forem notados em conjunto e insistentemente, deve-se passar por uma consulta com um cardiologista.
Há alguns casos em que o paciente não tem nenhum sintoma e a fibrilação atrial é descoberta por exames solicitados no check-up de rotina.

5 - Medicamento anticoagulante pode impedir AVC isquêmico
Quando a fibrilação atrial é diagnosticada, duas medidas podem ser tomadas pelo cardiologista que acompanha o paciente. A primeira é o tratamento para controle do ritmo cardíaco. A segunda é a avaliação do risco da formação de coágulos. "Isso se faz por meio de uma tabela, que permite o cálculo do risco de AVC a partir da avaliação de fatores clínicos predisponentes à formação de coágulo", esclarece o médico.
"Se for determinado um alto risco de formação de trombos, receita-se o uso de medicamentos anticoagulantes", explica o cardiologista. Esses medicamentos, como por exemplo, a Dabigatrana, têm a importante função de impedir a formação de coágulos. No caso de pacientes com fibrilação atrial, como explicado, o risco de coágulos no coração precisa ser contido, pois eles podem se deslocar e causar um AVC isquêmico.

6 - Efeito do medicamento anticoagulante em situações de emergência
Ao mesmo tempo em que o medicamento anticoagulante é muito bem-vindo no dia a dia de quem tem fibrilação atrial, pois afasta o risco de um AVC isquêmico, ele pode se tornar uma preocupação em situações de emergência, como a necessidade imediata de uma cirurgia (de apendicite, por exemplo) ou a perda significativa de sangue em um acidente. Em casos extremos como estes, restaurar a coagulação normal é importante.
Por isso, a chegada de um agente reversor ao mercado brasileiro é um grande alívio tanto para pacientes quanto para a classe médica. Trata-se do Idarucizumabe, agente reversor específico para o anticoagulante Dabigatrana. "Com uma injeção do agente reversor em ambiente hospitalar, em poucos minutos o efeito anticoagulante do medicamente de rotina é interrompido e qualquer procedimento pode ser realizado sem essa preocupação adicional", afirma o especialista.
O cardiologista explica que sem o agente reversor o efeito do anticoagulante pode levar várias horas para passar - tempo de que nem sempre é possível dispor para iniciar uma cirurgia.
"Quando o medicamento usado não tem agente reversor e não dá para esperar, parte-se para o procedimento de emergência mesmo assim. Apenas há a consciência de que haverá uma perda de sangue mais significativa que deverá ser contornada posteriormente", finaliza.


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O que a falta de ar pode esconder

Uma série de problemas — alguns deles graves e nem sempre ligados ao aparelho respiratório — é capaz de sabotar o fôlego nosso de cada dia. Saiba em que situações é preciso ficar esperto

Oxigênio é uma daquelas coisas às quais a gente só dá valor quando sente falta. E, embora isso possa ocorrer ao subirmos alguns lances de escada ou praticarmos esporte, convém ter em mente, sobretudo com a chegada do inverno, que uma porção de doenças atinge direta ou indiretamente a capacidade de respirar. É propício fazer esse aviso quando a temperatura cai por diversas razões, que afetam tanto pessoas saudáveis como quem já tem um distúrbio no sistema respiratório, caso de asma, rinite ou bronquite. "No frio, costumamos ficar mais em ambientes fechados, que favorecem a contaminação por micróbios, e o ar gelado e seco agride as vias aéreas, facilitando a ação de bactérias e vírus", explica o médico Jairo Araújo, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).

Não é à toa que, antes de a estação dos termômetros baixos começar, são realizadas campanhas de vacinação contra gripe e pneumonia, bem como alertas para o controle da asma. No Brasil, a infecção pelo vírus influenza H1N1, por exemplo, esteve por trás de 2 614 internações no ano passado, sendo que 351 casos terminaram em morte. O cenário para os asmáticos, então, é de perder o fôlego. Com base em levantamentos dos últimos anos, a SBPT estima que a asma mate seis pessoas por dia no país. "Isso reflete o fato de que mais de 90% dos indivíduos com o problema não seguem rigorosamente as orientações do médico", justifica Araújo. Como as crises são mais frequentes em período de frio e ar seco, esse é o momento para não hesitar em adotar o tratamento a fim de prevenir falta de ar e outras complicações.

Apesar de entrarmos na temporada mais perigosa para o aparelho respiratório, é nosso dever informar que o sufoco para obter oxigênio pode estar relacionado a falhas em outros cantos. "Diagnosticar a origem da falta de ar deve ser uma preocupação constante nos hospitais, até porque alguns casos refletem doenças graves. Embora as causas mais comuns sejam problemas pulmonares, ela pode ser sintoma de males cardíacos e refluxo", diz o cardiologista João Fernando Ferreira, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a Socesp. É claro que, se você é sedentário e quer apostar uma corrida, vai sofrer as consequências ao peito. Mas, se o fôlego for desaparecendo sem motivo, é preciso correr, só que para o médico. Rastreamos, a seguir, 12 problemas que, em comum, acarretam boicotes ao entra e sai de ar.

Infecções respiratórias
Quando a gripe nos pega, a falta de ar pode aparecer junto a outros sintomas nada agradáveis: febre, tosse, secreção nasal, cansaço, dor de cabeça... O vírus influenza invade o corpo e se instala nas vias aéreas, provocando uma reação inflamatória. O aumento de muco na região e a diminuição do calibre de brônquios e bronquíolos — tubos que levam o ar para as profundezas dos pulmões — respondem pela baixa no fôlego. "Por isso, ao primeiro sinal da gripe, procure atendimento médico", aconselha o pneumologista André Albuquerque, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Para preveni-la, recomenda-se tomar a vacina e lavar as mãos constantemente. Se a gripe é mal tratada, assim como outras infecções respiratórias, podem se abrir as portas à pneumonia, geralmente deflagrada por bactérias que chegam aos pulmões. Ela é uma das principais causas de internação no país e, muitas vezes, difícil de ser controlada. Diante de falta de ar e incômodos no peito, o pronto-socorro é bem-vindo.

Bronquite crônica
A inflamação dos brônquios costuma ser causada por reações alérgicas a poeira, ácaros ou fungos. Ao entrarem em contato com eles, as estruturas pulmonares ficam mais contraídas e emperram o trânsito de oxigênio. Além disso, há um aumento na secreção de muco, que pode entupir a passagem de ar pelos brônquios. Bronquites tendem a acompanhar o indivíduo ao longo da vida e as crises são mais frequentes na infância e na adolescência. Além da falta de ar, geram tosse, expectoração, dor e chiado no peito. "Em tempos de frio e baixa umidade, é importante hidratar as vias respiratórias com inalação e soro fisiológico", sugere Albuquerque. Para os períodos críticos, os especialistas receitam anti-inflamatórios, broncodilatadores e, caso bactérias se aproveitem da confusão nos pulmões, antibióticos.

Asma
Segundo cálculos da SBPT, cerca de 20 milhões de brasileiros teriam o problema, também marcado por inflamação nos brônquios e presença de muco ali. O chiado no peito, um de seus sinais, significa que o ar está percorrendo um tubo estreito demais. Se esse caminho se fecha, vem a falta de ar. "Temperaturas baixas,  clima seco, infecções e contato com ácaro e pelos de animais são os gatilhos das crises", alerta a pneumologista Marcia Pizzichini, coordenadora da Comissão de Asma da SBPT. O segredo para o fôlego não deixar o asmático na mão nem impor hospitalizações — foram 174 500 no Brasil em 2011 — é seguir à risca o tratamento, que prevê anti-inflamatórios inaláveis diariamente. "São remédios seguros e que permitem ao indivíduo ter uma vida normal", garante Marcia.

DPOC
A doença pulmonar obstrutiva crônica reúne duas encrencas derivadas da inalação de fumaça: a já citada bronquite e o enfisema pulmonar, que é a morte dos alvéolos, encarregados das trocas gasosas. "Noventa por cento dos casos estão associados ao tabagismo, sendo que, em média, demoram 20 anos para o problema aparecer", diz o pneumologista Oliver Nascimento, vice-presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia. A grande questão que cerca a DPOC é o fato de o fumante pensar que tosse, pigarro e falta de ar são aspectos inerentes ao vício. Quanto mais tarde é feito o diagnóstico, menor a chance de minimizar a situação — já que não dá para reverter totalmente os estragos. "O principal tratamento é parar de fumar, seguido de condutas como vacinação e atividades físicas. Também entramos com medicamentos que dilatam os brônquios", explica Nascimento. Prevenir a DPOC não tem mistério: fuja do cigarro, inclusive se for só nos finais de semana, e dos fumantes.

Câncer de pulmão
Eis outro mal estreitamente ligado ao tabaco — oito em cada dez pessoas com a doença fumaram ou tinham contato assíduo com a fumaceira. "Ele é o terceiro tipo mais comum de câncer e um dos mais agressivos, daí sua alta mortalidade", diz o oncologista Jefferson Luiz Gross, diretor do Núcleo de Pulmão e Tórax do A.C. Camargo Cancer Center, em São Paulo. Ainda se suspeita que outros agentes, como poluentes, elevem seu risco. Não é fácil diagnosticá-lo precocemente porque seus indícios, caso da tosse e da falta de ar, são encarados como manifestações comuns ao ato de fumar. Assim, o indivíduo só procura ajuda quando vive sem fôlego ou expele sangue nas tossidas. "De uns anos pra cá, estudos sugerem a realização anual de tomografias do tórax a toda pessoa acima de 50 anos que fuma ou já fumou", conta Gross. É um jeito de identificar cedo o tumor para derrotá-lo.

Hipertensão pulmonar
Essa é uma doença rara, que compromete muito a qualidade e a expectativa de vida. Ela nada tem a ver com a pressão alta sistêmica. Aqui, o aperto acontece só nos vasos pulmonares. Problemas cardíacos, respiratórios e infecções podem estar por trás dele, e uma de suas principais versões, a hipertensão arterial pulmonar (HAP), não costuma ter causa definida. "O aumento da pressão nas artérias dos pulmões sobrecarrega o coração. Com o tempo, o órgão se cansa e o paciente pode desenvolver insuficiência cardíaca", explica o pneumologista Daniel Waetge, da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Por isso que o ecocardiograma é uma das formas de rastrear a doença. A HAP rende falta de ar, cansaço, palpitações, inchaços nos pés ou na barriga e até lábios roxos. Bem limitante, se o tratamento demora, pode cobrar uma vida curta ligada a um aparelho de oxigênio. "A terapia dispõe de algumas classes de remédios, mas ainda não temos todas elas no Brasil", diz Waetge.

Rinite
Se você nunca passou por isso, acredite: uma das piores sensações do mundo é não conseguir respirar e dormir por causa de um nariz entupido. A famigerada rinite é bem mais popular entre indivíduos alérgicos, mas pode pintar também em função de gripes e resfriados. Além de tampar as narinas, costuma desatar coriza e coceira na região — daí a imagem do nariz todo vermelho. "Ocorre uma inflamação no tecido que reveste lá dentro, acompanhada de um aumento no volume de sangue, o que dificulta ou corta a passagem do ar", explica o otorrinolaringologista Reginaldo Fujita, da Universidade Federal de São Paulo. Para escapar dela, lave o nariz com soro fisiológico diariamente e tome cuidado com mudanças bruscas de temperatura. "E nunca use sem orientação médica soluções nasais com vasoconstritores, porque elas podem provocar aumento da pressão e arritmia", avisa Fujita.

Transtornos psiquiátricos
Desordens como síndrome do pânico, ansiedade e claustrofobia costumam travar a entrada e a saída de ar do organismo. "Isso está relacionado a uma reação de defesa natural. Uma descarga de neurotransmissores faz o coração bombear mais sangue, preparando o corpo para as duas decisões cabíveis num momento de perigo: fugir ou lutar", diz o psiquiatra Sérgio Tamai, da Associação Brasileira de Psiquiatria. A consciência de uma situação ameaçadora estimula algumas regiões do cérebro, como a amígdala, que faz as escolhas, e o sistema nervoso autônomo, responsável por ações automáticas, como a respiração. Por isso, além de propiciar falta de ar, é comum que haja o aumento da pressão arterial, taquicardia e excesso de transpiração, assim como vontade de urinar ou evacuar. "Em alguns quadros psiquiátricos, a amígdala está descalibrada e pequenos estímulos já são capazes de gerar reações mais intensas", conta Tamai. Para controlar tais distúrbios, que costumam impactar no comportamento, os médicos prescrevem antidepressivos e ansiolíticos, além de sugerir psicoterapia e até mesmo meditação.

Panes no coração
A insuficiência cardíaca é a segunda causa mais comum de falta de ar — só fica atrás dos problemas respiratórios em si. Ela se caracteriza pela incapacidade de o órgão bombear sangue para o resto do corpo. Com o tempo, o músculo cardíaco fica flácido e uma parte do líquido vermelho acaba represada lá nos pulmões. "Os brônquios e bronquíolos ficam úmidos e isso dificulta a troca de gases, o que leva a uma dificuldade de difundir oxigênio no sangue e retirar gás carbônico", explica o cardiologista João Fernando Ferreira, da Socesp. Como os problemas no coração são os maiores causadores de mortes no mundo todo, o conselho é fazer o checkup anual e ficar atento a manifestações que podem aparecer junto com a falta de ar, como pressão alta, palpitação e dor no peito. "A primeira coisa a fazer é detectar e tratar a disfunção que está causando os sintomas. O problema pode estar nas válvulas, nos vasos ou no próprio músculo cardíaco", orienta Ferreira.

Excesso de peso
Para quem ainda resiste em tachar a obesidade de doença, leia esta: pesquisas mostram que ela acaba com o fôlego por motivos bem fisiológicos. "A barriga espreme os pulmões, limitando sua capacidade de trabalho", diz Marcia Pizzichini, professora da Universidade Federal de Santa Catarina. Pior: há indícios de que o tecido gorduroso que fica no ventre fabrica substâncias inflamatórias capazes de agravar problemas respiratórios, como a asma. Sem falar que quilos a mais baixam a imunidade, colaborando, sem querer, para infecções. A mensagem é curta: busque emagrecer ou se manter no peso ideal.

Refluxo gastroesofágico
Ele é motivado pela volta constante de comida do estômago para o esôfago e seus
principais sintomas são regurgitação, queimação e uma forte dor no peito — muitas vezes, esse incômodo é confundido até com infarto, dada a sua intensidade. A falta de ar, bem como pigarro, rouquidão e tosse, são algumas das manifestações mais atípicas do refluxo. "O retorno da massa alimentar irrita as paredes do esôfago. Um dos reflexos disso são espasmos involuntários nos pulmões, capazes de tirar o fôlego", conta o gastroenterologista Ary Nasi, do Fleury Medicina e Saúde. Em crianças e idosos, o conteúdo regurgitado pode até vazar para a dupla de órgãos que capitaneiam o sistema respiratório. "E isso, por sua vez, atrapalha o trabalho dos brônquios", complementa Nasi, que também é membro da Federação Brasileira de Gastroenterologia. O tratamento do refluxo atua em três frentes: diagnóstico adequado, por meio de endoscopias, mudanças alimentares, como o menor consumo de comidas gordurosas, e medicamentos. Se todas as etapas forem cumpridas, é bem provável que o refluxo — e a falta de ar — desapareça.

Problemas no diafragma
Um dos principais responsáveis pela respiração, o músculo que faz a divisão do peito e do abdômen também pode ficar com defeitos, embora isso seja bem raro. Na chamada eventração, o diafragma invade o tórax e deixa de realizar sua função, cortando o fôlego. Tumores, hérnias, lesões nos nervos e rupturas do tecido muscular também repercutem no diafragma, pressionando os pulmões. Por serem situações não tão frequentes, quando alguém chega ao hospital com falta de ar, os médicos investigam primeiro as causas mais habituais, como doenças respiratórias e cardíacas. "Descartados os principais suspeitos, começamos a investigar esses outros motivos", esclarece Nasi.

Fonte: http://saude.abril.com.br/edicoes/0365/medicina/problemas-falta-ar-747873.shtml?origem=home - por André Biernath e Diogo Sponchiato | fotos Deborah Maxx