sábado, 21 de junho de 2025

O que significa quando uma pessoa treina, faz dieta e não emagrece, de acordo com nutricionistas?


Mesmo com dieta e treino, fatores como hormônios, sono e estresse podem dificultar o emagrecimento.

 

Você começa a se exercitar regularmente, troca os ultraprocessados por alimentos mais naturais, passa a fazer escolhas mais saudáveis no dia a dia — e, ainda assim, os números da balança não diminuem. Parece injusto, né? Mas essa é uma situação mais comum do que se imagina.

 

Segundo a nutricionista especializada em emagrecimento Thays Pomini, diversos fatores podem interferir na perda de peso, mesmo quando a rotina parece estar nos trilhos. Vamos explicar o que pode estar por trás desse impasse e por que focar apenas em dieta e treino pode não ser suficiente para alcançar os resultados esperados.

 

Por que uma pessoa que treina e segue dieta não emagrece?

Segundo Thays Pomini, esse é um cenário mais frequente do que se imagina — e tem explicações que vão além do simples cálculo de calorias ingeridas versus calorias gastas.

 

“Na prática, muitas pessoas subestimam o quanto comem e superestimam o quanto gastam com o exercício físico”, explica Thays. “Estudos mostram que podemos subestimar nosso consumo calórico em até 40% e superestimar o gasto energético do treino em até 25%.”

 

Outro ponto importante é entender que comer de forma saudável nem sempre significa estar em déficit calórico — condição essencial para que o corpo queime gordura e, de fato, emagreça. “Alimentos saudáveis também têm calorias. Abacate, castanhas, azeite, por exemplo, são ótimos para a saúde, mas, se consumidos em excesso, podem dificultar a perda de peso”, esclarece a nutricionista.

 

Além disso, o corpo é inteligente e tende a se adaptar a períodos prolongados de restrição calórica. “Esse mecanismo, chamado de termogênese adaptativa, pode reduzir o metabolismo em até 15% a 20%, o que dificulta ainda mais a perda de peso com o passar do tempo”, afirma Thays.

 

Ou seja, não basta apenas comer melhor e se exercitar — é preciso ter atenção ao quanto se consome, entender o próprio metabolismo e, em muitos casos, ajustar a estratégia com a ajuda de um profissional.

 

4 fatores além da dieta e do exercício que podem influenciar o emagrecimento

Fazer dieta e treinar com regularidade são, sem dúvida, pilares importantes para quem busca emagrecer — mas eles não são os únicos. Na verdade, há uma série de outros fatores que podem interferir, e muito, nos resultados na balança. De hormônios a sono, de estresse à genética, o corpo é mais complexo do que parece.

 

1. Hormônios

Um dos principais elementos em jogo são os hormônios. “A resistência à insulina, por exemplo, dificulta a lipólise, que é a quebra da gordura corporal. Já os hormônios tireoidianos regulam o metabolismo basal, e casos de hipotireoidismo subclínico — que muitas vezes passam despercebidos — podem impactar negativamente o emagrecimento”, explica a especialista.

O cortisol, conhecido como o “hormônio do estresse”, também entra na equação. “Níveis elevados favorecem o acúmulo de gordura abdominal e reduzem a sensibilidade à insulina.”

 

2. Dormir bem

Outro ponto muitas vezes negligenciado é o sono. “Dormir menos de 7 horas por noite pode aumentar o risco de obesidade em até 30%”, alerta Thays. “Isso acontece porque a privação de sono desregula hormônios importantes como a leptina e a grelina, que controlam a saciedade e a fome, além de reduzir a sensibilidade à insulina e prejudicar a recuperação muscular após os treinos.”

E não é só a quantidade que conta: a qualidade do sono também faz toda a diferença.

 

3. Estresse

O estresse e a saúde emocional são peças importantes desse quebra-cabeça. “O estresse crônico leva à liberação contínua de cortisol, o que não só dificulta o emagrecimento como estimula o comer emocional. Além disso, a inflamação crônica gerada pelo estresse cria uma resistência à perda de peso”, afirma a nutricionista.

 “É um ciclo vicioso: o estresse aumenta o cortisol, que causa resistência à insulina, o que dificulta o emagrecimento e, por consequência, gera ainda mais estresse.”

 

4. Metabolismo

Por fim, o histórico corporal e o metabolismo individual também devem ser considerados. “A composição corporal, especialmente a massa muscular, influencia diretamente o metabolismo basal. Já pessoas com histórico de dietas muito restritivas podem ter perdido massa magra ao longo do tempo, o que reduz o gasto calórico em repouso”, explica Thays.

Além disso, a genética pode provocar variações de até 600 kcal por dia entre indivíduos — o que afeta desde o metabolismo de macronutrientes até a resposta ao exercício físico.

E, como se não bastasse, o corpo ainda tem uma espécie de “memória” do peso anterior. “Após uma perda significativa de peso, adaptações hormonais podem persistir por anos, dificultando a manutenção do emagrecimento”, conclui a nutricionista.

A idade e o sexo também influenciam, com o metabolismo desacelerando com o passar dos anos, e as mulheres apresentando maior tendência a adaptações metabólicas que dificultam o processo.

 

Fonte: https://www.minhavida.com.br/materias/materia-26037 - Escrito por Livia D'Ambrosio - @Shutterstock

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