Trata-se de um estudo publicado recentemente pela Organização das Nações Unidas (ONU), em coordenação com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Mundial do Trabalho (OIT)
Segundo a OMS, 55 horas de trabalho semanais
aumentam em 35% o risco de morte por doenças cardiovasculares. Com isso, a vida
de quase 800 mil trabalhadores é ceifada anualmente, número que tem aumentado
claramente entre 2006 e 2016 — um aumento de 29% no período citado.
2016 marcou uma tendência preocupante em termos de
mortes por acidente vascular cerebral, o famoso AVC ou derrame, — que pode ser
causado por um trombo originado numa artéria cerebral ou em qualquer outra
artéria e atingir o cérebro. Ao total, foram 398 mil mortes. Enquanto isso, 347
mil morreram naquele mesmo ano de ataques cardíacos.
“Trabalhar muitas horas pode ter inúmeros efeitos
mentais, físicos e sociais. Os governos deveriam levar esta questão muito a
sério”, disse Vera Package-Perdigão, Diretora do Departamento de Governança e
Tripartismo da OIT.
Desde o início do século, segundo o relatório, isso
resultou em um aumento de 42% nos óbitos em decorrência do trabalho excessivo.
Em uma única década (2006-2016), as mortes aumentaram quase 20%.
Os que trabalham menos horas do que aqueles que
trabalham 55 horas por semana ou mais, têm menor risco de morrer de doenças
cardiovasculares. A ONU indica que quem trabalha de 35 a 40 horas semanais tem
17% mais chances de risco de ter a mesma situação.
10 anos de trabalho excessivo pode te levar para o
túmulo
Se você trabalha com jornada igual ou superior a 55
horas semanais há pelo menos dez anos, você faz parte de um grupo de risco, de
acordo com a OMS e a OIT e seu relatório.
As pessoas com idades entre 60 e 79 anos, que
trabalharam entre os 45 e os 74 anos, nas condições excessivas mencionadas,
estão entre as vítimas desta realidade complexa que afeta sobretudo os homens
que correspondem 75% das mortes.
A chegada da pandemia obrigou empresas a adotar o
sistema de trabalho à distância (conhecido como home office) e isso perturbou o
horário de trabalho de milhões de pessoas ao redor do mundo. Isso forçou as
pessoas a unirem o trabalho laboral com as demais tarefas domésticas, tornando
o dia do trabalhador um desafio complexo e, claro, uma sobrecarga à saúde
física e mental.
“A pandemia da Covid-19 agravou a situação, pois os
trabalhadores podem ser afetados por riscos psicossociais adicionais derivados
da incerteza da situação na continuidade do cargo e do prolongamento da jornada
de trabalho”, disse Package-Perdigão, representante da OIT.
Existem 479 milhões de trabalhadores no mundo que
estão expostos a uma realidade exagerada de trabalho semanal. Um em cada dez
precisa trabalhar 55 horas ou mais, diz o relatório. É 9% da população mundial.
Países reduziram a jornada semanal de trabalho
Desde 2019, vários países europeus se destacaram por
suas jornadas de trabalho reduzidas, muito diferentes e distantes das
realidades dos trabalhadores de países em desenvolvimento ou de terceiro mundo.
Um desses exemplos é a Holanda. A jornada semanal de trabalho é de 30 horas e,
em alguns casos, de 35.
Outras nações com o mesmo esquema são a Dinamarca,
com 32 horas semanais de trabalho, seguida da Noruega e da Alemanha com 34
horas semanais de trabalho. As condições econômicas por nação, ditam um pouco a
realidade de cada uma delas e de seus trabalhadores.
A Austrália e a Europa, com algumas exceções como a
Grécia (42,3 horas semanais), compõem um bloco em que os trabalhadores mantêm
por lei um período de trabalho diferente do resto do mundo.
“Por exemplo, em países como Coréia do Sul, Turquia
e Chile, cerca de metade dos funcionários trabalham mais de 48 horas semanais,
enquanto na União Europeia é 15% menos e nos Estados Unidos menos 19% deste
horário”, informou o Reino Unido à BBC em 2019.
A América Latina continua do outro lado da
realidade. A Colômbia teve por vários anos a maior jornada semanal de trabalho,
perto de 50 horas. México, Costa Rica e Chile estão próximos da realidade
colombiana.
Fonte(s): https://www.jornalciencia.com/longas-horas-de-trabalho-podem-matar-de-avc-ou-ataque-cardiaco-diz-estudo-da-onu-e-oms/
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