Benefícios da atividade física não ficam restritos
ao coração
Hoje em dia, é lugar-comum escrever ou dizer que a
prática regular de exercícios físicos traz benefícios à saúde. Observamos que
os aspectos mais abordados pelos jornais e revistas dizem respeito à saúde do
coração e aos benefícios estéticos e funcionais. Mas, felizmente, as vantagens
são mais amplas.
Desde a antiguidade, o exercício físico começou a ser reconhecido como uma intervenção que traria vantagens para os seus praticantes. Por exemplo, por volta de 1.550 a.C. um médico hindu chamado Susrota descreveu o uso clínico do exercício em diabéticos (ele notou que em torno da urina desses pacientes juntavam-se formigas - pela presença de glicose na urina; isso passava a não mais ocorrer quando eles eram tratados com dieta e exercícios).
Para que possamos nos beneficiar, é fundamental que
a prática de exercícios ocorra regularmente, pelo menos cinco vezes por semana.
Do ponto de vista científico, as coisas começaram a
ficar cada vez mais claras a partir da metade do século XX. Um estudo clássico,
realizado em Londres na década de 50, observou que os trocadores dos ônibus de
dois andares (que subiam e desciam as escadas diversas vezes ao dia, durante o
seu trabalho) tinham menos doenças cardiovasculares do que os motoristas, que
permaneciam sentados o tempo todo. Esse mesmo estudo também comparou os
carteiros, que caminhavam ou pedalavam vários quilômetros por dia, durante o
seu trabalho, com os funcionários das agências dos correios, que ficavam
sentados a maior parte do tempo; mais uma vez, os mais ativos tinham menos
doenças do coração.
Mas os benefícios são se restringem somente ao coração. Diversos grandes estudos científicos mostraram nas décadas seguintes, até os nossos dias, a variedade de benefícios para a nossa saúde:
Doenças cardiovasculares: na prevenção e também no
tratamento de hipertensão arterial, doença coronariana, insuficiência cardíaca
e doença cerebrovascular
Doenças metabólicas: na prevenção e como ponto
central do tratamento da síndrome metabólica, do diabetes tipo II
(não-insulino-dependente), da obesidade e das dislipidemias (colesterol e
triglicerídeos elevados)
Doenças respiratórias: na prevenção e no tratamento
da asma brônquica na cessação do hábito de fumar
Doenças neurológicas: na prevenção e no tratamento
da doença de Alzheimer e outras doenças degenerativas
Doenças oncológicas: na prevenção de diversos tipos
de câncer, como o de mama, intestino grosso (cólon), próstata e útero
Esses efeitos ocorrem por uma série imensa de
mecanismos. Os benefícios principais não se restringem a uma menor
possibilidade de desenvolver doenças. Para os que já sofrem com elas, o
exercício físico serve, muitas vezes, como um excelente meio de tratamento. E,
além disso, os estudos são unânimes em apontar o prolongamento da vida como um
efeito inequívoco da prática regular de exercícios.
Na Medicina do Exercício e do Esporte, sempre brincamos, dizendo que "o exercício não é vacina". Assim, para que possamos nos beneficiar, é fundamental que a prática de exercícios ocorra regularmente, pelo menos cinco vezes por semana. Além disso, sempre gostamos de lembrar que o exercício é como um medicamento: deve ser "administrado" na "dose" correta; se a dose for excessivamente baixa, os benefícios não aparecem; se a dose for excessiva, podem surgir os "efeitos colaterais", como lesões musculares e articulares e até a morte súbita. Desta forma, uma cuidadosa avaliação clínica e uma correta orientação são importantes para extrairmos o máximo de benefícios com o mínimo de riscos.
Fonte: http://www.minhavida.com.br/fitness/materias/13080-exercicio-fisico-melhora-a-saude-se-feito-com-frequencia - Crédito: Dr. José Kawazoe Lazzoli