Qual é o segredo da longevidade? Nos acostumamos a
ver pessoas com 90, 100 ou até mesmo 110 anos contando na televisão como
chegaram a essas idades, mas normalmente cada uma delas tem um “segredo”
diferente: comer isso, não comer aquilo, caminhar todos os dias, tomar sol na
medida certa etc.
Mas o que explica que certas regiões do mundo tenham
tantos octagenários, nonagenários, centenários e supercentenários – aquelas
pessoas que atingem os 110 anos? Pesquisando o assunto, o demógrafo belga
Michel Poulain e o médico italiano Gianni Pes descobriram uma população com
tais características na região da Barbaglia, na Sardenha, Itália. Desde então,
as áreas do mundo onde as pessoas vivem vidas consideravelmente mais longas são
conhecidas como “zonas azuis”.
Mais tarde, o pesquisador americano Dan Buettner
começou a trabalhar para identificar outras áreas com altas taxas de
longevidade e encontrou outras quatro zonas azuis:. Okinawa, no Japão; Icaria,
na Grécia; Loma Linda, na Califórnia; e Península de Nicoya, na Costa Rica. Em
todos esses lugares, há uma grande proporção de pessoas com idades avançadas, e
cada área é caracterizada por características específicas que se relacionam com
essa condição.
Na região de Barbaglia, localizada na região
montanhosa da Sardenha, por exemplo, está a maior concentração mundial de
centenários. Já a Ilha de Okinawa é habitada pelas mulheres mais velhas da
Terra, enquanto a ilha de Icaria tem a população mais velha com os níveis mais
baixos de demência senil. Loma Linda é o lar de uma comunidade de adventistas
do sétimo dia cuja expectativa de vida é 10 anos maior em relação à média nos
Estados Unidos, e em Nicoya está a segunda maior comunidade de centenários do
mundo.
Para descobrir o segredo das zonas azuis, uma equipe
composta por vários especialistas (médicos, antropólogos, demógrafos,
nutricionistas, epidemiologistas) – e liderada pelo próprio Dan Buettner –
viajou muitas vezes a estes lugares. Eles identificaram nove fatores gerais que
explicam a longevidade, todos relacionados à dieta e ao estilo de vida:
9. Atividade física intensa e regular no desempenho
das tarefas diárias. As pessoas que vivem nessas regiões não possuem o termo
sedentário em seus dicionários
8. Ter um “ikigai” – uma palavra japonesa que é
usada para definir nossas próprias “razões para ser” ou, mais precisamente, as
razões pelas quais acordamos todas as manhãs
7. Redução do estresse, um fator que está
intimamente ligado a quase todas as doenças relacionadas ao envelhecimento. Nas
regiões estudadas, a redução do estresse significa interromper o ritmo normal
da vida diária para dedicar tempo para outras atividades que fazem parte de
hábitos sociais normais. Por exemplo, tirar uma soneca nas sociedades
mediterrânicas, rezar no caso dos adventistas, a cerimônia do chá das mulheres
em Okinawa, e assim por diante.
6. “Hara hachi bu” – um ensinamento confuciano que
significa que não devemos continuar a comer até ficarmos cheios, mas apenas até
80% da nossa capacidade alimentar
5. Priorizar uma dieta rica em produtos à base de
plantas. Carne, peixe e produtos lácteos podem ser consumidos, mas em
quantidades mais baixas
4. Consumo moderado de bebidas alcoólicas, o que
confirma a crença de que os bebedores moderados vivem vidas mais longas do que
os não-bebedores
3. Participar de grupos sociais que promovam hábitos
saudáveis
2. Participar de comunidades religiosas com práticas
religiosas comuns
1. Construir e manter relacionamentos sólidos entre
os membros da família: pais, irmãos, avós e outros.
É possível dizer que os 9 fatores de longevidade se
enquadram em duas categorias: em primeiro lugar, manter um estilo de vida
saudável – prtaicar exercícios de intensidade regular, incluir hábitos para
“quebrar” o estresse diário, incluir plantas em nossas dietas, comer até estar
satisfeito, e não cheio, e não beber excessivamente.
Em segundo lugar, integrar-se a grupos que promovam
e apoiem essas “boas práticas”: família, comunidades religiosas, grupos
sociais, etc. – tudo isso baseado em seu próprio “ikigai”, ou seja, sua própria
“razão para viver” – os especialistas dizem que há também um “ikigai” coletivo
que define os objetivos para cada comunidade, bem como os desafios a superar
para alcançá-los.
A longevidade pode ser determinada pela genética,
mas também é algo que pode ser alcançado através de práticas que nos fazem bem
e podem nos levar não só a uma vida mais longa, mas também melhor. [Science
Alert]
Fonte: https://hypescience.com/segredo-longevidade/
- Por Jéssica Maes
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