Não é nenhuma novidade que exercício físico faz bem
para a saúde. Mas quão bem? Novas pesquisas têm revelado que os benefícios de
se mexer vão muito além do que qualquer um poderia esperar.
Os efeitos da atividade física ultrapassam o
controle do colesterol e da pressão e possuem um alcance muito mais amplo do
que os músculos e o sistema vascular, afetando profundamente até mesmo a saúde
do cérebro.
Se estiver precisando de um incentivo, você está no
artigo certo. Abaixo, você pode conhecer alguns dos mecanismos que explicam
todas as vantagens de se exercitar. Vale observar que os cientistas imaginam um
futuro no qual o exercício será a terapia de ouro.
Para o cérebro
Exercícios físicos cumprem muitas funções no corpo
humano. Por exemplo, mantêm nossos vasos sanguíneos dilatados e funcionando
bem, o que por sua vez torna menos provável que entupam e causem ataques
cardíacos e derrames. Com mais fluxo sanguíneo no cérebro, podem até ajudar a
prevenir doenças cognitivas, como o Alzheimer.
Falando de atividade física e cérebro, um estudo
norueguês com recrutas militares descobriu que a aptidão aeróbica na idade de
18 anos podia prever o risco de demência mais tarde na vida.
Outro estudo com mulheres suecas de meia idade
concluiu que as mais aptas fisicamente tinham oito vezes menos risco de
demência nos próximos 44 anos.
E uma pesquisa da Clínica Mayo, nos EUA, descobriu
que 12 semanas de atividade física intensa leva a um aumento da captação de
glicose e maior atividade metabólica no cérebro, particularmente em regiões que
mostram declínio em pacientes com doença de Alzheimer.
Músculos, diabetes e câncer
Uma coisa importante que o exercício físico faz é
criar músculos mais fortes. Isso ajuda na saúde de várias formas.
O músculo é o maior consumidor da glicose que é
liberada na corrente sanguínea após uma refeição. Quanto mais músculo uma
pessoa tem, mais rápido essa glicose é removida. E quanto mais rápido ela é
removida, menos exposição há aos danos causados pelo aumento de açúcar no
sangue. Só isso já serve como remédio para pessoas propensas a diabetes.
Também é um mecanismo importante para o processo de
envelhecimento: o crescimento de músculos diminui o declínio da função da
mitocôndria, o combustível das nossas células. Com elas funcionando bem, há
menos danos oxidativos no corpo.
As proteínas dos músculos ainda servem como
“reservatórios de aminoácidos” para o resto do corpo. Isso é especialmente
importante quando estamos doentes – nosso sistema imunológico precisa de muitos
aminoácidos para produzir anticorpos.
Por fim, o maior benefício vem das moléculas de
sinalização, as mioquinas, ativadas e liberadas em resposta ao esforço
muscular. Elas ajudam no crescimento muscular, no metabolismo dos nutrientes,
na inflamação e numa série de outros processos.
Uma das mioquinas mais importantes é a interleucina-6,
capaz de suprimir a fome e melhorar a resposta do sistema imunológico ao
câncer. Outra, a catepsina B, pode levar a mudanças benéficas no cérebro, como
a produção de novas células cerebrais.
Inflamação
De acordo com Bente Klarlund Pedersen, fisiologista
do exercício na Universidade de Copenhague (Dinamarca), a falta de exercício
físico leva a um risco maior de pelo menos 35 doenças.
Isso se deve, em grande parte, à inflamação crônica.
A falta de atividade leva a um maior peso e principalmente mais gordura
abdominal, largamente associada à inflamação crônica.
A interleucina-6 é uma das chaves do efeito do
exercício sobre a gordura abdominal e a inflamação.
Em um experimento recente realizado por Pedersen e
seus colegas, 27 voluntários com gordura visceral fizeram um regime de
exercício em bicicleta ergométrica que durou 12 semanas, enquanto outros 26
voluntários permaneceram inativos. Metade dos participantes de cada grupo
também recebeu um medicamento que bloqueava a ação da molécula.
No final das 12 semanas, os praticantes de exercício
físico haviam perdido gordura abdominal, como esperado, mas apenas se não
tivessem recebido o bloqueador da interleucina-6.
Exercício como (literalmente) remédio
Sabe aquela coisa de “é bom se exercitar”? Risque
isso para “você vai ter que se exercitar”, porque não haverá alternativa melhor
para curar doenças.
Alguns estudos têm revelado que a atividade física é
mais eficaz que drogas em diversos casos. Por exemplo, uma pesquisa com 64
adultos com diabetes tipo 2 chegou à conclusão de que exercício físico regular
pode substituir medicação para diminuir o nível de açúcar no sangue.
Outro experimento com 300 pessoas descobriu que
exercícios físicos são tão eficazes quanto remédios para diminuir o risco de
doença cardíaca e diabetes, e mais eficazes no caso de reabilitação depois de
um derrame.
E a dose?
Uma coisa é saber que exercício físico pode ser
medicinal, outra é definir sua dosagem – que tipo, frequência, duração e
intensidade devem ser feitos caso a caso, por exemplo, para quem tem risco de
diabetes ou histórico familiar de demência. Isso sem contar as dificuldades
individuais de cada um, como sobrepeso ou lesões.
Mas os pesquisadores já estão avançando nesse campo
complexo. Diversos estudos estão sendo planejados ou executados a fim de chegar
a recomendações mais precisas.
Por exemplo, um com 2.000 voluntários irá medir a
atividade gênica, a sinalização molecular e outras mudanças no corpo durante
atividade física moderada e intensa. Outro irá analisar o efeito do volume de
exercício no envelhecimento cerebral através de fatores como inflamação,
moléculas de sinalização, composição corporal e outros.
Certamente, mesmo depois de termos resultados
detalhados desses e de outros experimentos, a quantidade “certa” de exercício
físico irá variar e talvez seja algo difícil de se prescrever.
“Não existe um único sistema de órgãos no corpo que
não seja afetado pelo exercício. Parte do motivo pelo qual o efeito do
exercício é tão consistente e robusto é o fato de não existir uma única via
molecular, mas sim uma combinação de várias coisas. Portanto, no final de todos
esses testes, analisaremos não apenas um ou dois mecanismos, mas vários deles.
Vai ser uma resposta complicada”, disse Marcas Bamman, fisiologista do
exercício da Universidade do Alabama em Birmingham (EUA). [DiscoverMagazine]
Fonte: https://hypescience.com/por-que-exercicios-sao-um-remedio-milagroso/
- Por Natasha Romanzoti