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sábado, 18 de julho de 2015

Para vencer o medo de avião

Método baseado na realidade virtual, que simula todas as etapas de uma viagem, é a promessa da vez para quem precisa superar a fobia de voar

Ao longo de seus 40 anos, a psicóloga paulista Mayla Pace só andou três vezes de avião - a última delas, para Fortaleza, tomando muito calmante. Faltou coragem mesmo. Mayla sentia o coração disparar só de se imaginar numa aeronave. "Sempre fugi da situação. Se pudesse, ia de carro. Caso contrário, inventava uma desculpa", confessa. Mas em julho a psicóloga tira férias e vai conhecer o  Rio de Janeiro. De avião. Há dois meses ela decidiu tentar uma nova opção de tratamento, que alia técnicas de terapia cognitivo-comportamental a elementos da realidade virtual, com direito a óculos 3D e fones de ouvido.

Com esse método, o indivíduo é imerso virtualmente em todas as etapas de um voo. Da chegada ao aeroporto à aterrissagem, passando pelo balcão de check-in e pelo aparelho de raios x. Dentro do avião, ele ouve (com os fones) até o "Senhores passageiros, aqui é o comandante..."

Simulação e psicoterapia
"A meta do simulador é dessensibilizar o paciente por meio da exposição gradual ao objeto da aversão", explica o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, professor da Universidade de São Paulo (USP) e um dos idealizadores do projeto. Segundo ele, todo mundo, sem exceção, sente medo - é algo intrínseco à natureza humana. "O problema é quando isso foge do controle. Nosso método não busca erradicar o medo, mas ensinar a pessoa a dominar seu pânico", diz.

Ao todo, o programa compreende 12 sessões de 45 minutos e tem um preço nas alturas - 7 mil reais. A simulação é apenas uma das etapas. Há consultas e a psicoterapia em si. Mayla já participou de sete sessões. "Quando entrei no aeroporto virtual pela primeira vez, meus batimentos cardíacos chegaram a 155. Hoje, quando voo no simulador, eles ficam na casa dos 80", relata. A julgar pelo seu progresso, a experiência virtual parece oferecer chances de "cura" bem reais. 

O poeta Vinícius de Moraes (1923-1980), que tinha pavor de avião, disse certa vez: "O bicho é mais pesado que o ar, tem motor de explosão e foi inventado por um brasileiro. Não pode funcionar". Gracejos à parte, andar nesse bicho é seguro. Segundo o Conselho Nacional de Segurança americano, a probabilidade de morrer em um acidente aéreo é de 1 em 11 milhões - com automóvel, ela é de 1 em 5 mil. Mas números não acabam com o medo. 

Medos interligados
Geraldo Possendoro, psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo, explica que a fobia nasce tanto de experiências traumáticas quanto de eventos estressantes. "A de avião reúne vários medos em um só: de voar, de morrer, de altura, de lugar fechado", lista. Ainda não se chegou a um consenso sobre o perfil dos "aviofóbicos". Já se sabe, porém, que pessoas muito controladoras e perfeccionistas, além de portadores de ansiedade generalizada e transtorno obsessivo-compulsivo, estão entre as principais candidatas.

Em um ponto os especialistas concordam: o tratamento mais eficaz é a terapia cognitivo-comportamental, que encoraja o paciente a livrar-se dos seus medos por meio de argumentos lógicos e da exposição lenta, gradual e segura a aquilo que lhe causa aflição. "O uso de realidade virtual dentro dessa abordagem terapêutica tem se mostrado útil contra as fobias. Já técnicas como a hipnose até podem ajudar, mas ainda precisamos de mais evidências", analisa o psiquiatra Antônio Egídio Nardi, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro. De acordo com ele, recorrer a remédios como benzodiazepínicos (os calmantes) só deve ser feito sob orientação e de maneira pontual. Esse truque não constitui um tratamento e pode gerar tremendos efeitos colaterais. "Da mesma forma, desaconselhamos a ingestão de álcool para essa finalidade. Em vez de resolver um problema, pode criar outro", alerta Nardi.

Além da terapia em si, com ou sem simulação, existem diversos livros, cursos e serviços voltados a combater o temor de voar. A psicóloga Rosane Bohrer, fundadora do Instituto Condor, em São Paulo, calcula já ter atendido, desde 1998, em torno de 850 pessoas com o problema. "O perigo está muito mais na cabeça de quem tem medo do que na aeronave. Por isso recomendo fazer tudo o que lhe dá prazer ou segurança a bordo, como ouvir música, colorir livros, rezar", diz.

Ex-comandante da Varig, Luiz Bassani atua hoje como personal flyer: ele acompanha os fóbicos nos voos e ajuda a tirar suas dúvidas e angústias. A pergunta mais recorrente? Se uma turbulência pode derrubar um avião. "A isso respondo: não! No máximo o que pode acontecer é o bagageiro se abrir e uma mala sair pela cabine. Daí a importância de manter os cintos afivelados", relata o ex-piloto, que faz entre quatro e cinco viagens dessa por mês. Seja com um instrutor real, seja com o apoio da realidade virtual, o fato é que dá pra vencer o medo de avião. Boa viagem, dona Mayla.

Realidade virtual para viajar de verdade

Veja como recursos de videogame se aliam a sessões de psicoterapia a fim de confrontar o medo de avião.

1. Com óculos 3D e fones de ouvido, o indivíduo é imerso num ambiente virtual que reproduz desde a chegada a aeroporto até o momento do desembarque. É por meio dos fones que o terapeuta se comunica com o paciente.

2. Uma sala recria o interior da aeronave, com direito a poltrona, cinto de segurança e escotilha. O assento é afixado sobre uma plataforma robótica, que simula movimentos, como os de decolagem, pouso e turbulência.

3. Todos os sinais vitais do paciente, como temperatura e frequência cardíaca, são monitorados em tempo real. A qualquer momento, ele pode acionar um "botão de pânico", que interrompe a sessão.



Fonte: http://mdemulher.abril.com.br/saude/saude-e-vital/para-vencer-o-medo-de-aviao - Escrito por André Biernath  - Editado por Goretti Tenorio – Ilustrações Nik Neves 

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Pesquisadores descobrem como eliminar o medo do cérebro

Método, testado na Suécia, é relativamente simples

Pesquisadores da Universidade de Uppsala, na Suécia, descobriram que é possível eliminar do cérebro o sentimento de medo. E o método é relativamente simples.

Tomas Ågren, doutorando no Departamento de Psicologia - supervisionado pelos professores Mats Fredrikson e Tomas Furmark - mostrou como isso é feito.

Quando uma pessoa aprende algo, uma memória de curto prazo é criada com ajuda de um processo de consolidação, que é baseado na formação de proteínas. Ao lembrar daquilo, a memória se torna instável por um tempo e só volta ao normal após outro processo de consolidação.

Isso significa que não nos lembramos do que aconteceu originalmente, mas sim da última vez em que havíamos lembrado daquilo. Portanto, interrompendo a reconsolidação após a lembrança, pode-se afetar o conteúdo da memória.

No estudo, pesquisadores mostraram imagens neutras a candidatos e simultaneamente aplicavam cargas elétricas, associando a imagem ao medo da dor. Para ativar essa percepção, a imagem era mostrada sem a carga.

Em um grupo experimental, o processo de reconsolidação foi interrompido com ajuda de uma apresentação repetida da mesma imagem. Neste grupo, o medo associado àquilo desapareceu.

Fonte: http://olhardigital.uol.com.br/negocios/digital_news/noticias/pesquisadores-descobrem-como-eliminar-o-medo-do-cerebro

sábado, 26 de novembro de 2011

Por que ficamos arrepiados e temos calafrios quando estamos com medo?


Ficamos arrepiados quando estamos com medo pelo mesmo motivo que os gatos ficam com os pelos eriçados quando se sentem ameaçados. O princípio disso é que, se achamos que seremos atacados, tentamos parecer os maiores possíveis. As pessoas não têm tantos pelos quanto os gatos, mas os arrepios são um resquício de quando éramos peludos.

O ato de arrepiar os cabelos em si começou como uma resposta ao frio. Quando nosso cabelo fica arrepiado, ele forma uma camada de ar isolante ao redor do corpo. Mas, em algum ponto da história, milhões de anos atrás, alguns de nossos antepassados assustaram supostos atacantes arrepiando os cabelos, e isso lentamente foi estabelecido como um mecanismo útil de defesa.

A herança dessa resposta fisiológica explica porque o medo está associado ao frio. Ficar com o cabelo em pé era inicialmente uma questão de temperatura, e só depois se relacionou com o medo, mas ainda sim você pode ter arrepios na espinha quando sente que algo ruim pode acontecer.

Quando nossas expectativas são derrubadas, podemos sentir calafrios também. Eles podem surgir quando temos algum tipo surpresa ou emoção intensa, até mesmo com músicas, na mudança de volume, ou quando o cantor começa a cantar. As pessoas também costumam ter calafrios nas tonalidades tristes das canções. Uma das hipóteses é que certos tons imitam um “grito de separação humana” que nos lembram, mesmo que inconscientemente, a perda de um ente querido, resultando em arrepios.

Mesmo ouvindo a mesma música sempre, a pessoa pode ter calafrios ouvindo a mesma passagem por muitas vezes. Isso acontece porque o cérebro pode tolerar milhares de alarmes falsos a fim de nos proteger em uma ocasião em que o alarme é real.

É por isso que quando sabemos que estamos seguros vendo um filme de terror, por exemplo, os alarmes falsos podem ser uma fonte de prazer. Uma parte do nosso cérebro está dizendo “Ai meu Deus, vou morrer!”, mas a parte consciente está dizendo que está tudo bem. Os arrepios, neste caso, fazem com que nos sintamos bem. [POPSCI]

Fonte: http://hypescience.com/por-que-ficamos-arrepiados-e-temos-calafrios-quando-estamos-com-medo/ - Por Stephanie D’Ornelas