Todos os dias a gente lê sobre alguns
avanços absolutamente incríveis – e quase inacreditáveis – da ciência. Coisas
como o robô canguru, que dá saltos irrepreensíveis e promete
ajudar a desenvolver melhores formas de controlar equipamentos em
fábricas, as gaiolas de DNA e a prótese de crânio feita em plástico por uma impressora 3D também
entram para a lista de algumas das coisas que nos deixam maravilhados com o que
a ciência é capaz de fazer.
Mas, apesar de darmos tantos saltos, em tantas
direções, algumas perguntas a respeito do corpo humano permanecem sem
explicação. Por exemplo:
10. Por que nós temos impressões digitais?
Apesar todo mundo saber como as impressões digitais
são úteis, por serem únicas e nos fornecerem um sistema de identificação
infalível, a ciência não tem certeza absoluta de por que elas existem. Alguns
cientistas têm projetado modelos de computador elaborados para determinar como
elas se formam, mas, apesar de entenderem como crescem, não nos dão uma
compreensão sobre a razão evolucionária da existência dessa
característica. Alguns pesquisadores, contudo, podem estar mais perto de um
avanço.
Para entender porque as impressões digitais existem,
eles foram estudar casos de pessoas com uma desordem genética muito rara,
chamada adermatoglifia, que afeta apenas algumas famílias em todo o mundo e
cujos portadores não têm impressões digitais. Além do efeito colateral incomum
de suar um pouco menos, essas pessoas parecem não ser nem mais nem menos
saudáveis do que todos os outros.
Os pesquisadores estão esperançosos de que,
estudando essas famílias e seus genes, eles possam finalmente resolver o
mistério evolutivo de impressões digitais.
9. O que os “lactobacilos vivos” fazem?
Se você vive neste planeta, provavelmente já viu
algum comercial que usa a palavra “lactobacilo” para persuadir mais
consumidores. No caso do famoso Yakult, por exemplo, a marca anuncia que o
produto tem “lactobacilos vivos”, destinados a melhorar sua saúde de uma
maneira geral. Enquanto isso soa como algo inovador, a verdade é que os
lactobacilos são um tipo de boas bactéria já que vivem em todo o seu intestino.
E, estranhamente, os fabricantes de produtos como o Yakult não dizem o que
especificamente essas culturas vivas podem fazer em prol da sua saúde.
E a razão pela qual ninguém anuncia um benefício
específico é que ninguém realmente sabe quais eles são. Os lactobacilos vivos
certamente não fazem mal nenhum, mas os cientistas estão apenas começando a
desvendar os benefícios que eles podem trazer à nossa saúde. Eles suspeitam que
se puderem determinar a finalidade de todas as várias bactérias boas que vivem
em seres humanos, eles poderiam ser capazes de responder a todos os tipos de
outras questões e tratar muitas doenças. Resolver esse enigma provavelmente
será uma longa jornada.
8. Por que nós temos diferentes tipos de sangue?
Você provavelmente sabe que os seres humanos possuem
tipos sanguíneos diferentes e, se você já fez a boa ação de doar sangue,
provavelmente também sabe qual é o seu. Aliás, se você não sabe, procure saber
qual é, porque essa informação é extremamente valiosa, especialmente em uma
situação de emergência. Receber sangue do tipo errado pode até colocar sua vida
em risco.
Como os tipos de sangue evoluíram há 20 milhões de
anos, a ciência certamente tem muito o que aprender sobre esse assunto ainda.
Contudo, apesar de sabermos como eles funcionam, não sabemos realmente por que
eles existem.
Tipos sanguíneos são categorizados pelos diferentes
antígenos encontrados nas células do sangue de pessoas de cada tipo. Estes
antígenos são sinais para anticorpos que destroem as células estranhas no
corpo. Ou seja: os anticorpos não vão causar nenhum problema para os antígenos
do tipo correto, mas irão atacam intrusos de tipos sanguíneos diferentes,
rejeitando sangues que não sejam compatíveis.
Essa é a parte que os cientistas entendem. Mas não
sabemos qual é o propósito desses antígenos. O melhor palpite até agora é
que ele tem alguma coisa a ver com doenças. Os cientistas descobriram, por
exemplo, que as pessoas com sangue tipo B podem ser mais propensas a serem
incomodadas por E. coli, enquanto que aqueles que não fazem parte deste
grupo sanguíneo estão perto de serem imunes a uma forma de malária. Embora seja
difícil ter certeza do motivo, talvez grupos sanguíneos evoluíram como uma
forma de combater doenças infecciosas.
7. O cérebro permanece ativo depois de uma
decapitação?
Geralmente, em histórias de ficção, quando uma
pessoa é decapitada, ela passa alguns instantes terríveis e aterrorizantes
ainda consciente, e algumas vezes até pisca para fazer a gente perder ainda
mais o sono. Mas apesar de essas coisas parecerem lenda urbana, a verdade é que
não temos certeza de quanto tempo o cérebro pode ficar ativo para dizer se
esses roteiros têm ou não fundamento. E um detalhe crucial que dificulta a
pesquisa para desvendar esse mistério é que os cientistas não podem sair por aí
cortando a cabeça das pessoas para saber o que acontece. A única oportunidade
real de coleta de dados foi durante a Revolução Francesa, quando a guilhotina
foi o principal método de execução.
Mas mesmo com vários experimentos realizados, só há
uma tentativa documentada de comunicar o que acontece imediatamente após a
decapitação, e os créditos são de um pesquisador chamado Dr. Gabriel Beaurieux.
Depois de chamar várias vezes o nome de um homem que havia sido decapitado,
seus olhos se abriram e aparentaram se concentrar brevemente antes de fechar
uma última vez. O médico, então, chegou à conclusão de que algumas funções
menores permanecem ativas por cerca de 30 segundos após a decapitação, mas ele
não foi capaz de determinar se a consciência em si permanece ativa.
6. Os humanos têm feromônios?
Farejar em busca de feromônios, especialmente para
fins de reprodução, tem sido um comportamento muito observado no reino animal.
Isso despertou a curiosidade nos pesquisadores para estudar o possível papel
que eles desempenham nas interações humanas, e os resultados têm sido muitas
vezes mais confusos do que qualquer outra coisa.
Enquanto muitos estudos têm mostrado que os seres
humanos são afetados pelo cheiro, o negócio de feromônios é ligeiramente mais
complicado. Por um tempo, os cientistas estavam certos de que não tínhamos
sequer um órgão vomeronasal, que é o órgão olfativo que os animais usam para
detectar feromônios. Nós temos um muito pequeno, mas não está claro se ele
realmente faz alguma coisa. O que a ciência tem mostrado com clareza é que os
seres humanos têm os seus próprios cheiros exclusivos, que são provavelmente
influenciados geneticamente, assim como as impressões digitais. Por exemplo,
bebês muito jovens podem identificar suas mães pelo cheiro, e exposição regular
ao cheiro um do outro pode sincronizar um grupo de ciclos menstruais das
mulheres. Conclusão: claramente, ainda há muito o que aprender sobre o olfato
humano.
5. O que acontece quando uma pessoa é atingida por
um raio?
Se você já esteve na rua durante uma tempestade,
especialmente perto qualquer coisa de metal, ou uma árvore, provavelmente você
já pensou sobre o risco de ser atingido por um raio. É uma ideia bastante
assustadora, ainda mais sabendo que se isso acontecer, você pode acabar com
danos cerebrais permanentes, ou queimaduras gravíssimas, ou até mesmo passar
dessa para uma melhor. No entanto, apesar do que parece uma lesão horrível, a
maioria das vítimas sobrevivem. Alguns até saem completamente ilesos dessa
experiência que tem tudo para ser traumática – e os cientistas não fazem a
menor ideia do por quê.
Em uma tentativa de entender melhor essa questão, os
pesquisadores foram para a África do Sul, onde as trovoadas são mais comuns e
altamente perigosas. Lá, eles descobriram que o raio tem a sua própria maneira
de viajar através de nossos corpos e passaram a acreditar que isso tem a ver
com a incrível quantidade de energia que passa por nós em um curto espaço de
tempo. Há muitas perguntas ainda a responder, mas a expectativa é que, quando
as respostas chegarem, vidas poderão ser salvas.
4. Como uma mulher pode não saber que está grávida?
Existem
vários casos desses. Uma mulher começa a se sentir muito mal, vai para
o hospital, e na verdade estava grávida, está prestes a ter um bebê e não fazia
a menor ideia. Todo mundo fica com a mesma pergunta na cabeça: COMO ASSIM?
Parece no mínimo estranho uma mulher afirmar que é
pega de surpresa quando um ser humano sai de seu próprio corpo. Mas, acredite,
acontece. E como é um fenômeno muito raro, é extremamente difícil de estudá-lo
a fundo para entender melhor como é possível algo assim acontecer. No entanto,
os pesquisadores têm algumas dicas. Um dos motivos que leva uma mulher a não
saber que está grávida é ela estar acima do peso – o que significar que ela não
pode ganhar muitos mais quilos, e o crescimento de um bebê pode acabar passando
despercebido. E aí você pergunta: mas e quando o ciclo menstrual fica
interrompido? Pois é, algumas mulheres que estão acima do peso não têm ciclos
regulares, e podem ficar longos períodos sem menstruar sem estarem de fato
grávidas. Então, esse “sinal de gravidez” também passa despercebido. A verdade
é que os médicos ainda estão confusos a respeito de como isso de fato pode
acontecer.
3. Como as mitocôndrias funcionam?
Se as mitocôndrias absorverem cálcio em excesso,
pode matar as células, e isso inclusive tem sido associado a doenças como a
diabetes do tipo 2. Os pesquisadores acreditam que essas doenças afetam o
processo de sinalização pelo qual o corpo diz às mitocôndrias quanto de cálcio
devem absorver ou rejeitar. Uma equipe da Harvard conseguiu recentemente
catalogar todas as proteínas da mitocôndria, incluindo todos aquelas envolvidas
no processo de ingestão de cálcio. Embora ainda não sejam completamente
compreendidas, as mitocôndrias são um mistério que em breve pode estar
completamente resolvido.
2. Por que temos três ossos no ouvido?
Nosso ouvido é formado por três dos menores ossos de
todo o corpo humano. Eles são conhecidos como martelo, bigorna e estribo. Até
aí, nada fora do normal. Mas as coisas começam a mudar um pouco quando um
pesquisador de Stanford, no Estados Unidos, chamado Sunil Puria apontou que,
enquanto nós e outros mamíferos possuímos 3 ossos no ouvido, os répteis e aves
têm apenas dois, e ninguém entende o porquê dessa diferença.
A melhor teoria de Puria envolve uma estranha doença
chamada deiscência do canal semicircular, que pode levar a uma diminuição do
tecido no canal do ouvido, o que faz com que as pessoas comecem a ouvir sons
que elas normalmente não percebem, como o seu próprio batimento cardíaco. Já
pensou? Ouvir todos os barulhos do seu corpo funcionando? Seria no mínimo
enlouquecedor. Puria defende, então, que esse terceiro osso seria um mecanismo
para minimizar nossa sensibilidade a esses sons, o que de fato colabora muito
com a manutenção da nossa sanidade mental. Mas ainda falta muito trabalho para
tirar maiores conclusões.
1. Que tipos de bactérias vivem em nossas línguas?
A boca humana não parece ser um prato cheio para a
realização de muito novos estudos, não é? Afinal, sabemos o que os dentes são e
como eles funcionam. Entendemos as gengivas e temos um bom controle sobre nosso
paladar. Mas o fato é que a língua pode ser um verdadeiro baú do tesouro para
novas descobertas.
Médicos de todo o mundo dariam muitas coisas para
ter em suas mãos todas as bactérias que vivem na língua humana, para que
pudessem estudá-las a fundo, compreender melhor seus comportamentos e funções e
quem sabe até salvar mais vidas com as informações descobertas. O problema é
que a maioria dessas bactérias não cresce em uma Placa de Petri – peça de vidro
ou plástico que cientistas utilizam em laboratórios para fazer a cultura de
microrganismos.
Isso complica bastante o processo. Esta falta de
entendimento tem provado ser um grande obstáculo para o tratamento de doenças
da gengiva, como periodontite. Os médicos não têm nenhuma maneira fácil de
tratar a condição, pois muitas bactérias diferentes estão envolvidas, e eles
entendem muito pouco sobre elas. [Listverse]
Fonte: http://hypescience.com/10-perguntas-que-nao-podemos-responder-sobre-o-corpo-humano/
- por Gabriela Mateos
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