Em 1976, eu estudava a 8ª série e praticava basquete no Colégio Estadual Murilo Braga com o Professor Romilto Mendonça e, nessa época, sonhava em fazer o vestibular para professor de educação física da UFS. No entanto, tinha algo que poderia atrapalhar esse objetivo, um problema de saúde que eu tinha: a bronquite asmática.
Em 1979, já estudando o 3º Ano Cientifico e sob os
treinos de basquete do Professor José Antônio Macêdo, o treinamento físico era
intenso, pois só tínhamos uma bola de basquete e ele aplicava a calistenia e
corridas longas, inclusive pelas ruas da cidade, para melhorar o
condicionamento físico e por algumas vezes eu sentia a falta de ar. Quando eu
comentava com minha mãe sobre o fato, ela fazia chá de canela em pau e eu
melhorava. Isso ocorreu algumas vezes.
Faltando um mês para os jogos estudantis de Sergipe,
todas os atletas do CEMB passaram pelo médico Dr. Antônio Fernando. Ele atendia
em uma sala que ficava na ala D e o objetivo da consulta era fazer uma
avaliação médica e ter a autorização para participar da competição em Aracaju.
Quando chegou a minha vez, o médico diagnosticou que eu sofria de bronquite
asmática e ia proibir a minha participação na competição, mas ele me deu uma
chance ao receitar um remédio para melhorar a doença. Ainda lembro o nome da
medicação: iodeto de potássio. Uma semana antes dos jogos, retornei para outra
avaliação e ele autorizou a minha participação. Na época, eu era o capitão da
equipe e o basquete do CEMB ficou em um honroso 4º lugar nos jogos pela
categoria B. Com isso, o sonho de ser professor cresceu ainda mais.
Naquele ano, sabendo do meu interesse em ser professor
de educação física, Zé Antônio me deu a oportunidade de ser seu assistente
técnico na categoria A masculino e o Professor Gercivaldo Santos me convidou
para ensinar iniciação do basquete a uma turma feminina sob sua supervisão. Até
então, o Murilo Braga só tinha o basquete masculino, e em 1980, a maioria
daquelas meninas escolheu praticar o basquete e representar a escola pela
primeira vez nos jogos. O meu entusiasmo aumentou cada vez mais em ser
professor por essas oportunidades.
No final do ano, após ter concluído o 3º Ano
Científico, me inscrevi no vestibular da UFS para o curso de Licenciatura Plena
em Educação Física contra a vontade de minha mãe, pois ela ficou preocupada por
causa do meu problema de saúde. Na época, antes da prova do vestibular, o
candidato passava por uma avaliação médica e física. Por minha conta, comprei e
tomei outro frasco do iodeto de potássio, fiz o exame médico e fui aprovado.
Como eu tinha um bom condicionamento físico pelos treinos do basquete, passei
no teste dos 12 minutos de corrida. Eu já sabia nadar, mas para melhorar, eu e
o amigo Josiel Batista, que também estava inscrito, íamos de bicicleta até o
açude do sítio de prima Irene no Povoado Lagamar onde nós atravessávamos a nado
por várias vezes. No teste da natação, bastava atravessar a piscina de 50
metros e fui aprovado no teste, mas ainda tinha um circuito físico para fazer
que iria ser realizado no sábado seguinte. Eu estava gripado e ao acordar
percebi que estava com febre, mesmo assim não desisti e fui à UFS. O circuito
era por tempo e tinha como exercícios: barra, paralela, abdominais, salto
vertical, corrida sinuosa em velocidade e outros. Não me saí bem no circuito
por conta da gripe. Quando saiu o resultado final eu não fui aprovado, foi um
dia muito triste para mim. A minha segunda opção era o curso de biologia, minha
mãe até gostou, porque ela tinha medo que eu não aguentasse fazer o curso de
educação física. Uma semana depois, recebi um telegrama da UFS afirmando que o
meu teste tinha sido revisto e eu estava apto para fazer o vestibular de
educação física, pulei de alegria, foi um dos dias mais felizes de minha vida.
No início do ano de 1980, fiz o vestibular e fui
aprovado. Fiz a matrícula e ao começar o curso ingressei no serviço público estadual
como professor de educação física no CEMB, pois na época era permitido o universitário
ser contratado pelo estado. Dois sonhos concretizados no mesmo ano: estudar e
ser professor de educação física.
Nos dois primeiros semestres, eu só fiz matérias
teóricas. No 1º semestre de 1981, me matriculei nas disciplinas práticas, entre
elas: desportos coletivos, que abrangia o basquete, futebol de campo, handebol
e voleibol, e desportos individuais como o judô e o tênis de campo, e a
natação.
No mês de abril daquele ano, numa Sexta-feira Santa,
após uma forte gripe, tive broncopneumonia. Fiquei um mês fazendo o tratamento
com Dr. Bertrand Góis. Fui curado, e afastado do trabalho e das aulas do curso
através de atestado médico. Ao retornar ao curso, tive um mal-estar e o médico
sugeriu que eu trancasse as matérias do semestre, mas já tinha passado o prazo
e acabei perdendo o período. Continuei trabalhando e no 2º semestre repeti as
matérias que eu tinha perdido no semestre anterior. Naquele ano, eu e minhas
alunas ganhamos a 1ª medalha do basquete nos Jogos da Primavera, entre as mais
de duzentas que ganhei ao longo de minha carreira como professor de educação.
No final do ano de 1984, fiz uma cirurgia de amígdalas
por causa das inúmeras inflamações na garganta com o Dr. Edmundo Maia (in
memoriam).
Em junho de 1985, conclui o curso e em agosto recebi o diploma do Curso de Licenciatura Plena em Educação Física no Ginásio de esportes Constâncio Vieira em Aracaju com a presença de minha mãe Maria da Graça Costa e de minha noiva Josefa Madileide de Carvalho.
Graças a Deus eu não desisti de ser professor e
superei os problemas de saúde com a ajuda e compreensão de minha mãe e das
orientações médicas. Fui persistente, determinado, obstinado em alcançar o
sonho de ser professor.
Rogo a Deus todos os dias de minha vida para que me dê
saúde e possa continuar contribuindo na formação integral de crianças e
adolescentes como faço há 45 anos nos colégios Murilo Braga, Dom Bosco, Graccho
Cardoso, Salesiano, O Saber e na Escola Municipal José Filadelfo Araújo.
Professor José Costa – CREF 000245-SE
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