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quarta-feira, 4 de abril de 2012

Os olhos são mesmo as janelas da alma?

Seus olhos podem realmente ser a janela para sua alma. Segundo um novo estudo realizado por psicólogos da Universidade Yale, EUA, a maioria das pessoas sentem intuitivamente que seu “eu”, também conhecido como a sua alma, ou ego, existe no ou perto de seus olhos.

Em três experimentos, os pesquisadores estudaram as intuições de crianças pré-escolares (4 anos) e adultos sobre a localização precisa de seu “autossenso” no corpo.

Os participantes viram imagens de personagens de desenhos animados, e em cada foto um pequeno objeto (uma mosca zumbindo ou um floco de neve) foi posicionado perto de uma seção diferente do corpo do personagem (face, tronco, pés, etc.), sempre na mesma distância.

Os participantes deveriam indicar quais fotos mostravam o objeto mais próximo do corpo. A hipótese é que as pessoas interpretariam como o objeto mais próximo o que estivesse mais perto do que eles intuitivamente acreditavam ser a localização da alma.

A grande maioria das crianças e dos adultos achou que o objeto estava mais próximo ao personagem quando estava perto dos olhos dele.

Isto se manteve verdade mesmo quando o personagem de desenho animado era um alienígena de pele verde, cujos olhos estavam sobre seu peito e não em sua cabeça – o que sugere que são os olhos, e não o cérebro, que pareciam mais intimamente ligados à alma.

“A natureza indireta do nosso método, e o fato de que esses julgamentos são compartilhados por adultos e pré-escolares, sugere que nossos resultados não refletem uma compreensão culturalmente aprendida, mas poderiam ser enraizados em um sentido mais intuitivo ou fenomenológico de onde, em nossos corpos, nós residimos”, concluíram os autores Christina Starmans e Paul Bloom.

Controvérsias

Alguns especialistas discordam sobre as implicações da pesquisa. O neurologista Robert Burton, ex-chefe de neurologia da Universidade da Califórnia em São Francisco, EUA, acha que os resultados não descartam a possibilidade de que o sentido ocidental de que nós existimos (nossa alma fica) em nossos olhos seja culturalmente doutrinado.

Burton disse que o resultado mais interessante do estudo parece ter sido ignorado pelos pesquisadores: o fato de que as crianças e os adultos não deram as mesmas respostas durante o experimento com o personagem de desenho animado alienígena.

Quase tantas crianças pensaram que a mosca estava mais próxima do alienígena quando estava perto de sua cabeça sem olhos do que quando estava perto de seu peito com olhos.

Ao mesmo tempo, os adultos, quase por unanimidade, selecionaram os olhos no peito. “Isto sugere que algo que aconteceu entre os 4 anos até a idade adulta que afetou a nossa compreensão de identidade”, comentou Burton.

Em outras palavras, pode ser que nós aprendemos a associar a identidade com os olhos, ao invés de fazê-lo naturalmente, desde o nascimento.

Talvez, por exemplo, os olhos assumem mais importância à medida que crescemos e temos consciência dos sinais sociais que outras pessoas transmitem com os olhos. Ou talvez seja porque os adultos aprenderam que é educado fazer contato visual.

Além disso, os participantes do estudo podem não ter interpretado a ideia da mosca e do floco de neve estarem “mais perto” de um personagens de desenho animado como sendo que eles estavam mais perto de sua alma ou seu “eu”.

Os objetos parecem maiores quando estão mais perto dos olhos, e isso pode ter confundido os participantes.

O neuropsiquiatra Georg Northoff, da Universidade de Ottawa, Canadá, concorda que a interpretação dos autores de seus resultados experimentais é “exagerada”.

Apesar disso, Northoff disse que um grande corpo de evidências sugere que a maioria das pessoas têm um senso de “eu” que se manifesta fisicamente em seus corpos. “Nós temos a tendência de localizar algo e materializá-lo no corpo como mente ou como alma”, disse.

É importante notar também que a parte do cérebro em que a autoconsciência surge, chamada córtex pré-frontal ventromedial, está localizada atrás dos olhos. Burton acredita que é possível que as pessoas sintam que a alma está fisicamente localizada perto dos olhos porque nossa identidade emerge nos neurônios dessa região.[LiveScience, Foto]

Fonte: http://hypescience.com/os-olhos-sao-mesmo-as-janelas-da-alma/ - Por Natasha Romanzoti

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Ler para lidar com os males da alma


A Biblioterapia pode diminuir a ansiedade, depressão, fobias e até mesmo melhorar a autoestima entre diversos tipos de público e faixas etárias

Ao escolher um bom livro, o leitor pode viajar para outro espaço e época e conhecer personagens únicos que podem marcá-lo para sempre. Quem costuma ler sabe bem como é. Já foi comprovado que os benefícios vão além do entretenimento. Desde as antigas civilizações acreditava-se que a leitura poderia proporcionar alívio às enfermidades. Porém o nome específico de biblioterapia (terapia por meio de livros) surgiu apenas no século XX. Inicialmente, ela era recomendada para pessoas portadoras de conflitos internos como depressão, medos, fobias e para idosos. Hoje, após anos de pesquisa, sabe-se que a leitura terapêutica pode trazer diversos benefícios para diferentes tipos de pessoas em faixas etárias distintas.

Essa terapia complementar pode ser aplicada em grupo ou individualmente. De acordo com Lucélia Paiva, autora do livro A arte de falar da morte para crianças (Editora Ideias & Letras), a leitura proporciona o aumento da autoestima e pode ser aplicada em processos de desenvolvimento pessoal, educacional ou em quadros clínicos. “As histórias podem levar a mudanças, pois auxiliam o indivíduo a enxergar outras perspectivas e distinguir opções de pensamentos, sentimentos e comportamentos, dando oportunidades de discernimento e entendimento de novos caminhos saudáveis para enfrentar dificuldades”, diz.

Para quem é indicada a terapia complementar?

A prática tem sido usada em várias situações clínicas, na qualidade de terapia complementar. Confira:

- luto (divórcio ou morte)
- depressão
- hospitalizações
- falta de perspectiva na vida
- doenças crônicas
- dificuldades para se relacionar
- presidiários
- idosos
- dependências
- traumas
- ansiedade
- desemprego
- estresse e bullying

Para Clarice Fortkamp Caldin, autora do livro Biblioterapia: um cuidado com o ser (Porto das Ideias Editora), a leitura, ao descortinar um outro mundo, uma outra realidade, permite ao ser humano exercitar o imaginário, assumir as características de determinados personagens especialmente admirados, refletir sobre suas atitudes e aliviar suas angústias. “Isso só acontece com a leitura do ficcional, que permite a liberdade de interpretações”, afirma. Além de todos esses benefícios, a biblioterapia também amplia a compreensão intelectual, desenvolve senso de pertencimento, dá inspiração, corrige ou elimina comportamentos nocivos ou confusos, e além disso pode diminuir a ansiedade e a solidão.

Profissionais como psicólogos, educadores, bibliotecários e assistentes sociais, quando bem preparados e treinados, podem aplicar a terapia por meio de livros. O especialista, primeiramente, identifica o problema a ser tratado, para depois selecionar a obra que será utilizada. Em seguida, são feitos o compartilhamento das experiências e o acompanhamento do impacto do material escolhido.

Ao ler um texto, o indivíduo constrói um texto paralelo, ligado às suas experiências e vivências pessoais, o que o torna diferente para cada leitor. A literatura tem o poder de mexer com as emoções porque admite a suspensão temporária do que se conhece por descrença. Isso significa que durante a leitura, ele passa a acreditar nos acontecimentos dos livros e esquece dos próprios problemas, causando o bemestar e assim diminuindo a dor.

"Com a leitura terapêutica o leitor se distancia de sua própria dor e também é capaz de expressar seus sentimentos e ideias, possibilitando uma percepção mais aguçada de sua situação de vida. A partir daí desenvolve-se ainda uma forma de pensar criativa e crítica. Ler também diminui o sentimento de solidão, e estimula uma maior empatia com outras pessoas"

Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br/saude-nutricao/106/ler-para-lidar-com-os-males-da-alma-a-246206-1.asp - Por Samantha Cerquetani