Cabeça nas estrelas e pés no chão
Quando se trata das aspirações profissionais entre
os adolescentes, é melhor nas estrelas, para que eles possam talvez pousar na
Lua.
A verdade é que as estrelas podem ser inatingíveis,
então o trabalho dos sonhos do jovem pode permanecer inalcançável, sendo
razoável esperar que ele acabe no lugar melhor possível.
Este é o conselho do professor Kevin Hoff, da
Universidade de Houston (EUA), cujo trabalho está revelando a existência de
discrepâncias importantes entre os empregos dos sonhos dos jovens e a realidade
profissional.
"Quase 50% dos adolescentes aspiravam a
carreiras investigativas ou artísticas, que juntas representam apenas 8% do
mercado de trabalho," conta ele, salientando que "empregos
investigativos" são aqueles no campo das ciências e das pesquisas.
O levantamento de Hoff incluiu compilar os níveis de
risco de automação, os requisitos educacionais e os interesses vocacionais, ou
aspirações de carreira, dos jovens.
"Os resultados revelaram que a maioria dos
adolescentes aspirava a carreiras com baixo potencial de automação. No entanto,
apareceram grandes discrepâncias entre as aspirações dos adolescentes e o
número de vagas disponíveis no mercado de trabalho," detalhou o
pesquisador.
Vocações para meninas e meninos
Para as meninas, as aspirações mais populares eram
se tornar médicas, veterinárias, professoras e enfermeiras. Ser médica era mais
popular no início da adolescência (representando cerca de 12% de todas as
aspirações femininas aos 13-15 anos), enquanto ser veterinária, professora ou
enfermeira eram mais populares no final da adolescência (16-18 anos).
Para os meninos, ser um atleta foi esmagadoramente a
aspiração mais popular durante o início da adolescência (respondendo por 22-32%
das aspirações masculinas aos 13-15 anos), mas se tornou menos popular no final
da adolescência (respondendo por 5-13% dos 16-18 anos).
"Tanto homens quanto mulheres mostraram um
padrão semelhante de crescente variabilidade em suas aspirações de carreira com
a idade, indicando objetivos de carreira mais diversos," disse Hoff.
Sonhos versus realidade
Na verdade, a realidade pode ter-se imposto. Por
exemplo, a maioria dos meninos que queriam ser atletas profissionais aos 13
anos mudaram de ideia aos 18, quando seus talentos esportivos já eram claros, o
que os fez aspirar a empregos mais acessíveis.
Assim, para Hoff, uma das maneiras mais importantes
de ajudar os adolescentes a encontrar metas de carreira ambiciosas, mas
realistas, é expondo-as a uma variedade de tipos de carreira que eles não
veriam naturalmente em suas vidas diárias.
Segundo ele, não se deve desanimar os jovens quanto
às suas pretensões, ou mesmo suas ambições, sendo necessário apenas ampliar as
possibilidades para que eles tenham um bom plano de backup.
"É bom encorajar os estudantes a terem
carreiras de prestígio, mas, à medida que envelhecem, os pais, professores ou
conselheiros também devem ser verdadeiros com eles e ajudá-los a compreender
quantas pessoas realmente trabalham no campo dos seus sonhos e qual a
probabilidade de eles conseguirem um trabalho naquela área," disse Hoff.
Checagem com
artigo científico:
Artigo: Dream
Jobs and Employment Realities: How Adolescents’ Career Aspirations Compare to
Labor Demands and Automation Risks
Autores: Kevin
Hoff, Drake Van Egdom, Christopher Napolitano, Alexis Hanna, James Rounds
Publicação: Journal of Career Assessment
DOI: 10.1177/10690727211026183
Fonte: https://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=vocacao-emprego-voce-quer-versus-emprego-voce-consegue&id=14800%22
- Redação do Diário da Saúde - Imagem: AkshayaPatra Foundation/Pixabay
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