Estudo mostra que tabagismo, hipertensão, colesterol alto, diabetes e sobrepeso respondem por cerca da metade do impacto das doenças cardiovasculares na saúde
Eliminar cinco fatores de risco cardiovascular aos 50
anos aumenta a expectativa de vida em mais de uma década, mostra um novo estudo
publicado no New England Journal of Medicine, conduzido pelo Global
Cardiovascular Risk Consortium.
Sabe-se que cinco fatores clássicos - tabagismo,
pressão alta, colesterol alto, diabetes e sobrepeso ou obesidade - respondem
por cerca da metade do impacto das doenças cardiovasculares na saúde. No
entanto, ainda não estava claro como eles afetam a expectativa de vida.
Para isso, os autores cruzaram dados sobre risco de
doença cardiovascular e morte por qualquer causa de mais de dois milhões de
participantes em 39 países, conforme a presença ou ausência desses fatores aos
50 anos.
A análise revelou que mulheres que não apresentam
nenhum desses fatores desenvolvem doença cardiovascular 13,3 anos mais tarde e
morrem 14,5 anos depois do que aquelas que têm todos os cinco. No caso dos
homens, eles vivem livres de doença cerca de dez anos a mais e morrem 11,8 anos
depois.
Segundo a cardiologista Fabiana Rached, do Hospital
Israelita Albert Einstein, o estudo confirma algo que já se sabe, mas
surpreende pela magnitude do impacto: "A diferença de mais de 10 anos na
expectativa de vida e nos anos livres de doença cardiovascular entre quem tem e
quem não tem os cinco principais fatores de risco aos 50 anos é expressiva e
mostra com clareza como esses fatores impactam na saúde cardiovascular a longo
prazo e em morte."
A especialista explica que o risco cardiovascular
aumenta naturalmente com a idade, tanto em homens como em mulheres. No entanto,
o estudo mostra que aqueles que chegam à meia-idade sem fatores clássicos
continuam com um risco menor ao longo da vida, mesmo após essa fase.
Por isso, é essencial controlar esses fatores desde a
juventude. "O acúmulo de risco cardiovascular é progressivo e silencioso.
Muitas vezes os danos, como aterosclerose, já estão em curso décadas antes de
um evento clínico, como infarto ou AVC [acidente vascular cerebral]. Controlar
esses fatores desde cedo reduz não apenas o risco futuro, mas também aumenta a
expectativa de vida e permite uma vida com qualidade." Mesmo quem tem um
risco genético alto, pode minimizar o risco de problemas cardiovasculares adotando
um estilo de vida saudável ainda jovem.
A boa notícia é que nunca é tarde para mudar o estilo
de vida: "Mesmo intervenções feitas entre 55 e 60 anos, especialmente
parar de fumar e controlar a hipertensão, ainda trazem ganhos significativos em
anos de vida sem doenças cardiovasculares e sem morte precoce. Embora os
benefícios possam ser maiores quando as mudanças são feitas mais cedo, sempre
há espaço para ganhos na saúde", diz a médica.
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