De acordo com os profissionais consultados por
Donna, a orientação tem como objetivo contribuir com a saúde íntima feminina
Nas redes sociais e em grupos femininos de WhatsApp,
muitas mulheres contam que estão aproveitando o período de confinamento para
colocar em prática uma recomendação de muitos ginecologistas: usar menos roupa
íntima. De acordo com os profissionais consultados por Donna, a orientação tem
como objetivo contribuir com a saúde íntima feminina. Por conta do excesso de
roupas (usar a calcinha e mais uma calça jeans, por exemplo), pode haver um
aumento do calor e da umidade no local, como explica a ginecologista Clarissa
Amaral:
— A falta de transpiração faz com que aumente a
proliferação de agentes patogênicos como a cândida, que causa as vulvovaginites
fúngicas — afirma.
Nos consultórios, muitos médicos costumam indicar
que as pacientes não usem calcinha na hora de dormir - mas, segundo a médica,
só há benefícios em não vestir a peça durante o dia quando você está em casa.
— A orientação em relação à noite é muito mais por
uma questão de conforto e por ser um momento de maior privacidade, mas não
deveria ser somente para dormir — afirma.
Respira!
Para o ginecologista Paulo César Giraldo, tão
importante quanto deixar a roupa íntima de lado por algumas horas todos dias é
estar atenta ao tipo de calcinha que você escolhe. O maior problema, explica o
professor titular de Ginecologia da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), é vestir peças apertadas:
— A área genital fica entre as coxas, e isso faz com
que fique sob oclusão e fricção. A pele da vulva sofre mais do que a do
antebraço ou das costas, por exemplo. Se você usa uma roupa íntima apertada,
aumenta essa oclusão — ensina.
Ou seja: de nada adianta seguir à risca a orientação
de deixar a calcinha de lado para dormir e, durante o dia, usar aquela lingerie
justíssima por muitas horas. Vale ficar atenta também às demais peças "de
baixo": calças jeans muito apertadas, por exemplo, também podem ser
prejudiciais para sua saúde íntima. O médico conta que já atendeu pacientes que
ficaram com a pele manchada por conta da tinta.
— Pela umidade na área genital, a tinta se impregna
na vulva. Quando a peça está apertada, a mulher transpira e a tinta sai —
explica.
Não quer dizer que você precise aposentar aquela
calça mais justa: em seu site, o higienegenitalfeminina.com.br, o médico ensina
que o ideal é evitar usar esse tipo de peça por muitas horas seguidas. Se
apostou numa roupa mais apertada hoje, o ideal é que amanhã você opte por uma
peça mais solta.
E o melhor tecido?
Você já deve ter ouvido falar que o ideal é optar
por peças íntimas de algodão, não é? De fato, elas favorecem a oxigenação na
área, mas não há problema em usar calcinhas de outros materiais se elas não
forem justas demais e deixarem a pele transpirar.
— Muita gente fala para não usar calcinha de lycra,
mas é bobeira. Raramente a mulher terá alergia ao tecido. Os incômodos aparecem
se a calcinha ocluir a respiração ou se for muito apertada — pondera o médico,
que é membro da Comissão Nacional Especializada em Doenças Infectocontagiosas
da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia
(Febrasgo).
Hora do banho
Mas prevenir possíveis infecções genitais também tem
a ver com a higiene íntima adequada, recorda a ginecologista Clarissa. Isso não
quer dizer lavar a área diversas vezes por dia - o que pode ser, inclusive,
prejudicial.
— Higienizar bem não quer dizer demais — pontua
Giraldo. — Mas, se a higiene não é feita, a área vulvar vai acumular secreções
e detritos orgânicos, e as bactérias se proliferam. Elas produzem substâncias
que podem ser nocivas para o tecido e, eventualmente, favorecer infecções.
O ideal é lavar a região de uma a, no máximo, três
vezes ao dia em tempos de calor, devido à transpiração excessiva. Na época de
frio, uma limpeza diária é o suficiente. Não custa lembrar: não se deve
introduzir água dentro da vagina (do hímen para dentro, como explica o médico).
Duchas vaginais só devem ser utilizadas com prescrição médica.
Fonte: https://gauchazh.clicrbs.com.br/donna/noticia/2020/08/ficar-sem-calcinha-faz-bem-por-que-o-novo-habito-do-confinamento-pode-favorecer-sua-saude-intima-ckdkf54s3006k0147tu7qbeu7.html
- Thamires Tancredi