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domingo, 20 de setembro de 2020

Como nosso cérebro armazena as memórias?


Uma das grandes descobertas recentes das neurociências é que as tarefas mudam de endereço no cérebro, desbancando a crença de áreas do cérebro responsáveis por comportamentos específicos.

 

Plasticidade sináptica

 

O modo preciso como nosso cérebro armazena informações é uma das maiores incógnitas da ciência.

 

É particularmente difícil de entender como o cérebro as mantém a longo prazo, já que tudo indica que as memórias são para sempre, ou seja, você nunca esquece totalmente.

 

Em busca de respostas - ou, pelo menos, de caminhos para encontrá-las - pesquisadores fizeram agora uma descoberta importante na compreensão dos mecanismos subjacentes ao aprendizado e à formação da memória.

 

"Estamos muito animados porque esta é a primeira vez que as regras da plasticidade sináptica, um processo diretamente relacionado à formação da memória no cérebro, foram descobertas de uma forma que nos permite entender melhor a plasticidade e, finalmente, como as memórias são formadas quando os neurônios do neocórtex cerebral recebem fluxos únicos e/ou múltiplos de informações sensoriais," disse o professor Roberto Araya, da Universidade de Montreal (Canadá).

 

A equipe estudou especificamente a função e a transformação morfológica das espinhas dendríticas, minúsculas protuberâncias localizadas nas ramificações dos neurônios, transformação esta que ocorre durante a plasticidade sináptica, considerada o mecanismo subjacente para o aprendizado e a memória.

 

Árvore neuronal

 

O cérebro é composto de bilhões de células nervosas excitáveis, mais conhecidas como neurônios.

 

"Imagine uma árvore," detalha o professor Araya. "As raízes são representadas pelo axônio, o tronco central do corpo celular, os ramos periféricos pelos dendritos e, finalmente, as folhas pelos espinhos dendríticos. Essas milhares de pequenas folhas agem como uma porta de entrada para receber informações excitatórias de outras células. Elas decidirão se essa informação é significativa o suficiente para ser amplificada e distribuída para outros neurônios."

 

Assim, as espinhas dendríticas servem como uma zona de contato, ou uma interface entre os neurônios, recebendo entradas (informações) de intensidade variável. Se uma entrada é persistente, um mecanismo pelo qual os neurônios amplificam o "volume" é acionado, para que eles possam "ouvir" melhor aquela informação específica.

 

A plasticidade cerebral não é interrompida pela idade, apenas mudando de endereço.

 

Por outro lado, informações de um "volume" baixo serão ainda mais atenuadas, de modo que passem despercebidas. Este fenômeno corresponde à plasticidade sináptica, que envolve o reforço ou amortecimento da força de entrada sináptica.

 

"Esta é a lei fundamental da plasticidade dependente do tempo, ou plasticidade dependente do tempo de disparo (STDP), que ajusta a força das conexões entre os neurônios no cérebro e que se acredita contribuir para o aprendizado e a memória," acrescentou a pesquisadora Sabrina Tazerart.

 

Embora a literatura científica descreva esse fenômeno e como os neurônios se conectam, a organização estrutural precisa das espinhas dendríticas e as regras que controlam a indução da plasticidade sináptica permanecem desconhecidas.

 

Leis das conexões

 

O que a equipe descobriu é um vislumbre importante sobre os mecanismos subjacentes à plasticidade sináptica dependente do tempo.

 

Usando uma técnica avançada de observação, conhecida como microscopia de dois fótons, que imita os contatos sinápticos entre dois neurônios, os pesquisadores descobriram uma lei importante relacionada ao arranjo das informações recebidas pelas espinhas dendríticas.

 

Dependendo do número de entradas recebidas (sinapses) e sua proximidade, as informações serão levadas em consideração e armazenadas de forma diferente.

 

"Nós descobrimos que, se mais de uma entrada ocorrer dentro de um pequeno pedaço de galho da árvore, a célula sempre considerará essa informação importante e aumentará seu volume," descreveu a pesquisadora Diana Mitchell.

 

"Esta é uma grande descoberta," ressaltou o professor Araya. "Isso quebra a lógica de construção da memória. Agora, ao compreendermos os mecanismos subjacentes à dinâmica das espinhas dendríticas e como elas afetam o sistema nervoso, seremos capazes de desenvolver novas abordagens terapêuticas melhor adaptadas [às necessidades dos pacientes]."

 

Fonte: https://www.diariodasaude.com.br/news.php?article=como-nosso-cerebro-armazena-memorias&id=14302&nl=nlds - Redação do Diário da Saúde - Imagem: Pack Lab

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

O jeito certo de guardar os alimentos

A maneira como eles são acondicionados interfere (e muito) em características como duração, textura, sabor e até valor nutritivo

Ao chegar do supermercado, você armazena as compras no piloto automático? Pois saiba que é preciso ter menos pressa e mais critério nesse momento. Primeiro porque isso ameniza as transformações sofridas por qualquer artigo in natura. "Sem o vínculo com a planta-mãe, os vegetais, especialmente folhas e frutos, perdem parte de seu teor nutricional e ficam mais expostos à ação de micro-organismos", explica a química Beatriz Cordenunsi, diretora executiva do Centro de Pesquisa em Alimentos da Universidade de São Paulo e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Recentemente, a cientista coordenou com outros dois professores uma investigação sobre o processo de amadurecimento de alguns tipos de fruta, de olho em melhores práticas de conservação. Eles notaram, por exemplo, que a geladeira nem sempre é necessária. "O frio aumenta a vida pós-colheita, mas certas variedades não suportam temperaturas baixas", ilustra Beatriz. É o caso da banana, que fica menos doce se permanecer gelada.

Outro motivo para ter muita calma nessas horas é o bem-estar do planeta. Segundo o Natural Resources Defense Council, órgão do governo americano, nos Estados Unidos mais de 25% dos mantimentos comprados vão para o lixo antes mesmo de serem consumidos — a maioria são vegetais frescos. Uma das explicações apontadas pela instituição é (adivinha!) a falta de cuidado no armazenamento. E o desperdício prejudica não só o meio ambiente como também a distribuição adequada de recursos para todos. Segundo a Embrapa, a comida perdida por dia no Brasil — quase 40 mil toneladas — seria o suficiente para alimentar 19 milhões de pessoas.

Na sequência, SAÚDE destrincha os segredos de itens que frequentemente vão parar no lugar errado da despensa (detalhe: as vítimas não são somente os vegetais) e dá dicas de especialistas renomados para mantê-los nutritivos e saborosos por mais tempo.

Ovos
Embora estudos digam que não há problema em deixá-lo ao ar livre, os profissionais afirmam que o melhor mesmo é refrigerá-lo. E, agora, uma revelação surpreendente: o lugar ideal para as futuras omeletes não é a porta da geladeira, onde geralmente há espaço cativo para o produto das galinhas. Ora, a variação de temperatura que ocorre com o abre-e-fecha faz o ovo estragar mais rápido. As sacudidas constantes ainda promovem o aparecimento de fissurinhas que favorecem o desenvolvimento de micróbios nocivos. Logo, ele tem que ir para dentro do aparelho — e bem longe de ingredientes de cheiro forte. Isso porque sua casca fina é porosa e sujeita a trocas gasosas.
Lavar ou não?
Eles até devem ser higienizados, mas apenas com água. Detergente, vinagre e cloro interagem com o cálcio da casca, deixando-a mais permeável.

Tomate
A temperatura ambiente é mais vantajosa, porque o resfriamento impede que o alimento amadureça direito. Resultado: nada da suculência característica dos tomates vermelhinhos. Sem contar que, maduro, seu gosto adocicado se intensifica, assim como a presença de compostos poderosos como o licopeno — trata-se de um antioxidante associado à prevenção do câncer. A substância, aliás, é mais bem absorvida quando o tomate é aquecido e acompanhado de gorduras. Ou seja, o molho caseiro feito com azeite fornece boas doses do nutriente. Se sobrar, congele a receita para usar na próxima macarronada. O licopeno permanecerá lá.
Exceção à regra
Se os frutos já estiverem maduros, aí sim devem ir para o frio da geladeira. Mas tem que consumir rápido, pois ressecam com a queda do termômetro.

Batatas
Se elas passam tempo demais numa fria, o amido presente em seu interior vira açúcar. Mais tarde, quando as batatas são fritas ou assadas, esse açúcar se une ao aminoácido aspargina. Tal arranjo leva à formação da acrilamida, substância com possível efeito cancerígeno — ela dá as caras pra valer quando a preparação começa a tostar e ganhar tons de marrom. De qualquer forma, o melhor lugar para as batatas é fora da geladeira. Agora, se você mora em regiões quentes, saiba que o calor extremo estimula o crescimento de pequenos brotos na casca do tubérculo. Então, a dica é comprar apenas algumas unidades e deixar gelando por poucos dias. Assim, o açúcar não vai tomar conta do pedaço.
Feita pra durar
A batata aguenta um bom tempo na despensa. Mantenha-a em ambiente escuro, fresco e com circulação de ar, como um saco de papel ou tecido.

Cebola
Você faz parte do time que manda o vegetal para o refrigerador? Pois trate de ligar para quem ensinou esse macete e avisar que isso está errado. No frio, a cebola tende a cristalizar — como se não bastasse, carimba os vizinhos com seu indefectível aroma. O ambiente perfeito para ela é aberto, livre de umidade e ventilado, já que, assim como a batata, precisa de oxigênio para manter a consistência. É só isso que os dois têm em comum. Inclusive, eles devem ficar separados porque, juntos, trocam gases que aceleram a deterioração de ambos.
Se não usar tudo
Fez pouco arroz e sobrou cebola? Apesar de perder um tiquinho de sua textura na geladeira, a parte que restou pode ir para lá em pote bem selado — os nutrientes não vão embora. Se estiver com casca, melhor ainda: o revestimento impede que o alimento murche.

Alho
Eis um campeão de longevidade. Se as cabeças forem mantidas inteiras, em temperatura ambiente e com ventilação ao redor, duram até dois meses. Mas sua expectativa de vida é abalada no refrigerador. Primeiro porque é o frio que estimula a formação dos bulbos na plantação. Logo, o alho, mesmo depois de colhido, interpreta a queda no termômetro como um sinal de que é hora de brotar e crescer de novo. Por isso que às vezes vemos pontinhas verdes saindo dos dentes mais velhos. Para piorar, em ambientes secos, como o interior da geladeira, o alimento perde maciez. A história é diferente para o alho picado e o descascado. Estes, sim, devem ser acondicionados na geladeira em vasilhames tampados e pequenos. Nessa situação, a utilização precisa ocorrer em poucos dias para o sabor e a consistência não sofrerem alterações.

Banana
Cultivada geralmente em regiões tropicais, é bem sensível ao clima gelado. Tanto que, abaixo dos 14 °C, adquire manchas e escurece cedo. E não é somente o visual que sai prejudicado. Em locais frios, parte dos compostos bioativos e dos açúcares (que fornecem doçura e aroma para a fruta madura) não se desenvolve direito. Aí o alimento se torna, no mínimo, insosso. Em estados onde o inverno é rigoroso, algumas variedades se adaptam melhor — a banana-prata é um bom exemplo.
E as demais frutas?
As mais delicadas, como uva e amora, podem ir direto para a geladeira. Mas a maioria deve ser resfriada apenas quando estiver madura ou aberta. Aí, o certo é estocar os pedaços em potes fechados. A recomendação é consumir em poucos dias para os teores de antioxidantes e outros elementos benéficos não baixarem.

Café
Ele é um legítimo maria vai com as outras - seu aroma e sabor são formados por substâncias muito voláteis. Logo, o pó incorpora as características sensoriais daquilo que estiver por perto. Acontece que esse processo é facilitado dentro do refrigerador. E ninguém quer tomar um cafezinho com o gosto do almoço de domingo, certo? Portanto, o ideal é que o pó fique dentro de armários, em recipientes escuros e vedados, que não permitam a entrada de luz nem de ar. Nessas condições, ele passa meses com suas propriedades intactas. Se você prefere comprar os grãos, saiba que dá para congelá-los, desde que em embalagens seladas a vácuo.
Justamente por sua capacidade de absorção, o pó de café é aliado na hora de eliminar odores ruins da geladeira. O truque é deixá-lo em uma vasilha aberta em contato com o ar do eletrodoméstico.

Temperos
O vinagre não é tão suscetível à contaminação por causa de seu pH ácido, que dificulta o crescimento da maioria dos micro-organismos por ali. Logo, aguenta firme na prateleira por meses se o clima estiver ameno. Em regiões superquentes, porém, o melhor é que ele fique na geladeira para barrar mudanças indesejadas no gosto, no cheiro e na aparência. Os óleos, por sua vez, tornam-se mais espessos na geladeira, apesar de suas propriedades serem preservadas. Então, o azeite combina mais com temperatura ambiente — e protegido da luz. Outro recado: a dupla que dá sabor à salada se comporta bem em locais frescos. Ou seja, nada de conservá-la perto do fogão. Já as especiarias secas ou em pó vão para dentro do armário em embalagens fechadas para evitar contato com umidade, calor e luz, capazes de danificá-las.

O prazo ideal na geladeira
Alguns ingredientes resistem por muito tempo na despensa, como os já mencionados alho e cebola. Mas eles não são os únicos. As raízes, como o gengibre, e o mel também se gabam de ter vida longa. O mesmo pode ser dito em relação aos cereais e às frutas secas, que demoram meses para estragar. Como regra geral, quanto menor o teor de água, maior é a durabilidade de um alimento.

Como conservar pratos prontos
Depois de finalizadas, as receitas não podem permanecer por muito tempo na chamada zona de perigo, isto é, entre 5 e 60°C — esta temperatura é considerada propícia para a proliferação de bactérias. Portanto, não enrole para resfriá-las. Para garantir que todas as partes gelem por igual, divida a comida (ainda quente) em porções pequenas e acomode-as em recipientes baixos e tampados, de preferência com saída de vapor. Essas regrinhas valem tanto para a geladeira quanto para o freezer. Ah, e não custa lembrar: recongelar está terminantemente proibido.