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sábado, 24 de fevereiro de 2024

5 benefícios do esporte para a saúde mental das crianças


Especialista explica como a prática de atividade física favorece o bem-estar dos mais jovens

 

Você sabia que praticar esportes na escola não se limita mais apenas às aulas de educação física? A razão dessa mudança é o ganho de consciência sobre a importância das modalidades esportivas para a formação plena dos alunos. Isso porque as vantagens vão muito além da saúde física, abrangendo também o bem-estar e a saúde mental.

 

A seguir, Eduardo Brito, coordenador de esportes do Colégio Rio Branco Unidade Granja Viana, lista cinco desses benefícios para crianças e adolescentes. Confira!

 

1. Melhora da autoestima e autoconfiança

A prática de atividade física regular ajuda na construção da autoestima e da autoconfiança. Afinal, ao superar desafios durante o esporte, o aluno se sentirá mais confiante e empoderado.

 

2. Desenvolve o autocontrole

Ter controle sobre si também é algo atingível com as atividades físicas. Isso acontece por conta dos hormônios liberados pelo corpo durante os exercícios, que agem diretamente na sensação de bem-estar, regulando emoções e pensamentos mais ansiosos, por exemplo.

 

3. Promove a socialização

Os esportes oferecem um ambiente propício para interações sociais positivas, permitindo que os alunos desenvolvam habilidades de comunicação, trabalho em equipe e resolução de conflitos. É importante também que o profissional responsável esteja atento às preferências de cada criança ou jovem, já que, nessa fase da vida, os grupos se montam conforme as afinidades e o esporte pode propiciar o convívio com diferentes turmas.

 

4. Reduz o estresse e a ansiedade

Encará-la como um bem para a saúde e, principalmente, para a convivência e manutenção das emoções, pode tornar a prática de atividades físicas mais leves e até levar a outros esportes pelo caminho, sempre focando no bem-estar.

 

5. Estimula à descoberta de habilidades

Para alcançar todos esses ganhos por meio do esporte, é fundamental que crianças e jovens encontrem atividades que sejam significativas para eles. É necessário que o esporte ou exercício escolhido faça sentido para esse aluno, que atenda suas expectativas. Às vezes, caminhar, ir à academia, correr ou dançar, por exemplo, pode funcionar melhor do que praticar uma modalidade específica.

 

Fonte: https://saude.ig.com.br/parceiros/edicase/2024-02-23/5-beneficios-do-esporte-para-a-saude-mental-das-criancas.html - Por Thaís Aidar - Imagem: Ground Picture | Shutterstock


"Ninguém pode servir a dois senhores; pois odiará um e amará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Vocês não podem servir a Deus e ao Dinheiro.” (Mateus 6:24)


quinta-feira, 22 de julho de 2021

Vocação: Como ajudar os jovens a mirar em uma carreira de forma realista


Cabeça nas estrelas e pés no chão

 

Quando se trata das aspirações profissionais entre os adolescentes, é melhor nas estrelas, para que eles possam talvez pousar na Lua.

 

A verdade é que as estrelas podem ser inatingíveis, então o trabalho dos sonhos do jovem pode permanecer inalcançável, sendo razoável esperar que ele acabe no lugar melhor possível.

 

Este é o conselho do professor Kevin Hoff, da Universidade de Houston (EUA), cujo trabalho está revelando a existência de discrepâncias importantes entre os empregos dos sonhos dos jovens e a realidade profissional.

 

"Quase 50% dos adolescentes aspiravam a carreiras investigativas ou artísticas, que juntas representam apenas 8% do mercado de trabalho," conta ele, salientando que "empregos investigativos" são aqueles no campo das ciências e das pesquisas.

 

O levantamento de Hoff incluiu compilar os níveis de risco de automação, os requisitos educacionais e os interesses vocacionais, ou aspirações de carreira, dos jovens.

 

"Os resultados revelaram que a maioria dos adolescentes aspirava a carreiras com baixo potencial de automação. No entanto, apareceram grandes discrepâncias entre as aspirações dos adolescentes e o número de vagas disponíveis no mercado de trabalho," detalhou o pesquisador.

 

Vocações para meninas e meninos

 

Para as meninas, as aspirações mais populares eram se tornar médicas, veterinárias, professoras e enfermeiras. Ser médica era mais popular no início da adolescência (representando cerca de 12% de todas as aspirações femininas aos 13-15 anos), enquanto ser veterinária, professora ou enfermeira eram mais populares no final da adolescência (16-18 anos).

 

Para os meninos, ser um atleta foi esmagadoramente a aspiração mais popular durante o início da adolescência (respondendo por 22-32% das aspirações masculinas aos 13-15 anos), mas se tornou menos popular no final da adolescência (respondendo por 5-13% dos 16-18 anos).

 

"Tanto homens quanto mulheres mostraram um padrão semelhante de crescente variabilidade em suas aspirações de carreira com a idade, indicando objetivos de carreira mais diversos," disse Hoff.

 

Sonhos versus realidade

 

Na verdade, a realidade pode ter-se imposto. Por exemplo, a maioria dos meninos que queriam ser atletas profissionais aos 13 anos mudaram de ideia aos 18, quando seus talentos esportivos já eram claros, o que os fez aspirar a empregos mais acessíveis.

 

Assim, para Hoff, uma das maneiras mais importantes de ajudar os adolescentes a encontrar metas de carreira ambiciosas, mas realistas, é expondo-as a uma variedade de tipos de carreira que eles não veriam naturalmente em suas vidas diárias.

 

Segundo ele, não se deve desanimar os jovens quanto às suas pretensões, ou mesmo suas ambições, sendo necessário apenas ampliar as possibilidades para que eles tenham um bom plano de backup.

 

"É bom encorajar os estudantes a terem carreiras de prestígio, mas, à medida que envelhecem, os pais, professores ou conselheiros também devem ser verdadeiros com eles e ajudá-los a compreender quantas pessoas realmente trabalham no campo dos seus sonhos e qual a probabilidade de eles conseguirem um trabalho naquela área," disse Hoff.

 

Checagem com artigo científico:

 

Artigo: Dream Jobs and Employment Realities: How Adolescents’ Career Aspirations Compare to Labor Demands and Automation Risks

Autores: Kevin Hoff, Drake Van Egdom, Christopher Napolitano, Alexis Hanna, James Rounds

Publicação: Journal of Career Assessment

DOI: 10.1177/10690727211026183

 

Fonte: https://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=vocacao-emprego-voce-quer-versus-emprego-voce-consegue&id=14800%22 - Redação do Diário da Saúde - Imagem: AkshayaPatra Foundation/Pixabay

sábado, 23 de janeiro de 2021

Estudos alertam para consumo excessivo de álcool por jovens na pandemia


Tendência ocorre em todas as idades, mas aumento do consumo entre jovens e adolescentes oferece ainda mais riscos e requer atenção dos pais

 

Consumo de bebidas alcóolicas aumentou entre jovens

Levantamentos realizados após o início da pandemia em diferentes países reforçam um alerta sobre a saúde mental e física de jovens e adolescentes. O consumo precoce e excessivo de álcool , que já preocupava profissionais de saúde, intensificou-se durante o período.

 

De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), 35% dos entrevistados adultos, com idades entre 30 e 39 anos, aumentaram a frequência de consumo alcoólico em grandes quantidades. Entre adolescentes, porém, o risco é ainda maior: no Canadá, o percentual de jovens que consumiam álcool dentro de casa passou de 20,6% para 30,1% no período atual, indicando uma mudança de hábitos nociva especialmente na fase de desenvolvimento.

 

De acordo com o psiquiatra e coordenador do Núcleo de Álcool e Drogas do Hospital Sírio-Libanês, Arthur Guerra, a realidade pode ser facilmente percebida no Brasil, onde quase 40% das crianças tem o primeiro contato com as bebidas desse tipo aos 13 anos, como aponta o Manual de Orientação sobre Bebidas Alcoólicas.

 

“Os jovens têm deixado de lado um comportamento chamado de beber pesado episódico (BPE), que é o consumo nocivo de grande quantidade de álcool em uma única ocasião. Mas isso não é motivo para comemorar já que a frequência tem crescido em uma idade tão precoce", destaca o profissional de saúde.

 

Embora ofereça riscos à saúde de pessoas em qualquer idade, o consumo de bebidas alcoólicas é ainda mais prejudicial durante a adolescência já que, além da interferência nociva ao desenvolvimento cerebral, a fase é mais suscetível à  dependência , conforme mostra a pesquisa realizada pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), que aponta 22% dos jovens sob o risco de alcoolismo. 

 

O psiquiatra Arthur Guerra também destaca que os efeitos - mesmo os imediatos - do alcóol são prejudiciais à saúde mental , especialmente durante a pandemia. “Apesar de a maioria das pessoas atribuírem a sensação de relaxamento ao consumo de álcool, ele intensifica sentimentos como medo e ansiedade, além da depressão . Isso contribui de forma negativa para a saúde mental daqueles que estão cumprindo o distanciamento social, tornando tudo mais difícil”, finaliza.

 

Link deste artigo: https://saude.ig.com.br/2021-01-21/estudos-alertam-para-consumo-excessivo-de-alcool-por-jovens-na-pandemia.html

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Idosos mais joviais: Funções físicas e cognitivas melhoraram em 30 anos


Embora há apenas 10 anos se indicasse que as pessoas passavam mais anos doentes ao envelhecer, agora os dados indicam que estamos vivendo mais e mais saudáveis.

 

Idade com saúde

 

A capacidade funcional dos idosos de hoje é melhor quando comparada com a de pessoas da mesma idade de três décadas atrás.

 

Pesquisadores compararam o desempenho físico e cognitivo de pessoas entre 75 e 80 anos com os mesmos indicadores das pessoas da mesma idade na década de 1990.

 

"As medições baseadas no desempenho descrevem como os idosos lidam com sua vida diária e, ao mesmo tempo, as medições refletem a idade funcional de uma pessoa," explicou a professora Taina Rantanen, da Universidade de Jyvaskyla (Finlândia).

 

Entre homens e mulheres com idades entre 75 e 80 anos, a força muscular, a velocidade de caminhada, a velocidade de reação, a fluência verbal, o raciocínio e a memória de trabalho mostraram-se significativamente melhores do que em pessoas que tinham a mesma idade em 1990.

 

Nos testes de função pulmonar, no entanto, não foram observadas diferenças entre os dois grupos.

 

"A maior atividade física e o aumento do tamanho corporal explicaram a melhor velocidade de caminhada e força muscular entre a coorte nascida mais tarde, enquanto o fator subjacente mais importante por trás das diferenças da coorte no desempenho cognitivo foi a educação mais longa," disse a pesquisadora Kaisa Koivunen.

 

Meia-idade mais longa

 

Os resultados sugerem que o aumento da expectativa de vida tem sido acompanhado por um aumento do número de anos vividos com boa capacidade funcional.

 

Segundo a equipe, isso pode ser explicado por uma taxa de mudança mais lenta com o aumento da idade, um desempenho físico melhor mais duradouro ou uma combinação dos dois.

 

"Os resultados sugerem que nossa compreensão da velhice está antiquada. Do ponto de vista de um pesquisador do envelhecimento, mais anos são adicionados à meia-idade, e não tanto ao fim da vida. O aumento da expectativa de vida nos fornece mais anos sem deficiência, mas, ao mesmo tempo, os últimos anos de vida chegam em idades cada vez maiores, aumentando a necessidade de cuidados. Entre a população que está envelhecendo, duas mudanças simultâneas estão ocorrendo: a continuação dos anos saudáveis até idades mais elevadas e um aumento do número de pessoas muito velhas que precisam de cuidados externos," disse Rantanen.

 

Fonte: https://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=idosos-mais-joviais-funcoes-fisicas-cognitivas-melhoraram-30-anos&id=14351&nl=nlds - Redação do Diário da Saúde - Imagem: Marg/Wikimedia

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A ameaça do infarto em adultos jovens


O número de ataques cardíacos em pessoas com menos de 30 anos cresceu 13% no Brasil. Como prevenir esse problema?

No início de setembro, Danilo Feliciano de Morais se sentiu mal durante uma partida de futebol com os amigos. O filho do ex-jogador Cafu, capitão do pentacampeonato do Brasil na Copa do Mundo de 2002, não resistiu. Morreu de infarto aos 30 anos, uma tragédia que provocou comoção e também chamou a atenção para um problema cada vez mais comum: os ataques do coração em adultos jovens.

Embora eles ainda figurem no imaginário como algo que afeta só gente de meia-idade ou com os cabelos brancos, avançam com força na moçada. Um estudo apresentado no último encontro do Colégio Americano de Cardiologia revela que, apesar de o número de infartos ter se estabilizado entre os americanos mais velhos, a incidência vem se ampliando 2% ao ano entre cidadãos com 40 anos ou menos.

A situação é parecida entre os brasileiros. Segundo o Ministério da Saúde, de 2013 pra cá os episódios de infarto entre adultos com até 30 anos subiram 13%. “Isso reflete o aumento de hábitos não saudáveis que colocam em risco a vida de pessoas nessa faixa etária”, avalia o médico Roberto Kalil Filho, diretor do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. “Estresse, obesidade, diabetes, tabagismo, hipertensão e colesterol fora de controle, além do histórico familiar, são fatores cada vez mais prevalentes e apontados como os grandes responsáveis pelo aumento das estatísticas”, enumera ele, que também comanda o Instituto do Coração (InCor), em São Paulo.

Os genes e algumas peculiaridades biológicas ainda entram em jogo. Como no caso de Danilo, que praticava esporte quando sofreu o ataque, muitas vezes o comprometimento cardiovascular só se revela na hora do próprio infarto. “Uma parte significativa dos episódios em jovens acontece a partir de entupimentos que até momentos antes não eram significativos, as chamadas placas rasas, que geram um coágulo capaz de obstruir uma artéria do coração”, explica José Knopfholz, professor de cardiologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. “Nessas ocasiões, às vezes o primeiro sintoma é o próprio infarto”, lamenta.

Para evitar um desastre desses, ficar atento a antecedentes familiares (avós, pais ou irmãos que infartaram mais cedo), ter acompanhamento médico e buscar um estilo de vida equilibrado compõem um roteiro básico. Tem que se alimentar direito, fazer exercícios, não fumar nenhum tipo de cigarro… “O tabagismo leva a um risco até cinco vezes maior de ter um infarto”, ressalta o cardiologista Leopoldo Piegas, do Hospital do Coração, em São Paulo.

Fatores de risco para o infarto antes dos 40 anos

Sedentarismo, dieta desregulada e obesidade (em alta no Brasil) semeiam o terreno para entupimentos nos vasos do coração.
A hipertensão não costuma dar sinais e causa danos nas artérias coronárias e cerebrais, abrindo caminho a ataque cardíaco e AVC.
Cerca de 15% dos casos de infarto estão ligados a crises de estresse, capazes de levar a picos de pressão e ao colapso do músculo cardíaco.
A herança genética pode favorecer colesterol nas alturas e outros elementos que contribuem para a ocorrência de infartos precoces.

Como surge um infarto

Você já deve ter ouvido por aí que o infarto em jovens é mais grave, não? Um papo de que, com a idade, o coração se prepararia melhor para futuros sustos… Isso se deve à história de que os mais velhos teriam mais circulação colateral, vasos sanguíneos que se desenvolvem ao redor do músculo cardíaco para supri-lo — se uma artéria importante ficasse entupida, o problema seria compensado pelo aporte de sangue fornecido pelos outros caninhos.

Pois bem: uma revisão de estudos feita por cientistas suíços atesta que a circulação colateral pode, sim, ser decisiva para o desfecho de um infarto, mas a idade não teria influência sobre esse fenômeno. “A circulação colateral pode evitar uma morte súbita em decorrência do ataque cardíaco, fazendo com que a pessoa tenha uma chance de ir ao hospital em caso de emergência”, explica Knopfholz.

“Só que ela não é maior ou menor no jovem, uma vez que é determinada geneticamente”, esclarece o cardiologista Bruno Caramelli, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Por falar em herança genética, ela tanto pode proteger como elevar a propensão a um infarto precoce. “Filhos de pais hipertensos ou que já tiveram AVC correm um risco 50% maior”, calcula Oscar Dutra, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Algumas condições determinadas pelo DNA, como a hipercolesterolemia familiar (que faz disparar os níveis de colesterol), também tornam mais árduo o destino do coração — daí a importância de diagnosticar e tratar corretamente quanto antes.

A despeito dos genes, a prevenção não deve esperar sintomas, até porque a formação das placas que entopem os vasos do coração é um processo silencioso. Mas o fato é que fatalidades como a de Danilo despertam a preocupação com o tema e a saúde de cada um, como o InCor já tinha observado em 2006 após a morte do humorista Bussunda, do Casseta & Planeta.

Nos dias seguintes à notícia, houve aumento no número de pessoas atendidas na emergência cardiológica do hospital. Os pacientes tinham, em média, 43 anos, a idade de Bussunda ao falecer. “As pessoas lembram que precisam se cuidar quando veem algo ocorrer com alguém famoso”, nota Caramelli, que liderou esse levantamento no InCor.

O combate à doença cardiovascular, a bem da verdade, precisa começar antes mesmo do nascimento. Já está comprovado que um ambiente intrauterino desfavorável eleva a probabilidade de hipertensão, colesterol alto, obesidade e diabetes lá na frente. Com base nisso, a SBC recomenda que os cuidados se iniciem no pré-natal e percorram a primeira infância e a adolescência — as placas de gordura já podem se depositar nas artérias das crianças.

Nesse sentido, além das consultas e do check-up com o pediatra, cabe estimular prática de atividade física, alimentação balanceada, controle do peso, boas noites de sono… “A ideia de que a prevenção começa aos 40 anos é coisa do passado. Tem de começar antes do nascimento e se estender ao longo da vida”, defende Caramelli.

Projetos como o SBC Vai à Escola, que pretende levar educação sobre o assunto a mais de 60 mil alunos de 6 a 18 anos de 210 escolas públicas de São Paulo, buscam justamente mudar esse paradigma de cuidados. E incentivar que não só os mais jovens, mas toda a família, se protejam de uma das maiores causas de morte no planeta.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/a-ameaca-do-infarto-em-adultos-jovens/ - Por Maurício Brum, Juan Ortiz e Sílvia Lisboa - Ilustração: Victor Beuren/SAÚDE é Vital

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Excesso de TV e redes sociais pode causar ansiedade em jovens, diz estudo


Por outro lado, a mesma pesquisa indica que maneirar no tempo gasto em frente às telas parece melhorar a saúde mental dos adolescentes

Passar horas nas redes sociais ou maratonando uma série virou quase uma regra entre os adolescentes de hoje — e entre adultos também, vale dizer. Só que o exagero pode causar danos à saúde mental, como indicam vários estudos. Um dos mais recentes, publicado no Canadian Journal of Psychiatry, aponta que o ato de passar muito tempo em frente às telas está relacionado a um crescimento da ansiedade em jovens.

A pesquisa acompanhou, por quatro anos, 3 826 voluntários entre 12 e 16 anos. Anualmente, eles reportavam quanto usavam celular, televisão, videogame e computador. A turma respondia ainda um questionário sobre os próprios sintomas de ansiedade (como se sentir tenso ou ficar subitamente apavorado sem motivo).

Com todas essas informações em mãos, os cientistas descobriram que, quando os adolescentes aumentavam em uma hora o tempo médio gasto mexendo nas redes sociais no celular, usando o computador ou vendo TV, também começavam a relatar mais quadros de ansiedade. Esse fenômeno não foi observado com os videogames e não parece ser duradouro.

A moderação afasta a ansiedade
Como a análise levou em conta as mudanças de comportamento ano a ano, os pesquisadores conseguiram perceber que, na contramão, reduções no uso de telas estavam associadas a menos tensão. Os especialistas por trás do artigo já tinham feito um experimento com resultados parecidos, mas avaliando indícios de depressão.

“Os estudos mostram como prevenir e reduzir sintomas de ansiedade regulando o tempo em frente às telas digitais”, disse à imprensa Patricia Conrod, psiquiatra da Universidade de Montreal e líder do trabalho.

Telas digitais e saúde mental
A pesquisa canadense considerou outros fatores de risco que deixariam o jovem vulnerável à ansiedade, como situação socioeconômica e gênero. Ainda assim, as telas se mostraram mais relevantes do que esses pontos.

A ciência agora precisa se aprofundar nos motivos por trás desse elo. Por exemplo: não se sabe se celular, televisão e computador prejudicam a mente por si sós, ou se as pessoas que recorrem mais a eles têm algum quadro não diagnosticado.

De qualquer maneira, há outras ameaças para o bem-estar quando aparelhos eletrônicos como esses dominam a vida. Nas crianças, suspeita-se de prejuízo no desenvolvimento motor, cognitivo e emocional.

Já nos adultos, a ansiedade e o estresse também dariam as caras com maior frequência. Use com moderação.

Fonte: https://saude.abril.com.br/familia/excesso-de-tv-e-redes-sociais-pode-causar-ansiedade-em-jovens-diz-estudo/ - Por Chloé Pinheiro - Ilustração: Henri Campeã/SAÚDE é Vital

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Adolescentes: como está a alimentação dos jovens no Brasil?


O prato dos adolescentes anda cada vez mais desequilibrado, deixando-os na mira de doenças da pesada. Veja como alterar o rumo dessa história

Estudo brasileiro revela que 84% dos adolescentes abusam do sódio, mineral cujo excesso faz a pressão arterial decolar

Na adolescência, há indícios de que mudanças no cérebro são responsáveis por deixar os jovens destemidos. Pois a coragem típica dessa fase parece sumir na hora das refeições, quando uma folha de alface gera mais pavor do que escalar uma árvore. Pelo menos é o que dá para presumir a partir de dados divulgados nos últimos tempos, como um grande levantamento feito com 75 mil brasileiros de 12 a 17 anos, em escolas públicas e privadas. O estudo, batizado com a sigla Erica, revela que apenas um em cada três adolescentes coloca salada no prato. Pior: só um em cinco ingere pelo menos uma fruta ao dia.

Os profissionais de saúde enfrentam as consequências dos maus hábitos no dia a dia. “Entre crianças e adolescentes, a incidência de obesidade cresce exponencialmente, e em todas as classe sociais”, afirma Renato Zilli, endocrinologista do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. “Há 40 anos, atendíamos um adolescente obeso a cada 100. Hoje, são de seis a oito”, estima.

Números da Organização Mundial da Saúde refletem essa realidade. Em 1975, calcula-se que 11 milhões de adolescentes eram obesos. Em 2016, o número saltou para 124 milhões.

A infância é um período determinante na aquisição de hábitos à mesa. Mas mesmo aquela criança que venerava brócolis pode virar o adolescente que rejeita qualquer vegetal. Não há uma explicação biológica para isso, mas, sim, comportamental: é nessa fase da vida que os filhos ganham mais independência, fazem refeições longe dos pais e recebem dinheiro para escolher o que vão comer.

Sem falar na influência dos amigos. Quem vai optar por salada quando a turma toda vai de fast-food? Por isso é essencial manter o equilíbrio nas refeições em família”, diz a nutricionista Renata Faria Amorim, da All Clinik, no Rio de Janeiro.

A profissional alerta sobre o papel da escola nesse cenário. Mesmo que as cantinas não possam vender tranqueiras — alguns estados têm leis para regulamentar isso —, biscoitos, doces e bebidas açucaradas são as estrelas nos intervalos. E proibir não é solução definitiva.

Uma pesquisa feita pela marca Capricho e pela área de Inteligência de Mercado do Grupo Abril, com 1 724 garotas — 1 046 delas com 14 a 17 anos —, mostra que 34% não resistem a um docinho. Elas poderiam sucumbir menos a essas gulodices caso tivessem aulas que ensinassem por que outras opções são mais vantajosas, por exemplo. “É preciso conscientizar”, resume Adriano Segal, diretor de Psiquiatria e Transtornos Alimentares da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso).

Hábitos preocupantes dos jovens, registrados em novos estudos
Prato sem cor: menos de 40% dos jovens incluem verduras e hortaliças nas refeições, que acabam pobres em micronutrientes e ricas em carboidratos e gordura.
Doçura demais: enquanto 40% dos jovens comem algum doce todo dia, menos de 20% ingerem frutas, que têm açúcar natural, vitaminas, minerais e fibras.
Energia poupada: só três em cada dez brasileiros entre 10 e 18 anos não são sedentários — isto é, fazem uma hora de atividade física cinco dias por semana.

Pais de castigo?
Mas é em casa que está o principal gargalo. Inclusive, para os experts, é quase impossível falar da dieta dos adolescentes sem dar um puxão de orelha nos adultos.
“A maioria dos pais tem dificuldade em reconhecer as deficiências alimentares dos filhos porque eles próprios apresentam esses maus hábitos. Só que não os percebem como um problema”, analisa Julia Bittencourt, psicóloga especialista em terapia familiar, no Rio de Janeiro.
Há outro empecilho que está literalmente em nossas mãos: celulares. As horas ativas dos adolescentes não param de despencar, já que as atividades físicas foram substituídas por jogos e interações nos smartphones.
Mesmo que os pais enxerguem essas questões, não adianta somente tentar mudar o adolescente: é necessário dar o exemplo. Toda a família deve se propor a ingerir menos industrializados e mais vegetais, além de criar horários fixos para as refeições (nada de comer só quando a fome bater ou na frente da TV).
A programação completa inclui passeios que agitem o corpo, como uma ida ao parque no fim de semana. “Isso é muito mais efetivo para combater a obesidade do que apenas proibir o consumo de alguns itens”, garante Segal.
Quanto mais cedo a família se unir em torno dessa agenda saudável, melhor. “É logo no início da puberdade que o corpo, em transformação, refaz sua disposição de adipócitos, as células acumuladoras de gordura. Por isso, o sobrepeso e a obesidade nessa fase geram dificuldade para emagrecer ao longo de toda a vida”, alerta a endocrinologista Isabela Bussade, do Rio de Janeiro.

O que precisa aparecer menos na alimentação da moçada
Ultraprocessados e fast-food: biscoitos, bolinhos prontos, macarrão instantâneo, chips… Esses itens são lotados de sódio, açúcar, gorduras, aditivos, e por aí vai. Quanto menos deles, melhor. Pizza e hambúrguer também devem ficar para ocasiões pontuais — e não para o dia a dia.
Doces: eles causam picos de açúcar no sangue e, por isso, o excesso eleva o risco de diabetes. “Deixe os doces para o fim de semana e, sempre que possível, prefira os de frutas. Chocolate amargo também é uma boa opção”, ensina Samanta Brito, nutricionista da Estima Nutrição, em São Paulo.
Bebidas açucaradas: muitos pais caem na pegadinha de cortar o refrigerante e liberar sucos e chás de caixinha. Só que esses líquidos também podem reunir boas doses de açúcar. Não dá para beber de forma desenfreada. Chás feitos com ervas e frutas in natura são escolhas mais acertadas.

O que os adolescentes devem comer com frequência
Comida caseira: nessa fase, proteínas de alta qualidade e micronutrientes são determinantes para o desenvolvimento da molecada. “Não há nada como arroz, feijão e uma grande variedade de vegetais para suprir essa necessidade”, avisa Cátia Ruthner, nutricionista do W Spa, no Rio de Janeiro.
Frutas: ignoradas pelos jovens, elas são abastecidas de fibras, vitaminas e minerais. “Introduza aos poucos. Vale até vitamina e suco natural”, sugere Samanta. O melhor cenário, porém, é o do consumo do alimento em sua forma original. Que tal uma bela salada de frutas turbinada com aveia ou sementes?
Água: a falta do líquido (puro, e não dentro de refris e afins) abala várias funções do organismo. Se o adolescente toma pouca água, incentive o hábito de ter sempre uma garrafinha por perto. Tudo bem saborizá-la com pedaços de limão, abacaxi, laranja, canela, gengibre e folhas de hortelã.

Magreza não é sinônimo de saúde
Que fique claro: a luta com a balança não deve ter motivação estética. As doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes, já são as principais causas de morte na população brasileira — e elas têm íntima relação com a obesidade.
“Com o estudo Erica, pudemos perceber que esses quadros têm início na infância e na adolescência”, observa a nutricionista Amanda de Moura, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Iesc) da Universidade Federal do Rio de Janeiro e uma das responsáveis pelo levantamento.
Mas o peso está longe de ser o único indicativo de saúde. Sabe aquele adolescente que come só porcaria e é magrinho? Pois ele não está isento de riscos. “Esse jovem pode esconder um acúmulo de gordura nos órgãos”, avisa Isabela.
Fora que o consumo excessivo de açúcares e gorduras causa um desgaste no pâncreas e em outros cantos desde muito cedo. “Cerca de metade das crianças com colesterol ou triglicérides elevados terá doença cardíaca na vida adulta”, alerta Zilli. A hora de mudar esse futuro é agora.

Não há um corpo ideal – e focar nisso é um perigo
Na pesquisa da Capricho, 36% das garotas de até 14 anos relataram já ter encarado o jejum intermitente. E 76% fizeram, fazem ou pretendem fazer dieta para emagrecer. “Qual padrão de beleza é esse que deixa mais de 70% das nossas meninas desconfortáveis com a própria imagem?”, questiona Gabriela Malzyner, psicóloga da Clínica de Estudos e Pesquisas em Psicanálise da Anorexia e Bulimia, em São Paulo.
Ela defende a conscientização de que ser saudável não significa ter um certo formato de corpo. “A dieta não pode gerar insatisfação corporal constante nem isolamento social”, frisa. Até porque isso abre brecha para transtornos sérios, capazes de abalar a saúde e a qualidade de vida dos jovens.

Fonte: https://saude.abril.com.br/familia/adolescentes-como-esta-a-alimentacao-dos-jovens-no-brasil/ -  Por Manuela Biz - Ilustração: Davi Augusto/SAÚDE é Vital

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Pesquisas indicam que a academia faz bem para os adolescentes


A musculação deixou de ser vista como inimiga da saúde dos jovens para se tornar uma aliada do crescimento. Ela protege até contra o diabete e outros males

Quando supervisionada por educadores físicos qualificados, a musculação ajuda no desenvolvimento saudável dos jovens.

Dois paradigmas com relação aos adolescentes foram quebrados. O primeiro é o de que problemas como diabete tipo 2, colesterol alto e hipertensão quase nunca atormentariam meninos e meninas. O segundo é o de que essa população não deveria nem pensar em levantar peso. “Hoje, muitos jovens obesos e sedentários chegam ao consultório com sinais dessas doenças”, diz Maurício de Souza Lima, hebiatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo. “Uma das alternativas para evitá-las ou ao menos controlá-las é justamente os enviar à academia”, sentencia.

Um estudo da Universidade de Granada, na Espanha, confirma o efeito benéfico dos exercícios de força na prevenção do diabete. Após avaliar 1 053 voluntários entre 12 e 18 anos, os cientistas descobriram que músculos bem condicionados facilitam o trabalho da insulina, a responsável por tirar açúcar da circulação e colocá-lo dentro das células. Já braços e pernas fracos não raro vêm acompanhados de certo grau de resistência ao hormônio, indicativo de que a enfermidade está à espreita. “A massa muscular consome bastante combustível. Isso, fora diminuir as taxas de glicose, melhora a ação da insulina”, explica o educador físico David Jiménez Pavón, autor do artigo.

Em outro levantamento, o mesmo especialista revelou que bíceps, tríceps e companhia em forma estão associados a um bom funcionamento da leptina no corpo da garotada. “Essa substância regula o apetite. Portanto, ao menos em teoria, os treinos de força podem ajudar adolescentes a não comer além da conta”, arremata Jiménez Pavón. Uma vantagem muito bem-vinda, principalmente quando se considera que, segundo a mais recente pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), do Ministério da Saúde, 47% dos brasileiros entre os 12 e os 18 anos sofrem com sobrepeso.

A malhação já foi acusada de deixar a molecada baixinha. E isso até acontece, mas não por causa dos movimentos em si, e sim devido a uma intensidade elevada demais. “O excesso de carga, não importa o tipo de atividade, causa microtraumas nos ossos, o que pode interromper o crescimento ou provocar deformações”, avisa Vinícius de Mathias Martins, ortopedista do Hospital São Luiz, na capital paulista. “Sem contar que um corpo ainda imaturo fica especialmente sujeito a lesões se submetido a atividades pesadas”, completa Isabel Salles, fisiatra e coordenadora do Serviço de Reabilitação do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Quando supervisionada por educadores físicos qualificados, a musculação ajuda no desenvolvimento saudável dessa turma. Tanto que a Academia Americana de Pediatria atesta que inclusive pré-adolescentes – se gostarem da modalidade, estiverem amadurecendo sem problemas e forem avaliados por um médico – podem frequentar as salas de ginástica. “Isso não quer dizer que eles precisem levantar peso. O importante é não ficarem parados. Vale pular corda, jogar bola, escalar árvore…”, ressalta Maurício de Souza Lima.

Os exercícios resistidos, na medida ideal, acarretam benesses para o esqueleto que se estendem à vida adulta. “Essas atividades aumentam a densidade óssea, diminuindo o risco de, no futuro, o indivíduo ter osteoporose”, ensina Christiano Bertoldo Urtado, fisiologista da Unicamp. Isso sem falar que deixam a musculatura equilibrada, trazendo uma melhor coordenação e afastando as contusões.

Só fique de olho se o adolescente vai à academia pelas razões certas – ou seja, pelo bem-estar e por se divertir com outras pessoas. Dar muita atenção à estética, nessa fase, costuma terminar em exageros que, como você viu, não fazem nada bem. E, de quebra, contribui para disseminar o conceito errado de que a musculação sabota o desenvolvimento. Muito pelo contrário.

Recomendações para a garotada

· Nunca realizar exercícios de hipertrofia (poucas repetições e muita carga)

· Fazer os movimentos sem peso até dominar a técnica de cada um deles

· Treinar no máximo três vezes por semana

· Ajustar os equipamentos para o tamanho do jovem

· Incluir atividades aeróbicas, como a corrida

Atenção: atividades intensas em geral comprometem o processo de alongamento dos ossos, o que provoca deformidades e problemas de crescimento

Fonte: https://saude.abril.com.br/bem-estar/pesquisas-indicam-que-a-academia-faz-bem-para-os-adolescentes/ - Por Redação M de Mulher - Reportagem: Theo Ruprecht / Edição: MdeMulher - Foto: Getty Images

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Exercícios físicos melhoram raciocínio de pessoas a partir dos 20 anos


Até então a ciência só sabia que existia esse tipo de benefício para os idosos

Você já deve ter ouvido falar que a prática de exercícios físicos faz bem para o cérebro dos idosos – inúmeros estudos já mostraram isso. Agora, a novidade é que o raciocínio dos jovens também pode se beneficiar, segundo comprovou uma nova pesquisa científica.

O conjunto de habilidades de pensamento que melhoraram com o exercício é chamado de função executiva. Trata-se da capacidade pessoal de regular seu próprio comportamento, prestar atenção, se organizar e atingir metas.

O estudo da Universidade Columbia (EUA) envolveu 132 pessoas entre 20 e 67 anos que não se exercitavam rotineiramente. Durante seis meses, elas passaram a fazer atividades físicas quatro vezes por semana e foram acompanhadas de perto pelos pesquisadores. As habilidades de pensamento dos participantes foram avaliadas ao longo desse período. 

Os cientistas descobriram que o exercício aeróbico foi capaz de melhorar o raciocínio no geral – o que se comprovou com a aplicação de testes. “Também descobrimos que os exercícios ajudam a aumentar a espessura de uma camada externa do cérebro de todas as pessoas. Nosso estudo confirma que atividade aeróbica é benéfica para o raciocínio de adultos de todas as idades”,  disse ao site Science Daily Yaakov Stern, pesquisador da Universidade Columbia.


sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Adolescentes que fumam e bebem já podem ter problemas nas artérias


Não é preciso enfiar o pé na jaca ao longo da vida inteira para ter problemas graves. Estudo revela que álcool e tabagismo podem afetar o sistema cardiovascular já a partir dos 13 anos de idade

Não há dose segura de álcool – nem idade em que a bebida não seja prejudicial. E o mesmo vale para o cigarro. Essa é a conclusão de uma pesquisa da Universidade College London, na Inglaterra, publicada no periódico European Heart Journal.

Ao analisar 1.266 adolescentes, os cientistas perceberam que as artérias de jovens que têm o hábito de fumar e beber já apresentam sinais de enrijecimento, algo que só costuma acontecer a partir dos 40 anos. A longo prazo, artérias mais duras – condição conhecida como aterosclerose – prejudicam a circulação sanguínea e aumentam o risco de infarto e derrame, por exemplo.

O trabalho foi feito com meninos e meninas de 13, 15 e 17 anos de idade, que passaram por exames para avaliar como estava o funcionamento de suas artérias e também responderam a questionários sobre quantos cigarros já haviam fumado na vida e a frequência com que consumiam álcool.

Os participantes foram divididos em grupos, de acordo com o modo como usavam as duas drogas. Em relação ao fumo, aqueles que haviam tragado até 20 cigarros ao longo da vida ficaram na turma de baixa intensidade; quem já tinha consumido entre 20 e 99 cigarros foi classificado como moderado; e os que já haviam ultrapassado a marca de 100 cigarros foram considerados usuários de alta intensidade. Esses últimos apresentaram um risco 3,7% maior de enrijecimento das artérias em relação à turma que fumou pouco.

Quanto ao álcool, os voluntários foram agrupados de acordo com a quantidade de bebida que ingeriam nos dias em que saíam com os amigos. Entornar mais de 10 drinques foi considerado um consumo intenso; entre três e nove, moderado; e menos de dois, baixo. A galera que pegava mais pesado na bebida tinha uma probabilidade 4,7% maior de desenvolver o problema cardiovascular. Mais: entre aqueles que abusavam do álcool e do cigarro, esse risco subia para 10,8%.

A boa notícia é que o quadro pode ser reversível. “Vimos que, se os adolescentes param de fumar e beber, suas artérias tendem a voltar ao normal”, relata John Deanfield, líder da investigação, em nota divulgada à imprensa.

Os autores alertam ainda que a idade em que os jovens começam a consumir cigarro e álcool não importa – os efeitos são os mesmos aos 13 ou aos 17 anos. Para Marietta Charakida, que também conduziu a pesquisa, os governantes têm um papel fundamental em cuidar da saúde dessas pessoas. “Precisamos implementar estratégias educacionais eficientes, já na infância, para desestimular os adolescentes a fumar e beber”, opina.

No Brasil
Por aqui, 1,8 milhão de adolescentes brasileiros de 12 a 17 anos assumem que já fumaram pelo menos um cigarro, o que representa 18,5% das pessoas dessa faixa etária. O dado, divulgado no início de 2018, é do Erica – Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes, conduzido pelo Ministério da Saúde em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e outras instituições estrangeiras. Apesar de esse número ser alto, ele mostra que o hábito está caindo entre os jovens – em 2009, 24% assumiam já terem tragado ao menos uma vez, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em relação ao álcool, a tendência é inversa: 1,5 milhão de adolescentes de 13 ou 14 anos confessam já ter experimentado alguma bebida, de acordo a pesquisa do IBGE. Esse montante representa 55% dos alunos do 9º ano do ensino fundamental – índice 5% maior do que a mesma pesquisa havia apontado em 2012.


sábado, 9 de junho de 2018

Fortes, mas em risco: o perigo dos suplementos alimentares para os jovens


Esses produtos seduzem jovens com a promessa de acelerarem o ganho de massa muscular. Só que o uso por conta própria pode ter consequências sérias à saúde

Adolescentes, ainda mais os nascidos na era digital, querem tudo para ontem. Não é à toa que muitos deles desejam trocar o corpo infantil por uma versão mais musculosa ou definida no menor prazo possível. Pisando na academia, eles são público fácil para os suplementos esportivos, especialmente aqueles que aumentam a massa muscular, caso de whey protein, BCAA e creatina.

“Percebo nas consultas que é muito grande a demanda por esse tipo de produto. O adolescente é invariavelmente vaidoso e quer ficar forte logo”, observa a pediatra Mônica Moretzsohn, do Departamento Científico de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Estudos recentes endossam a constatação da médica. Uma pesquisa realizada em Fortaleza com 85 frequentadores de academia de 18 a 58 anos mostrou que gente abaixo dos 30 é a que mais recorre a suplementos. Quanto mais jovem, maior o apelo da categoria. Mas o que deixa mesmo os especialistas de cabelo em pé é o uso dessas substâncias por conta própria – sendo que, em geral, elas são indicadas a atletas.

Outro levantamento, este feito com 30 adolescentes de Campo Mourão, no Paraná, revelou que um terço deles ingeria suplementos sem orientação. Só 10% ouviram um médico ou nutricionista. O fenômeno, claro, não se restringe ao Brasil. Na Eslovênia, cientistas da Universidade de Liubliana, a mais antiga do país, identificaram um cenário parecido ao avaliar 1 500 jovens de 14 a 19 anos. Dos adeptos da suplementação, 40% não eram acompanhados por profissionais de saúde. Detalhe: 30% se aconselhavam com familiares.

“Sem consultar um especialista, o adolescente pode ultrapassar a dose recomendada e combinar substâncias que interagem entre si”, alerta a pediatra Flavia Meyer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O estudo paranaense chegou a apontar um dos efeitos desse consumo sem supervisão: falta de carboidratos e excesso de proteína no cardápio.

“E temos visto muitos casos de jovens internados para fazer diálise por sobrecarga dos rins em razão do abuso proteico”, conta a médica Leda Lotaif, chefe da Nefrologia do Hospital do Coração (HCor), em São Paulo. Ela ressalta que as complicações surgem em quem já possui predisposição a problemas renais – algo que praticamente ninguém sonha ter.

Pela legislação, suplementos de proteína, como o whey protein, são considerados alimentos e não remédios, o que favorece a venda e o consumo sem critério. Atenta aos riscos disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu revisar as regras na área. O objetivo é tornar o mercado mais seguro – hoje, parte dele está na ilegalidade.

“Há muita divergência de informações entre rótulos de produtos semelhantes, promessas de benefícios sem comprovação científica, itens com problemas de qualidade”, enumera Rodrigo Vargas, especialista da Gerência Geral de Alimentos da Anvisa. “Já houve casos de adição de anabolizantes em algumas marcas. Os riscos disso vão desde alterações hormonais e sexuais até cardiopatia e câncer“, alerta a médica Flavia Meyer, que é doutora em nutrição e exercício físico infantil.

Ainda que as normas fiquem mais claras, não dispensam a visita ao médico ou nutricionista. Para adolescentes, o recado é especialmente importante. Quem pula essa etapa corre o risco de apresentar um desequilíbrio nutricional, o que compromete o desenvolvimento ósseo e muscular.

Há relatos também de espinhas, dor de cabeça, insônia e até agressividade e taquicardia entre usuários dessas substâncias. Como se não bastasse, suplementos com proteína isolada contribuiriam para manifestações alérgicas. Nada disso, porém, foi estudado a fundo. “Faltam pesquisas específicas sobre os efeitos colaterais desses produtos”, diz a nutricionista Luciana Rossi, do Centro Integrado de Saúde da Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo.

Suplementação + vício por exercício, uma dobradinha perigosa
Não raro, a suplementação é ligada a outro comportamento: a dependência de exercícios físicos. E, quanto menor a idade, maior o risco de ficar fissurado nos treinos e abusar dos aceleradores da atrofia muscular. Foi o que Luciana Rossi descobriu na sua tese de doutorado, conduzida na Universidade de São Paulo (USP). Mais um ótimo motivo para prestar atenção e dar orientação à garotada.

Nessa turma, excessos de carga ou de ritmo na malhação podem acarretar lesões nos músculos e nos ossos, prejudicando inclusive o crescimento. Para ter ideia, alguns sintomas do vício em atividade física são semelhantes aos da abstinência de álcool, como alterações no padrão de sono e ansiedade. Sem falar na possibilidade de aparecimento de transtornos alimentares.

Mas, afinal, com supervisão médica, quando meninos e meninas realmente tiram proveito dos suplementos? A verdade é que esse tipo de produto só faria sentido para quem está iniciando uma carreira como atleta. “A princípio, a suplementação é contraindicada para adolescentes saudáveis que já seguem uma alimentação balanceada”, afirma Flavia.

Pois é: montar o prato com mais zelo já auxiliaria o organismo no ganho de massa muscular. Em termos de proteína, por exemplo, dois filés de frango ao dia são suficientes para quem está em fase de crescimento. “A conta é, em média, de 1 grama de proteína para cada quilo de peso. Um filé de frango tem cerca de 20 gramas do nutriente. Logo, uma porção no almoço e outra no jantar estão adequadas para um adolescente com 40 quilos”, contabiliza a pediatra Mônica, da SBP.

Ao começar os treinos, o jovem pode, com orientação, aumentar as porções e reforçar a ingestão de calorias e outros nutrientes, como carboidratos, cálcio e ferro. “Quando se fala em suplemento alimentar, há uma impressão de que ele é mais completo do que o alimento, o que nem sempre é verdade”, reforça Luciana.

Ela cita o caso do badalado whey protein. “Trata-se da proteína do leite isolada. Ou seja, a bebida em si já contém essa mesma proteína e ainda gordura, cálcio e outros componentes necessários ao organismo”, justifica. Para quem está em franco desenvolvimento, o melhor conselho a ser dado envolve bom senso, paciência e alguns copos de leite, ovos e bifes.

Passou do ponto
Segundo pesquisa da USP assinada pela nutricionista Luciana Rossi, quem utiliza suplementos alimentares tem 4,5% mais risco de se tornar dependente de exercícios físicos. Só que a obsessão por malhar ainda está atrelada a distúrbios alimentares, como anorexia ou bulimia. Para evitar esse desdobramento, veja indícios de que o gosto do adolescente por exercícios deixou de ser saudável:

– Ele vai à academia cinco vezes por semana ou mais.

– Chega a recusar viagens a locais onde não há possibilidade de puxar ferro.

– O menino ou a menina preferem malhar a se divertir com os amigos.

– Não deixa de se exercitar mesmo na presença de alguma lesão muscular.

– Demonstra desejo constante de modificar o corpo ou muita obsessão com a aparência.

Conheça os suplementos que estão em alta entre os jovens
Whey protein: Falamos da proteína do soro do leite. Tem rápida absorção e aproveitamento pelo corpo. Auxilia na formação de músculos e ossos.

BCAA: Combina três aminoácidos que formam as proteínas musculares. Não há evidências de que a ingestão sempre traga vantagens.

Creatina: Produto da transformação de aminoácidos, ajuda a reter água nas células. Daí, elas aumentam de tamanho e geram energia extra.

Cafeína: A substância que marca presença naturalmente no café é estimulante. Portanto, promete turbinar a resistência e o desempenho em exercícios intensos.

Quais são os pré-requisitos da malhação dos 12 aos 18 anos
Idade ideal: Varia. Mas o melhor é esperar o estirão de crescimento, que ocorre normalmente entre 11 e 13 anos.

Carga certa: É aquela que permite ao jovem repetir todo o movimento pelo menos umas oito ou nove vezes.

Supervisão: Um educador físico deve acompanhar a progressão de cargas, postura e execução dos exercícios.

Sem exagero: Morar na academia pode levar a lesões em músculos e ossos e prejudicar o crescimento.

Avaliação prévia: Uma ida ao médico cai bem para ver se a saúde como um todo está preparada para a malhação.

Fonte: https://saude.abril.com.br/fitness/fortes-mas-em-risco-o-perigo-dos-suplementos-alimentares-para-os-jovens/ - Por Naira Hofmeister e Sílvia Lisboa - Ilustração: Daniel Almeida/SAÚDE é Vital