Tenho 30 anos de vivência no esporte escolar e sou de uma época que o esporte na escola particular era bom, mas o da escola pública era muito melhor. Nas décadas de 70, 80 e meados de 90, os grandes campeões dos Jogos da Primavera e em diversos esportes foram os colégios públicos como o Atheneu, Castelo Branco, Murilo Braga de Itabaiana, Costa e Silva, Tobias Barreto e tantos outros, com os atletas participando com entusiasmo e motivação e nas aberturas dos jogos na Avenida Barão de Maruim ou no Batistão, milhares de pessoas se aglomeravam para ver o desfile dos atletas e não era necessário levar banda da Bahia para ter público, como acontece nos dias de hoje.
De lá para cá, foram acabados os jogos Infantis, o campeonato escolar de esportes e os jogos da primavera, que foram substituídos pelos fadados jogos das escolas públicas; em 2004, os jogos da primavera foram reativados com outro regulamento, onde no esporte coletivo classifica-se apenas uma escola particular e três públicas para disputar as semifinais e finais; só desta maneira a escola pública tem condições de ganhar mais medalhas que a particular. Antigamente as escolas públicas e particulares se enfrentavam desde o início da competição, com as públicas obtendo os melhores resultados; para se ter um exemplo, neste ano pela disputa da seletiva dos JEB’s nos esportes coletivos, das 16 equipes campeãs classificadas para representar o Estado, treze foram escolas particulares e apenas três escolas públicas, isto graças ao trabalho abnegado de alguns professores; se o regulamento dos JEB’s de 20 anos atrás fosse o de hoje, o Estado seria representado por 80% de escolas públicas, ao contrário dos dias atuais.
Esta é a real situação do esporte na escola pública agravada com as mudanças que ocorreram nas aulas de educação física e de esportes com a nova LDB, a partir de 1996, onde as aulas foram reduzidas de três para duas e no mesmo turno de aula; as turmas tornaram-se mistas e com mais de quarenta alunos e o esporte se tornou privilégios de poucos, pela diminuição das turmas de esportes e aumento das turmas de educação física para os professores trabalharem. A nova tendência da educação física que enfatiza a teoria mais do que a prática esportiva está tirando a motivação e o prazer do aluno praticar algum esporte. Nas escolas públicas o material esportivo é escasso e em sua maioria não tem quadra esportiva, principalmente as do interior, para os alunos ter aulas de educação física e esporte; impondo aos professores a aula teórica na sala, por não ter o espaço físico necessário para as aulas práticas; é por isto que o Estado não tem um programa de conteúdos para as aulas de educação física; como vai exigir que um professor ensine basquete se na sua escola não tem as tabelas; aula de judô, se não tem tatame; natação, se não tem piscina; atletismo, se não tem pista, etc; enquanto isto, a maioria das escolas particulares tem ginásio de esportes ou quadra, piscina, material esportivo abundante e treinam suas equipes três vezes por semana ou mais. Nos dias de hoje, dá para a escola pública competir de igual com a particular?
Saudades dos tempos áureos do esporte nas escolas públicas, e que nos últimos anos foi desprezado e desmotivado pelos dirigentes escolares. Que a partir de 2007, o esporte através da educação física seja valorizado, os professores da rede pública tenham melhores condições de trabalho e que possam lentamente colocar o esporte em seu devido lugar, como era em tempos atrás.
Por José Costa
Professor de Educação Física
CREF 000245-G/SE
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