Toda a sociedade sabe do valor que o esporte tem na formação integral de crianças e adolescentes, seja na aquisição de saúde, desenvolvimento físico e intelectual, como também de valores que serão úteis por toda a vida como: responsabilidade, respeito, disciplina, amizade, equilíbrio emocional, saber ganhar e perder, liderança, trabalho em equipe, honestidade e perseverança que ajudam a afastá-los das más companhias, do álcool, das drogas e da violência.
Mas, infelizmente os jovens estão perdendo o interesse pela prática esportiva, esta é a opinião e preocupação em comum dos professores que trabalham com o esporte nas escolas públicas e particulares. Quem é o culpado pela falta de interesse dos jovens pelo esporte? O governo, escolas, pais, professores, clubes ou os próprios adolescentes? Acredito que todos têm uma parcela de culpa. Tentaremos dentro da nossa concepção, abordar alguns fatores que contribuíram ou estão contribuindo para a falta de interesse dos jovens à prática esportiva, apesar do crescimento populacional, do aumento do número de escolas, da maior quantidade de ginásios esportivos nas escolas e de mais professores de educação física entrando no mercado de trabalho, comparando duas ou três décadas atrás com os dias atuais.
Há 10 ou 20 anos, o jovem usava o tempo livre fora dos estudos para a prática esportiva. Atualmente ele prefere usar este tempo para ficar ligado no orkut, msn e salas de papo-papo através da internet, jogando vídeo game em casa ou nas lan house, passear nos shopping, ir para shows que quase são semanais, namorar prematuramente, etc.
A cobrança dos pais e da escola nos estudos pelo resultado bom no vestibular a partir do 1º ano do ensino médio faz com que os alunos tenham menos tempo para o esporte, já que eles têm que se preparar mais cedo para esta importante etapa de suas vidas o ingresso na universidade; antes o vestibular só acontecia no 3º ano.
Talvez o que mais contribuiu para o afastamento dos jovens no esporte foi a falta da realização por 10 anos da maior competição estudantil de Sergipe de todos os tempos os jogos da primavera, porque a juventude atual não presenciou e nem viveu a grandiosidade desta competição que tinha mais de dez mil atletas participantes por ano e que atraia milhares de pessoas para assistir os desfiles na Avenida Barão de Maruim ou no Batistão e aos ginásios que ficavam cheios de pessoas para torcer por qualquer esporte. Nos últimos anos, foi preciso contratar banda de forró para ter público e chamar a atenção até dos atletas para participar do encerramento dos jogos no ginásio Constâncio Vieira, e durante as partidas apenas as presenças dos atletas e alguns familiares. É o reflexo da falta de compromisso dos governos anteriores com o esporte e a juventude sergipana.
Atualmente, além da realização dos Jogos da Primavera acontecem também a Olimpíada Escolar Tv Sergipe e dos Jeps, mas que infelizmente não estão conseguindo atrair os jovens para o esporte como deveria ser. Tem que haver um debate sério entre professores, dirigentes, escolas, alunos, imprensa e o governo para encontrar soluções para motivar a juventude a pratica esportiva.
Os clubes deixaram de oportunizar escolinhas esportivas como antes, que serviam de base para a formação de equipes que disputavam os campeonatos sergipanos das federações. Atualmente quase não existem escolinhas esportivas nos clubes, salvo raras exceções.
Os novos professores quase não trabalham o esporte nas aulas de educação física por ter recebido na sua formação acadêmica do curso de educação física a tendência humanista, que enfatiza a teoria mais do que a pratica esportiva, o que leva estes profissionais quando formados a dá mais aulas teóricas em salas de aulas do que prática, não incentivando o aluno de praticar o esporte.
A partir de 1996, o DEF realizou várias reuniões com os diretores e professores de educação física impondo aulas teóricas nas salas de aula igualmente as outras disciplinas e a diminuição dos dias de treinamento esportivo, contribuindo desta maneira com a redução de atletas nas escolas públicas. Os professores mais velhos que gostavam de trabalhar o esporte foram desmotivados e desvalorizados.
As prefeituras, em sua maioria, só promovem campeonatos de futebol e futsal com adultos, esquecendo das crianças e dos jovens. Elas precisam incentivar a prática esportiva nas escolas municipais, construir quadras e principalmente, realizar competições com os estudantes do ensino fundamental.
Este ano, apareceu uma luz no fim do túnel com algumas decisões tomadas pelo Governo do Estado que teve a responsabilidade de enviar todos os atletas sergipanos para participar dos JEB’s, fato que não aconteceu em 2005 e 2006, quando centenas de atletas foram excluídos da competição pelos dirigentes do DEF da SEED, e que serviu para desmotivar centenas de alunos para a prática esportiva. Outro fato importante que está servindo de exemplo e motivação para a juventude é a realização dos Jogos Abertos do Interior em várias modalidades pela SEEL. Em 2008, o DEF aumentará os dias de treinamento esportivo nas escolas públicas fazendo com que milhares de jovens voltem a motivar-se pela prática esportiva.
A iniciação esportiva deve começar nas aulas de educação física já nas primeiras séries, por profissionais qualificados e não por professores de sala de aula como ocorre em várias escolas; de maneira lúdica, passando por escolinhas até chegar às equipes de treinamento.
Os jovens precisam entender que o esporte só tem a ajudá-los na sua formação integral. Que é melhor fazer amigos reais no dia-a-dia nas quadras do que pela internet em salas de bate-papo; que é melhor jogar uma partida de futebol ou basquete com pessoas de verdade, correndo, suando, aprendendo a ganhar e a perder do que com jogadores fictícios no videogame, sentados em uma cadeira, ficando sedentários e obesos; que dá para conciliar estudo e esporte porque um complementa o outro. Os jovens precisam organizar seu tempo ocioso, pois dá para namorar, ver televisão, passear, ir para os shows e também praticar esporte.
Os jovens devem ser motivados, estimulados e incentivados a praticar esporte pelos pais, professores, clubes e escolas, e com projetos, compromisso e ações por parte dos governos, porque o esporte é vida, saúde, educação, cultura e cidadania.
Por José Costa
Professor de Educação Física
CREF 000245-G/SE
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