sábado, 9 de outubro de 2010

Você e seu filho, segundo Dom Bosco


10 (dez) pontos básicos, segundo Dom Bosco, para você ajudar e conquistar seu filho.

1 – Valorize seu filho.

Quando é respeitado e estimado, o jovem progride e amadurece.
Ele sabe (ou sente) que você está interessado nele apenas porque você gosta dele.

2 – Acredite no seu filho.

Mesmo os jovens mais “difíceis” trazem bondade e generosidade no coração. Cabe a você procurar – e achar – esta disponibilidade inata. Ouça-o. Acredite nele!

3 – Ame e respeite seu filho.

Dom Bosco disse: “Se você quer ser amado por alguém, ame-o antes”. Mostre a ele claramente, que você está ao seu lado. Olhe-o nos olhos. Nós é que pertencemos aos nossos filhos, não eles a nós.
Quem quer ser amado deve demonstrar que ama. E você gosta de seu filho não porque tem por objetivo que ele goste de você. Você gosta dele como Deus gosta da gente: sem cobranças, sem busca de retorno. Você gosta dele porque você se sente feliz em vê-lo crescer como pessoa humana.

4 – Elogie seu filho sempre que puder (e ele merecer).

Seja sincero: quem de nós não gosta de um elogio? Os jovens também gostam.
Eles precisam de um elogio e estímulo para prosseguir no caminho certo.
Um elogio custa pouco para nós. Vale muito para nossos filhos – quando ele merecer.

5 – Compreenda o seu filho.

O mundo de hoje é complicado, rude, competitivo. Muda todo dia. Procure entender isto. Coloque se na ótica de seu filho.
Procure entender porque ele está tão distante, tão longe de você.
Quem sabe ele não está desesperado, perdido, precisando de você, esperando apenas um toque seu?
“Amorevolezza” é uma palavra italiana que significa tudo que Dom Bosco dava aos jovens: amor, carinho, bondade, presença.

6 – Alegre-se com seu filho.

Tanto quanto nós, os jovens são atraídos por um sorriso. A alegria e o bom humor atraem os meninos como mel. Você vai ver como tudo fica mais fácil, mais gostoso e mais divertido quando nós “entramos na deles”.
Ninguém melhor do que Dom Bosco entendeu isto. Ele participava de seus jogos, de suas brincadeiras, de seu esporte.
Faça isto também. Principalmente, procure gostar disto. E você vai entender porque Dom Bosco é um Santo que aparece sempre sorrindo.

7 – Aproxime-se de seu filho.

No método preventivo de Dom Bosco, uma aproximação amiga com os jovens é fundamental. Evita males maiores, porque você dá a oportunidade de aconselhar na hora certa, de prevenir, antes de remediar. Viva com seu filho. Viva no meio dele. Conheça seus amigos. Procure saber aonde ele vai com quem está. Convide-o a trazer seus amigos para sua casa. Participe amigavelmente de sua vida.

8 – Seja coerente com seu filho.

Não temos direito de exigir de nossos filhos atitudes que não temos. Quem não é responsável não pode exigir responsabilidade. Quem não é sério não pode exigir seriedade. Quem não respeita não pode exigir respeito. E assim por diante. Às vezes somos rigorosos e rudes para esconder nossa própria fraqueza e falta de argumentos. O nosso filho vê tudo isto muito bem, talvez porque nos conheça melhor do que nós a eles.

9 – Prevenir é melhor do que castigar seu filho.

Dom Bosco, que foi um excepcional educador, sabia que “a força corrige o vício, mas não corrige o viciado”. No seu pensamento – e na sua prática – a educação preventiva permite dar a seu filho uma nova alegria e um novo sentido de viver. Quem é feliz não sente necessidade de fazer o que não é direito.
O castigo magoa, a dor e o rancor ficam e separam você de seu filho. Principalmente quando é dado na hora errada, quando você – ou o seu filho – estão discutindo sobre qualquer coisa. Pense duas, três, sete vezes, antes de castigar. Nunca com raiva. Nunca!

10 – Reze com seu filho.

No princípio pode parecer “careta”. Mas a religião precisa ser alimentada. Quem ama e respeita a Deus vai amar e respeitar o seu próximo. Quem for um bom cristão, na certa vai ser um bom cidadão.
Dom Bosco aprendeu que a confissão, a comunhão e a devoção a Nossa Senhora são valores certos e profundos. Quem se confessa e comunga com freqüência pensará muito antes de fazer qualquer coisa errada.

“Quando se trata de educação não se pode deixar de lado a religião”, dizia Dom Bosco.

Extraído do subsídio, “Você e seu filho”, baseado no Método Preventivo de Dom Bosco.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Por favor me toque


Se sou bebê, por favor me toque.
Preciso de seu afeto de uma maneira que talvez nunca saiba.
Não se limite a me banhar, trocar minha fralda e me alimentar.
Embale-me, beije o meu rosto e acaricie meu corpo.
Seu carinho gentil, confortador, transmite segurança e amor.

Se sou criança, por favor, me toque.
Ainda que eu resista e até rejeite,insista, descubra um jeito de atender minha necessidade.
Seu abraço de boa noite ajuda a adoçar meus sonhos.
Seu carinho de dia me diz o que você sente de verdade.

Se sou adolescente, por favor me toque.
Não pense que eu, por estar quase crescido, já não preciso saber que você ainda se importa comigo.
Necessito de seus braços carinhosos, preciso de sua voz terna.
Quando a vida fica difícil, a criança em mim volta a precisar.

Se sou seu amigo ou amiga, por favor me toque.
Nada como um abraço afetuoso, para eu saber que você se importa comigo.
Um gesto de carinho, quando estou deprimido, me garante que sou amado e me reafirma que não estou só.
Seu gesto de conforto talvez seja o único que eu consiga.

Se sou seu namorado ou namorada ou seu cônjuge, por favor me toque.
Talvez você pense que sua paixão basta.
Mas só teus braços detêm meus temores.
Preciso do seu toque terno e confortador, para me lembrar de que sou amado, apenas porque eu sou eu.

Se sou seu filho adulto, por favor me toque.
Embora eu possa até ter minha própria família para abraçar.
Ainda preciso dos braços de minha mãe e de meu pai, quando me machuco.
Como pai, a visão é diferente e eu os estimo mais.

Se sou seu pai idoso ou sua mãe idosa, por favor me toque.
Do jeito que me tocaram quando eu era bem pequeno.
Segure minha mão, sente-se perto de mim, dê-me sua força e aqueça meu corpo cansado com sua proximidade.
Minha pele, ainda que muito enrugada, adora ser afagada.

Não tenha medo.

APENAS ME TOQUE

Autor desconhecido

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Criança e a audição


Criança que ouve direito...

…não sofre para se socializar e tem um melhor desempenho na escola. Detectar distúrbios de audição precocemente — de preferência, ainda na maternidade — é a chave para contornar a surdez e ajudar a meninada a se desenvolver numa boa

Vale desconfiar de problema auditivo quando a criança...

...demora a falar
...não reage bem a sons muito altos, como o barulho de uma porta batendo
...tem dificuldade para entender o que os outros falam
...não consegue se comunicar direito ao telefone
...aumenta frequentemente o volume do rádio e da televisão
...fala muito alto
...faz trocas ou comete muitos erros ao escrever
...tem problemas de compreensão
...é hiperativa
...é distraída e necessita que as ordens sejam repetidas

A história começa com as ondas de som de uma palavra penetrando no ouvido da criança. Orelha adentro, elas se transformam em impulsos elétricos que trafegam velozmente, de neurônio em neurônio, até alcançar uma área do cérebro chamada córtex auditivo. Lá, tudo é decodificado e essa complexa viagem se traduz, finalmente, na voz carinhosa da mãe ou na explicação da professora. Mas, quando algo dá errado durante o trajeto, uma porta de contato com o mundo exterior se fecha. O pior de tudo é que, sem ouvir, o pequeno tampouco aprende a falar direito. Mesmo assim, a surdez pode passar anos despercebida — aí, o silêncio só costuma ser quebrado com um susto diante do rendimento escolar.

Uma pesquisa realizada pela fonoaudióloga Ana Cláudia Frizzo, da Universidade de São Paulo em Ribeirão Preto, no interior do estado, avaliou 25 crianças, entre 8 e 14 anos, com dificuldades na escola e constatou que todas elas apresentavam alguma deficiência de audição. É mais uma prova da conexão entre a capacidade de ouvir bem, o desenvolvimento da linguagem e a performance na sala de aula. “A aquisição da leitura e da escrita é baseada na correspondência do som com a letra”, justifica Ana Cláudia.

Não restam dúvidas de que a perda auditiva, ou surdez, atrapalha o aprendizado e a socialização dos pequenos. Eles podem vir ao mundo com o problema ou, então, adquiri-lo em alguma fase do seu crescimento. “Hoje, felizmente, há menos casos de bebês que nascem surdos porque a mãe teve, durante a gravidez, doenças que comprometem o sistema auditivo da criança, como rubéola e toxoplasmose”, conta o otorrinolaringologista Lauro Alcântara, do Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba. Mas o sofrimento durante o parto e infecções contraídas na maternidade também podem provocar a deficiência.
Mais de 90% dos episódios de surdez na infância são consequência de uma lesão na cóclea, a estrutura que transforma o som em impulso elétrico. “Aí, além do tratamento com o fonoaudiólogo, são indicados aparelhos auditivos ou o implante coclear”, diz Sirley Carvalho, professora de fonoaudiologia da Universidade Federal de Minas Gerais. “Dessa forma, as vias auditivas da criança são estimuladas a se desenvolver e ela terá um aprendizado praticamente normal.”

Até os 3 anos de idade, o sistema auditivo é maleável e carece de estímulos para amadurecer. Portanto, quanto mais cedo for detectado algo de errado nele, maior a chance de reverter as falhas e evitar os prejuízos. Os especialistas defendem que o ideal seria o diagnóstico ser feito até os 3 meses de idade e a intervenção terapêutica, até os 6. “Detectar logo o problema nos ajuda a estimular quanto antes o tronco auditivo e o córtex cerebral”, diz Lauro Alcântara.

Nessa busca, um grande avanço é a triagem auditiva neonatal, que possibilita flagrar a deficiência no recém-nascido. O método acaba de ser instituído em todo o país por uma lei federal sancionada pelo presidente Lula. Ele fará a diferença porque, no primeiro ano de vida, a observação do pediatra e dos pais é insuficiente (veja O Teste da Orelhinha). E, quanto mais tempo a criança ficar sem ouvir, mais complicado será o tratamento.

Foi justamente para correr atrás do prejuízo que o pequeno paulista Theodoro Frisene Pimenta, de 2 anos, começou a usar um aparelho auditivo assim que sua surdez foi revelada. “Até os 6 meses nunca desconfiamos de nada”, recorda a mãe, a professora Laura Frisene Pimenta, que suspeitou de algo estranho quando seu filho estava no oitavo mês. “Quando passávamos atrás dele e falávamos alguma coisa, ele não respondia”, conta. O problema na cóclea foi identificado depois dos exames com o otorrino. Theo adotou, então, um aparelhinho e, há seis meses, recebeu o implante coclear — um dispositivo eletrônico instalado em uma cirurgia e que faz as vezes da estrutura do ouvido interno. “Como ele tem surdez severa, se não passasse por isso, também ficaria mudo”, diz Laura.

Mesmo a surdez leve ou a moderada emperram, mais tarde, o desenvolvimento da meninada, que demora para falar e fica com o vocabulário reduzido. “Às vezes, porém, o ouvido em si é saudável, mas há um problema no cérebro que dificulta a interpretação dos sons”, observa a fonoaudióloga Ana Cláudia. Nesse caso, não basta um aparelho ou um implante — é preciso fazer um treinamento auditivo para estabelecer associações entre as letras e os sons.

Na turma que vai mal na escola, no entanto, a perda auditiva é geralmente reparada com um aparelho acomodado na orelha. “As maiores causas de desatenção na sala de aula são distúrbios auditivos e visuais”, afirma o otorrinolaringologista Pedro Albernaz, que, no final dos anos 1990, coordenou uma campanha nacional contra a surdez. “Fizemos exames de audiometria em alunos da primeira série do ensino fundamental da rede pública em cidades com mais de 50 mil habitantes e verificamos que entre 12 e 14% deles tinham dificuldades de audição”, conta o médico, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. A audiometria é, de fato, uma avaliação simples e crucial, que oferece a oportunidade de consertar o transtorno e permitir que a criança cresça com uma nova forma de ouvir o mundo. A mudança se reflete até no boletim.

OS TIPOS DE SURDEZ

›› Congênita genética: um defeito nos genes faz com que a criança nasça com um problema auditivo.
›› Congênita adquirida: a mãe tem infecções como rubéola ou toxoplasmose durante a gravidez, que repercutem no desenvolvimento do aparelho auditivo do feto.
›› Perinatal: um problema durante o parto causa a perda auditiva.
›› De transmissão: uma otite, a inflamação do ouvido, ou corpos estranhos provocam uma surdez temporária e reversível.
›› Pré-lingual: a deficiência aparece quando a criança ainda não sabe falar ou ler.
›› Perilingual: o problema se manifesta após o pequeno aprender a falar, mas antes de começar a ler.
›› Pós-lingual: a surdez dá as caras depois que se aprende a falar e a ler.

A DESCOBERTA DO SOM

Acompanhe nossa linha do tempo e veja o que acontece ao longo da maturação do sistema auditivo da criança

De 0 a 3 meses
O bebê se assusta, chora ou acorda com barulhos intensos e acalma-se diante dos sons mais brandos e das vozes familiares.

De 3 a 6 meses
Mexe a cabeça para a direita e para a esquerda à procura de sons, faz contato visual, emite ruídos sem significado e reconhece o próprio nome.

9 meses
O pequeno localiza os sons de acordo com a sua origem — procura embaixo, pelos lados e começa a olhar também para cima. Além disso, entende palavras simples e aumenta o balbucio.

1 ano
A criança entende algumas ordens, como dar tchau e mandar beijos, e reconhece rapidamente de onde vêm os sons. Também pronuncia as primeiras palavras.

2 anos
Localiza os sons provenientes de todas as direções de forma rápida, compreende bem a linguagem, combina as palavras e usa a fala para se comunicar.

O TESTE DA ORELHINHA

Realizado no recém-nascido, ainda no berçário, esse exame simples e rápido não requer anestesia nem exige que o bebê esteja dormindo. Em menos de cinco minutos, o médico examina os dois ouvidos da criança com um aparelho que emite sons puros. As ondas viajam até a cóclea, estrutura no ouvido interno, e retornam, fornecendo um gráfico da audição. O teste, usado na triagem auditiva neonatal, é importante. Afinal, nove entre dez casos de surdez na infância são ocasionados por um destrambelho na cóclea. Além dele, há outro exame, mais completo, conhecido pela sigla Peate, capaz de escanear todos os segmentos do trajeto da audição — só que a criança precisa tomar um sonífero antes de se submeter a essa avaliação mais minuciosa.
O teste da orelhinha é um exame singelo e indolor que identifica distúrbios auditivos em recém-nascidos. O método aponta o problema em uma fase da vida da criança em que os sinais comportamentais não são suficientes para acusá-lo.

A criança muda não fala porque não é capaz de escutar. Quando exposta aos sons desde cedo, por meio de aparelhos auditivos e de terapia com o fonoaudiólogo, seu sistema auditivo tende a se desenvolver. E a linguagem também.

Fonte: Revista Saúde - Por Camila Carvas

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Dicas para a criançada dormir mais e melhorar o boletim escolar


Onde estou mesmo?

Por que seria melhor para a saúde dos adolescentes se o horário de ir para a aula fosse mais tarde? E por que os pais precisam cortar internet, videogame e celular até altas horas da noite? Para que a molecada possa dormir mais e melhorar tanto o boletim quanto o humor!

Cabeça no mundo da lua em plena sala de aula, notas em queda livre, falta de disposição para tudo e reclamações cada vez mais frequentes por bagunça, brigas e discussões em classe — se esse quadro lhe parece familiar, seu filho pode estar dormindo menos do que deveria. Ou na hora errada. De acordo com a recomendação de especialistas em sono, um adolescente necessita de pelo menos nove horas de repouso — isso mesmo, nove horas! — para garantir uma rotina saudável de estudos. Isso significa que, se o sinal de entrada do colégio soa às 7 horas, a garotada tem de estar contando carneirinho às 21 horas para acordar às 6 horas. O problema é que essa rotina mostra-se impraticável na maioria dos lares brasileiros. Daí a pergunta: qual seria o melhor horário para o jovem iniciar as atividades escolares?

Nos Estados Unidos, um trabalho piloto do Hasbro Children’s Hospital, de Rhole Island, propôs que uma pequena escola retardasse em meia hora o horário de entrada dos alunos, prorrogandoo das 8 para as 8h30. O resultado confirmou o que os médicos já esperavam: os minutos adicionais de sono garantiram benefícios para o estado de alerta, o humor e a saúde geral dos teens. Em outro trabalho americano, pesquisadores da Robert Wood Johnson Medical School, de Nova Jersey, mostraram que aquela sonolência diurna de muitos adolescentes está associada a um risco três vezes maior de o jovem apresentar sintomas de depressão.

No Brasil, uma investigação recém apresentada pelo Instituto Glia, em Ribeirão Preto, no interior paulista, mostra que crianças e adolescentes que dormem mais de oito horas por noite apresentam quase o dobro de chances de ter uma cuca mais sadia e um boletim nota 10, em comparação com os que descansam menos do que isso. “A falta de sono altera o humor, o comportamento e o aprendizado do jovem, além de baixar as defesas imunológicas do seu corpo”. resume a neuropediatra Márcia Pradella-Hallinan, responsável pelo Setor de Pediatria do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “As noites mal dormidas podem acarretar também problemas de estatura em adolescentes, por causa da alteração na produção do hormônio do crescimento, que acontece durante o sono e é responsável pelo estirão da puberdade.”

Além do horário escolar, outro fator parece contribuir bastante para o pensamento voar para as nuvens nas primeiras aulas do dia: os novos brinquedinhos eletrônicos da garotada. Com internet, telefone celular, videogame e a própria TV, os jovens, que já não deveriam deitar depois das 23 horas, acabam invadindo a madrugada no Twitter, mandando mensagens de texto, navegando na web, teclando com amigos online, disputando jogos virtuais ou simplesmente assistindo a um filme. “De segunda a sexta, 65% dos jovens brasileiros dormem apenas seis horas por noite”, revela a neurologista Andréa Bacelar, vice-presidente da Associação Brasileira do Sono. “E os responsáveis por isso não são apenas o horário escolar e as distrações eletrônicas. Muitas vezes os pais chegam tarde e a casa fica acesa até altas horas. Os filhos reproduzem esses hábitos. Paralelamente, o consumo de cafeína cresceu muito entre os jovens, em suas mais variadas formas, como refrigerantes, café, energéticos, pó de guaraná, chocolates e outros alimentos.”

Os problemas de nota baixa ligados à falta de sono têm a ver com a fadiga dos neurônios responsáveis pelo raciocínio. Se esses soldados do nosso sistema nervoso não estiverem descansados, vão comprometer a memória, a atenção e a percepção de todo o exército. Essa disfunção também leva a quadros depressivos, que se desdobram em vários outros problemas. “Irritação, agressividade, violência gratuita, problemas com alimentação, como obesidade ou anorexia, além de uma visão com perspectiva negativa do mundo e um estado de angústia permanente, contribuem para que muitos busquem uma saída nas drogas e no álcool”, elenca a psicopedagoga Nadia Bossa, diretora científica da Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp).

Na opinião da especialista da ABPp, a solução para o impasse depende de um esforço conjunto. “Da parte da família, seria preciso organizar a vida doméstica da casa de modo a respeitar as necessidades naturais do corpo do adolescente, o horário escolar e a realidade da casa”, defende Nadia. Ou seja, precisaria haver uma nova disciplina com horários rígidos para os jovens conviverem com a família e terem tempo para se divertir, mas sem comprometer as preciosas horas de sono, sempre mantendo a rotina nos fins de semana. Nadia diz que cochilos de 30 minutos à tarde, depois do almoço, não resolvem o problema, mas ajudam a compensar a falta de sono noturno e até podem ser bem-vindos, desde que aconteçam sempre. “Já a escola poderia mexer no horário de entrada dos alunos, dando a eles um tempinho extra para dormir pela manhã”, sugere Nadia.

Em períodos de provas e durante o próprio vestibular, os problemas de falta de sono costumam se agravar. No ímpeto de tirar o atraso, não são poucos os que optam por varar a madrugada na véspera da avaliação para estudar tudo o que o professor passou. A neurologista Andréa Bacelar garante que esse é um erro enorme. “A consolidação da memória acontece quando a pessoa está dormindo. Se ela não dorme, muito do que estudou não vai ficar devidamente registrado, por mais que se esforce.” Além disso, segundo a médica, na hora da prova o aluno vai estar sonolento e com os reflexos neuronais lentos, o que comprometerá seu raciocínio.
A IDADE E O SONO

As diferentes necessidades para cada etapa da vida

CRIANÇA: MAIS DE 10 HORAS
A imaturidade neuronal faz com que ela precise de mais tempo de sono. Um recém-nascido chega a dormir cerca de 20 horas por dia. A partir dos 3 ou 4 anos de idade, são necessárias de 11 a 12 horas de repouso ininterrupto. Aos 9 anos, a criança já pode dormir só dez horas, mas não antes dessa idade.

ADOLESCENTE: DE 8 A 9 HORAS E MEIA
O desenvolvimento do cérebro prossegue acelerado na puberdade. Nessa fase, porém, o jovem depende do sono principalmente para crescer. É a idade daquele estirão, e o hormônio do crescimento, produzido durante a madrugada — e só com o organismo adormecido profundamente —, faz a diferença. Além disso, a garotada precisa estar descansada para administrar todas as transições da adolescência.

ADULTO JOVEM: DE 7 A 8 HORAS E MEIA
O sono perde sua função de maturação neuronal na fase adulta, mas continua sendo imprescindível para refazer os processos fi siológicos, mentais e cognitivos. Dormir o sufi ciente signifi ca se proteger de doenças e manter a capacidade de desempenhar funções corriqueiras, principalmente em relação ao aprendizado.

PESSOAS DE 60 ANOS OU MAIS: DE 6 A 7 HORAS E MEIA
Com o avanço dos anos, a necessidade de descanso diminui. Com pouco mais de seis horas de repouso por noite, pessoas com mais de 60 anos costumam viver bem, sem maiores défi cits.

A HORA DE IR PARA ESCOLA

Para a psicopedagoga Nadia Bossa, da ABPp, o ideal seria que os dois turnos escolares fossem abolidos e fundidos em um só. A melhor solução seria que as crianças entrassem às 9 e saíssem às 17. “Isso permitiria a integração de atividades físicas, cognitivas e artísticas, intercaladas com alimentação”, defende. “Os alunos poderiam começar com exercícios físicos para ativar o corpo e, depois, fazer trabalhos de raciocínio até o almoço. À tarde, voltariam com trabalhos artísticos e os professores fi nalizariam o dia com exercícios para recapitular o que foi ensinado pela manhã.” Considerando a manutenção dos turnos, os especialistas do sono defendem que qualquer atraso no início da aula no período matutino pode ser considerado saudável. “Às vezes, 15 a 30 minutos a mais de descanso matinal já fazem diferença para a saúde da garotada”, acredita a neuropediatra Márcia Pradella-Hallinan. Se as aulas matutinas do colégio do seu fi lho iniciam muito cedo e ele não dorme sem brigar com o travesseiro, cogite mudá-lo para o turno da tarde.

PARA DORMIR MAIS CEDO

Algumas estratégias que podem ajudar seu filho

1. MONITORES DESLIGADOS

Desativar tudo o que tem tela uma hora antes de dormir ajuda o organismo a se preparar para um sono tranquilo. Isso vale para celular, computador, smartphone, televisor e videogame — equipamentos, aliás, que idealmente nunca devem ficar no quarto.

2. BANHO MORNO

A boa e velha aguinha quente sobre os ombros é, sim, tiro e queda para os mais agitados. A ducha relaxa a musculatura, o que favorece os bocejos.

3. LUZ AZUL

Reduzir a luz ambiente também faz toda a diferença. O ideal é deixar apenas uma luz azul de baixa intensidade no quarto, se o adolescente tende à insônia. A luz dessa cor facilita a sincronização das ondas cerebrais para o sono.

4. UMA CEIA LEVE

Nunca deixe seu fi lho ir para a cama de barriga cheia: a digestão atrapalha o sono. E nada de estimulantes, como café ou refris tipo cola no jantar. Antes de ir para a cama, a melhor pedida é mesmo tomar um leite, uma vitamina de frutas ou, até mesmo, comer algumas torradas.

5. NADA DE EXERCÍCIO
Atividade física favorece o sono, é fato – mas só quando é feita durante o dia. À noite, no máximo alongamentos, ioga e outros exercícios relaxantes, se o jovem gostar disso. Música calma e leitura com luz indireta também ajudam a chamar o sono, o que favorece os bocejos.

Fonte: Revista Saúde - por GIULIANO AGMONT

Escrito na areia


Diz a lenda que dois amigos caminhavam pelo deserto.

A certa altura da viagem começaram a discutir e um deles deu uma bofetada no outro.

Angustiado, mas sem dizer nada, escreveu na areia: "hoje o meu melhor amigo deu-me uma bofetada.

Seguiram pelo caminho e encontraram um oásis onde pararam para tomar banho.

O amigo que havia sido agredido começou a se afogar, mas seu amigo o salvou.

Depois de se recuperar, escreveu em uma pedra: "o meu melhor amigo salvou a minha vida hoje."

O outro, intrigado, perguntou: Quando estavas angustiado escrevestes na areia e agora escreves na pedra, por quê?

O amigo respondeu-lhe: "Quando alguém nos faz mal devemos escrever isso na areia para que o vento do perdão faça desaparecer a frase... Mas quando alguém faz algo de bom para nós, devemos gravar isso em pedra para que vento nenhum faça desaparecer."

Aprenda a escrever as tuas feridas na areia e a gravar em pedra as tuas venturas.

Autor desconhecido