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sábado, 21 de março de 2020

Achatar a curva da covid-19: O que significa e como você pode ajudar?


Importância de achatar a curva em uma epidemia.

Paralisação pela pandemia

A pandemia do Sars-CoV-2, causador da gripe covid-19 está causando uma paralisação mundial sem precedentes.

Tudo isso é realmente necessário devido ao novo coronavírus? As autoridades de saúde pública não estariam exagerando na ameaça representada pelo vírus que causa a doença covid-19?

Não mesmo, e tudo isso é absolutamente necessário porque já demonstrou que funciona, lembra o historiador médico Howard Markel, da Universidade de Michigan (EUA) que estudou os efeitos de respostas semelhantes a epidemias passadas.

"Um surto em qualquer lugar pode ir a qualquer lugar. Todos nós precisamos nos empenhar para tentar evitar casos em nossas comunidades," disse ele.

É o chamado "achatar a curva", um termo que as autoridades de saúde pública usam o tempo todo, mas que muitas pessoas ouviram pela primeira vez nesta semana. Que curva? E por que esse é o melhor plano?

Achatar a curva da epidemia

Se você observar a imagem acima, poderá ver duas curvas - duas versões diferentes do que pode acontecer em uma região que detecta os primeiros casos, dependendo das providências adotadas.

A curva alta e fina é indesejável, significando que muitas pessoas ficam doentes de uma só vez, em um curto período de tempo, porque não tomamos medidas suficientes para impedir que o vírus se espalhe de pessoa para pessoa.

A maioria das pessoas não fica doente o suficiente para precisar de um hospital. Mas aqueles que precisam podem sobrecarregar o número de leitos e equipes de atendimento que hospitais de nenhum país do mundo têm disponível.

Afinal, muitos prontos-socorros e hospitais já operam perto da capacidade em dias comuns, sem epidemia. Adicionar um pico acentuado a esse tráfego com pacientes com covid-19 pode significar que algumas pessoas não vão receber os cuidados de que precisam, com ou sem coronavírus.

A curva mais plana e mais baixa é melhor e mais desejável, mas será necessário trabalhar em conjunto para que isso aconteça, diz Markel. É por isso que as medidas de isolamento e contenção são necessárias.

Achatamento da curva ajuda a todos

Se indivíduos e comunidades tomarem medidas para retardar a propagação do vírus, isso significa que o número de casos de covid-19 se estenderá por um longo período de tempo. Como mostra a curva, o número de casos em um determinado momento não ultrapassa a linha pontilhada da capacidade do sistema de saúde para ajudar todos os que estão muito doentes.

"Se você não tem tantos casos chegando aos hospitais e clínicas de uma só vez, pode realmente diminuir o número total de mortes pelo vírus e por outras causas," disse o Dr. Markel. "E, mais importante, ganha tempo para cientistas das universidades e do governo, e para a indústria, criar novas terapias, medicamentos e potencialmente uma vacina."

Outro fator importante a ser considerado: os médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos e muitos outros funcionários que realmente trabalham na área da saúde. Quanto mais casos de covid-19 houver em um determinado momento, maior a probabilidade de alguns deles serem contagiados, seja na comunidade ou no trabalho. Quando estão doentes, precisam ficar longe dos pacientes por semanas. O que significa menos pessoas para cuidar dos pacientes que precisam de cuidados.

Em resumo, cancelar, adiar ou mudar nosso trabalho, educação e lazer pode ser inconveniente, irritante e decepcionante. Mas pode salvar muitas vidas, inclusive as nossas e de nossos familiares.

"O coronavírus é uma doença transmitida socialmente e todos temos um contrato social para detê-la," disse Markel. "O que nos une é um micróbio - mas que também tem o poder de nos separar. Somos uma comunidade muito pequena, reconhecemos ou não, e [a pandemia] prova isso. A hora de agir como uma comunidade é agora."

Fonte: https://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=achatar-curva-covid-19&id=13991&nl=nlds - Com informações da Umich - Imagem: Adaptado da CDC

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

A ameaça do infarto em adultos jovens


O número de ataques cardíacos em pessoas com menos de 30 anos cresceu 13% no Brasil. Como prevenir esse problema?

No início de setembro, Danilo Feliciano de Morais se sentiu mal durante uma partida de futebol com os amigos. O filho do ex-jogador Cafu, capitão do pentacampeonato do Brasil na Copa do Mundo de 2002, não resistiu. Morreu de infarto aos 30 anos, uma tragédia que provocou comoção e também chamou a atenção para um problema cada vez mais comum: os ataques do coração em adultos jovens.

Embora eles ainda figurem no imaginário como algo que afeta só gente de meia-idade ou com os cabelos brancos, avançam com força na moçada. Um estudo apresentado no último encontro do Colégio Americano de Cardiologia revela que, apesar de o número de infartos ter se estabilizado entre os americanos mais velhos, a incidência vem se ampliando 2% ao ano entre cidadãos com 40 anos ou menos.

A situação é parecida entre os brasileiros. Segundo o Ministério da Saúde, de 2013 pra cá os episódios de infarto entre adultos com até 30 anos subiram 13%. “Isso reflete o aumento de hábitos não saudáveis que colocam em risco a vida de pessoas nessa faixa etária”, avalia o médico Roberto Kalil Filho, diretor do Centro de Cardiologia do Hospital Sírio-Libanês, na capital paulista. “Estresse, obesidade, diabetes, tabagismo, hipertensão e colesterol fora de controle, além do histórico familiar, são fatores cada vez mais prevalentes e apontados como os grandes responsáveis pelo aumento das estatísticas”, enumera ele, que também comanda o Instituto do Coração (InCor), em São Paulo.

Os genes e algumas peculiaridades biológicas ainda entram em jogo. Como no caso de Danilo, que praticava esporte quando sofreu o ataque, muitas vezes o comprometimento cardiovascular só se revela na hora do próprio infarto. “Uma parte significativa dos episódios em jovens acontece a partir de entupimentos que até momentos antes não eram significativos, as chamadas placas rasas, que geram um coágulo capaz de obstruir uma artéria do coração”, explica José Knopfholz, professor de cardiologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. “Nessas ocasiões, às vezes o primeiro sintoma é o próprio infarto”, lamenta.

Para evitar um desastre desses, ficar atento a antecedentes familiares (avós, pais ou irmãos que infartaram mais cedo), ter acompanhamento médico e buscar um estilo de vida equilibrado compõem um roteiro básico. Tem que se alimentar direito, fazer exercícios, não fumar nenhum tipo de cigarro… “O tabagismo leva a um risco até cinco vezes maior de ter um infarto”, ressalta o cardiologista Leopoldo Piegas, do Hospital do Coração, em São Paulo.

Fatores de risco para o infarto antes dos 40 anos

Sedentarismo, dieta desregulada e obesidade (em alta no Brasil) semeiam o terreno para entupimentos nos vasos do coração.
A hipertensão não costuma dar sinais e causa danos nas artérias coronárias e cerebrais, abrindo caminho a ataque cardíaco e AVC.
Cerca de 15% dos casos de infarto estão ligados a crises de estresse, capazes de levar a picos de pressão e ao colapso do músculo cardíaco.
A herança genética pode favorecer colesterol nas alturas e outros elementos que contribuem para a ocorrência de infartos precoces.

Como surge um infarto

Você já deve ter ouvido por aí que o infarto em jovens é mais grave, não? Um papo de que, com a idade, o coração se prepararia melhor para futuros sustos… Isso se deve à história de que os mais velhos teriam mais circulação colateral, vasos sanguíneos que se desenvolvem ao redor do músculo cardíaco para supri-lo — se uma artéria importante ficasse entupida, o problema seria compensado pelo aporte de sangue fornecido pelos outros caninhos.

Pois bem: uma revisão de estudos feita por cientistas suíços atesta que a circulação colateral pode, sim, ser decisiva para o desfecho de um infarto, mas a idade não teria influência sobre esse fenômeno. “A circulação colateral pode evitar uma morte súbita em decorrência do ataque cardíaco, fazendo com que a pessoa tenha uma chance de ir ao hospital em caso de emergência”, explica Knopfholz.

“Só que ela não é maior ou menor no jovem, uma vez que é determinada geneticamente”, esclarece o cardiologista Bruno Caramelli, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Por falar em herança genética, ela tanto pode proteger como elevar a propensão a um infarto precoce. “Filhos de pais hipertensos ou que já tiveram AVC correm um risco 50% maior”, calcula Oscar Dutra, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Algumas condições determinadas pelo DNA, como a hipercolesterolemia familiar (que faz disparar os níveis de colesterol), também tornam mais árduo o destino do coração — daí a importância de diagnosticar e tratar corretamente quanto antes.

A despeito dos genes, a prevenção não deve esperar sintomas, até porque a formação das placas que entopem os vasos do coração é um processo silencioso. Mas o fato é que fatalidades como a de Danilo despertam a preocupação com o tema e a saúde de cada um, como o InCor já tinha observado em 2006 após a morte do humorista Bussunda, do Casseta & Planeta.

Nos dias seguintes à notícia, houve aumento no número de pessoas atendidas na emergência cardiológica do hospital. Os pacientes tinham, em média, 43 anos, a idade de Bussunda ao falecer. “As pessoas lembram que precisam se cuidar quando veem algo ocorrer com alguém famoso”, nota Caramelli, que liderou esse levantamento no InCor.

O combate à doença cardiovascular, a bem da verdade, precisa começar antes mesmo do nascimento. Já está comprovado que um ambiente intrauterino desfavorável eleva a probabilidade de hipertensão, colesterol alto, obesidade e diabetes lá na frente. Com base nisso, a SBC recomenda que os cuidados se iniciem no pré-natal e percorram a primeira infância e a adolescência — as placas de gordura já podem se depositar nas artérias das crianças.

Nesse sentido, além das consultas e do check-up com o pediatra, cabe estimular prática de atividade física, alimentação balanceada, controle do peso, boas noites de sono… “A ideia de que a prevenção começa aos 40 anos é coisa do passado. Tem de começar antes do nascimento e se estender ao longo da vida”, defende Caramelli.

Projetos como o SBC Vai à Escola, que pretende levar educação sobre o assunto a mais de 60 mil alunos de 6 a 18 anos de 210 escolas públicas de São Paulo, buscam justamente mudar esse paradigma de cuidados. E incentivar que não só os mais jovens, mas toda a família, se protejam de uma das maiores causas de morte no planeta.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/a-ameaca-do-infarto-em-adultos-jovens/ - Por Maurício Brum, Juan Ortiz e Sílvia Lisboa - Ilustração: Victor Beuren/SAÚDE é Vital

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

A ameaça dos fungos: quais as doenças causadas por eles?


Esses seres microscópicos estão cada vez mais perigosos. Mas o que eles são e quais sintomas disparam no corpo?

Em dezembro de 2018, a professora Stephanie Spoor, de 64 anos, deu entrada no Northwestern Memorial Hospital, em Chicago, nos Estados Unidos, com falta de ar. Menos de dois meses depois, ela contraiu um fungo misterioso, não resistiu e morreu, vítima de insuficiência respiratória. Um exame de sangue detectou a presença do Candida auris, um superfungo que ataca pessoas com a imunidade debilitada, como portadores de HIV ou em tratamento contra o câncer, e submetidas a procedimentos invasivos (com sondas e cateteres, por exemplo). Indivíduos internados por longos períodos em UTIs e com histórico de uso prévio de antibióticos ou antifúngicos também fazem parte desse grupo de risco.

O Centro de Controle e Prevenção de Doenças americano (CDC) informa que o caso de Stephanie Spoor não é isolado. Até o momento, foram registrados 587 óbitos pelo fungo em hospitais de Nova York, Nova Jérsei e Illinois. Segundo Tom Chiller, chefe do Departamento de Doenças Micóticas do órgão, o C. auris foi identificado pela primeira vez em 2009 no canal auditivo de uma paciente no Japão – auris, em latim, é “ouvido”.

Cabe esclarecer que não se trata do mesmo micro-organismo por trás da candidíase: esse é o Candida albicans. O primo mais letal já se espalhou por mais de 30 países, como Espanha, Índia e África do Sul. “Não temos conhecimento de nenhuma infecção por C. auris no Brasil, mas é um fungo emergente que representa uma grave ameaça à população”, afirma Chiller.

O inimigo ainda não chegou por aqui, mas passou perto duas vezes. A primeira aparição na América do Sul foi notificada entre março de 2012 e julho de 2013 na Venezuela. Dos 18 pacientes infectados na UTI de um hospital neonatal, cinco morreram – três eram bebês.

Outro surto, desta vez na Colômbia, ocorreu em agosto de 2016. Não houve mortos. Um ano depois, em março de 2017, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu um comunicado, alertando os serviços de saúde para o risco da chegada do fungo assassino ao Brasil. “Já foram registrados sete casos suspeitos: quatro em São Paulo, dois em Minas Gerais e um no Espírito Santo. Todos foram analisados e, até a presente data, nenhum caso foi confirmado”, conta Magda Costa, gerente de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde da Anvisa.

Os fungos mais temidos do mundo
Com exceção do Candida auris, os outros quatro já fizeram vítimas no Brasil

Candida auris: ataca pessoas internadas ou com o sistema imune comprometido. É resistente a remédios e pode matar em menos de três meses.

Aspergillus fumigatus: a aspergilose pode devastar os pulmões. Seu índice de mortalidade em pessoas com HIV ou câncer chega a 85%.

Lomentospora prolificans: apenas 20% dos acometidos sobrevivem a ele. Em 2018, o Brasil registrou a primeira morte na América do Sul.

Histoplasma capsulatum: parte para cima de vários órgãos e causa a chamada “doença das cavernas”. Pode ser transmitida por animais e o contágio se dá por via respiratória.

Penicillium Marneffei: a peniciliose pode atingir áreas vitais do corpo humano, como pulmões, fígado e rins, e, no caso de pessoas soropositivas e com baixa imunidade, até levar à morte.

Superfungos versus superbactérias?
A ameaça do C. auris nos faz pensar que já vimos esse filme antes. Mas, no lugar dos fungos, os vilões eram as superbactérias. Quase 90 anos depois da descoberta do primeiro antibiótico, esses micróbios resistem a boa parte dos medicamentos e são um dos maiores desafios de saúde pública.

Suspeita-se que os fungos estejam evoluindo para um caminho parecido, repelindo os remédios feitos para contê-los. No caso do C. auris, 90% dos casos são resistentes a pelo menos uma droga. E de quem é a culpa?

Em parte, dizem os investigadores, do uso indiscriminado de antifúngicos na medicina e na agricultura. “Novas medicações mais potentes e efetivas são necessárias e algumas delas já estão em desenvolvimento”, ressalta o médico David Denning, chefe-executivo do Fundo de Ação Global para Infecções Fúngicas.

O gênero Candida, do qual fazem parte o já citado albicans, o auris e outros tantos, é famoso por se aproveitar de brechas em nossas defesas para tentar tomar conta do pedaço. Nesse contexto, há os que causam uma candidíase tratada com pomadas e espécies mais temerosas – metade dos pacientes infectados pelo auris morre em até 90 dias.

De acordo com o biólogo Lucas Bonfietti, diretor do Núcleo de Micologia do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, os integrantes do gênero Candida tanto podem colonizar o corpo humano de forma inofensiva como causar ataques sistêmicos graves. “Tudo vai depender de fatores como imunidade do hospedeiro e virulência do fungo”, explica.

A gente fala muito de vírus e bactérias, mas tem um universo fúngico ao nosso redor: no solo, no ar, dentro do organismo. Segundo as estimativas mais conservadoras, existem de 1,5 milhão a 5 milhões de espécies. Dessas, apenas 5% teriam sido classificadas.

Nem todas são perversas. “Várias desempenham um papel importante ao não permitir que outros elementos, como vírus e bactérias, se multipliquem excessivamente”, ilustra Bonfietti.

Fungos que habitam nosso corpo
Boca: ambientes quentes e úmidos são o habitat ideal dos fungos. Alguns vivem em paz ali, mas outros aprontam – caso do Candida albicans, que pode causar o popular “sapinho”.

Intestino: a microbiota não é composta só de bactérias. Há muitos fungos por lá. Existem aqueles, porém, que, ao se proliferar em excesso, provocam desconfortos e prisão de ventre.

Pele: um estudo americano identificou mais de 500 mil espécies na pele humana. A parte que abriga o maior número delas é o pé, onde os micro-organismos se alojam nas unhas, entre os dedos…

Genitais: em condições normais, fungos da espécie Candida albicans habitam as partes íntimas sem causar danos. Mas, fora de controle, despertam coceira e vermelhidão – marcas da candidíase.

Temos inclusive muito o que agradecer aos fungos. Graças ao Penicillium notatum, o cientista Alexander Fleming (1881-1955) descobriu o primeiro antibiótico da história, a penicilina. Na gastronomia, eles são essenciais para fabricar queijos, pães e vinhos. Na agricultura, usados no controle de pragas.

A maioria é invisível a olho nu. Mas tem os cogumelos, outros membros do reino Funghi, que até podem ser comestíveis. E, no outro extremo da escala, o Armillaria ostoyae, ou cogumelo-do-mel, que vive sob o solo de uma floresta americana e ocupa uma área equivalente a 1,2 mil campos de futebol – é o maior ser vivo do planeta!

Das espécies microscópicas conhecidas, apenas umas 50, pelos cálculos do infectologista Jamal Suleiman, do Instituto Emílio Ribas, em São Paulo, provocam doenças. “Os fungos são oportunistas por natureza”, define.

Para Carlos Taborda, presidente da Sociedade Brasileira de Micologia, as enfermidades fúngicas, embora tão sérias quanto as bacterianas, ainda são negligenciadas. “O Brasil não dispõe de um sistema de vigilância de fungos capaz de identificar precocemente o C. auris em todo o território”, exemplifica.

Apesar dos pesares, não há motivo para pânico geral, na visão do infectologista Arnaldo Colombo, diretor do Laboratório de Micologia da Universidade Federal de São Paulo. “A disseminação do C. auris não é um problema para pessoas saudáveis ou para a maioria dos atendidos em consultórios ou ambulatórios do SUS.” O cuidado, sim, deve ser redobrado com pacientes internados em UTIs ou submetidos a procedimentos invasivos.

Entre as regras de prevenção contra o ataque dos fungos em geral, ensina a microbiologista Francis Borges, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), estão lavar as mãos, não compartilhar objetos de uso pessoal, enxugar bem partes do corpo pouco ventiladas e não ficar com calçados fechados por muito tempo. “O arsenal terapêutico para doenças fúngicas é menor do que o disponível para as bacterianas”, avisa. Convém se precaver.

Doenças que os fungos podem causar
Conjuntivite: na maioria dos casos, a inflamação e a irritação dessa estrutura do olho são provocadas por bactérias. Mas fungos podem se instalar ali e demorar para ir embora.

Micose: causada por mais de 100 espécies, aflige pele, unha e couro cabeludo. Áreas pouco ventiladas são as mais vulneráveis. O tratamento inclui pomadas e comprimidos.

Candidíase: pode atormentar homens e mulheres, e em vários locais do corpo. Os casos mais corriqueiros têm a ver com os genitais, onde causa coceira, ardência e inchaço.

Meningite: a inflamação da meninge, membrana que envolve a medula espinhal e o cérebro, é bem séria e pode ser causada pelo fungo Cryptococcus.

Pneumonia: pacientes soropositivos, oncológicos ou imunodeprimidos são os mais propensos a contrair o tipo mais raro e agressivo de infecção nos pulmões.

Infecção intestinal: embora seja menos comum, fungos também podem se alastrar no aparelho digestivo e complicar a situação ali. O tratamento é emergencial.

Pé de atleta: é transmitido por contato direto com a pessoa infectada pelo fungo Tricophyton ou com superfícies contaminadas em praias, piscinas e banheiros. Dá uma coceira…

A biografia dos fungos
Século 4 a.c.: Aristóteles divide os seres vivos em dois reinos: o dos animais e o das plantas. Os fungos estão no segundo grupo.

1729: o botânico italiano Pier Antonio Micheli cataloga 1 900 plantas em um compêndio – 900 delas eram fungos.

1836: o inglês M.J. Berkeley cria o termo micologia. Em grego, mykes significa “fungo”, e logos, “estudo”.

1866: o naturalista alemão Ernst Haeckel estabelece um terceiro reino, o Protista. Entram aí bactérias e protozoários.

1969: o biólogo americano Robert Whitaker cria o reino dos fungos e outro para micro-organismos multicelulares.

Fonte: https://saude.abril.com.br/medicina/a-ameaca-dos-fungos-quais-as-doencas-causadas-por-eles/ - Por André Bernardo - Ilustração: Ana Matsusaki/SAÚDE é Vital

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Está trabalhando demais? Cuidado, seu coração pode pifar

Ao analisar uma porção de gente, cientistas descobriram quantas horas de trabalho ameaçam o sistema cardiovascular

Pretende fazer hora extra de novo? Pois saiba que, de acordo com um grande levantamento da Universidade College London, no Reino Unido, passar muito tempo na labuta aumenta o risco de seu coração começar a bater em descompasso por causa da chamada fibrilação atrial. Trata-se da arritmia mais comum no mundo inteiro e, entre suas consequências, estão insuficiência cardíaca e até AVC.

No estudo, publicado no European Heart Journal, foram analisados cerca de 85 mil homens e mulheres. No início, nenhum voluntário tinha fibrilação atrial. Mas, com dez anos de acompanhamento, 1 061 pessoas foram diagnosticadas com esse problema – ou seja, a incidência era de 12,4 casos por 1 mil indivíduos.

Acontece que, ao focarem nos voluntários que trabalhavam 55 horas ou mais por semana (isto é, 11 horas por dia, se você considerar um expediente de segunda à sexta-feira), essa prevalência passava a ser de 17,6 casos a cada 1 mil pessoas. Em resumo, ao comparar esse pessoal à turma que ralava de 35 a 40 horas semanais, a probabilidade de ter fibrilação atrial subia aproximadamente 40%.


Fonte: http://saude.abril.com.br/medicina/esta-trabalhando-demais-cuidado-seu-coracao-pode-pifar/ - Por Thaís Manarini - Foto: Eduardo Svezia/SAÚDE é Vital

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Energético ameaça o coração

Essa bebida estimulante pode aumentar a pressão e o risco de problemas cardíacos. E não é preciso tomar muito para sofrer esses efeitos

Só uma latinha de aproximadamente 400 mililitros já é capaz de alterar a pressão arterial e elevar o risco cardíaco, segundo um estudo conduzido na Clínica Mayo, nos Estados Unidos, com 25 jovens saudáveis. No trabalho, os voluntários que tomaram o energético viram a pressão sistólica (o primeiro valor de medida) subir 6%, enquanto a elevação entre aqueles que ingeriram uma bebida placebo — de gosto parecido, mas sem substâncias estimulantes como cafeína – foi de 3%.

“Se o consumo for frequente, pode ocorrer um aumento permanente da pressão“, alerta o cardiologista Fernando Augusto Alves da Costa, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo. Melhor pegar leve mesmo.

Perigo em dose dupla

Muita gente mistura energéticos com bebidas alcoólicas, combinação ainda mais perigosa. “Esse hábito contribui para danos cardíacos, principalmente em indivíduos mais suscetíveis”, diz Alves da Costa.


Fonte: http://saude.abril.com.br/alimentacao/energetico-ameaca-o-coracao/ - Por Thaís Manarini - Foto: Dercílio

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Plástico nos oceanos pode superar os peixes até 2050

O plástico representa hoje uma grande ameaça para os oceanos. Material onipresente na vida moderna, um novo relatório afirma que, se as tendências atuais continuarem, até 2050 o lixo plástico nos oceanos vai superar em número os peixes.

O relatório foi feito pela Fundação Ellen MacArthur e divulgado no Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça, recentemente.

Toneladas nocivas
95% das embalagens de plástico são “perdidas” todos os anos após uso único, custando cerca de US$ 80 a 120 milhões para a economia mundial. Enquanto apenas 5% é reciclada de forma eficaz, em torno de 40% é enterrada em aterros sanitários, e um terço de todo plástico produzido a cada ano vai parar nos oceanos.
Isso é equivalente a despejar o conteúdo de um caminhão de lixo a cada minuto no ambiente marinho.
Desde 1964, a produção de plástico aumentou em um fator de 20, e atualmente está em cerca de 311 milhões de toneladas por ano. O relatório estima que este número dobre nos próximos 20 anos, e quadruplique até 2050, conforme as nações em desenvolvimento passem a consumir mais plástico.
O lixo que hoje vai parar nos mares já causa impactos nocivos na vida selvagem. Por exemplo, plásticos são frequentemente encontrados nos estômagos de aves marinhas, sacolas são comumente ingeridas por tartarugas e focas, e microplástico que não podemos sequer ver é constantemente ingerido pelos peixes que, em seguida, nós consumimos.

Revisão completa
As desvantagens do plástico não se concentram apenas na quantidade de lixo que acaba nos oceanos. Outro grande problema é o uso de combustíveis fósseis necessários para criar o material.
Atualmente, a produção de plásticos utiliza cerca de 6% do consumo mundial de petróleo – em 2050, esse número pode subir 20%.
O relatório pede uma revisão completa da forma como nós fabricamos plásticos e, em seguida, como lidamos com as montanhas de lixo que o material produz.
 “Este relatório demonstra a importância de desencadear uma revolução no ecossistema industrial e é um primeiro passo para mostrar como transformar a maneira que os plásticos se movem através de nossa economia”, explicou Dominic Waughray no Fórum Econômico Mundial. “Para passar de uma visão para a ação em larga escala, é claro que ninguém pode trabalhar sozinho. O público, o setor privado e a sociedade civil todos precisam se mobilizar para capturar a oportunidade de uma nova economia circular de plásticos”.

Economia circular
Esse é o conceito o qual a Fundação Ellen MacArthur defende. De acordo com seu website, o modelo econômico “extrair, transformar, descartar” da atualidade depende de grandes quantidades de materiais de baixo custo e fácil acesso, além de energia, mas está atingindo seus limites físicos.
A economia circular é uma alternativa atraente e viável que as empresas já começaram a explorar: uma economia regenerativa e restaurativa, cujo objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo.
Hoje, nos EUA, o preço do petróleo está tão baixo que significa que a reciclagem de plásticos sai muito mais cara do que fabricar novos produtos. A Fundação acredita que parte da solução é repensar a forma como usamos plásticos, reduzindo a sua utilização em embalagens, por exemplo. Os fabricantes poderiam ajudar através da produção de artigos de plástico que possam ser reutilizados. [IFLSFEM]