Campanha nacional visa quebrar distinção entre boca
e corpo para criar um ambiente que cuide da saúde de maneira mais integral
“Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental
e social, e não apenas a ausência de doença.” Esse é o conceito adotado pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1948. Mais que uma definição, ele
simboliza um compromisso, um horizonte a ser alcançado.
Saúde não é uma situação estável: uma vez obtida,
precisa de ação contínua para ser mantida e depende não somente do indivíduo,
mas também de um contexto externo, muitas vezes não controlável, de questões
culturais e conhecimento dos limites do corpo e da mente.
Pensando nesse bem-estar, o corpo deve ser
considerado como um todo, um sistema que funciona integralmente, engrenado e em
harmonia interna e externa. Precisamos, portanto, pensar a saúde de forma
sistêmica. E aqui chegamos ao nosso grande mote: por que tão frequentemente a
saúde bucal é separada da saúde do corpo?
A saúde bucal é parte integrante e inseparável do
estado geral de uma pessoa. No contexto de busca do bem-estar, existem inúmeras
especialidades médicas e odontológicas que atendem a diferentes necessidades, e
a procura por um profissional adequado nem sempre é fácil.
O próprio modelo de ensino pode causar incerteza e
falta de conhecimento para o alcance de uma saúde plena. Odontologia e medicina
são cursos ministrados de diferentes formas em diversos locais do mundo. Em
alguns países, por exemplo, é o mesmo curso de graduação; em outros, são cursos
completamente separados que, ainda, ocasionam disputa entre profissionais no
mercado de trabalho. E essa realidade afeta o paciente.
Há mais de cem anos a associação entre doença bucal
e doença sistêmica é debatida, sendo que muitos estudos foram realizados para
comprovar essa relação. Mas, para balizar tudo isso, é preciso investir em uma
formação acadêmica que faça os estudantes de odontologia e medicina focarem num
olhar integral às necessidades do paciente.
Uma dose extra de qualidade de vida para o seu ano
novo.
O corpo tem algumas principais estruturas de contato
com o mundo, sendo que a boca se expande para além dos sentidos. É responsável
por muito mais: o primeiro choro, a amamentação, a nutrição, a respiração, a
criação de vínculos, a fala e a comunicação, a socialização, o primeiro beijo,
a autoestima, os sorrisos… Além disso, da boca e de suas atividades depende uma
quantidade considerável de órgãos, como coração, estômago, intestino, pulmões…
Foi esse cenário de dicotomia entre saúde bucal e
saúde do corpo que inspirou a Sorrir Muda Tudo, maior campanha de valorização
da odontologia já realizada no Brasil. Um projeto que visa criar o hábito de
prevenção, incentivando a visita regular ao cirurgião-dentista, e abrangendo
todo o ciclo de cuidados: indústria da saúde, cirurgiões-dentistas, associações
e pacientes.
Essa parceria da ABIMO (Associação Brasileira da
Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de
Laboratórios) com entidades e indústrias do setor promete atingir muitas
pessoas, desdobrando-se, inclusive, em benefícios para todo o sistema de saúde
brasileiro. Afinal, um sorriso tem o poder de transformar muitas histórias.
Fonte: https://saude.abril.com.br/blog/com-a-palavra/nao-devemos-separar-a-saude-da-boca-da-saude-do-corpo/
- Por Regiane Marton, cirurgiã-dentista - Foto: Getty Images/SAÚDE é Vital