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segunda-feira, 1 de julho de 2019

9 dicas para detectar fake news na área da nutrição


O poder (para o bem ou para o mal) dos alimentos é um dos principais alvos de boatarias e opiniões apaixonadas na internet

Depois da nossa matéria sobre os influenciadores da saúde em geral, nós separamos algumas pegadinhas das redes sociais específicas sobre nutrição. Explica-se: a alimentação é uma das áreas mais atingidas pelas notícias falsas, ao ponto de o Conselho Federal de Nutrição (CFN) ter emitido em 2018 um alerta sobre o tema.

“Nas mídias sociais, as fake news chamam a atenção para equívocos e atitudes de risco, prometendo dietas milagrosas sem nenhuma comprovação científica, prescritas por pessoas sem formação acadêmica”, declara o texto da entidade. Ao adotar sugestões de origem duvidosa, a saúde é ameaçada.

Para ajudar você a detectar uma armadilha do tipo, conversamos com a nutricionista Carolina Sartori, de Brasília, que em seu perfil desmente com evidências alguns dos boatos. Ela é uma das entusiastas do projeto Saúde Honesta, que desmistifica o tema com o auxílio de diversos profissionais.

1. Fuja de quem usa o termo “detox”
A desintoxicação de quaisquer substâncias nocivas é feita pelo nosso corpo normalmente, desde que os rins e outros órgãos estejam funcionando. Não há qualquer indício confiável de que as dietas, chás e receitas detox tenham algum efeito extra na remoção de toxinas do organismo.
O importante é comer bem, sem radicalismos.

2. Demonização de alimentos é furada
As expressões “sem lactose” e “sem glúten” estão em alta nos rótulos das prateleiras e nos “publis” do Instagram. Só que esses alimentos só devem ser retirados da dieta de quem é alérgico ou intolerante a eles.
Riscar qualquer item do cardápio sem necessidade pode levar a deficiências nutricionais e problemas de saúde. No caso do glúten, a retirada não só não traz benefícios como pode elevar o risco de doenças crônicas não transmissíveis.

3. Ainda não há cura para doenças incuráveis
Parece óbvio, mas há muitas promessas de eliminar a aids e outras doenças crônicas com um alimento ou planta. Se a condição é considerada incurável, não dá para acreditar em uma alegação do tipo.

4. Desconfie da supervalorização dos alimentos
Vamos dar um exemplo, o da canela. Ela é um alimento termogênico, pois acelera o gasto de energia do organismo. Só que esse efeito é discreto, ou seja, seria preciso comer porções cavalares para que o corpo perdesse peso por causa dessa queima.

Vale a máxima: nenhum alimento ou nutriente sozinho melhora a imunidade, emagrece ou cura doenças.

5. Encrencar com exames é sinal de alerta
É comum encontrar nutricionistas ou outros profissionais de saúde dizendo que o valor de referência da dosagem de vitamina D ou outros marcadores nos laboratórios é errado, e que na verdade deveríamos ingerir mais do que isso.
Como o excesso de nutrientes e o tratamento de doenças inexistentes podem ser prejudiciais e até colocar a vida em risco, vale ficar com o número oficial, que é calculado baseado em anos de estudo e passa pela análise de dezenas de profissionais e entidades médicas.

6. O ortomolecular não existe
Essa especialidade não é reconhecida pelo Conselho Federal de Nutrição, e geralmente quem a defende vende uma longa lista de exames e suplementos para supostamente balancear os nutrientes do corpo e, assim, promover o emagrecimento e prevenir doenças.
O Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso) também já se posicionaram contra a abordagem.

7. Não aceite dietas da moda
Se o influencer oferece um cardápio pronto para ser seguido à risca por todo mundo e promove dietas da moda, melhor dar unfollow.
A alimentação deve ser individualizada, porque seu sucesso e segurança dependem de muitos fatores pessoais (peso, idade, estilo de vida, histórico de saúde, condição socioeconômica…). E qualquer profissional deve respeitar essas particularidades, inclusive dando voz para que a própria pessoa tome certas decisões informadas.

8. Nutricionistas não devem prescrever hormônios
Existem alegações sobre o papel de hormônios no emagrecimento e até a manipulação de versões sintéticas deles para esse fim. Só que os hormônios devem ser prescritos apenas por médicos – e depois do diagnóstico de uma condição de saúde que justifique isso.
Os Conselhos Regionais de Nutrição desaprovam a prática, e há uma lei que proíbe a recomendação de hormônios para fins estéticos, como prevenir o envelhecimento, até para os médicos.

9. Não existe milagre rápido com o cardápio
Por último, um dos pontos que faz mais sucesso nas redes. Perder peso rapidamente, secar a barriga, dobrar a massa magra e todas as promessas de resultados imediatos e impressionantes devem levantar suspeitas.
Toda mudança do tipo exige intervenções duradouras no estilo de vida e uma dose de disciplina.

Fonte: https://saude.abril.com.br/alimentacao/9-dicas-para-detectar-fake-news-na-area-da-nutricao/ - Por Chloé Pinheiro - Foto: Tomás Arthuzzi/SAÚDE é Vital