Para mantê-la em forma, amplie o repertório cultural e diversifique as
atividades diárias. E não se esqueça: bons hábitos alimentares, relaxantes
noites de sono e atividade física colaboram
Não adianta ler esta reportagem várias vezes para
memorizar nossas dicas, mas prestar muita atenção em cada uma delas será
essencial. "A boa memória depende de atenção. Se a pessoa está desatenta
ou distraída, não fixa bem as informações", explica a neuropsicóloga e
professora da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG) Cláudia
Memória. Considerando que esta é uma leitura importante para sua saúde faça uma
reflexão crítica sobre o que vir desta página em diante. "A leitura nos dá
agilidade mental, aumenta nosso vocabulário e facilita a capacidade de associar
ideias", a especialista ressalta. E se você tiver um marcador de texto ao
seu lado, abuse dele. Se amarelo, melhor ainda, pois essa cor proporciona maior
retenção que as outras.
Ler não somente desperta a visão, mas pode estimular outros
sentidos. Um autor que escreve que certa personagem "sentiu o aroma de um
bolo saboroso" faz que seu leitor resgate aromas de bolos saborosos em sua
memória. Segundo o biólogo Douglas Engelke, do Laboratório de Neurobiologia da
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp, quanto mais diverso for o
repertório de uma pessoa (literário, musical, cinematográfico etc.), melhor
funcionará sua memória. Então, a grande dica é: não importa o tipo de leitura,
se literária ou informativa, devore tudo o que vier pela frente.
Os efeitos do tempo
A redução do número de sinapses (as conexões entre os neurônios), o decréscimo na produção de neurotransmissores e os declínios do metabolismo são problemas naturais que acompanham o envelhecimento e, por consequência, nossas memórias - ou a capacidade de criá-las. Essas alterações se refletem na resolução de novos problemas e na velocidade com que processamos informações. "A capacidade de aprendizado se mantém ao longo da vida, porém é necessário um tempo maior de exposição ao conteúdo para sua aquisição", diz Cláudia.
A redução do número de sinapses (as conexões entre os neurônios), o decréscimo na produção de neurotransmissores e os declínios do metabolismo são problemas naturais que acompanham o envelhecimento e, por consequência, nossas memórias - ou a capacidade de criá-las. Essas alterações se refletem na resolução de novos problemas e na velocidade com que processamos informações. "A capacidade de aprendizado se mantém ao longo da vida, porém é necessário um tempo maior de exposição ao conteúdo para sua aquisição", diz Cláudia.
O biólogo Ilton da Silva, do Laboratório de Neurociências e
Comportamento do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP)
explica que manter uma constante atividade intelectual pode minimizar a perda
de neurônios. Pessoas que tiveram uma atividade intensa do cérebro durante a
vida protegem o órgão dessas perdas e têm menor suscetibilidade a doenças como
a de Alzheimer. "Estudos mostram que há nascimento de neurônios todos os dias
e que, além daquelas atividades intelectuais, eles podem ser estimulados por
meio de atividades físicas. Quanto mais você fizer pelo seu cérebro, menos
sofrerá quando a idade avançada chegar", sugere ele.
Não confunda
- É possível que a desatenção (ou a não concentração) seja confundida com falta de memória. Há testes capazes de fazer essa distinção, que são realizados por um especialista. Ele indicará a melhor forma de contornar o problema.
- Deu branco? O esquecimento tem papel fundamental no processo de aprendizado, pois serve para não atrapalhar a aquisição de novas informações. "Lapso de memória não é problema de memória", ressalta Cláudia Memória.
- Ausência de memória pode ser falta de estratégias eficazes. Lance mão de alarmes, agendas e blocos de anotações (aqueles coloridos e autoadesivos são ótimos para sair colando por aí)... Mude o anel de dedo ou troque o relógio de braço para sinalizar pendências. E altere seu discurso: em vez de dizer "eu não posso me esquecer", prefira "o que eu preciso fazer para me lembrar de...".
- É possível que a desatenção (ou a não concentração) seja confundida com falta de memória. Há testes capazes de fazer essa distinção, que são realizados por um especialista. Ele indicará a melhor forma de contornar o problema.
- Deu branco? O esquecimento tem papel fundamental no processo de aprendizado, pois serve para não atrapalhar a aquisição de novas informações. "Lapso de memória não é problema de memória", ressalta Cláudia Memória.
- Ausência de memória pode ser falta de estratégias eficazes. Lance mão de alarmes, agendas e blocos de anotações (aqueles coloridos e autoadesivos são ótimos para sair colando por aí)... Mude o anel de dedo ou troque o relógio de braço para sinalizar pendências. E altere seu discurso: em vez de dizer "eu não posso me esquecer", prefira "o que eu preciso fazer para me lembrar de...".
Mente sem estresse
Um novo aprendizado demanda o envolvimento de diversas vias neuronais. E, às vezes, trabalhamos nossa mente à exaustão (excesso de metabolismo) para "criar um arquivo", fazendo que uma atividade que poderia ser prazerosa se torne chata. O estresse é inimigo da memória, pois com ele vem de brinde o hormônio cortisol. "No hipocampo, há um grande número de receptores para o cortisol, o que faz que a memória fique prejudicada quando há excesso dele", explica a neuropsicóloga. Para ela, memorizar nada mais é do que associar treino e disciplina. "Um bom memorizador é um bom estrategista", pontua.
Um novo aprendizado demanda o envolvimento de diversas vias neuronais. E, às vezes, trabalhamos nossa mente à exaustão (excesso de metabolismo) para "criar um arquivo", fazendo que uma atividade que poderia ser prazerosa se torne chata. O estresse é inimigo da memória, pois com ele vem de brinde o hormônio cortisol. "No hipocampo, há um grande número de receptores para o cortisol, o que faz que a memória fique prejudicada quando há excesso dele", explica a neuropsicóloga. Para ela, memorizar nada mais é do que associar treino e disciplina. "Um bom memorizador é um bom estrategista", pontua.
Alimentação e exercícios físicos também são importantes para
manter a memória em boa forma. No cardápio, inclua alimentos ricos em
flavonoides (presentes nas frutas vermelhas), ômega-3 (peixes, castanhas),
vitaminas do complexo B (carnes vermelhas, aves, grãos integrais, leite) e
colina (ovos) - este último nutriente é precursor do neurotransmissor
acetilcolina, que é envolvido no processo de memorização. Os exercícios físicos
aumentam a oxigenação cerebral e promovem a liberação de substâncias favoráveis
ao aprendizado. O biólogo Engelke salienta que, além da liberação de dopamina -
neurotransmissor que favorece a consolidação das memórias -, exercícios físicos
trabalham a coordenação motora, propondo desafios para o cérebro.
Vale salientar que, depois de um dia intenso de trabalho ou
ginástica, descansar é obrigatório. "Dormir é necessário para fortalecer o
aprendizado, sobretudo na fase do sono chamada REM (do inglês, Movimentos
Rápidos dos Olhos), que consolida a memória de longo prazo", afirma
Claúdia.
Use os cinco sentidos
Sair da rotina é o mesmo que aprimorar seus neurônios. "O mais importante é diversificar as atividades para mobilizar diferentes áreas do cérebro. As portas de entrada das informações que nos cercam são os sentidos", diz a neuropsicóloga Claudia. Ela alerta para o fato de que a visão e a audição são supervalorizadas na nossa cultura e que, portanto, acabamos esquecendo o tato, o olfato ou o paladar na hora de reforçar a aquisição de uma informação.
Sair da rotina é o mesmo que aprimorar seus neurônios. "O mais importante é diversificar as atividades para mobilizar diferentes áreas do cérebro. As portas de entrada das informações que nos cercam são os sentidos", diz a neuropsicóloga Claudia. Ela alerta para o fato de que a visão e a audição são supervalorizadas na nossa cultura e que, portanto, acabamos esquecendo o tato, o olfato ou o paladar na hora de reforçar a aquisição de uma informação.
Aprender a tocar um instrumento musical; estudar uma língua
estrangeira; jogar videogame; fazer sudoku; buscar novas rotas para o
trabalho; matricular-se em aulas de dança. Há um sem-número de atividades à sua
disposição, contanto que não sejam realizadas como sendo mais algumas entre as
tarefas maçantes do cotidiano. "É complicado dizer a uma pessoa que, para
turbinar sua memória, ela tenha de, obrigatoriamente, fazer palavras-cruzadas
no período da manhã. Simplesmente, pode não ser interessante para ela",
pondera o biólogo Silva. "Todas essas atividades são importantes quando
elas dão prazer. Aí, sim, serão benéficas para o cérebro".
Como você adquire e retém as memórias
AQUISIÇÃO
O lobo frontal é responsável pela memória de curto prazo. Caso a informação seja relevante (ou repetida diversas vezes), esse conhecimento será registrado no lobo temporal - especificamente, em uma região chamada hipocampo. E, já que são áreas do cérebro distintas, é o que explica o porquê de uma pessoa com doença de Alzheimer não recordar a data atual, mas ser hábil para tocar um instrumento musical.
O lobo frontal é responsável pela memória de curto prazo. Caso a informação seja relevante (ou repetida diversas vezes), esse conhecimento será registrado no lobo temporal - especificamente, em uma região chamada hipocampo. E, já que são áreas do cérebro distintas, é o que explica o porquê de uma pessoa com doença de Alzheimer não recordar a data atual, mas ser hábil para tocar um instrumento musical.
ARMAZENAMENTO
As memórias estão subdivididas em: declarativa (o saber que) e implícita (o saber como). A primeira, ligada ao lobo temporal, tem a ver com registrar nomes, o local onde se deixou um objeto etc. Já a segunda relaciona-se a habilidades, hábitos e outros tipos de aprendizagem (tocar um instrumento, pintar, falar uma língua estrangeira).
As memórias estão subdivididas em: declarativa (o saber que) e implícita (o saber como). A primeira, ligada ao lobo temporal, tem a ver com registrar nomes, o local onde se deixou um objeto etc. Já a segunda relaciona-se a habilidades, hábitos e outros tipos de aprendizagem (tocar um instrumento, pintar, falar uma língua estrangeira).
EU DIÁRIO: COMPONDO UMA AGENDA MENTAL
- Use calendários, circulando a data no início do dia assim que acordar, e, ao se deitar, risque-a. Diga em voz alta a data ("Hoje é sexta-feira, dia 22 de março de...") para reforçar a informação. Faça também uma conferência mental dos afazeres.
- Use calendários, circulando a data no início do dia assim que acordar, e, ao se deitar, risque-a. Diga em voz alta a data ("Hoje é sexta-feira, dia 22 de março de...") para reforçar a informação. Faça também uma conferência mental dos afazeres.
- Sempre que sair de casa, pergunte-se: preciso levar
algo? Tenho de passar em algum lugar? Devo me encontrar com alguma pessoa?
- E, na volta, as perguntas podem ser: tenho de levar
algo para casa? Preciso passar em algum lugar? Alguém me pediu algo? Há alguma
tarefa ainda pendente?
- Repasse tudo o que foi feito ao longo do dia antes de
dormir. Se você for disciplinado, escreva em uma agenda física o que conseguiu
cumprir, assim como as pendências.
Neuróbica: mente em treinamento
Quem fez o termo "neuróbica" (uma alusão aos
exercícios aeróbicos) ficar conhecido mundialmente foram Lawrence C. Katz e
Manning Rubin, autores do livro Mantenha seu cérebro vivo (Ed.
Sextante). A publicação contém dicas de exercícios que fariam o cérebro quebrar
sua rotina, envolvendo todos os sentidos nas atividades diárias, criando novas
formas de memorizar ações. Embora não haja experimentação científica que
comprove a eficácia de tais exercícios neuróbicos, as sugestões abaixo
(extraídas do livro) fazem algum sentido. Você concorda?
1) Vestir-se ou tomar banho de olhos fechados
2) Jantar com a família em silêncio e se comunicar por gestos
3) Usar a mão não dominante para escovar os dentes
4) Faça um novo caminho até o trabalho, buscando rotas não habituais
5) Procure as chaves de casa dentro da bolsa sem olhar para elas
6) Troque o programa de TV da noite por um jantar com um amigo
7) Prove novos pratos quando for a um restaurante que aprecia
1) Vestir-se ou tomar banho de olhos fechados
2) Jantar com a família em silêncio e se comunicar por gestos
3) Usar a mão não dominante para escovar os dentes
4) Faça um novo caminho até o trabalho, buscando rotas não habituais
5) Procure as chaves de casa dentro da bolsa sem olhar para elas
6) Troque o programa de TV da noite por um jantar com um amigo
7) Prove novos pratos quando for a um restaurante que aprecia
DICAS PARA ORGANIZAR A "CABEÇA"
Exercite a mente com disciplina, prazer e organização. Use
cadernetas, agendas, listas, desde que não gerem estresse. "Usar esses
dispositivos não é um demérito, mas um jeito mais organizado de lidar com as
demandas diárias", pontua a neuropsicóloga Cláudia, que deu as dicas
abaixo:
- Quando montar uma lista de supermercado, divida-a por
áreas: higiene pessoal, limpeza, etc. Não é preciso segui-la piamente.
Carregue-a simples conferência.
- Trabalhe com os dois hemisférios do cérebro. A
leitura recruta, em grande parte, o hemisfério esquerdo. Imagine situações
propostas pelo que é lido. Isso estimula o outro lado do cérebro, que é mais
visual.
- Se for apresentado para uma nova pessoa, repita o
nome dela durante a conversação. Pense em conhecidos seus que sejam homônimos.
Além disso, preste atenção às feições e guarde o que for mais marcante, - a
junção de estratégias reforça a informação.
- Classifique suas anotações por "áreas da
vida" em bloquinhos de cores distintas: verde para assuntos pessoais;
amarelo, temas do trabalho; rosa, coisas da casa.
blog de parabens! muito informativo.
ResponderExcluirTb gostei muito. A mulher se chama Claudia Memória? Não tinha um nome mais sugestivo? rss
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