O amor nos afeta. Todo mundo sabe disso: quem já
esteve apaixonado, quem já esteve a cerca de 50 metros de alguém apaixonado ou
quem já viu algum filme de Hollywood num dia chuvoso e solitário.
Enquanto músicos do mundo todo e romances de banca
querem te convencer que aquele seu dedo podre na hora de escolher parceiros,
por exemplo, é culpa de um cupido atrapalhado, a ciência tem muito a dizer
sobre o assunto. Esse sentimento tão aclamado provoca todos os tipos de
estranhas mudanças físicas e químicas dentro de nossos cérebros e corpos. E, a
partir do momento que você passa a conhecê-las, as coisas fazem mais sentido.
5. O amor nos deixa (figurativamente) cegos
Todo mundo tem um amigo que namora/já namorou um
idiota (talvez você tenha sido esse amigo). Não importa o quão chata, ofensiva
ou infiel seja esta pessoa, o seu amigo vai insistir: “Não, ela é muito legal
quando estamos em casa” ou “Ah, ela só está brincando, não leve à mal”. Parece
até que ele é incapaz de enxergar o quão intragável seu amado é. E é
precisamente isto que está acontecendo.
Existe uma região específica no cérebro humano que é
responsável pelo modo como julgamos situações e pessoas, e em circunstâncias
normais, a luz se acende quando somos apresentados a uma nova situação que
requer uma avaliação imediata, como conhecer alguém pela primeira vez ou tentar
descobrir se gostamos das alterações no menu do nosso restaurante favorito (e
se devemos procurar outro lugar para almoçar). Somos criaturas que julgam por
natureza e não perdemos tempo quando queremos criticar algo. No entanto, quando
estamos apaixonados por algo ou alguém, essa região específica do nosso cérebro
fica completamente apagada, como um bairro sem energia elétrica depois de um
temporal na madrugada.
Nós nos tornamos fisicamente incapazes de detectar
as falhas nas coisas que amamos. Aparentemente, a biologia humana acredita que
é necessário colocar uma venda em nossos sentidos para que a nossa espécie
possa sobreviver e se reproduzir.
Há um outro fenômeno relacionado a essa cegueira de
amor chamado de “efeito halo” – e surpreendentemente não tem nada a ver com o
hit pop da Beyoncé ou com o jogo de videogame. O termo se refere ao nosso
hábito de estender uma qualidade positiva que uma pessoa possui para o resto do
seu temperamento, basicamente nos dando uma desculpa para gostar dela. Quando o
seu amigo ri da piada totalmente sem graça daquela loira bonitona, ele não está
fingindo. O seu cérebro é que está lhe dizendo: “Esta pessoa tem o que você
procura em um parceiro de acasalamento, por isso a partir de agora, cada
coisinha que ela faz é mágica”.
4. Nossos cérebros nos colocam na direção do pior
candidato possível
Ao escolher com quem vamos nos relacionar, nós
tendemos a procurar por alguém com uma personalidade e conjunto de interesses
muito semelhantes aos nossos (por favor, note que “tanquinho maravilhoso” se
qualifica como um conjunto de interesses). Ainda que um caso de amor tórrido
com o barista daquele café hipster que você frequenta possa parecer
extremamente atrativo, esta relação está mais ou menos condenada desde o início
porque, no final das contas, você não sabe nada sobre essa pessoa.
A sabedoria convencional diz que é melhor procurar
alguém parecido com você, porque dessa forma você e seu parceiro têm menos
probabilidade de deixar o outro morto de irritação ou de tédio. No entanto, se
o hit amoroso do Legião Urbana nos ensinou alguma coisa, é que certas pessoas
só são atraídas para os seus opostos completos. Acontece que Eduardo e Mônica
não são fruto apenas de um terrível senso de tomar decisões: há um processo
neuroquímico em ação sobre o qual não se pode fazer nada.
Vamos falar sobre hormônios. O fenômeno do “os
opostos se atraem” geralmente envolve uma personalidade que tem estrogênio
dominante sendo atraída por uma com testosterona dominante e vice-versa. Por
exemplo, uma pessoa mais carinhosa pode se sentir atraída por alguém que faça o
tipo “macho alfa”, e uma pessoa dominante pode ser irremediavelmente atraída
por alguém mais reservado, submisso. De acordo com psicólogos, essas pessoas
estão inconscientemente tentando equilibrar as deficiências em suas próprias
personalidades e formar uma relação de complementaridade.
Há um outro tipo de atração de opostos que é tão
específica que os cientistas a batizaram com um nome especial. O “efeito casal
precário” refere-se à união de uma mulher forte, altamente crítica com um homem
introvertido, tímido. Como era de se esperar, as relações decorrentes são
profundamente insatisfatórias para ambas as partes, então por que diabos essas
pessoas se unem?
Bem, porque na fase inicial de um relacionamento, as
personalidades totalmente incompatíveis parecem atraentes neste sentido de
yin-yang que discutimos à pouco. Por exemplo, um homem que não fala muito
gostaria da perspectiva de uma namorada extrovertida, porque a sua presença
faria com que ele se sentisse mais confortável em eventos sociais – se ela está
lidando com o bate-papo, ele não precisa se manifestar. Por outro lado, uma
mulher que gosta de falar seria igualmente atraída por um homem que escuta
pacientemente e nunca tenta interromper. É somente quando eles finalmente
começam a namorar que percebem o quanto não suportam um ao outro.
3. O amor deixa pessoas esquisitas mais sociáveis
Temos uma pergunta para aqueles que eram socialmente
estranhos na adolescência: Depois que você finalmente conseguiu a sua primeira
namorada ou namorado, passou a achar muito mais fácil flertar com outros? É
como se houvesse este longo período de seca que de repente termina de uma vez.
Finalmente há todos esses estranhos se jogando aos
seus pés, mas você está em um relacionamento e não pode ficar com mais ninguém.
A resposta óbvia seria a de que finalmente ter se
envolvido com alguém lhe deu confiança, e confiança é sempre atraente. Mas há
uma resposta mais profunda, mais científica. É porque quando estamos namorando
e estamos felizes, nossos corpos liberam quantidades significativas de
ocitocina, o principal hormônio envolvido no processo químico de amor. Uma das
coisas que a ocitocina faz é nos tornar mais empáticos em relação aos outros, o
que por sua vez nos torna mais propensos a interpretar corretamente até mesmo
os mais sutis sinais sociais.
E sim, este é mais um dos paradoxos cruéis do corpo.
Você não recebe estes compostos químicos que atraem parceiros até que você já
tenha atraído um parceiro.
Na verdade, o efeito da ocitocina é tão poderoso que
os cientistas discutem que poderia ser usado para ajudar a tratar distúrbios
sociais graves, como o autismo.
No entanto, apenas as pessoas que se saem muito mal
em situações sociais são beneficiadas. Se você já era incrível nos quesitos
conhecer pessoas e fazer amigos, estar em um relacionamento íntimo saudável não
vai deixá-lo ainda mais bem-sucedido em socializar.
2. O amor faz tudo ficar mais doce
Desde tempos imemoriais, o amor tem sido associado
com coisas doces. É seguro sugerir que as letras de músicas sobre o amor ser
doce como o mel existem porque o amor e a sensação de doçura são duas coisas
agradáveis e cantores pop são ruins em composições. Nós também usamos a palavra
“docinho” – e variações tão ridículas quanto “docinho de coco” – como um termo
carinhoso para alguém.
Doces nos fazem sentir bem. Tão bem, na verdade, que
chegamos a escondê-los em gavetas para enfiar punhados em nossas bocas porque
sabemos que é uma visão vergonhosa, mas não nos importamos, já que os desejamos
tanto. O mesmo pode ser dito do sexo.
Alguns pesquisadores em Cingapura queriam ver se
havia alguma ciência por trás dessa associação secular. Eles pediram a um grupo
de estudantes universitários para escrever textos. Um grupo foi convidado a
escrever sobre uma experiência pessoal com romance, outro foi convidado a
escrever sobre inveja e o terceiro grupo foi autorizado a escrever sobre o que
quisessem. Depois, eles deram a todos os alunos chocolates agridoces e lhes
pediram para avaliar a doçura do alimento. No final, os alunos que escreveram
sobre suas próprias histórias de amor classificaram os chocolates como mais
doces do que as pessoas nos outros dois grupos, cujos temas atribuídos pareciam
não ter efeito na degustação.
Os pesquisadores reuniram, em seguida, um grupo
inteiramente novo de estudantes e fizeram a mesma experiência, porém, desta
vez, em vez de chocolate, eles pediram que os participantes avaliassem o gosto
de uma nova marca de água com sabor. Na verdade, era uma garrafa de água
normal, contudo os pesquisadores disseram aos participantes que era misturada
com um pouco de adoçante especial e deveriam medir a doçura da bebida. Mais uma
vez, as pessoas tomadas por seus textos românticos classificaram a doçura da
água como mais elevada do que os outros dois grupos, embora, na realidade,
fosse simplesmente água mineral.
Então por que diabos isso acontece? Simples: o
cérebro é um órgão incrível capaz de fazer operações muito complexas, mas
também é vergonhosamente fácil de se confundir. Pensar em amor e romance ativa
as regiões de antecipação e recompensa do cérebro. A mesma região também é
ativada quando provamos açúcar.
Quando pensamos sobre o amor, o cérebro envia
“sensações de doçura”, independentemente de estarmos comendo alguma coisa ou se
o que está em nossas bocas é doce ou não. Consequentemente, acabamos por
associar amor e doçura, simplesmente porque eles vivem na mesma vizinhança
cerebral.
1. Os corpos de um casal sincronizam de várias
formas bizarras
Você já sabe que quando duas pessoas se amam, elas
gradualmente começam a ajustar os seus hábitos para acomodar um ao outro,
porque senão os dois apenas continuariam seguindo seus próprios interesses e
fazendo o que gostam – e seria um caos. Alguns desses ajustes são conscientes,
tais como redimensionar a sua ingestão diária de sorvete a fim de preservar
tanto o seu casamento quanto o seu nível de açúcar no sangue, e outros são
inconscientes. E alguns são honestamente biizarros.
Por exemplo, quando um homem está apaixonado por uma
mulher, ele vai andar mais devagar automaticamente quando está com ela para
combinar com seu passo mais curto, entretanto não vai fazer o mesmo com uma
mulher do qual é somente amigo. “Mas isso é apenas cortesia! Que tipo de idiota
faz sua namorada persegui-lo pela rua?”, você pode pensar.
Mas fica mais estranho.
Outro estudo reuniu 32 casais diferentes e fez com
que os pombinhos deitassem a alguns metros um do outro, enquanto tinham seu
coração e respiração monitorados. O estudo descobriu que as duas pessoas
começam a respirar juntas e seus corações batem em sincronia, o que de repente
faz com que várias músicas melosas façam muito mais sentido.
As batidas do coração são uma resposta fisiológica
que não pode ser controlada conscientemente, muito menos detectada por alguém
que está do outro lado de uma sala. Estar apaixonado não só nos dá super
sentidos, mas também o poder de retardar o nosso próprio sistema circulatório
como um monge Shaolin. E de acordo com os resultados dos pesquisadores, as
mulheres são mais hábeis em fazer isso do que os homens.
E tem mais: a biologia humana ainda vai ajustar o
nível de hormônios que circulam pelas suas entranhas – especificamente, a
quantidade de testosterona – para combinar com seu parceiro. A natureza quer
uma coisa: que nós espalhemos o nosso DNA por aí. E a testosterona governa o
desenvolvimento sexual e a reprodução. Assim, quando um casal heterossexual
está romanticamente envolvido, os níveis de testosterona da mulher vão aumentar,
enquanto os do homem vão sutilmente diminuir. O objetivo, essencialmente, é
fazer as mulheres mais viris e os homens mais femininos. Isso não chega a fazer
com que nasçam barbas de lenhador nos rostos delas, nem transforma os homens no
Dr. Rey, mas equilibra os dois parceiros em um terreno comum.
Os níveis de testosterona começam a voltar ao normal
conforme o relacionamento evolui. Segundo os teóricos evolutivos, isso ocorre
porque as mulheres começam a se concentrar na educação dos filhos que,
inevitavelmente, resultaram de um festival de nudez prolongado e, portanto, sua
testosterona (e desejo sexual) diminui. Enquanto isso, a testosterona dos
homens volta a subir ao seu nível normal, o que significa que eles, na verdade,
passam a ter mais desejo sexual. Hum… Muita coisa foi explicada aí. [Cracked]
Fonte: http://hypescience.com/5-formas-pelas-quais-o-amor-nos-altera-quimicamente/
- Autor: Jéssica Maes