Os dados foram apresentados na última edição da revista especializada Aerosol Science and Technology
Uma equipe de pesquisadores brasileiros testou 227
modelos de máscaras vendidos no país para avaliar o grau de proteção contra o
novo coronavírus. Como o esperado, os dispositivos profissionais são os mais
eficazes, com retenção de partículas de aerossol (expelidas no ar) superior a
90%, mas até os mais simples, como os de tecido, têm um grau de proteção contra
o Sars-CoV-2, que pode ser incrementado com a adoção de outras medidas
preventivas. Os dados foram apresentados na última edição da revista especializada
Aerosol Science and Technology.
Liderados por Paulo Artaxo, professor do Instituto
de Física da Universidade de São Paulo (IF-USP), os cientistas realizaram os
testes usando um dispositivo que continha uma solução de cloreto de sódio e
emitia partículas de aerossol de 100 nanômetros — o Sars-CoV-2 tem cerca de 120
nanômetros de diâmetro. Uma explosão de aerossóis foi disparada, e a
concentração de partículas, medida antes e depois do modelo de máscara.
Os resultados mostraram que as cirúrgicas foram as
mais eficientes, junto com as dos modelos PFF2 e N95 — elas filtram entre 90% a
98% das partículas. Em seguida, vieram as máscaras de tecido não tecido (TNT)
ou polipropileno, com eficiência de 80% a 90%. Por último, estão as feitas de
algodão comum, lycra ou microfibra, que filtram 40% em média (de 15% a 70%).
Segundo Artaxo, as máscaras de algodão de camada
dupla filtram consideravelmente melhor do que os modelos de camada única, mas a
eficácia dificilmente foi alterada com uma inclusão de uma terceira camada,
que, inclusive, reduziu a respirabilidade. “O estudo inovou de várias maneiras.
Uma foi a avaliação da respirabilidade. As máscaras de TNT e de algodão eram as
melhores nesse quesito. Os modelos FFP2 e N95 não eram tão confortáveis, mas as
máscaras de papel eram as piores”, relata em entrevista à Agência Fapesp. A
pesquisa contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo, a Fapesp.
Distanciamento
Detalhes de design e do material usado no acessório
protetivo também interferiram no efeito esperado. “De modo geral, as máscaras
com costura central protegem menos porque a máquina de costura faz orifícios
que aumentam a passagem do ar”, explica Fernando Morais, primeiro autor do
artigo e pesquisador do IF-USP, à agência Fapesp. “Já algumas máscaras de
tecido incluem fibras de níquel, cobre ou outros metais que inativam o vírus e,
portanto, protegem o usuário de forma mais eficaz. Existem até modelos
eletricamente carregados que retêm mais partículas. Em todos os casos, porém, a
eficácia cai quando a máscara é lavada por causa do uso e do desgaste”,
complementa.
Os autores do artigo ressaltam que, apesar de a
eficácia da máscara sofrer variações, todos os tipos ajudam a reduzir a
transmissão do vírus, e que o uso do protetor em parceria com o distanciamento
social é essencial para evitar a disseminação do Sars-CoV-2. “A transmissão do
vírus é comprovadamente pelo ar, e usar máscara o tempo todo é uma das melhores
estratégias de prevenção, além de deixar portas e janelas abertas para ventilar
os quartos o máximo possível”, afirma Artaxo.
De 90% a 98%
Taxa de retenção de partículas expelidas no ar da
máscara cirúrgica, da PFF2 e da N95
Fonte: https://www.correiobraziliense.com.br/mundo/2021/06/4928642-protecao-de-mascaras-contra-a-covid-19-e-superior-a-90.html
- Correio Braziliense - crédito: Franck Fife/AFP