Corrimões, telefone celular e até mesmo o happy hour não
escapam da transmissão de vírus e bactérias
Tudo o que existe está absolutamente recoberto de bactérias
- inclusive você, por dentro e por fora. No entanto, nem todas as bactérias
causam doenças, sendo algumas inclusive benéficas e essenciais para o bom
funcionamento do nosso organismo. Mas quando pensamos nos micro-organismo
patogênicos - que tem potencial de transmitir doenças - a boa higiene é
fundamental para mantê-los longe. O clínico geral Eduardo Finger, coordenador
do departamento de pesquisa e desenvolvimento do SalomãoZoppi Diagnósticos,
explica que nem sempre a pessoa sucumbirá ao patógeno, ainda que seja exposta à
doença. "E também não é todo o vírus que pode ser transmitido durante o
dia a dia, pois nem todos sobrevivem muito tempo fora do corpo humano",
lembra o especialista. No geral, a gripe e os resfriados são mais facilmente
transmitidos de uma pessoa para outra, principalmente no inverno, e existem
algumas atividades muito comuns em nossa rotina nas quais estamos expostos a
isso e nem percebemos.
Confira:
Telefones públicos e telas sensíveis ao toque
Pode ser difícil encontrar um telefone público nestes dias,
mas teclados comuns e telas sensíveis ao toque estão em toda parte. "O
real potencial de transmissão de doenças infecciosas por objetos como os
telefones celulares não é conhecido, mas é possível que esse fenômeno
indesejável ocorra", explica o imunopatologista Marcelo Vivolo Aun, da
Sociedade Brasileira de Imunologia. Já os telefones públicos não costumam ter
uma manutenção e limpeza com periodicidade adequada, e pode acontecer de uma
pessoa gripada usá-lo e você, ao usar em seguida, correr o risco de contrair a doença.
"Se você quiser diminuir essa possível transmissão, o melhor é ter o
mínimo de contato com o bocal, ou seja, falar mais afastado." No caso
do telefone celular, evite compartilhá-lo com pessoas que
estejam doentes e mantenha a higiene do aparelho.
Corrimões e maçanetas
A nossa pele tem bactérias que "moram" nela, ou
seja, nos colonizam, e não causam doenças. "Desse modo, todo objeto que é
tocado por mais de uma pessoa - como corrimões, torneiras e maçanetas - pode
transmitir bactérias e outros micróbios", diz o infectologista Marcelo.
Assim, pessoas eventualmente doentes, com viroses intestinais ou gripe, por
exemplo, podem passar esses agentes pelo contato. "A melhor prevenção é a
lavagem de mãos."
Notas e moedas
"Pior do que as bactérias que todos falam são outras
substâncias que possam estar nas notas, transmissoras de doenças", explica
o clínico geral Eduardo Finger, coordenador do departamento de pesquisa e
desenvolvimento do SalomãoZoppi Diagnósticos. Até porque, você não sabe por
onde as mãos da pessoa que estava com a nota antes de você passaram -
inclusive, o infectologista Marcelo afirma que nem mesmo as notas do caixa
eletrônico se salvam. "Por isso, o recomendado é lavar as mãos com sabão
comum após pegar em notas em moedas, evitando assim um possível contágio",
explica Eduardo, que dispensa a necessidades de sabonetes antibacterianos.
Ônibus, trem e metrô
Ao falar em transporte público, logo pensamos nas barras de
segurança que muitas vezes usamos para nos apoiar enquanto estamos de pé - e
elas, assim como os corrimões, também têm potencial para abrigar vírus
transmissores de doenças. ?No entanto, você não precisa da barra para estar
exposto a bactérias, vírus e patógenos, já que estes circulam pelo ar?, explica
o clínico geral Eduardo. E ambientes como esses, que favorecem a aglomeração,
intensificam as chances de uma transmissão por via respiratória, por meio de
gotículas de secreções da boca e nariz. "Essa situação é maior quanto mais
pessoas estiverem no local e quanto menor for esse espaço", completa o
imunologista Marcelo.
Academias
Ainda que a limpeza dos aparelhos e banheiro de academias
seja mais frequente que a de um ônibus, por exemplo, o ambiente fechado do
estabelecimento também facilita a transmissão de doenças. E para as pessoas que
sentem protegidas após limpar o aparelho com os paninhos de higienização
disponíveis nas academias, saiba que eles não te deixam completamente protegido
de doenças. "Utilizamos os panos, pois as pessoas tem nojo do contato com
o suor de outra pessoa, mas no nível microbiológico, não faz a mínima
diferença", explica Eduardo Finger. De acordo com o especialista, essa
limpeza pode diminuir a exposição da pessoa aos patógenos caso o usuário
anterior do aparelho estiver com alguma doença contagiosa, mas jamais protegerá
100%. "Lembrando que ser exposto a um patógeno não quer dizer
necessariamente que você irá contrair a doença, cabendo entender qual é o
limite da higiene saudável, sem exageros", ressalta o especialista. Além
disso, nos dias mais frios, a mudança brusca de temperatura que acontece dentro
e fora da academia pode causar uma irritação no sistema respiratório,
aumentando a chance de ocorrências como asma e rinite.
Convivência com amigos e família
"A chance de contrair uma doença de outra pessoa é
influenciada pela exposição, e geralmente estamos mais em contato com os amigos
e família", declara o clínico geral Eduardo. Quem nunca viu aquela família
que um começa a pegar gripe ou virose intestinal do outro, não é verdade?
"O melhor modo de evitar essas ocorrências é não dividir objetos de uso
pessoal (talheres, toalhas, travesseiros) e lavar as mãos com mais frequência
durante os períodos em que alguém está doente."
Balada e happy hour
Todo lugar que concentra mais gente, aumenta a possibilidade
de exposição a patógenos. "Se o lugar for fechado e o ar recircular várias
vezes por várias pessoas, as concentrações de patógenos aéreos aumentam e mais
uma vez, sua chance de se expor aumenta", alerta Eduardo Finger. O
especialista explica que em alguns casos, você precisa de uma carga mínima de
um patógeno para se infectar - e a chance de bares e baladas fechadas atingirem
essa concentração crítica, que varia de pessoa para pessoa, aumenta. "Além
disso, álcool e sono irregular podem baixar sua imunidade e aumentar o risco de
você contrair uma doença", ressalta o infectologista Marcelo. Há também a
mudança de temperatura dentro e fora desses locais nos dias frios, que podem intensificar
os problemas respiratórios.
Comer junk food
Consumir uma dieta pobre em vitaminas e minerais e rica em
gorduras, açúcar, sódio e conservantes enfraquece o sistema imunológico e sua
capacidade de combater resfriados e outras doenças infecciosas. Por isso uma
alimentação baseada em fast food e congelados prontos para consumo, além de
pobre em frutas, legumes e verduras, pode prejudicar a sua imunidade e deixar
seu organismo mais sensível a infecções. Embora esses hábitos sejam essenciais
em todas as estações do ano e os benefícios sejam percebidos em longo prazo,
nunca é tarde para mudar a alimentação e deixar seu corpo mais protegido.