Alguns remédios usados para tratar problemas de saúde não relacionados ao coração podem ter efeito negativo sobre o órgão e sobre os vasos e artérias que constituem o sistema cardiovascular. Muitos deles são remédios comuns, facilmente adquiridos em farmácias, como anti-inflamatórios, descongestionantes nasais e anticoncepcionais.
Os efeitos negativos podem ocorrer em casos de
automedicação, interações medicamentosas ou quando a pessoa já possui uma
doença cardiovascular pré-existente. Isso quer dizer que os riscos existem
quando o uso dos medicamentos não é monitorado e controlado por um ou uma
profissional capacitada.
Sendo assim, os remédios não devem ser evitados, pois
muitos deles são necessários para garantir a sobrevivência e a qualidade de
vida das pessoas. Mas, seu uso deve ser prescrito e controlado por um médico ou
médica especialista. Ao menor sinal de complicação cardíaca, o remédio pode ser
substituído ou ter sua dose ajustada.
Então, veja agora quais são os remédios que podem
prejudicar o coração.
Antidepressivos tricíclicos
Esse tipo de antidepressivos pode provocar a queda de
pressão arterial
Os antidepressivos tricíclicos começaram a ser usados
para tratar a depressão em 1950. Desde então, outras classes de antidepressivos
foram desenvolvidas e substituíram, em grande parte dos casos, os
antidepressivos tricíclicos.
Os novos antidepressivos, como os inibidores seletivos
da recaptação da serotonina, produzem menos efeitos colaterais.
Os antidepressivos tricíclicos bloqueiam receptores,
como o adrenérgico alfa-1, podendo provocar a queda da pressão arterial quando
a pessoa se levanta (hipotensão postural), tontura e taquicardia.
Os antidepressivos tricíclicos também podem alterar os
impulsos elétricos que fazem o coração bater corretamente, trazendo sérios
riscos de vida. Por isso, os antidepressivos tricíclicos não são recomendados
para pessoas com doenças arteriais.
Antipsicóticos
Os antipsicóticos são medicações usadas para tratar
quadros de esquizofrenia, episódios de mania, distúrbios do comportamento e
podem ser auxiliares no tratamento de autismo e de transtorno
obsessivo-compulsivo (TOC).
Os efeitos dos antipsicóticos no coração são diversos,
podendo causar hipotensão (queda da pressão arterial), arritmias cardíacas
graves e taquicardia, que podem ser fatais.
Por esse motivo, o uso desses medicamentos deve ser
monitorado pelo médico ou médica psiquiatra, que também deve levar em
consideração as outras medicações utilizadas pela pessoa, por causa dos riscos
de interações medicamentosas danosas com os antipsicóticos.
Anticoncepcionais
As pílulas anticoncepcionais geralmente têm em suas
fórmulas dois hormônios sexuais, o estrogênio e a progesterona. Esses dois
hormônios podem interferir na coagulação sanguínea, aumentando os riscos de
problemas cardiovasculares.
O estrogênio, principalmente, deixa o sangue mais
espesso, o que pode causar a formação de coágulos (trombos), além de endurecer
a parede das artérias, fatores que aumentam os riscos de obstrução parcial ou
total de veias e artérias.
Esses coágulos podem formar varizes, tromboses e, em
casos mais graves, obstruir o fluxo sanguíneo para o coração ou cérebro,
causando infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC),
respectivamente.
O estrogênio também pode elevar a pressão arterial e
agravar o quadro de saúde de mulheres que já são hipertensas.
Isso não significa que as pílulas anticoncepcionais
causam doenças cardíacas, mas podem agravar o quadro de saúde de mulheres que
apresentam fatores de risco associados, como:
Apresentar alguma doença cardiovascular
Ter pressão alta
Ser fumante
Estar com sobrepeso ou obesidade
Ter diabetes
Anti-inflamatórios não-esteroides
Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade
de Oxford mostrou que o uso de anti-inflamatórios não-esteroides, como o
ibuprofeno (2400 mg) e o diclofenaco (150 mg), aumenta os riscos de ataque
cardíaco e de sangramento no estômago.
Neste estudo, a relação entre os anti-inflamatórios e
o ataque cardíaco foi restrito às altas doses, que não são as mesmas doses
constantes nas bulas dos medicamentos comprados livremente nas farmácias.
Mas, os pesquisadores chamaram a atenção para os
perigos da automedicação com os anti-inflamatórios, por pessoas que apresentam
riscos de desenvolver doenças cardíacas.
A ação dos anti-inflamatórios não-esteroides na
inibição de proteínas envolvidas na produção de prostaglandinas, que são
proteínas inflamatórias, pode favorecer eventos trombóticos, elevar a pressão
arterial e aumentar a incidência de insuficiência cardíaca.
Anti-histamínicos
Anti-histamínicos podem aumentar a pressão arterial e
a frequência cardíaca
Algumas pesquisas recentes apontam para uma correlação
entre distúrbios alérgicos e doenças cardíacas, principalmente hipertensão e
isquemia cardíaca.
Os pesquisadores explicam que isso pode ter relação
com o uso de anti-histamínicos para bloquear a produção excessiva de mediadores
pró-inflamatórios, como a histamina.
As histaminas são produzidas em quadros alérgicos para
aumentar o fluxo sanguíneo no local por onde o alérgeno entrou no organismo,
com o objetivo de concentrar mais células de defesa e anticorpos, para combater
a substância alérgena.
Os anti-histamínicos promovem o efeito contrário da
histamina, causando o estreitamento dos vasos sanguíneos não só nas vias
aéreas, mas em todo o corpo. Consequentemente, esses medicamentos podem
aumentar a pressão arterial e a frequência cardíaca.
Anti-inflamatórios esteroides
Ainda sobre a correlação entre distúrbios alérgicos e
doenças cardíacas, os anti-inflamatórios esteroides frequentemente prescritos
em crises de asma também podem prejudicar o coração.
Os anti-inflamatórios esteroides, ou corticoesteroides,
aumentam a pressão arterial e os níveis de açúcar no sangue, fatores que elevam
os riscos de aterosclerose coronariana, que é o acúmulo de placas de gordura
nas artérias, e acidente vascular cerebral (AVC).
Descongestionantes nasais
Pessoas que sofrem com rinite, sinusite ou apenas
sentem um desconforto em épocas mais frias e secas do ano podem recorrer, com
muita frequência, aos descongestionantes nasais.
O objetivo dessas formulações é promover a
vasoconstrição de partes do nariz chamadas “cornetos”, que ficam inflamadas e
inchadas em crises alérgicas, deixando o nariz congestionado ou entupido.
O problema é que os descongestionantes nasais não
diminuem o calibre dos vasos localizados apenas no nariz, mas podem afetar,
inclusive, artérias do coração. Como resultado, há um aumento na pressão
arterial, que pode levar ao bloqueio de alguma artéria, provocando um infarto.
Por isso, pessoas que já possuem problemas cardíacos
devem ter cuidado ao usar descongestionantes nasais e, de preferência, só
usá-los com orientação médica. Quem não possui problemas cardíacos também deve
evitar o uso contínuo desses medicamentos. Veja como desentupir o nariz com
receitas caseiras.
Quimioterápicos
Medicamentos quimioterápicos provocam uma série de
efeitos colaterais
Algumas medicações quimioterápicas podem causar ou
agravar problemas cardíacos já existentes, por isso é fundamental o
monitoramento da função cardiovascular de pacientes em tratamento de câncer.
Dentre as possíveis complicações cardiovasculares
decorrentes do uso de quimioterápicos, a disfunção miocárdica (insuficiência
cardíaca) é uma das mais preocupantes.
A insuficiência cardíaca é um quadro clínico agudo ou
crônico, no qual o coração não consegue bombear o sangue de forma eficiente,
deixando algumas células do corpo sem suprimento de oxigênio e nutrientes
importantes.
A insuficiência cardíaca geralmente se manifesta
dentro do primeiro ano após o término do tratamento. Por isso, os especialistas
em oncologia têm projetado o tratamento juntamente com cardiologistas, visando
controlar os fatores de riscos pré-existentes e monitorar a função cardíaca
durante o tratamento, para prevenir complicações.
Fonte: https://www.mundoboaforma.com.br/remedios-que-podem-prejudicar-o-coracao/
- Especialista da área: Dr. Lucio Pacheco
Louvai ao Senhor, porque é bom; pois a sua benignidade
dura perpetuamente.
1 Crônicas 16:34