A VivaSaúde revela quais são os alimentos que possuem ação comprovada contra bactérias e afastam de vez o risco de infecções!
Descoberta por Alexandre Fleming, em 1928, a penicilina foi o primeiro antibiótico e provocou uma revolução na forma como a medicina combatia doenças bacterianas até então. Quase 85 anos depois, a tecnologia permitiu que essa classe de medicamentos ficasse cada vez mais evoluída e certeira. “Antibióticos são substâncias produzidas por alguns tipos de micro-organismos que apresentam ação antimicrobiana contra outros micro-organismos. Hoje eles também são feitos por síntese em laboratório e há compostos derivados de plantas e animais”, explica Alexandre Bella Cruz, farmacêutico, professor e pesquisador em Microbiologia da Universidade do Vale do Itajaí (Univali).
Micro-organismos resistentes
O uso desenfreado de antibióticos, entretanto, pode provocar problemas. O mais conhecido é o desenvolvimento de micro-organismos resistentes, exigindo doses maiores do remédio ou a elaboração de medicamentos mais potentes. Além disso, há a automedicação, que é perigosa. “O doente desconhece os efeitos adversos devido à sub ou superdosagem. Ele pode não apresentar o efeito de cura desejado e ainda provocar alergias, intoxicação e efeitos sobre o sistema nervoso central”, completa o pesquisador.
Fontes preventivas
Mas, uma dieta adequada pode auxiliar no combate aos micro-organismos patogênicos, principalmente porque influenciam positivamente no sistema imunológico e impedem o desencadeamento de doenças infecciosas. Mas seus benefícios não param por aí. “Alguns alimentos ainda podem possuir alguma atividade antimicrobiana”, explica Cruz.
Ademais, a forma como a comida é consumida pode ajudar a prevenir infecções. Segundo Sidney Federmann, nutrólogo do Hospital São Camilo (SP) e autor do livro Superalimentos que curam e previnem doenças (Discovery Publicações), é melhor consumir frutas ácidas in natura do que em sucos. “O epitélio da garganta impede que as bactérias adentrem no organismo. O excesso de ácido inflama a mucosa e favorece essa entrada. Ao consumir a fruta in natura, a saliva neutraliza o ácido e as bactérias contidas na garganta são levadas ao estômago para serem destruídas”, informa o médico.
A seguir, pedimos a ajuda de uma equipe de nutricionistas para compilar os dez principais alimentos com ação bacteriana comprovada por pesquisas científicas. Conheça seus princípios ativos e incorpore-os de vez na sua dieta.
ALHO
Doenças que previnem: diarreias (Campylobacter) e úlcera de estômago (H. pylori).
Atuação: contém alicina, que é responsável por seu aroma. Estudos da Universidade do Estado de Washington, nos Estados Unidos, mostraram que um derivado da alicina rompe o filme protetor da Campylobacter e muda sua estrutura enzimática até matá-la. A Campylobacter é conhecida por contaminar alimentos e provocar diarreia. “É um indicativo de que o alho pode ser utilizado como antibactericida natural, além de proteger a comida”, diz Xiaonan Lu, microbiologista e autor da pesquisa. A alicina ainda atua sobre o RNA da H. pylori, causadora de úlceras e do câncer de estômago.
Uso: como tempero de carnes e para refogar pratos quentes.
Quantidade sugerida: 600 mg de alho por dia, o equivalente a 1 dente cru.
CEBOLA
Doenças que previnem: intoxicação alimentar provocada por Listeria monocytogenes, Escherichia coli e Staphylococcus aureus.
Atuação: uma pesquisa in vitro realizada pela Universidade de Barcelona, na Espanha, mostrou que extratos de cebola podem inibir o crescimento de uma grande variedade de bactérias que provocam intoxicação alimentar. Isso graças a duas propriedades antioxidantes conhecidas como quercetina (encontrada em maior quantidade na cebola roxa) e campferol.
Uso: utilize a cebola para temperar carnes, vegetais e como ingrediente de maioneses, que são vulneráveis à contaminação por bactéria.
Quantidade sugerida: 1 cebola média por dia
FONTES: NUTRICIONISTAS, ALINE MENEZES TIBURCIO ROQUE, DOCENTE DA UNIVERSIDADE NORTE DO PARANÁ (UNOPAR); ANA LUÍSA KREMER FALLER, DOCENTE DA UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ (UNESA); MARIA GORETE BOLOGNINI AIELLO, DA FACULDADE METROPOLITANA UNIFICADA (FMU), ANDRÉIA SILVA, DE ARARAQUARA (SP).
EUCALIPTO
Doenças que previnem: infecções respiratórias.
Atuação: seus óleos essenciais impendem a adesão de micro-organismos nas mucosas do nariz e garganta, estimulando sua eliminação pelo corpo. É indicado principalmente para pessoas que ficam gripadas com facilidade.
Uso: como chá quente ou gelado. Cada 1 colher (chá) da planta rende 1 xícara. A planta pode ser batida ainda com suco de frutas ou consumida como xarope, a partir de uma calda de açúcar.
Quantidade sugerida: 2 xícaras do chá por dia.
MEL
Doenças que previnem: intoxicação alimentar (Staphylococcus aureus) e úlcera gástrica (H. pylori).
Atuação: contém uma enzima que produz peróxido de hidrogênio, de conhecida ação antisséptica. Pesquisadores da Universidade de Waikato, na Nova Zelândia, comprovaram que o mel destrói cepas da bactéria Staphylococcus aureus. A ação é similar à descoberta pela Universidade King Saud, da Arábia Saudita, contra a H. pylori.
Uso: como adoçante de sucos, cafés, iogurtes e sobremesas. Também pode ser utilizado para conservar frutas em compotas.
Quantidade sugerida: 1 colher (sobremesa) por dia.
CRANBERRY
Doenças que previnem: infecção urinária (Escherichia coli).
Atuação: a fruta possui compostos que impedem a aderência da bactéria no trato urinário, impedindo sua proliferação e facilitando sua eliminação pelo organismo. Um estudo recente da Worcester Polytechnic Institute, nos Estados Unidos, mostrou que a ação da bebida feita com a polpa da fruta, água e adoçante se estende por oito horas.
Uso: como suco. Se possível, opte pela polpa, já que as bebidas de caixinha possuem adição de conservantes e aditivos químicos que reduzem os benefícios da fruta.
Quantidade sugerida: até oito copos por dia.
FONTES: LUCIANA SETARO, PROFESSORA DA GRADUAÇÃO EM NUTRIÇÃO DA UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI. LISTER DE MACEDO LEANDRO, GINECOLOGISTA E DOCENTE DA FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA (SP).
TAMARINDO
Doenças que previnem: enfermidades urinárias (Escherichia coli) e intoxicação alimentar (Staphylococus aureus).
Atuação: um estudo de 2006 publicado na revista científica Phytomedicinecomprovou o potencial antibactericida do tamarindo. Seu mecanismo de ação não está esclarecido, mas acredita-se que a razão do sucesso seja o ácido tartárico, também responsável por sua ação laxativa.
Uso: in natura ou como suco.
Quantidade sugerida: até 3 copos por dia (lembrando que a fruta é laxativa).
IOGURTE PROBIÓTICO
Doenças que previnem: infecção de bexiga, candidíase (Candida albicans) e vaginose (Gardnerella vaginalis).
Ação: a candidíase e a vaginose são provocadas pelo desequilíbrio da flora vaginal. A ingestão de Lactobacillusajuda a irradicar as bactérias que, quando em excesso, provocam infecções. Os Lactobacillus ainda aumentam as chances de cura e evitam recidiva das doenças.
Uso: consumo de iogurte e leite fermentado com bactérias do tipo Lactobacillus.
Quantidade sugerida: até dois potes por dia.
Cuidado, cozinha!
Alimentos de origem animal e vegetal estão vulneráveis a contaminação por micro-organismo. “Temos desde os coliformes – que indicam que o alimento foi processado em condições insatisfatórias – até bactérias comoSalmonella e Listeria. Elas são responsáveis por quadros graves de infecções e podem levar à morte”, explica Rodrigo Alfani, microbiologista da Sabinbiotec e mestre em Inspeção Sanitária de Alimentos. Confira algumas dicas para evitar a contaminação por bactérias:
1. Os alimentos devem ser refrigerados imediatamente, mesmo quando ainda quentes. A refrigeração diminui a multiplicação bacteriana.
2. Limpe os utensílios de cozinha com primor, para evitar que restos de alimentos virem comida de bactérias.
3. Os utensílios também devem ser secos, já que a umidade é outro fator que estimula a reprodução de micro-organismos.
4. Higienize os potes dos alimentos industrializados antes de armazená-los na geladeira.
5. Nunca lave a casca do ovo antes de guardá-lo. O ovo possuiu uma proteção natural que impede que a contaminação do ambiente invada o seu interior.
LIMÃO
Doenças que previnem: gastroenterite (Salmonella typhimurium).
Atuação: pesquisa da Universidade Shivaji, da Índia, publicada na British Journal of Pharmacology and Toxicology, mostrou que os flavonoides da casca do limão possuem ação bactericida contra Salmonella. O alimento ainda contém outros antioxidantes, como eriodicitol, hesoeretina e d-limoneno.
Uso: limpe e rale a casca. Use-a em sucos, doces e saladas.
Quantidade sugerida: uma unidade por dia.
ROMÃ
Doenças que previnem: cáries (Streptococcus mutans) e intoxicação alimentar (B. cereus)
Atuação: não se sabe ao certo a razão, mas uma pesquisa da Universidade Pace, nos Estados Unidos, mostrou que o suco da romã diminui consideravelmente os micro-organismos que vivem na boca.
Uso: fruta in natura ou como suco
Quantidade sugerida: 1 unidade ou 1 copo de suco por dia.
ÓLEO DE COCO
Doenças que previnem: candidíase (Candida albicans) e cáries (Streptococcus mutans).
Atuação: ao ser digerido, o óleo de coco inibe a proliferação de bactérias que vivem na boca. Quem descobriu o feito foi o Instituto de Tecnologia de Athlone, na Irlanda. A causa provável é que metade do óleo de coco é ácido láurico, precursor da monolaurina. Essa substância possui ação contra bactérias, vírus e protozoários.
Uso: como substituto do óleo de soja ou canola. Ele ainda pode ser misturado em vitaminas, usado para temperar saladas ou na receita de bolos e doces.
Quantidade sugerida: até 4 colheres (sopa) por dia.
Fonte: http://revistavivasaude.uol.com.br//saude-nutricao/117/antibioticos-naturais-a-vivasaude-revela-quais-sao-os-alimentos-276095-1.asp - por LEONARDO VALLE | fotos DANILO TANAKA | produção JANAINA RESENDE