13% dos pacientes que passam por uma intervenção
cirúrgica sofrem com esse problema, segundo dados do Ministério da Saúde. O
mais agravante é que milhares de mortes seriam evitadas com procedimentos de
higiene básicos, como lavar as mãos
De
tempos em tempos, o tema infecção hospitalar volta às manchetes. No Brasil, uma
legislação específica preventiva só foi criada com a Lei nº 9.431/97 e a
Portaria do Ministério da Saúde nº 2.616/98, que estabeleceram a
obrigatoriedade da existência de Comissões de Controle de Infecções
Hospitalares (CCIH). A determinação prevê que esses grupos sejam formados por
representantes dos médicos, enfermeiros e da administração hospitalar. Nas
unidades de maior porte, ainda deve haver a presença de membros dos
laboratórios de microbiologia e das farmácias hospitalares. Atualmente,
está em discussão a necessidade de que todos os serviços de saúde apresentem um
programa de prevenção e controle de infecções.
Apesar das normas vigentes, a realidade ainda está
longe de ser aceitável. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa), em pesquisa realizada em parceria com a Faculdade de Saúde Pública da
USP, em 2006, de 4.148 hospitais pesquisados, somente 76% possuem
CCIH. Entretanto, a vigilância das infecções hospitalares é realizada em 77%
das unidades, mas somente 49% mantêm programas permanentes de controle e 33%
adotam medidas de contenção de surtos. E, até hoje, não existe um mapeamento de
ocorrências no país.
O QUE OBSERVAR DURANTE A CONSULTA
Algumas medidas básicas de prevenção à infecção
devem ser adotadas por todos os profissionais de saúde, desde os que manipulam
medicamentos até os responsáveis pela comida. Veja o que você pode observar no ambiente
hospitalar.
Os profissionais de saúde devem fazer a higienização das mãos antes e depois de qualquer
procedimento, porque elas são as principais vias de microorganismos. E precisam
repetir o ato ao iniciar o turno de trabalho, após ir ao banheiro, antes e
depois das refeições, no preparo de alimentos, ou antes e depois da manipulação
de medicamentos.
Para higienizar as mãos é preciso:
1. Lavá-las com água e sabão (líquido), que combatem bactérias de
menor gravidade.
2. Secar com papel-toalha.
3. O uso de álcool gel e/ou de anti-séptico é
prioritário em ambientes de internação e cirúrgicos. São obrigatórios antes do
contato com o paciente, por meio de exames físicos, como medição de temperatura
e depressão arterial, aplicação de massagem ou higienização corporal.
4. Antes de realizar procedimentos invasivos (como
administração de medicamentos nos olhos e pelo nariz, aplicação de
injeção, introdução de cateteres ou tubos endotraqueais e de equipamento
utilizado na diálise ou endoscopia), o profissional deve colocar
luvas descartáveis.
5. Depois do contato com o paciente, o especialista
deve higienizar as mãos para evitar que sejam contaminadas e ao mesmo tempo
veiculem a transmissão das bactérias do próprio paciente.
6. A utilização de luvas descartáveis e
esterilizadas é indispensável no contato com sangue, líquidos corporais, mucosa
e pele, e devem ser trocadas a cada mudança de ambiente e a cada paciente.
7. Não se devem tocar telefones, maçanetas e portas
com as luvas.
8. A cada retirada das luvas, as mãos devem ser
novamente higienizadas.
FAÇA SUA PARTE
Não visite pacientes se estiver doente (febre,
tosse, coriza).
Não leve alimentos sem autorização da nutricionista
ou do médico.
Não sente na cama do paciente.
Lave as mãos ao chegar ao hospital (quarto ou
enfermaria) e ao ir embora.
Não toque em curativos ou na medicação do paciente.
Oriente a todos (inclusive equipe de saúde), que
devem lavar as mãos antes e após tocar o paciente.
Visite apenas o familiar ou amigo, evitando entrar
em outros quartos e nas enfermarias.
Ao término da visita, deixe o hospital.
Não pegue objetos do hospital nem os leve para casa.
Ao chegar em casa, tome banho antes de executar as
atividades do lar.
Caso observe alguma irregularidade quanto aos
procedimentos de prevenção de infecção hospitalar, contate o serviço de
vigilância local municipal ou do Estado, a quem cabe a fiscalização.
RECÉM-NASCIDOS, OS MAIS VULNERÁVEIS
A infectologista Rosana Richtmann explica que o
aumento de nascimentos prematuros e da longevidade resulta em um
maior número de cirurgias e procedimentos invasivos, que antes eram menos
indicados. “Os bebês prematuros apresentam grandes riscos de infecção, pois têm
imunidade baixa, já que não tiveram tempo para adquirir os anticorpos
maternos”, diz.
Segundo a especialista, a passagem dos anticorpos maternos
pela placenta ocorre a partir de 28-32 semanas de idade gestacional. “Se o bebê
nasceu antes disso, praticamente não tem imunidade”, afirma. Mais um fator que
aumenta essa gravidade é a falta de estrutura física (espaço entre berços,
pias, sabão líquido) e de estrutura humana suficiente, que é de um profissional
para cada um ou dois recém-nascidos. O questionamento de Rosana é sobre quantos
hospitais no Brasil possuem essa estrutura. “Quantas catástrofes precisam
acontecer para que valorize fatores estruturais? O dilema dos profissionais de
saúde é que de um lado queremos tratar todas as infecções para salvar nossos
pacientes. Porém, o uso indiscriminado de antibióticos pode levar a uma
situação crítica de resistência bacteriana”, diz. Por isso, a racionalização do
uso dos antibióticos é decisiva, segundo ela.
Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/clinica-geral/dicas-para-evitar-infeccoes-hospitalares/2476/
- Texto: Sucena Shkrada Resk / Foto: Reprodução / Adaptação: Clara Ribeiro