quarta-feira, 9 de julho de 2025

Estudo de Harvard lista as 14 profissões que mais causam infelicidade


Descubra as 14 profissões que mais causam infelicidade segundo Harvard. Veja se a sua está na lista e o que fazer a respeito!

 

Em um cenário onde o trabalho ocupa grande parte da vida adulta, uma pesquisa da Universidade Harvard traz dados alarmantes: mais de 40% das pessoas se declaram infelizes no ambiente profissional.

 

O estudo, realizado em 2017, aponta as 14 profissões que mais geram descontentamento e analisa os fatores por trás dessa insatisfação.

 

Segundo os pesquisadores, a infelicidade não está restrita ao salário. Outros elementos como a falta de perspectiva de crescimento, jornadas exaustivas, isolamento social e pressão constante são decisivos na deterioração da saúde mental dos trabalhadores.

 

A seguir, confira a lista das profissões que, segundo o estudo, apresentam os maiores índices de insatisfação entre os profissionais:

 

Técnico de farmácia;

Engenheiro de projetos;

Professor;

Assistente administrativo;

Caixa de supermercado;

Diretor-geral;

Analista de dados;

Representante de atendimento ao cliente;

Vendedor de varejo;

Gerente de contas de vendas;

Entregador;

Caminhoneiro;

Guarda de segurança;

Trabalhador noturno.

Essas funções têm em comum diversos fatores que vão além da rotina desgastante. A combinação de baixa valorização profissional com altos níveis de cobrança é uma das principais causas do adoecimento psíquico.

 

Por que essas profissões geram tanta infelicidade?

Falta de valorização e reconhecimento

Trabalhadores que não se sentem valorizados por seus gestores ou pela sociedade, mesmo desempenhando funções essenciais, tendem a apresentar níveis elevados de frustração.

Professores e caixas de supermercado, por exemplo, frequentemente enfrentam desrespeito, além de salários abaixo da média nacional.

 

Jornada extensa e exaustiva

Profissões como caminhoneiro, entregador e trabalhador noturno envolvem longas jornadas e horários incompatíveis com a vida social e familiar. Esse fator compromete o descanso e o convívio com entes queridos, aumentando a sensação de isolamento.

 

Pressão e responsabilidade excessiva

Cargos de liderança, como diretores e gerentes de contas, enfrentam constante pressão por resultados, metas e performance. Quando essa cobrança não vem acompanhada de suporte emocional ou psicológico, pode desencadear transtornos como ansiedade e burnout.

 

Poucas perspectivas de crescimento

Funções como assistente administrativo ou técnico de farmácia são, em muitos casos, consideradas “postos finais”, com pouca ou nenhuma mobilidade ascendente. A estagnação contribui para a perda de propósito e a desmotivação.

 

Trabalho repetitivo e mecanizado

A rotina altamente repetitiva, sem espaço para criatividade ou inovação, pode esgotar emocionalmente. É o caso das profissões de vendedores de varejo e operadores de caixa, que realizam as mesmas tarefas durante horas.

 

Saúde mental: o novo desafio das empresas

Para tentar amenizar o quadro de sofrimento psíquico, muitas empresas têm investido em soluções como aplicativos de bem-estar, sessões de terapia online, palestras motivacionais e até convênios com psiquiatras. No entanto, essas iniciativas, embora positivas, não atacam a raiz do problema.

 

O que realmente pode fazer diferença?

Segundo o psiquiatra Jairo Bouer, da USP, “a saúde mental deve ser tratada com seriedade, e isso implica repensar a forma como o trabalho está estruturado”. Para o especialista, o foco deve estar em repensar a jornada, as metas e a relação entre empresa e colaborador.

 

“A produtividade não precisa depender da presença contínua de oito horas em um escritório. Mais liberdade para definir o ‘quando’ e ‘quanto’ trabalhar pode melhorar o bem-estar”, afirma Bouer.

 

Papel da flexibilidade na satisfação profissional

Adaptação ao ritmo biológico

Muitos trabalhadores rendem mais em determinados períodos do dia. Há quem seja mais produtivo pela manhã, enquanto outros funcionam melhor à tarde ou à noite. Ajustar a carga horária ao ritmo biológico pode potencializar resultados e reduzir a fadiga.

 

Jornadas mais curtas e distribuídas

Experimentos com semanas de quatro dias e jornadas de 30 horas semanais têm apresentado bons resultados em países como Islândia e Reino Unido. Os testes demonstraram aumento de produtividade, redução de faltas e melhora significativa no humor dos funcionários.

 

Autonomia e confiança

Permitir que os trabalhadores tenham autonomia sobre seus horários e entregas gera mais comprometimento. A lógica do controle absoluto está sendo substituída pela confiança e pela medição de resultados, e não de presença.

 

Conflito entre trabalho e vida pessoal

Profissionais com filhos pequenos enfrentam uma pressão adicional. A rigidez dos horários e a falta de empatia das empresas dificultam a conciliação entre carreira e maternidade/paternidade.

“Empregos realmente flexíveis deveriam permitir adaptações conforme a realidade familiar e não o contrário”, reforça Bouer.

Essa incompatibilidade também é vista em trabalhadores noturnos, cujos horários impossibilitam convívio social e familiar, impactando diretamente a saúde emocional.

 

Um novo modelo de trabalho é possível?

Segundo o psicólogo britânico James Davies, uma reestruturação da jornada de trabalho pode ser a chave para o equilíbrio emocional da sociedade. Em entrevista ao El País, ele defende que:

“Estamos tratando sintomas com remédios, mas esquecendo de mudar as causas sociais do adoecimento.”

Essa crítica é reforçada por pensadores como Byung-Chul Han, que em Sociedade do Cansaço, argumenta que a busca constante por performance e produtividade transformou o ser humano em um “projeto de eficiência”, em detrimento do bem-estar.

 

Caminhos para a mudança

Empresas:

Avaliar clima organizacional com frequência.

Oferecer políticas reais de flexibilidade.

Investir em escuta ativa e canais de acolhimento emocional.

Reestruturar metas e expectativas com foco em sustentabilidade.

 

Governo:

Incentivar jornadas alternativas via políticas públicas.

Fiscalizar condições de trabalho em funções com alto índice de adoecimento.

Ampliar leis de proteção para profissões noturnas e operacionais.

 

Trabalhadores:

Refletir sobre sua relação com o trabalho.

Buscar apoio psicológico quando necessário.

Negociar mudanças com seus gestores sempre que possível.

Priorizar saúde mental sem culpa.

 

Considerações finais

A infelicidade profissional não é uma questão individual, mas social. A pesquisa da Universidade Harvard escancara uma realidade que exige ação coletiva. Transformar o trabalho em um espaço de realização e não de sofrimento é um desafio do século XXI — e começa com a escuta, o diálogo e a coragem de mudar.

 

Fonte: https://seucreditodigital.com.br/14-profissoes-infelicidade-harvard/?utm_source=terra_capa_vida-e-estilo&utm_medium=referral#google_vignette - Autor Ellen D'Alessandro -  Imagem: Freepik

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