Muitos acreditam que a autoestima baixa está relacionada somente à aparência física, porém não é verdade. Esse é um assunto delicado e que atrapalha vários aspectos da vida de uma pessoa. Para aprofundar no tema, conversamos com a psicóloga Karyne Santiago (CRP 06/161451), que explicou mais detalhes sobre o assunto.
O que é e autoestima baixa
Karyne explica que “quando falamos de autoestima,
estamos falando da forma como cada pessoa enxerga a si mesma, dentro de sua
individualidade, características e capacidades”. A baixa autoestima diz
respeito aos aspectos negativos sentidos e/ou percebidos pelo indivíduo em
relação a si mesmo, a falta de amor-próprio e dificuldade de autoaceitação.
“É quase como
se a mente da pessoa focasse apenas as características não tão boas, fazendo-a
acreditar que é inferior ou incapaz, o que gera muita insegurança e sofrimento
emocional”, diz a psicóloga.
Contudo, ela esclarece que a baixa autoestima é
diferente de momentos em que não estamos tão bem com a nossa autopercepção ou
autoimagem, ou até mesmo situações que gerem insegurança no cotidiano. “O
individuo que tem uma autoestima baixa tende a se enxergar de forma
depreciativa independentemente da situação”, diz Karyne.
Como a autoestima baixa se desenvolve?
A psicóloga explica que o desenvolvimento da
autoestima, seja ela baixa ou alta, baseia-se nas experiências de vida de cada
pessoa, principalmente durante a infância e a adolescência. Isso porque, nessas
fases, o indivíduo ainda está aprendendo a se perceber como um ser único a
partir de sua relação com o outro.
“Explicando de uma forma mais simplificada, uma
criança ou adolescente que frequentemente recebe elogios, que se sente acolhido
em seu âmbito familiar, que não é negligenciado, que recebe o afeto e a
educação necessários, tende a ter uma autoestima melhor do que aqueles que são
constantemente criticados, que passam por castigos frequentes, que recebem uma
educação rígida, que passam por abusos físicos ou verbais, entre outras
coisas”, diz a profissional.
Karyne ainda complementa dizendo que essas vivências
também podem alterar o sentimento de autoestima na vida adulta, seja em um
relacionamento amoroso, no âmbito familiar, com os amigos e até mesmo no trabalho.
Além disso, pode haver impactos na autopercepção diante da idealização social e
cultural de algumas situações, como é no caso da maternidade, do casamento e
dos padrões de beleza.
10 sintomas para ficar de olho
Agora que você já entendeu como a autoestima baixa
pode se desenvolver, que tal aprender sobre os sintomas mais comuns de quem
sofre isso? Confira abaixo o que a Karyne explicou:
Sentimento de insegurança: frente ao constante
sentimento de inferioridade e incapacidade de realizar tarefas, o indivíduo
frequentemente se sente inseguro diante das situações.
Timidez excessiva: indivíduos com autoestima baixa
tendem a ser extremamente tímidos, por conta da insegurança. “São pessoas mais
introvertidas, e que não gostam de aparecer, devido ao constante medo de
errar”, diz Karyne.
Dificuldade em receber críticas: mesmo diante de uma
crítica construtiva, a pessoa com baixa autoestima tende a enxergar o
comentário negativamente, ressaltando para si mesmo suas fraquezas e defeitos e
reforçando o sentimento de incapacidade.
Autocobrança rígida: “por conta do sentimento de
insegurança, a pessoa com autoestima baixa está sempre cobrando a si mesma de
fazer o seu melhor, e como consequência disso, ela inconscientemente pune a si
mesma se as coisas são saírem perfeitas” explica a psicóloga.
Exaltação dos próprios defeitos: ”a pessoa tende a
fazer comentários depreciativos a si mesma, ressaltando seus defeitos e
fragilidades”, afirma Karyne.
Constante comparação a outras pessoas: sempre se colocando
numa posição de inferioridade ou questionando a si mesmo porque é assim, além
de ressaltar as qualidades do outro.
Medo de rejeição: Karyne relata que a pessoa com a
autoestima baixa “está sempre aflito a estar em novos lugares, ou com novas
pessoas, por medo de não ser aceito”.
Constante busca por reconhecimento: “a pessoa tende a
tentar agradar a todos a sua volta, muitas vezes se colocando numa posição de
submissão, por medo da rejeição”, afirma a especialista.
Dificilmente se sente satisfeito com suas realizações:
desde uma tarefa concluída a uma conquista pessoal, a pessoa com baixa
autoestima tende a colocar defeito em tudo que faz. “É um constante sentimento
de insatisfação relacionado à autocobrança e à percepção negativa de si mesmo”
completa a psicóloga.
Medo de enfrentar desafios: “justamente por conta do
sentimento de insegurança e do medo de rejeição, o indivíduo tem grande
dificuldade para encarar desafios cotidianos, como iniciar em um novo trabalho,
por exemplo”, finaliza Karyne.
Como vimos, a autoestima baixa causa danos que vão
além da aparência física, indo desde gerar timidez excessiva em uma pessoa, até
fazê-la se sentir inferior e ter medo de encarar novos desafios. Sabendo de
todas essas consequências, vamos conferir dicas iniciais que podem ajudar quem
sofre com esse problema.
7 dicas que ajudam a elevar a autoestima
A psicóloga reforça “que, antes das dicas, é
importante dizer que não é tão simples mudar a forma como nos vemos. A
autoestima diz respeito a uma construção da autopercepção, e não existe um
passo a passo para desconstruir a visão antiga e criar uma nova”.
Por isso, a importância de um acompanhamento
psicoterapêutico, que investigará as causas de maneira única e auxiliará no
processo de autoconhecimento elucidando as questões individuais. Karyne
comenta, contudo, que nesse caso, as dicas funcionam como um “alerta” de
comportamentos e situações que podem estar colaborando para a baixa autoestima.
1. Abandone o hábito de se comparar
Reconheça a beleza da individualidade, ninguém é igual
a ninguém. “Cada um de nós temos qualidades e defeitos, forças e fraquezas e
isso é incrível. Quando nos comparamos e percebemos que não temos uma
característica igual a de determinada pessoa, tendemos a nos achar inferior a
ela, e deixamos de enxergar as nossas próprias características positivas”, diz
Karyne.
2. Não seja tão rígida consigo mesma
Todos nós estamos sujeitos ao erro e está tudo bem
errar. Se perdoe pelos erros, e não desista de si mesmo.
3. Desenvolva seu autoconhecimento
O autoconhecimento é fundamental para a construção da
autoestima. Karyne comenta que “quando aprendemos profundamente quem somos,
quais são nossas forças, nossas metas e desejos, aprendemos também a deixar de
nos cobrar excessivamente”.
4. Não se culpe tanto
O sentimento de culpa está intimamente relacionado à
baixa autoestima. “Quando nos sentimos culpados por algo, a tendência é nos
colocarmos em uma posição de inferioridade, justamente pela autocobrança”,
explica a profissional.
5. Exerça o autocuidado
Seja físico ou emocional, valorize-se. Perceba-se como
alguém que necessita de cuidados, amor e afeto e faça isso por você mesma.
6. Tente focar nos seus aspectos positivos
Todo mundo tem alguma qualidade, e nesse sentido é
importante ressaltar que qualidade é diferente de um “superpoder”. “Descubra
seus potenciais e capacidades e foque neles. Isso poderá te devolver o
sentimento de segurança”, Karyne comenta.
7. Afaste-se de pessoas que te colocam para baixo
Apesar de a autoestima ser relacionada à visão de si
mesmo, alguns comentários e críticas negativas podem alterar a autopercepção.
“Atente-se a pessoas com comportamento abusivo ou comentários desagradáveis, e
se necessário, afaste-se”, finaliza a psicóloga.
Como a profissional reforçou, essas são dicas iniciais
para quem tem problemas com autoestima, porém é importante entender que esse é
um assunto delicado e que é necessário procurar ajuda psicológica para
tratá-lo.
Quando devo procurar ajuda profissional?
A autoestima baixa pode afetar as vivências de uma
pessoa, além de causar muito sofrimento emocional. Seu tratamento é baseado no
autoconhecimento e no desenvolvimento do sentimento de amor-próprio e
autoconfiança.
“Para isso, é sempre indicado que a pessoa busque
ajuda profissional. O acompanhamento psicoterapêutico irá auxiliar em questões
importantes acerca da autopercepção e das vivências e experiências de cada
pessoa, além de cuidar da saúde emocional” explica a psicóloga.
Além disso, Karyne finaliza dizendo que a baixa
autoestima pode estar relacionada a alguns transtornos, como o transtorno
depressivo, transtorno de ansiedade, transtorno bipolar, síndrome do pânico,
entre outros, o que demanda avaliação e acompanhamento psicológico.
A autoestima baixa é coisa séria, por isso é importante
procurar ajuda de um profissional para investigar as causas e ter o tratamento
adequado. Gostou das dicas? Então, aproveite para ler e descobrir sugestões
para praticar mais o amor-próprio.
Fonte: https://www.dicasdemulher.com.br/autoestima-baixa/
- Escrito por Thais Regina - ISTOCK
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