O plástico representa hoje uma grande ameaça para os
oceanos. Material onipresente na vida moderna, um novo relatório afirma que, se
as tendências atuais continuarem, até 2050 o lixo plástico nos oceanos vai
superar em número os peixes.
O relatório foi feito pela Fundação Ellen MacArthur
e divulgado no Fórum Econômico Mundial realizado em Davos, na Suíça,
recentemente.
Toneladas nocivas
95% das embalagens de plástico são “perdidas” todos
os anos após uso único, custando cerca de US$ 80 a 120 milhões para a economia
mundial. Enquanto apenas 5% é reciclada de forma eficaz, em torno de 40% é
enterrada em aterros sanitários, e um terço de todo plástico produzido a cada
ano vai parar nos oceanos.
Isso é equivalente a despejar o conteúdo de um
caminhão de lixo a cada minuto no ambiente marinho.
Desde 1964, a produção de plástico aumentou em um
fator de 20, e atualmente está em cerca de 311 milhões de toneladas por ano. O
relatório estima que este número dobre nos próximos 20 anos, e quadruplique até
2050, conforme as nações em desenvolvimento passem a consumir mais plástico.
O lixo que hoje vai parar nos mares já causa
impactos nocivos na vida selvagem. Por exemplo, plásticos são frequentemente
encontrados nos estômagos de aves marinhas, sacolas são comumente ingeridas por
tartarugas e focas, e microplástico
que não podemos sequer ver é constantemente ingerido pelos peixes que,
em seguida, nós consumimos.
Revisão completa
As desvantagens do plástico não se concentram apenas
na quantidade de lixo que acaba nos oceanos. Outro grande problema é o uso de
combustíveis fósseis necessários para criar o material.
Atualmente, a produção de plásticos utiliza cerca de
6% do consumo mundial de petróleo – em 2050, esse número pode subir 20%.
O relatório pede uma revisão completa da forma como
nós fabricamos plásticos e, em seguida, como lidamos com as montanhas de lixo
que o material produz.
“Este
relatório demonstra a importância de desencadear uma revolução no ecossistema
industrial e é um primeiro passo para mostrar como transformar a maneira que os
plásticos se movem através de nossa economia”, explicou Dominic Waughray no
Fórum Econômico Mundial. “Para passar de uma visão para a ação em larga escala,
é claro que ninguém pode trabalhar sozinho. O público, o setor privado e a
sociedade civil todos precisam se mobilizar para capturar a oportunidade de uma
nova economia circular de plásticos”.
Economia circular
Esse é o conceito o qual a Fundação Ellen MacArthur
defende. De acordo com seu website, o modelo econômico “extrair, transformar,
descartar” da atualidade depende de grandes quantidades de materiais de baixo
custo e fácil acesso, além de energia, mas está atingindo seus limites físicos.
A economia circular é uma alternativa atraente e
viável que as empresas já começaram a explorar: uma economia regenerativa e
restaurativa, cujo objetivo é manter produtos, componentes e materiais em seu
mais alto nível de utilidade e valor o tempo todo.
Hoje, nos EUA, o preço do petróleo está tão baixo
que significa que a reciclagem de plásticos sai muito mais cara do que fabricar
novos produtos. A Fundação acredita que parte da solução é repensar a forma
como usamos plásticos, reduzindo a sua utilização em embalagens, por exemplo.
Os fabricantes poderiam ajudar através da produção de artigos de plástico que
possam ser reutilizados. [IFLS, FEM]