Em nota divulgada nesta terça-feira, após
conferência entre Thomas Bach e Shinzo Abe, Primeiro-Ministro do Japão, evento
foi oficialmente adiado para acontecer, no mais tardar, no verão de 2021
As Olimpíadas e Paralimpíadas de Tóquio 2020 foram
oficialmente adiadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) nesta terça-feira
por causa da pandemia de coronavírus. A decisão foi tomada após uma
teleconferência entre Thomas Bach, presidente do COI, e Shinzo Abe,
Primeiro-Ministro do Japão, para resguardar a segurança de atletas, técnicos e
de todos que participariam diretamente ou indiretamente das competições. A nota
oficial não informa uma nova data para as competições, mas diz que deverão
ocorrer até o verão de 2021.
- Nas atuais circunstâncias, e com base nas
informações fornecidas hoje pela OMS, o Presidente do COI e o Primeiro-Ministro
do Japão concluíram que os Jogos da XXXII Olimpíada de Tóquio devem ser
remarcados para uma data posterior a 2020, mas o mais tardar no verão de 2021,
para proteger a saúde dos atletas, todos os envolvidos nos Jogos Olímpicos e na
comunidade internacional - diz o comunicado do Comitê Olímpico Internacional
divulgada nesta terça-feira.
O orçamento de todos os Jogos terá de ser revisto. O
contrato com algumas das sedes esportivas também passará por uma renegociação.
Há ainda a preocupação sobre como ficará a questão dos ingressos e devolução de
dinheiro para quem não quiser mais ir aos Jogos. O evento, ainda que possa ser
adiado para 2021, permanecerá com o mesmo nome: Tóquio 2020.
A pandemia de coronavírus já registrou mais de 390
mil casos e mais de 17 mil mortes por complicações da Covid-19 em todo o mundo.
Um levantamento da universidade norte-americana Johns Hopkins apontou que até o
último domingo, mais de 318 mil pessoas foram infectadas pelo novo coronavírus.
A maior parte das mortes mundiais está concentrada na Itália, são mais de 5,4
mil até o momento. O país registrou no último sábado um aumento de quase 800
mortes em apenas um dia. A Itália tem mais de 59,1 mil infectados pelo vírus,
atrás apenas da China, que desde o início do surto, em dezembro de 2019,
acumulou mais de 81 mil casos de Covid-19.
Em sua 32ª edição, a previsão era de que 11 mil
atletas, de pelo menos 204 países, disputassem os Jogos, distribuídos por 33
esportes. Se não bastasse esse contingente de pessoas, o COI e o Comitê
Organizador do Japão tinha por estimativa que as provas recebessem até cinco
milhões de espectadores de todo o mundo, nos 43 locais de disputas.
No total, 178 atletas brasileiros já estavam
classificados para as Olimpíadas de Tóquio. A previsão do Comitê Olímpico do
Brasil (COB) era a de que o número de representantes do país ficasse entre 250
e 300 competidores.
Confira a nota oficial de adiamento:
"O presidente do Comitê Olímpico Internacional
(COI), Thomas Bach, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, realizaram uma
conferência por telefone nesta manhã para discutir o ambiente de constantes
mudanças com relação ao Covid-19 e as Olimpíadas de Tóquio de 2020.
Estiveram juntos ainda Mori Yoshiro, presidente do
Comitê Organizador de Tóquio 2020; o ministro olímpico, Hashimoto Seiko; o
governador de Tóquio, Koike Yuriko; o presidente da Comissão de Coordenação do
COI, John Coates; Diretor Geral do COI, Christophe De Kepper; e o diretor
executivo dos Jogos Olímpicos do COI, Christophe Dubi.
Bach e Abe expressaram sua preocupação em comum com
a pandemia mundial do Covid-19 e o que isso está fazendo na vida das pessoas e
com o impacto significativo que está causando nos preparativos dos atletas em
todo o mundo para os Jogos.
Em uma reunião muito amigável e construtiva, os dois
líderes elogiaram o trabalho do Comitê Organizador de Tóquio 2020 e observaram
o grande progresso que está sendo feito no Japão para lutar contra o Covid-19.
O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI),
Thomas Bach, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, realizaram uma
conferência por telefone nesta manhã para discutir o ambiente de constantes
mudanças com relação ao Covid-19 e as Olimpíadas de Tóquio de 2020.
Estiveram juntos ainda Mori Yoshiro, presidente do
Comitê Organizador de Tóquio 2020; o ministro olímpico, Hashimoto Seiko; o
governador de Tóquio, Koike Yuriko; o presidente da Comissão de Coordenação do
COI, John Coates; Diretor Geral do COI, Christophe De Kepper; e o diretor
executivo dos Jogos Olímpicos do COI, Christophe Dubi.
Bach e Abe expressaram sua preocupação em comum com
a pandemia mundial do Covid-19 e o que isso está fazendo na vida das pessoas e com
o impacto significativo que está causando nos preparativos dos atletas em todo
o mundo para os Jogos.
Em uma reunião muito amigável e construtiva, os dois
líderes elogiaram o trabalho do Comitê Organizador de Tóquio 2020 e observaram
o grande progresso que está sendo feito no Japão para lutar contra o Covid-19.
A propagação sem precedentes e imprevisível do surto
viu a situação no resto do mundo se deteriorar. Ontem, o diretor-geral da
Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que a
pandemia do COVID-19 está "acelerando". Atualmente, existem mais de
375.000 casos registrados em todo o mundo e em quase todos os países, e seu
número está aumentando a cada hora.
Nas atuais circunstâncias, e com base nas
informações fornecidas hoje pela OMS, o Presidente do COI e o Primeiro-Ministro
do Japão concluíram que as Olimpíadas de Tóquio devem ser remarcadas para uma
data posterior a 2020, mas não depois do verão de 2021, para proteger a saúde
dos atletas, todos os envolvidos nos Jogos Olímpicos e a comunidade
internacional.
Os líderes concordaram que os Jogos Olímpicos de
Tóquio poderiam ser um farol de esperança para o mundo durante esses tempos
difíceis e que a chama olímpica poderia se tornar a luz no fim do túnel em que
o mundo se encontra atualmente. Portanto, foi acordado que a chama olímpica
permanecerá no Japão. Também foi acordado que os Jogos manterão o nome de Jogos
Olímpicos e Paralímpicos Tóquio 2020".
Do lucro ao prejuízo
Antes do seu adiamento, os Jogos de Tóquio eram apontados
como os mais lucrativos da história. Agora, a previsão é a de que haja um
impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB) do país em 1,4%. Somente em
contratos celebrados com patrocinadores, o Japão arrecadou a impressionante
cifra de US$ 3,1 bilhões (R$ 15,5 bilhões), ao estabelecer parcerias com 65
empresas. Esse valor supera em três vezes o recorde anterior, que era dos Jogos
de Londres 2012. O orçamento, agora, porém, terá de ser revisto. O contrato com
algumas das sedes esportivas também passará por uma renegociação.
Com a venda de ingressos, a previsão era a de
arrecadar US$ 800 milhões (R$ 4 bilhões). Para se ter uma ideia do sucesso da
comercialização das entradas, os Jogos Rio 2016 chegaram ao total de R$ 1,2
bilhão.
As Olimpíadas japonesas já tinham consumido um total
de US$ 18,2 bilhões (R$ 91 bilhões). Deste montante, US$ 5,6 bilhões (R$ 28
bilhões) foram usados pelo Comitê Organizador e US$ 12,6 bilhões (R$ 63
bilhões) aplicados nas obras de infraestrutura e construção das instalações
esportivas.
Com a não realização dos Jogos na data prevista, o
Japão começará a contabilizar os prejuízos. Em um primeiro momento, o principal
deles se refere ao turismo, que foi apontado por especialistas Nomura Holdings,
empresa de serviços financeiros e que patrocina as Olimpíadas de Tóquio.
Sem os Jogos, o Japão deixa de arrecadar US$ 2,2
bilhões (R$ 11 bilhões) somente com receitas previstas para gastos
estrangeiros. O governo japonês estimou que 600 mil turistas estariam no país
durante a realização das Olimpíadas.
A perspectiva da Nomura Holdings é que não realização
do evento faça com que o Produto Interno Bruto (PIB) do país sofra uma retração
de até 1,4%. Os números são semelhantes a que técnicos do governo têm
trabalhado extraoficialmente.
O cancelamento dos Jogos significaria um prejuízo de
US$ 66 bilhões (R$ 330 bilhões), que equivalem a 1,4% do PIB japonês.
Para organizar os Jogos de Tóquio, os japoneses
construíram oito instalações permanentes, dez temporárias, além de terem
reformado outras 25, como o Estádio Olímpico e o Ginásio Nacional de Yoyog, que
foram utilizados em 1964, na primeira vez em que as Olimpíadas foram realizadas
no país.
COI não resistiu à pressão
No início da pandemia de coronavírus, o COI se
recusou a cogitar a possibilidade de cancelamento ou adiamento das Olimpíadas
de Tóquio. Ao mesmo tempo em que a epidemia se alastrou pelo mundo, o
presidente da entidade máxima do desporto olímpico, o alemão Thomas Bach, se
esquivou das perguntas feitas sobre o futuro das competições.
Mas no início de março, em todo o mundo se
intensificaram os cancelamentos das competições esportivas, classificatórias ou
não para as Olimpíadas de Tóquio. E esse fato levou o COI a emitir uma nota
oficial em 3 de março e, no dia seguinte, Bach teve de fazer um pronunciamento
e reafirmar a realização dos Jogos.
Com a classificação a Tóquio 2020 prejudicada, por
causa das provas canceladas, o COI convocou uma reunião no dia 17 de março com
as federações esportivas para discutir o futuro das Olimpíadas. Ao término do
encontro, Bach informou que a decisão que os Jogos estavam mantidos.
Ante a crescente pandemia de coronavírus, a decisão
desagradou à comunidade esportiva. E, no dia seguinte ao anúncio, pela
primeira, vez, atletas e Comitês Olímpicos Nacionais começaram a pedir pelo
cancelamento ou adiamento dos Jogos.
- Não é sobre como as coisas serão em quatro meses.
É sobre como as coisas estão agora. O COI está querendo que a gente se mantenha
arriscando nossa saúde, a saúde da nossa família e a saúde pública treinando
todos os dias? Estão nos colocando em perigo agora, hoje, não em quatro meses -
escreveu a atual campeã olímpica do salto com vara, a grega Katerina Stefanidi,
em um perfil de rede social.
Em uma videoconferência com outros presidentes de
Comitês Olímpicos Nacionais, o comitê espanhol pediu pelo adiamento das
Olimpíadas. O presidente da entidade Alejandro Blanco lembrou que a Espanha é
um dos países mais afetados pela pandemia de coronavírus e, por isso, teme que
seus esportistas participem da competição em situação de desigualdade.
E até os membros do COI passaram a pedir pelo
cancelamento dos Jogos. Integrante da Comissão de Atletas do COI, a canadense
Hayley Wickenheiser, tetracampeã olímpica de hóquei no gelo, classificou como
irresponsável a decisão de não adiar os Jogos, diante do avanço do coronavírus
no mundo.
Na tentativa de conter o inconformismo dos atletas,
ainda no dia 18 de março, o presidente do COI realizou uma reunião por
videoconferência com 220 atletas classificados para Tóquio. Ao término da
reunião, ele se mostrou satisfeito com o resultado.
- Todos perceberam que ainda temos mais quatro meses
pela frente. Há muitas perguntas a serem respondidas sobre as restrições e
dificuldades do sistema de classificação - disse, na ocasião, Bach.
A pressão por um adiamento cresceu a partir do dia
20 de março, quando dirigentes esportivos da Itália fizeram coro aos atletas se
posicionando contra a realização dos Jogos em julho. No Brasil, o Comitê
Paralímpico (CPB) foi a primeira instituição do país a pedir o adiamento. No
dia 21 de março, foi a vez de o Comitê Olímpico do Brasil (COB) defender o
adiamento e foi seguido por diversas confederações esportivas nacionais.
Reforçaram os pedidos entidades dos Estados Unidos, o Comitê Olímpico da
Colômbia, da Noruega, da Austrália e de diversos países. Mas foi o Canadá que
fez a pressão mais forte, ameaçando não enviar atletas aos Jogos caso
mantivesse a programação inicial.
O COI reagiu com uma mudança de tom. Antes não havia
data-limite para definir sobre adiar ou não as Olimpíadas. No dia 22 de março,
o COI estabeleceu um prazo de quatro semanas para tomar uma decisão.
Fonte: https://globoesporte.globo.com/rj/olimpiadas/noticia/olimpiadas-e-paralimpiadas-de-toquio-2020-sao-adiadas.ghtml
- Por GloboEsporte.com — Tóquio, Japão -
Foto: Athit Perawongmetha/Reuters