Seres humanos vivem mais tempo do que quase todos os outros
mamíferos. Por quê?
Essa é a pergunta que uma equipe internacional de cientistas
queria responder. Para isso, eles compararam a quantidade de energia que os
primatas usam por dia, em média, com a quantidade equivalente de energia que
outros mamíferos gastam diariamente.
Os pesquisadores descobriram, surpreendentemente, que os
primatas queimam metade das calorias que outros mamíferos de tamanho similar –
um ser humano (mesmo alguém com um estilo de vida muito ativo fisicamente)
precisaria correr uma maratona por dia apenas para se aproximar da média de
gasto energético diário de outro
mamífero de seu tamanho.
Aliás, como primatas em zoológicos gastam tanta energia
quanto primatas em estado selvagem, o estudo sugere que a atividade física pode
ter menos impacto sobre a quantidade de calorias que os mamíferos gastam do que
se pensava.
Segundo os cientistas, este metabolismo lento natural dos
primatas pode retardar o processo de envelhecimento, o que faz com que eles
vivam mais.
Seres humanos x outros mamíferos
A maioria dos mamíferos, incluindo ratos e cães, atinge a
idade adulta dentro de um ou dois anos. Inclusive, muitos mamíferos atingem a
maturidade sexual em questão de semanas. Por exemplo, um rato de seis meses tem
o equivalente a 18 anos humanos, enquanto um cão de dois anos tem o equivalente
a 18 a 25 anos humanos.
Na natureza, estes mamíferos se reproduzem muito mais
regularmente do que os primatas e muitos
morrem na adolescência, se não antes.
Em comparação, humanos
e nossos parentes primatas, como macacos, grandes símios, társios e
lêmures, têm longas infâncias, se reproduzem com pouca frequência e vivem uma
vida excepcionalmente longa.
Este ritmo lento de vida tem intrigado os biólogos por algum
tempo, porque os mecanismos por trás dessa diferença eram desconhecidos.
A pesquisa
Agora, o professor Herman Pontzer, do Hunter College (Nova
York, EUA) e seus colegas analisaram 17 espécies de primatas em zoológicos,
santuários e na natureza para determinar seu gasto energético diário.
Usando uma técnica segura e não invasiva conhecida como
“água duplamente marcada”, os pesquisadores mediram o número de calorias que os
primatas queimavam ao longo de um período de 10 dias.
Esta técnica acompanha a produção de dióxido de carbono do
corpo, o que dá uma indicação da quantidade de energia que ele está gastando.
Ao combinar essas medidas com dados similares de outros
estudos, a equipe pode comparar a produção de energia destes animais com a de
outros mamíferos.
“Os resultados foram uma verdadeira surpresa. Os seres
humanos, chimpanzés, babuínos e outros primatas gastam apenas metade das
calorias que esperaríamos para um mamífero”, explicou o professor Pontzer.
Todos os organismos precisam de energia para crescer e se
reproduzir, e o gasto energético também pode contribuir para o envelhecimento.
As baixas taxas de crescimento, reprodução e envelhecimento entre os primatas
correspondem a sua lenta taxa de gasto energético, o que indica que a evolução
tem atuado na taxa metabólica para moldar as vidas distintamente lentas dos
primatas.
“As condições ambientais que favorecem a redução de gastos
de energia podem ser a chave para entender por que os primatas, incluindo
humanos, evoluíram este ritmo lento de vida”, sugere um dos coautores do
estudo, David Raichlen, da Universidade do Arizona (EUA). [DailyMail]