sábado, 15 de janeiro de 2011
O vestibular e a propaganda do Governo Estadual
O vestibular e a propaganda do Governo Estadual
Política de cotas
O objetivo deste artigo é chamar a atenção da sociedade para a propaganda enganosa promovida pelo Governo do Estado sobre a "melhoria" na educação pública.
No último 07 de janeiro, foi divulgado o resultado do vestibular 2011 da UFS. Está no site oficial www.agencia.se.gov.br a seguinte falácia
"O sucesso dos alunos da rede pública estadual no vestibular 2011 da Universidade Federal de Sergipe (UFS), é fruto do esforço do Governo do Estado, por meio da Secretária de Estado da Educação, que proporcionou todas as condições necessárias para que eles pudessem obter aprovação em um curso superior". A afirmação é do secretário de Estado da Educação, Belivaldo Chagas, que fez questão de acompanhar de perto o resultado da divulgação do listão dos aprovados na UFS, no Colégio Atheneu Sergipense, junto com os alunos e professores.
Mais uma vez o Governo do Estado tenta fazer parecer meritoso o resultado do vestibular obtido pelos alunos da rede pública. Para dar mais fundamentação ao nosso texto, poderíamos transcrever integralmente a nota da agência de comunicação do Estado, onde o orgulhoso secretário de educação enumera diversas ações do governo que, segundo ele, foram responsáveis pelo sucesso dos estudantes. Em vez disso, divulgamos aqui o endereço eletrônico para que o leitor confira pessoalmente
http://www.agencia.se.gov.br/noticias/leitura/materia:21340/acoes_do_governo_resultam_na_aprovacao_de_estudantes_na_ufs.html
Agora vamos aos fatos. Desde 2008, está em vigor a Resolução 80/2008/CONEPE/UFS que instituiu as políticas afirmativas para garantir o acesso de grupos menos favorecidos à Universidade Federal de Sergipe. Em resumo, a política de cotas. No Art 2º está escrito que, tirando a vaga para portadores de necessidades especiais, será reservado cinquenta por cento das vagas de todos os cursos de graduação ofertados pela Universidade Federal de Sergipe aos candidatos que comprovem a realização de cem por cento do ensino médio em escolas públicas das redes federal, estadual ou municipal e pelo menos quatro séries do ensino fundamental nessas mesmas instituições.
A lei acadêmica é muito clara. Praticamente metade das vagas da UFS são reservadas para os alunos da rede pública e portanto, a disputa por essas vagas fica restrita a essa cota dos estudantes. Por essa razão, assistimos a distorções grotescas que ocorrem na classificação do vestibular. Citemos como exemplo o resultado do curso de medicina com 100 vagas anuais. Os cinquenta primeiros excedentes do grupo não cotista, (rotulado pela instituição como grupo A) tiveram pontuação superior ao primeiro colocado do grupo dos cotistas. Assim, se não fosse pela política de cotas, o Governo do Estado não comemoraria a aprovação de aluno algum da rede pública no seleto curso de medicina. Cito o exemplo de medicina por sua notoriedade, mas isso não é diferente em cursos como engenharia e direito.
Notem como o cenário é cruel para quem se mostra contrário a essa política populista, pois expressando-se dessa forma damos a entender que o ingresso de estudantes de baixa renda na Universidade Federal é algo pernicioso e passamos a ideia de que o ensino superior deve manter-se elitizado. Já ouvimos duras críticas de colegas da Universidade que errônea ou propositalmente não entenderam o cerne do discurso.
Ora, ficaríamos imensamente felizes se pudéssemos confiar o ensino dos nossos filhos à escola pública. A grande massa da classe média que tem um certo grau de escolaridade e poder aquisitivo economizaria uma expressiva parte de seu orçamento familiar se não tivesse que pagar caras mensalidades. Mas diante dessa conjuntura, quem deixaria sua criança nas mãos de gestores descomprometidos com a educação? A escola pública é de fato o único refúgio da população carente na busca de uma instrução mínima. Mas por que esta não pode ter qualidade? Por que é necessário cotas no vestibular para que esses estudantes tenham êxito? Por que não é possível aprender no mesmo nível do ensino particular? Por que a forma de gerir a escola pública não muda? A sociedade deveria fazer essas perguntas e exigir respostas do poder público. Eu faço parte da sociedade e quero respostas!
Se a Universidade Federal e o Governo do Estado entendem de modo unissonante que as distorções na distribuição das vagas do vestibular devem ser corrigidas com cotas, o que podemos fazer se não aceitarmos pacífica e democraticamente. O que não podemos aceitar é o desafio barato à nossa inteligência encarnado numa propaganda cínica e mentirosa promovida pelo órgão de imprensa oficial do Estado gabando-se de suas parcas ações como se estas fossem responsáveis pelos índices de aprovação alcançados. Vale lembrar que em 2010, o governo gastou muito dinheiro em divulgação nos meios de comunicação. Quem não se lembra do mote "A educação melhorou e os resultados apareceram..." visto em outdoors, tv's e jornais.
É paradoxal, mas a política de cotas prejudicará justamente os grupos menos favorecidos da sociedade brasileira que continuarão enganados e escravos de medidas pseudo-altruístas de governos privados de inteligência e dotados de muita esperteza.
Prof. Alan Almeida Santos
Universidade Federal de Sergipe
Campus Prof. Alberto Carvalho
Fonte: Itnet
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P difícil vai ser ele explicar a melhoria no ensino médio. Todos os professores com que conversei me disseram que os alunos estão ficando mais exigentes justamente por saberem que terão chance de competir e ter umavaga na universidade. Acredito que essa chance que apareceu vai fazer com que os alunos das escolas pública passem a ficar mais exigêntes.
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