Aspectos como cor, textura, cheiro e até mesmo preço
devem ser levados em consideração
Ficou difícil sentir segurança para comprar carne
depois da nova operação da Polícia Federal. Denominada "Carne Fraca",
a ação trouxe à tona a venda e distribuição de carnes estragadas por parte de
grandes frigoríficos e companhias.
Segundo as investigações as carnes podres recebiam
substâncias capazes de disfarçar a cor e a aparência do produto vencido, que
depois era reembalado. Também estavam entre as irregularidades produtos
contaminados por bactérias e até misturados com papelão. Alguns produtos também
apresentavam excesso de água para aumentar o peso - e consequentemente o preço.
De acordo com a nutricionista Andréa Marim, o
momento pede atenção. "O cenário é preocupante e é necessário ficar em
alerta, pois as carnes contaminadas podem causar infecções gastrointestinais
sérias, como a salmonela, que em pessoas com um sistema imunológico mais
delicado, como crianças, idosos e gestantes pode trazer sérios danos à saúde e
até risco de morte", conta.
Fatores como embalagem, data de validade, aparência,
cheiro, textura e até mesmo preço devem ser levados em consideração. "Se o
valor do produto estiver muito barato, é sinal de que a carne pode não estar em
boas condições", afirma a nutricionista.
Veja a seguir como identificar que a carne está
estragada:
Carne de boi e porco
No caso das carnes de boi e de porco, quando estão
estragadas apresentam coloração cinza e manchas esverdeadas. Elas também podem
exalar odores fortes e apresentar textura viscosa e rançosa.
Carne de frango
Já no caso da carne de frango, o diferencial é o
odor azedo que remete ao amoníaco. No aspecto visual, apresenta-se descolorado
e com textura viscosa. Em relação à cor, pode apresentar nuances amarelas e
esverdeadas. "Muitas vezes a carne de frango está com uma aparência bonita
e um gosto bom", explica Andrea. Esse "disfarce" torna mais
difícil a identificação da carne estragada, por isso é sempre importante se
atentar ao cheiro e sempre consumir a carne bem passada.
Carne de peixe
O mesmo acontece com a carne do peixe, que quando
estragada, remete ao cheiro de amônia. Além disso, ele normalmente apresenta
alguma descoloração - amarronzado, amarelado ou acinzentado - ou mesmo cor
opaca. Em relação ao aspecto, se o peixe não estiver duro e começar a descamar
também é um sinal de que está estragado.
Poder do cheiro
Mesmo com a tentativa de algumas empresas de maquiar
o aspecto da carne com conservantes, Andrea explica que essas substâncias não
são capazes de disfarçar o cheiro. "Independente do conservante que tenha
sido usado, o cheiro sempre denuncia, por isso é tão importante prestar atenção
nesse aspecto".
Armazenamento
As carnes de modo geral são altamente perecíveis,
pois ficam suscetíveis à contaminação microbiológica. Portanto, no momento de
escolher a carne certifique-se de que ela está armazenada em freezers e
geladeiras em temperatura de 0º C a 2°C.
Caso você compre uma carne congelada e deseje
mantê-la nessa temperatura, o ideal é colocá-la diretamente no freezer. De
acordo com Andréa a carne pode ficar no freezer até seis meses, dependendo do
tipo de carne. Bifes, independentemente de serem de carne ou frango, podem
ficar congelados por até seis meses. Já a carne moída tem prazo de validade de
até três meses
Se a pessoa descongelou a carne, cozinhou e guardou
o resto na geladeira, ela pode ser consumida por até três ou quatro dias.
Caso a carne tenha sido comprada fresca e o intuito
é congelar, o ideal é temperar o alimento e depois guardar no freezer por até
seis meses.
No entanto, no momento de preparo é sempre
importante observar o estado da carne e jogar o produto fora se houver qualquer
suspeita em relação à procedência. "Isso porque alguns fabricantes podem
alterar a data de validade do produto e o consumidor só percebe que adquiriu
uma carne com data de validade menor do que esperado no momento do
preparo", ressalta.
O que vem pela frente
Em declaração à imprensa, o secretário-executivo do
Ministério da Agricultura, Pesca e Agropecuária, Eumar Novacki disse que os
casos de irregularidades apontados na operação Carne Fraca são específicos e
não apresentam risco à saúde pública. No entanto, é importante atenção na hora
de comprar a carne e, especialmente no momento de consumir.
Até o momento, a Polícia Federal identificou que 40
empresas do setor de alimentos cometeram irregularidades. Segundo o Ministério
da Agricultura, três unidades foram fechadas: duas do frigorífico Peccin, em
Jaraguá do Sul (SC) e em Curitiba (PR), e uma da BRF, em Goiás. Outras 21 estão
sob investigação.
Essas unidades terão os códigos de barras dos seus
produtos rastreados a partir da próxima segunda-feira (20). Até o momento o
Ministério da Agricultura não informou se haverá um esquema de recall das
carnes.