Mesmo com dieta e treino, fatores como hormônios, sono e estresse podem dificultar o emagrecimento.
Você começa a se exercitar regularmente, troca os
ultraprocessados por alimentos mais naturais, passa a fazer escolhas mais
saudáveis no dia a dia — e, ainda assim, os números da balança não diminuem.
Parece injusto, né? Mas essa é uma situação mais comum do que se imagina.
Segundo a nutricionista especializada em emagrecimento
Thays Pomini, diversos fatores podem interferir na perda de peso, mesmo quando
a rotina parece estar nos trilhos. Vamos explicar o que pode estar por trás
desse impasse e por que focar apenas em dieta e treino pode não ser suficiente
para alcançar os resultados esperados.
Por que uma pessoa que treina e segue dieta não
emagrece?
Segundo Thays Pomini, esse é um cenário mais frequente
do que se imagina — e tem explicações que vão além do simples cálculo de
calorias ingeridas versus calorias gastas.
“Na prática, muitas pessoas subestimam o quanto comem
e superestimam o quanto gastam com o exercício físico”, explica Thays. “Estudos
mostram que podemos subestimar nosso consumo calórico em até 40% e superestimar
o gasto energético do treino em até 25%.”
Outro ponto importante é entender que comer de forma
saudável nem sempre significa estar em déficit calórico — condição essencial
para que o corpo queime gordura e, de fato, emagreça. “Alimentos saudáveis
também têm calorias. Abacate, castanhas, azeite, por exemplo, são ótimos para a
saúde, mas, se consumidos em excesso, podem dificultar a perda de peso”,
esclarece a nutricionista.
Além disso, o corpo é inteligente e tende a se adaptar
a períodos prolongados de restrição calórica. “Esse mecanismo, chamado de
termogênese adaptativa, pode reduzir o metabolismo em até 15% a 20%, o que
dificulta ainda mais a perda de peso com o passar do tempo”, afirma Thays.
Ou seja, não basta apenas comer melhor e se exercitar
— é preciso ter atenção ao quanto se consome, entender o próprio metabolismo e,
em muitos casos, ajustar a estratégia com a ajuda de um profissional.
4 fatores além da dieta e do exercício que podem
influenciar o emagrecimento
Fazer dieta e treinar com regularidade são, sem
dúvida, pilares importantes para quem busca emagrecer — mas eles não são os
únicos. Na verdade, há uma série de outros fatores que podem interferir, e
muito, nos resultados na balança. De hormônios a sono, de estresse à genética,
o corpo é mais complexo do que parece.
1. Hormônios
Um dos principais elementos em jogo são os hormônios.
“A resistência à insulina, por exemplo, dificulta a lipólise, que é a quebra da
gordura corporal. Já os hormônios tireoidianos regulam o metabolismo basal, e
casos de hipotireoidismo subclínico — que muitas vezes passam despercebidos — podem
impactar negativamente o emagrecimento”, explica a especialista.
O cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”,
também entra na equação. “Níveis elevados favorecem o acúmulo de gordura
abdominal e reduzem a sensibilidade à insulina.”
2. Dormir bem
Outro ponto muitas vezes negligenciado é o sono.
“Dormir menos de 7 horas por noite pode aumentar o risco de obesidade em até
30%”, alerta Thays. “Isso acontece porque a privação de sono desregula
hormônios importantes como a leptina e a grelina, que controlam a saciedade e a
fome, além de reduzir a sensibilidade à insulina e prejudicar a recuperação
muscular após os treinos.”
E não é só a quantidade que conta: a qualidade do sono
também faz toda a diferença.
3. Estresse
O estresse e a saúde emocional são peças importantes
desse quebra-cabeça. “O estresse crônico leva à liberação contínua de cortisol,
o que não só dificulta o emagrecimento como estimula o comer emocional. Além
disso, a inflamação crônica gerada pelo estresse cria uma resistência à perda
de peso”, afirma a nutricionista.
“É um ciclo
vicioso: o estresse aumenta o cortisol, que causa resistência à insulina, o que
dificulta o emagrecimento e, por consequência, gera ainda mais estresse.”
4. Metabolismo
Por fim, o histórico corporal e o metabolismo
individual também devem ser considerados. “A composição corporal, especialmente
a massa muscular, influencia diretamente o metabolismo basal. Já pessoas com
histórico de dietas muito restritivas podem ter perdido massa magra ao longo do
tempo, o que reduz o gasto calórico em repouso”, explica Thays.
Além disso, a genética pode provocar variações de até
600 kcal por dia entre indivíduos — o que afeta desde o metabolismo de
macronutrientes até a resposta ao exercício físico.
E, como se não bastasse, o corpo ainda tem uma espécie
de “memória” do peso anterior. “Após uma perda significativa de peso,
adaptações hormonais podem persistir por anos, dificultando a manutenção do
emagrecimento”, conclui a nutricionista.
A idade e o sexo também influenciam, com o metabolismo
desacelerando com o passar dos anos, e as mulheres apresentando maior tendência
a adaptações metabólicas que dificultam o processo.
Fonte: https://www.minhavida.com.br/materias/materia-26037
- Escrito por Livia D'Ambrosio - @Shutterstock
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