Um estudo publicado recentemente no The Journal of Clinical
Investigation descobriu que pequenos pedaços de material genético, chamados
microRNAs, ligam as duas características fundamentais dos músculos aptos
fisicamente: a capacidade de queimar gordura e açúcar, e a capacidade de
alternar entre contrações lentas e rápidas de fibras musculares.
A descoberta sugere que os microRNAs podem ser usados no
desenvolvimento de novos tratamentos médicos destinados a melhorar a aptidão
muscular em pessoas com doenças crônicas ou lesão.
“Neste estudo, nós queríamos determinar, em um nível
molecular, o que torna um músculo apto fisicamente durante o desenvolvimento ou
após o exercício. Esta informação é relevante para os nossos esforços em
melhorar a aptidão muscular em muitas condições de saúde, como envelhecimento,
câncer e doenças
cardíacas. Estes resultados também podem ser úteis para membros ativos das
Forças Armadas que ficam ‘destreinados’ após lesões e tempo de recuperação”,
disse Daniel P. Kelly, principal autor do estudo.
Músculo atlético
O músculo apto fisicamente
é conhecido por sua capacidade de fazer duas coisas: queimar gordura e açúcares
e alternar entre os músculos de contração lenta e de contração rápida. De
acordo com Kelly, aptidão muscular só ocorre se as duas habilidades estão
funcionando corretamente. O aumento da resistência do músculo não pode ocorrer
sem aumentar esses dois componentes musculares.
Metabolismo e estrutura muscular
Kelly e sua equipe queriam determinar o que ligava o
metabolismo e a estrutura muscular. Para fazer isso, eles se voltaram para dois
tipos diferentes de ratos, cada um especialmente projetado para produzir
proteínas distintas (mas relacionadas) que “ligam e desligam” genes específicos
dos músculos.
O primeiro tipo, atlético, tem um gene regulador de músculo
chamado PPARβ/δ. Estes ratos podem correr muito mais do que ratos normais. O
segundo tipo, sedentário, produz um gene regulador muscular diferente, chamado
PPARu. Estes ratos são capazes de queimar uma grande quantidade de energia, mas
não podem correr muito.
Para identificar a relação entre o metabolismo muscular e o
tipo de fibra muscular, a equipe de pesquisadores comparou as diferenças
moleculares entre esses dois tipos diferentes de rato.
Primeiro, os cientistas descobriram que ratos sedentários
têm a “chave” metabólica ideal, mas não o “interruptor” de fibra muscular. Em
contraste, os ratos atléticos possuem as duas características necessárias para
a aptidão muscular.
Os dois modelos de rato também diferiram em perfis
moleculares. A equipe descobriu que os ratos atléticos produzem certos
microRNAs capazes de ativar o interruptor de fibra muscular. Este mesmo
circuito é suprimido em ratos sedentários.
Mais além, os pesquisadores determinaram que o gene PPARβ/δ
conecta microRNAs através de um fator intermediário, chamado de receptor de
estrogênio-dependente (ERRγ). Esta proteína colabora com PPARβ/δ para ligar
microRNAs, e é por isso que os ratos atléticos são mais aptos do que os
sedentários (o PPARβ / δ e a ERRγ induzem os microRNAs certos neles).
Nos seres humanos
Para determinar se os resultados do estudo eram relevantes
para a saúde humana, Kelly e sua equipe trabalharam com o pesquisador Steven R.
Smith para obter tecido muscular de pessoas sedentárias (que não se exercitam
regularmente) e pessoas ativas em boa forma.
Eles descobriram que a ERRγ e um dos microRNAs elevados em ratos atléticos com PPARβ/δ também eram mais encontrados em pessoas ativas, mas não no grupo sedentário.
“Estamos realizando estudos humanos adicionais para
investigar o circuito de ERRγ-microRNA como um caminho possível para melhorar a
forma física em pessoas com doença crônica ou lesão”, disse Kelly. “O próximo
passo é saber o que acontece com este circuito durante o exercício, e qual
efeito tem sobre o sistema cardiovascular”.[MedicalXpress]
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