É frevo, samba, afoxé, axé, maracatu. Parece que não
tem fim o número de ritmos que invadem o nosso carnaval. Mas como é que a
música se tornou carnavalesca? No século XIX havia carnaval, mas a música
dançada nos bailes carnavalescos eram polcas, maxixes. Não havia letra a ser
cantada. O carnaval de rua era animado por instrumentos de percussão e algumas
músicas que não ultrapassavam os limites dos cordões e ranchos onde eram
cantados, isto é, poucas pessoas conheciam.
Foi Chiquinha Gonzaga quem compôs, sob encomenda dos
dirigentes do cordão Rosa de Ouro, em 1899, uma música especificamente para o
fim carnavalesco. Foi então que surgiu a primeira e a mais antiga marcha-rancho
do carnaval brasileiro: “Ó abre alas”.
Mas mesmo com o sucesso, a marcha “Ó abre alas” não
foi suficiente para se dar início à produção anual de canções carnavalescas,
destinadas justamente para esse fim. O que acontecia era que, as músicas que se
destacavam durante o ano eram tocadas no carnaval. Foi o que aconteceu em 1904:
a música “Rato, rato”, inspirada na cantilena dos compradores do roedor durante
a campanha de combate à proliferação dos ratos no Rio, foi cantada pelos
foliões em ritmo de polca.
A música carnavalesca brasileira de fato veio aparecer
em novembro de 1916, quando o cantor Baiano lançou a música “Pelo telefone”,
primeiro samba gravado em disco. Essa música foi completamente absorvida pelo
público e, em 1917, foi uma das musicas mais tocadas nos bailes de carnaval.
Os anos 30, 40 e 50 foram marcados pela melhor fase
da música carnavalesca, com a composição de marchas como “Dá nela”, de Ari
Barroso e “Taí”, de Joubert de Carvalho e o samba “Na Pavuna”, de Almirante.
Muitas dessas músicas foram imortalizadas, como “Mamãe eu quero”, de Vicente
Paiva e Jararaca, “O teu cabelo não nega”, de Lamartine Babo e Irmão Valença,
“Jardineira”, de Benedito Lacerda e Humberto Porto, dentre tantos outros
sucessos.
O ano de 1971 entrou para a história do carnaval
quando a Escola de Samba Acadêmicos da Salgueiro apresentou o samba-enredo que
foi um grande sucesso no carnaval: “Festa para um rei negro”, conhecido também
como “Pega no ganzê” (Zuzuca).
A partir do final do século XX e início do século
atual, Salvador e Recife vêm substituindo o Rio de Janeiro no lançamento das
principais canções carnavalescas do país. Recife permanece fiel ao frevo.
Salvador vai de axé com os seus trios elétricos.